sábado, 29 de março de 2008

A melhor opção para comprar um usado

Jornal da Tarde
29/03/2008

Procurar um particular, lojas multimarcas ou autorizadas?

Luís Felipe Figueiredo, luis.figueiredo@grupoestado.com.br

Com o mercado de carros novos aquecido, as ofertas e facilidades para comprar um usado são muitas. Mas na hora de fazer negócio é comum a dúvida sobre onde adquirir o veículo: loja multimarcas, concessionária ou de particular?

As principais vantagens desta última opção são a possibilidade de barganhar mais livremente o preço e encontrar modelos difíceis de achar em lojas.

Porém, as concessionárias e multimarcas dão mais garantias financeiras e legais ao cliente.

'A primeira questão é a procedência conhecida do carro em lojas independentes e autorizadas', diz o consultor José Caporal Filho, da Megadealer.

Ele explica que algumas concessionárias dão garantia de até dois anos para modelos de segunda mão. 'E a presença da bandeira de uma fabricante de veículos garante mais respaldo à transação.'

Outro ponto importante é o financiamento do veículo, só possível em lojas ou concessionárias. 'O comprador não conseguirá parcelar o carro comprado de um particular', diz Caporal.

Aceitar um antigo na troca pelo seminovo também não é privilégio das lojas. Mas esse tipo de transação entre particulares requer maior pesquisa. Para esses casos, anunciar nos classificados de jornal é uma boa alternativa.

Mas muita gente prefere a comodidade das autorizadas. A bióloga Mariana Bauman é uma dessas pessoas. Ela afirma que só compra carro em concessionárias. 'Só faço negócio com particular se for muito conhecido. Na loja dá para negociar mais facilmente um desconto.'

Hora da revenda

O técnico em transportes Paulo de Tarso diz que só vende seus carros em concessionárias. Ele afirma que ainda que o valor oferecido fique abaixo do esperado, o negócio vale a pena pela segurança. 'Vender para particular pode dar problema, a gente não conhece a pessoa...'

Para resolver eventuais desentendimentos, os caminhos legais são bem diferentes quando se compra de particular e de lojas. Confira abaixo

sexta-feira, 28 de março de 2008

Em paz com o leão

Valor Econômico
Por Angelo Pavini, de São Paulo
28/03/2008


Chegou a hora de o investidor acertar as contas com o leão do imposto de renda. Muitas aplicações são tributadas na fonte - caso dos fundos de investimento e CDBs -, e todo o trabalho de recolher o imposto é feito pelo banco, restando ao investidor apenas informar seus valores na declaração de bens. Mas hoje é grande o número de pessoas que investem diretamente em ações e outros títulos, onde quem paga o imposto sobre o ganho é o próprio investidor. É hora também de aproveitar para reduzir o imposto a pagar com as contribuições a fundos de previdência, como PGBLs e Fapis.


Muitos novatos no mercado acionário, acostumados a aplicar só em fundos, acaba deixando de pagar imposto achando que quem faz o recolhimento é a corretora, e precisa quitar o imposto agora, com multa, lembra Ivo Ribeiro Viana, coordenador da área de imposto de renda da consultoria IOB.


O imposto sobre ações segue a mesma regra do ganho de capital sobre a venda de outros bens, como imóves. A diferença é que, com ações, é possível deduzir eventuais perdas. A apuração é mensal e o imposto vence no último dia útil do mês seguinte ao da venda das ações. Mas há uma colher-de-chá: só há imposto se o valor vendido no mês for superior a R$ 20 mil. "E não é R$ 20 mil por operação, é na soma de todas as vendas do mês", ressalta Claire Feliz Regina, auditora da Receita Federal. A partir de R$ 20 mil, o investidor tem de pagar 15% sobre os ganhos líquidos, já descontadas eventuais perdas naquele mês ou no mês anterior. E não é só sobre o que ultrapassar R$ 20 mil, é sobre o valor total. As mesmas regras, de tributação na fonte e o limite de isenção, valem para aplicações em ouro.


O imposto em ações é pago pelo investidor em Darf com o código 6015. Na declaração, é preciso informar mês a mês o ganho total das operações acima de R$ 20 mil na seção Renda Variável. O sistema calcula o imposto que deveria ter sido pago. Lá também entram as operações feitas em mercados de opções e futuros. Se o valor vendido em ações não ultrapassar R$ 20 mil por mês, o investidor declara apenas o ganho na parte de Rendimentos Isentos e Não Tributáveis, no item "Outros", na linha 12 da declaração.


