quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Concorrência de preços se acirra nos grandes varejistas

Jornal da Tarde
29/10/2008

Disputa entre as cadeias de lojas faz com que um mesmo produto chegue a ter uma diferença de até 37% no valor cobrado. De acordo com especialistas, competição favorece o consumidor pois a tendência é de queda de preços

MARÍLIA ALMEIDA,
marilia.almeida@grupoestado.com.br

Levantamento de preços elaborado pelo JT entre os dias 22 e 28 deste mês nas lojas de cinco redes de varejo em cada uma das cinco regiões da cidade mostra que a disputa pelo menor preço está acirrada no comércio, mas ainda há margem para variações expressivas entre um mesmo item. Essa diferença chega a atingir 37,5%, como é o caso de um aparelho microondas. O DVD também apresenta variações de cerca de 30% (ver tabela ao lado).

No ranking dos produtos mais baratos, o levantamento mostra que três redes empatam em primeiro lugar com sete produtos mais em conta: Casas Bahia, Ponto Frio e Extra Eletro. O Carrefour oferece cinco itens abaixo dos preços dos concorrentes em determinada região, e o Magazine Luiza não apresentou um produto mais barato em nenhuma das regiões pesquisadas.

Diante desse cenário, Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer, consultoria especializada em varejo e bens de consumo, afirma que a pesquisa de preços entre as lojas de uma mesma região é inevitável para uma boa compra. Porém, o consumidor não deve esquecer outros itens que fazem diferença na hora de comprar, como facilidade de crediário, atendimento, rapidez de entrega e disponibilidade de produtos. “A área de eletroeletrônico dá margem para a negociação de preços nas lojas, o que é mais restrito no hipermercado”, lembra.

O consultor também recomenda pesquisar as taxas de juros do crediário, que podem apresentar diferenças entre as lojas.

A pesquisa também mostra que o impacto da varejista Magazine Luiza, que chegou à capital no final do mês passado, ainda não pôde ser sentido no preço dos eletroeletrônicos pesquisados, conforme mostra o levantamento.

Para Foganholo, a rede estreante não tem o preço como foco central e investe mais em outros quesitos, como atendimento. Já para o consultor Emerson Kapaz, do Instituto de Desenvolvimento do Varejo, isso faz parte de um período de adaptação, e o cenário ainda pode mudar. “A estréia da rede é muito recente, mas irá haver maior disputa no mercado. Obviamente os lojistas que já estavam ocupando seu espaço irão lutar para não perdê-lo. Há, enfim, uma tendência de baixa dos preços, e quem sai ganhando é o consumidor”, afirma Kapaz.

Facilidades

Ao comentarem a pesquisa, a Ponto Frio e o Extra Eletro lembram que cada loja de sua rede tem autonomia de praticar seus próprios preços, que podem variar de acordo com a região, o que explica as diferenças observadas. Assessoria do Extra Eletro alega que as lojas da rede podem cobrir ofertas de concorrentes do entorno.

Com relação a facilidades de pagamento, no Carrefour o consumidor encontra parcelamento em até 12 vezes sem juros para todos os itens do segmento, bastando adquirir cartão da rede e informar nível de renda para saldo limite.

Nas Casas Bahia, se divide a compra em até dez vezes sem juros no cartão de crédito e em até 15 parcelas no carnê para determinados produtos.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Um pé na Bolsa e outro na renda fixa

Jornal da Tarde
27/10/2008


Fundos investem em ações, mas garantem o capital inicial se o mercado começar a cair


A volatilidade recente do mercado financeiro levou os bancos a apostar nos fundos de capital protegido. Atrelada ao principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, essa opção de investimento promete ao aplicador o dinheiro inicialmente depositado mesmo que o mercado tenha queda. A segurança, no entanto, tem seu custo: se os mercados apresentarem forte recuperação, o investidor pode não usufruir desse ganho.

