segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Maioria paga a casa própria à vista

Jornal da Tarde
18/02/2008

De acordo com o Creci, cerca de 62% dos compradores optou por quitar imóvel à vista em dezembro

RODRIGO GALLO, rodrigo.gallo@grupoestado.com.br


A maioria dos consumidores que comprou imóvel usado em dezembro optou pelo pagamento à vista, em vez de recorrer ao financiamento bancário. Segundo o Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), 62,12% das casas e apartamentos adquiridos no último mês de 2007 no Estado foram pagos no ato. Para isso, vale sacar todas as economias da poupança, 'limpar' a conta corrente e até mesmo vender o carro para juntar o dinheiro e escapar dos juros cobrados nos financiamentos.

A pesquisa mostra ainda que apenas 21,98% dos compradores do Estado recorreram ao financiamento da casa própria pela Caixa Econômica Federal, o banco com maior volume de empréstimos para o setor. Outros 6,97% optaram por pedir os recursos em outras instituições financeiras, enquanto 8,24% dos mutuários fizeram um financiamento direto com o proprietário (veja detalhes no quadro).

De qualquer forma, a principal constatação é de que a maioria dos consumidores preferiu, em dezembro, juntar o dinheiro e quitar o valor do imóvel à vista, para fugir das dívidas longas. Esse, segundo especialistas, é o melhor caminho a ser seguido para evitar problemas. Afinal, as taxas de juros para financiamentos de 30 anos podem chegar a 12% ao ano, o que encarece demais o custo final do bem.

Uma boa parte desses compradores que pagaram à vista já tinha um imóvel próprio e aproveitou o valor da venda para adquirir uma casa ou apartamento novos. Normalmente, isso se deve ao aumento da família, o que torna a residência anterior pequena.

'Claro que nem todos têm dinheiro para comprar o primeiro imóvel à vista', disse o presidente do Creci-SP, José Augusto Viana Neto. 'Mas há uma quantidade razoável de pessoas que compra um apartamento à vista, por exemplo, como forma de aplicação e, logo após a compra, coloca o imóvel para alugar.'

O economista Luís Carlos Ewald, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), argumenta que não apenas a compra da casa própria, mas qualquer tipo de aquisição de bem deve ser feita à vista, quando possível. Mesmo que, para isso, a pessoa seja obrigada a esperar mais tempo até reunir os recursos necessários.

Vale, por exemplo, esvaziar a poupança e 'raspar' todas as economias da conta corrente. Se for preciso, também compensa se desfazer do automóvel e usar o dinheiro na aquisição da casa própria.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, lembra de um outro detalhe importante: os trabalhadores devem aproveitar o dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para comprar o imóvel. Caso não seja suficiente para pagar o valor total à vista, pelo menos servirá para garantir uma boa entrada.

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