E não adianta tentar se fingir de morto, porque, no ato da venda, a corretora recolhe na fonte 0,005% de imposto sobre o valor, avisando a Receita da operação. Apelidado de CPMF das ações, esse percentual pode ser deduzido na hora de pagar o imposto sobre o ganho de capital. "Mas muito investidor vê esse recolhimento no extrato da corretora e acha que já pagou o imposto, e não é verdade", alerta Viana, da IOB. Claire, da Receita, esclarece que às vezes a retenção na fonte é cobrada a mais, pois não considera as perdas do investidor, mas é possível restituir o valor na declaração anual. "Há no item Imposto Pago uma linha 'IR na Fonte Lei 11.033/ 2004' onde o investidor coloca o imposto a compensar", diz.


Por tudo isso, é preciso ter todas as notas de corretagem à mão para fazer a declaração, alerta Samir Schoaib, do escritório Schoaib, Paiva e Justo Advogados. "Toda compra e venda deve ser informada". Ele lembra que o sistema da Receita não transfere o prejuízo com ações de um ano para o outro, e é o investidor que tem de fazer isso. Outra dica é para quem esqueceu de pagar o imposto em algum mês do ano passado. O investidor pode pagar o imposto agora, mas coloca na declaração o valor como pago. Se não, pode cair na malha fina, mesmo tendo pago o imposto. O site da Receita tem um programa, o SICALC, que atualiza os valores.


Schoaib reforça que se deve discriminar na declaração de bens as ações separadamente, por empresa. E o valor não deve ser atualizado, é sempre o da aquisição. "Vai-se somando os valores de cada nova compra em cada empresa e, na hora da venda, usa-se o valor médio para calcular o ganho." Douglas Renato Pinheiro, economista e professor das Faculdades Integradas Rio Branco, diz que o investidor deve incluir os custos de corretagem no valor de aquisição das ações.


Já as operações de compra e venda de ações no mesmo dia, ou "day trade", pagam 20% de imposto sobre os ganhos e mais 1% na fonte. Pode-se compensar perdas entre operações de "day trade", mas não entre "day trade" e mercado à vista, lembra Claire, da Receita.


Quem vendeu imóveis também precisa declarar os ganhos e o imposto, que já deve ter sido pago no mês seguinte ao da venda. Viana, da IOB, lembra, porém, que não há imposto se o dinheiro da venda de um imóvel residencial foi usado para comprar outro em 180 dias. Segundo ele, o programa GCAP, disponível no site da Receita, calcula automaticamente o ganho de capital, incluindo as deduções previstas, e que transfere os dados para a declaração.


O investidor deve aproveitar também e declarar as contribuições feitas à previdência privada, os PGBLs ou aos Fapis. É possível abater até 12% da renda bruta anual. Mas as contribuições para VGBLs não podem ser deduzidas. Na declaração, Claire, da Receita, lembra que não se deve colocar o saldo dos PGBL, apenas citá-lo na coluna discriminação. Já nos VGBLs, coloca-se o valor acumulado das aplicações, sem o ganho, que é tributado só na hora do saque.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Prudência e canja de galinha

Valor Econômico
Por Luciana Monteiro, de São Paulo
26/03/2008



A instabilidade das bolsas ao redor do mundo está provocando uma redução do risco nos portfólios dos investidores. E, como diz o ditado popular, prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém, os aplicadores saíram em busca de proteção. Dados do site financeiro Fortuna mostram que, no ano, os fundos multimercados registram resgates de R$ 11,768 bilhões, até o dia 20. Só para se ter uma idéia, no mesmo período do ano passado, a categoria registrava ingressos de mais de R$ 8 bilhões.


Os multimercados são carteiras que podem aplicar em bolsa, juros, câmbio, títulos da dívida externa e até no exterior, conforme a estratégia adotada pelo gestor. O problema é que, com tanto vai-e-vem, obter retornos diferenciados tornou-se uma tarefa hercúlea, já que está praticamente impossível prever como os ativos irão se comportar. Com isso, boa parte dos investidores bateu em retirada diante de retornos pouco atraentes ou até perdas. Conforme os números do Fortuna, os multimercados rendem no ano 1,46% para 2,32% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI). Somente neste mês, até o dia 20, a categoria perde 0,73%, para 0,59% do CDI no período.