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Somente neste mês turbulento - em que a Bolsa acumulou queda de 36,45% até a última sexta-feira - o HSBC e o ABN Amro Real abriram novos fundos de capital protegido, ainda disponíveis para aplicações. O Santander, que não contava com esse tipo de produto na prateleira para o varejo, estreou nesse mercado em setembro passado e já se prepara para lançar o segundo em breve. O Banco do Brasil também abriu um fundo do tipo em setembro, mas voltado ao investidor com mais de R$ 300 mil em aplicações financeiras.

O apelo desses lançamentos é a forte queda da Bolsa desde o acirramento da crise financeira, em setembro. “O produto elimina uma questão comportamental, a aversão à perda”, explica o estrategista de investimentos pessoais do Banco Real, Aquiles Mosca.

Carteiras fechadas

Enquadrados na categoria multimercado, esses fundos não aplicam diretamente em ações, mas fazem operações simultâneas no mercado financeiro envolvendo contratos futuros de Ibovespa e opções. Além disso, são fundos fechados: não aceitam depósitos depois do prazo definido para aplicação. O dinheiro também não pode ser resgatado antes da data definida para o encerramento. O prazo mínimo costuma ser de até um ano e meio. Isso quer dizer que a aplicação tem data para acabar.

Ao contrário do apelo comercial dos bancos, a aplicação talvez não seja a mais indicada para momentos em que o mercado acionário está desvalorizado. “São produtos mais propícios para quando a Bolsa acumula alta” (e, portanto, tem mais chance de cair), aconselha Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios. “Agora estamos no fundo do poço”, avalia. Só em outubro, até a última sexta-feira, a Bolsa já perdia 36,45%.

Tendência de alta

Com tantos acontecimentos recentes pressionando a Bolsa, ninguém se arrisca a estimar quando essa recuperação poderá acontecer. “Depois de tanta baixa, a tendência é de que os preços voltem a subir. Então não compensa aceitar um limite de ganho”, completa Leite. “Entrar em fundo de capital protegido quando a Bolsa está tão desvalorizada é limitar demais os ganhos”, concorda Almeida.

Dos seis fundos de capital protegido lançados pelo HSBC desde 2006, quatro já foram liquidados. Em todos, a barreira de alta foi ultrapassada e o investidor recebeu uma taxa de juros em vez da variação do Ibovespa no período. Desses quatro, três tiveram rendimento entre 22,4% e 24,84%, enquanto a alta do índice ao fim de cada período oscilou entre 32,6% e 60%. O fundo encerrado mais recentemente foi o único efetivamente vantajoso para o investidor. A rentabilidade foi de 22,72%, enquanto o índice Bovespa perdeu 33,2%.

“Há nesses fundos um componente de sorteio. Você só sabe se foi uma alternativa boa ou má depois”, afirma o diretor do site financeiro Fortuna, Marcelo D’Agosto.

O mesmo efeito de proteção do principal pode ser conseguido pelo investidor por conta própria, afirma o professor Luiz Jurandir Simões, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP). “Quem alocar 90% do patrimônio em fundos DI e os 10% na Bolsa garante o capital”, afirma. “Mesmo se as ações despencarem 50%, o rendimento da renda fixa cobre a perda.”

TRÊS CENÁRIOS

Imagine um investidor que tenha aplicado R$ 100 em um fundo com prazo de um ano e que possua um limite de 30% de alta do Ibovespa. No fim do período, existem três possibilidades:

Alta de até 30% do Ibovespa

Se o índice Ibovespa variar até 30% para cima, a rentabilidade para o investidor será equivalente à do principal índice da Bolsa. Por exemplo, em caso de alta de 25% ao fim de um ano, o investidor terá no fim desse período R$ 125

Variação superior aos 30%


Se a variação acumulada do Ibovespa superar 30% em qualquer momento dentro do período de um ano, o investidor perde a rentabilidade da Bolsa e ganha só a variação da renda fixa. Com base na variação da taxa de juros atual, o investidor ficaria com
R$ 111,75

Queda do Ibovespa
R$ 100

Caso o Ibovespa registre um cenário de queda, o investidor leva para casa o mesmo valor que aplicou há um ano, mas, como o
valor não é corrigido, na prática, o investidor sofreu uma perda referente à inflação do período, pois terá os mesmos
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