Enquanto os multimercados perdem recursos, os tradicionais fundos DI captam. Consideradas as carteiras mais conservadoras do mercados, os DIs estão recheados de papéis que seguem a taxa de juros, portanto, não correm o risco de uma oscilação das taxas. Em caso de alta da Selic, por exemplo, cenário que vem se desenhando cada vez mais provável pelos analistas, os títulos presentes nesses fundos acompanham a alta. Segundo o Fortuna, a categoria apresenta ingresso de R$ 12,024 bilhões no ano, até o dia 20. A forte captação contrasta com os resgates de R$ 789 milhões dessas carteiras no mesmo período do ano passado.


Há uma migração evidente de recursos de fundos multimercados para DI, apesar de a tributação decrescente inibir um pouco esse movimento, diz Marcelo D'Agosto, sócio do Fortuna. Pelas regras, o investidor paga menos imposto de renda quanto mais tempo permanecer na aplicação, uma diferença que pode ir de 22,5% para 15% sobre o ganho.


Os multimercados, na cabeça do cliente, não são tão agressivos como os fundos de ações, por exemplo, e o cliente não atura perdas por muito tempo, diz Rogerio Betti, sócio dó escritório de aconselhamento financeiro Beta Advisors. "Mas não são apenas os investidores que estão mais avessos ao risco, os gestores também estão", diz. "Como a volatilidade está muito alta, até uma posição pequena em bolsa pode trazer fortes perdas para o fundo."


Mesmo os fundos de ações não escapam. Embora os números mostrem que a categoria tem captação de R$ 1,489 bilhão no ano até o dia 20, são as carteiras compostas somente por Petrobras e Vale que estão sustentando esse ingresso de recursos. Esses fundos são formados por dinheiro dos próprios aplicadores, já que as carteiras de FGTS não podem mais receber dinheiro. As carteiras de Petrobras têm no ano captação de R$ 1,026 bilhão, enquanto as de Vale apresentam entradas de R$ 711 milhões.


O investidor que optou por essas carteiras, no entanto, está praticamente se sentindo numa montanha-russa. Em janeiro, por exemplo, as carteiras de Vale tiveram perdas médias de 14,42%. Em seguida, apresentaram alta de 16,42%. Agora, em março, até dia 20, perdem 11,35%. No acumulado do ano, as perdas somam 11,68%. Com os fundos Petrobras não é diferente. Em janeiro, houve queda de 8,17% e, em fevereiro, alta de 4,28%. Neste mês, as carteiras formadas por papéis da estatal do petróleo perdem 16,70%. No acumulado do ano, as perdas são de 20,23%.


As incertezas sobre quão demorada e profunda a crise será nos Estados Unidos aumentaram bastante, pois o que se tem no curto prazo são apenas dados conflitantes, lembra George Sanders, gestor de renda variável da Infinity Asset Management. Internamente, são as pressões inflacionárias que preocupam e, na opinião do executivo, há argumentos tanto para a manutenção dos juros nos atuais 11,25% quanto para uma alta preventiva. "A maioria dos indicadores de inflação está vindo mais alto que o esperado e um aumento no juro poderia ser preventivo", diz. Com o cenário indefinido tanto interna quanto externamente, os gestores também estão reduzindo a exposição ao risco dos fundos. Segundo Sanders, a maioria vem trabalhando com derivativos a fim de diminuir possíveis perdas.


A interpretação do mercado de que será possível haver uma alta da Selic, após a divulgação no dia 13 da ata do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), trouxe perdas para os títulos com juros prefixados. Com isso, os fundos de renda fixa, que podem aplicar em papéis prefixados, sofreram. Essas carteiras concentram títulos públicos e privados prefixados. O preço desses títulos varia de forma inversa ao comportamento das taxas de juros: quando os juros sobem, o preço dos títulos cai; quando os juros caem, o preço sobe.


Os dados do Fortuna mostram que, no mês, até o dia 20, a categoria tem rentabilidade média de 0,47%, ante 0,59% do CDI, e captam R$ 20 milhões. O retorno no mês é inferior ao ganho de 0,56% dos fundos DI, por exemplo. No acumulado do ano, o retorno é de 2,33% para 2,32% do CDI. O rendimento no ano ainda é levemente superior ao dos DIs, com 2,22% até o dia 20. A captação dos renda fixa soma R$ 2,004 bilhões no período.

terça-feira, 25 de março de 2008

Sozinho, é preciso saber comprar

Jornal da Tarde
25/03/2008


Investidor deve estabelecer metas e aproveitar quando as ações estiverem baratas


A regra básica para quem investe na Bolsa de Valores é comprar na alta e vender na baixa. Para o iniciante, a dificuldade está em identificar essas‘‘oportunidades de mercado’’, quando as ações estão cotadas a preços mais baixos e, por isso, têm um grande potencial de valorização.

Quem está de olho no longo prazo pode comprar as ações e deixá-las paradas, por vários anos. Normalmente, os papéis escolhidos são de companhias de‘‘primeira linha’’-- ou blue chips, no jargão do mercado. Nessa categoria, estão as ações mais negociadas (com alta liquidez), de empresas que inspiram confiança. É o caso de Petrobrás, Vale do Rio Doce, Bradesco, Itaú e Gerdau, entre outras.

Em períodos prolongados de baixas, como o que ocorreu entre 1997 e 2002, as perdas podem se acumular. Neste caso, vale a pena insistir? E até quando?

O consultor Rafael Cardoso, sócio da Integral-Trust Serviços Financeiros, defende que o investidor -- mesmo o iniciante -- trabalhe com‘‘ordens de sto’’.“O que vale é a hora de entrar e de sair”, resume.

As ordens de stop servem como pára-quedas para os preços. Se uma ação, por exemplo, está cotada hoje a R$ 50, o investidor pode definir uma ordem de R$ 45. Quando a ação ficar abaixo desses R$ 45, ela é automaticamente vendida pela corretora.““Você põe uma‘‘sentinela’’ tomando conta da sua posição””, explica Fausto de Arruda Botelho, da Enfoque Informações Financeiras.““A lógica é a seguinte: se você vai ficar no prejuízo, vai se permitir perder dinheiro até quando””

Da mesma forma, o investidor deve trabalhar com ordens de stop quando as ações estiverem se valorizando. No exemplo da ação de R$ 50, o investidor pode estabelecer o teto de R$ 60 para a venda. Quando o alvo for atingido, a corretora vende as ações (liquida a ordem de stop)-- no caso citado, o lucro seria de 20%.

Os valores das ordens de são determinados pelo investidor. Os especialistas lembram que é importante estar preparado para as pequenas perdas e para fugir das grandes.““Muitas vezes, a pessoa acha que vai entrar na Bolsa e ganhar muito dinheiro. Mas não é assim””, diz Cardoso.

Em épocas de insegurança, como agora, é comum que as ações caiam tanto que fiquem abaixo do preço considerado‘‘just’’. Nessas horas, dizem os especialistas, quando as ações estão mais baratas, é aconselhável comprar.

No fundo, resultado depende da gestão

Jornal da Tarde
25/03/2008


Administradores é que determinam para onde vai o dinheiro investido e de que forma


Uma das vantagens do fundo de investimentos é a simplicidade. Basta a pessoa procurar o banco ou a corretora, escolher a melhor opção e investir seu dinheiro. A partir daí, a responsabilidade da administração dos recursos fica por conta de investidores profissionais. Se a gestão dos recursos for boa, os ganhos serão maiores. Em períodos de baixa da Bolsa, são os profissionais que esquentam a cabeça para encontrar as melhores oportunidades.

'Clubes e fundos são mesmo a porta de entrada para a Bolsa. Mas com os fundos as pessoas conseguem minimizar o risco', defende o economista Ricardo José de Almeida, professor do Ibmec São Paulo.

Segundo Almeida, participantes de clubes geralmente confiam na orientação das corretoras, que possuem equipes de corretagem menores que os fundos de investimento. 'A grande vantagem do clube é que a pessoa pode participar do processo de decisão. No fundo, as operações estão nas mãos dos gestores.'

O engenheiro paulistano Bruno Lagroteria, de 29 anos, participa de um clube de investimentos, o Aurum, que reúne 13 pessoas. 'A relação é de amizade e, por isso, não há cobrança', explica Lagroteria, que é um dos responsáveis pelos investimentos.

Com um patrimônio de R$ 300 mil, o Aurum está passando pelas turbulências com tranqüilidade. 'As pessoas às vezes ligam, mas a gente explica que não é preciso se assustar com as baixas da Bolsa', diz Lagroteria.

Nos fundos, o cotista aplica o dinheiro e deixa nas mãos dos profissionais a gestão. 'A pessoa aplica e não se preocupa mais', explica Almeida. 'Além disso, ela acompanha os resultados pelo extrato do banco, e há mais recursos para investir.'

O fato de a administração ficar na mão de terceiros, no entanto, não significa que o investidor possa deixar o mercado de lado. Como existem fundos com diferentes perfis, alguns estão mais vulneráveis aos altos e baixos da Bolsa. A dica, segundo os especialistas, é escolher fundos de acordo com o seu perfil de investidor: conservador, moderado ou arrojado.

No clube, decisões são em grupo

Jornal da Tarde
25/03/2008


Cotistas aprendem juntos a investir em ações. Na crise, inexperientes encontram apoio


Os clubes de investimento são uma das portas de entrada para a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Ao reunir amigos, parentes ou colegas de trabalho em um mesmo grupo, eles dão mais segurança aos participantes, principalmente em momentos de crise.

Desde 2002, quando a Bovespa passou a promover a formação de clubes para atrair novos investidores, o número de grupos vem aumentando. Em 1998, havia 149 clubes no Brasil - hoje, já são 2.236, com um patrimônio que ultrapassa os R$ 13 bilhões.

'Para formar um clube, os membros precisam ter alguma proximidade. São pessoas que moram em um mesmo condomínio, por exemplo, ou que trabalham juntas', explica José Roberto Mubarack, assessor de relações institucionais da Bovespa.

Juntos, os participantes passam a comprar e a vender ações por meio de uma corretora. Ao discutir o destino do dinheiro com outras pessoas, o iniciante sente-se mais seguro e aprende mais. 'Explicamos sempre a eles que a Bolsa é um investimento de longo prazo, que tem riscos', diz Mubarack. 'Se nossas orientações atingiram o objetivo, os clubes perceberam que o momento atual é o de comprar - e não o de vender.'

O economista Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, lembra que o participante do clube faz parte de um grupo. Por isso, as decisões são discutidas entre todos.

É o que ocorre no clube Só Meninas, formado por 15 amigas de São José dos Campos, no interior de São Paulo. 'A iniciativa surgiu em setembro de 2007', conta a engenheira Sílvia Gasparetto, de 37 anos. 'Nós queríamos aprender mais sobre a Bolsa, e a forma que encontramos foi o clube.'

Com patrimônio de R$ 130 mil, o Só meninas recebe aportes mínimos de R$ 100 por mês, de cada sócia. Para entrar, é preciso investir R$ 5 mil. 'Toda quarta-feira, às 19h, nós fazemos um encontro semanal. O aprendizado é constante', diz Sílvia.

Com os altos e baixos do mercado, o medo de algumas sócias aumentou. Nessas horas, as mais experientes tranqüilizam as mais novas. 'Estamos passando por uma fase de queda, mas o clube vai bem', garante.

O diretor da corretora Planner, Paulo Roberto da Silva, ressalta que o destino dos investimentos são de responsabilidade dos membros. 'Você é levado a discutir os rumos do clube, mesmo sendo um mero cotista', explica. 'Normalmente, o perfil é conservador, porque os investidores estão guardando dinheiro pensando no longo prazo.'

Manuel Lois, diretor de novos negócios da Spinelli Corretora, defende que os investidores bem-sucedidos são os que poupam regularmente, por mais de cinco anos. 'O clube tem riscos? Todo investimento tem', diz Lois. 'Mas no longo prazo, quando você espera as empresas prosperarem, acaba ganhando dinheiro com isso.'

Como os clubes reúnem o dinheiro de todos os membros, o capital para investir é maior. Quando o preço das ações caem - como tem ocorrido nas últimas semanas - eles podem aproveitar o momento para comprar mais ações.

COMO FUNCIONA

Os clubes de investimento são formados por, no mínimo, três pessoas e, no máximo, por 150. Os membros são amigos, parentes, colegas de trabalho ou pessoas que façam atividades comuns

No caso de grandes empresas, a Bovespa pode abrir exceções e permitir a entrada de mais participantes. Mas nenhum deles pode deter mais de 40% das cotas

O primeiro passo para montar um clube é juntar um grupo de pessoas. Depois, é preciso entrar em contato com uma corretora, que vai fazer as operações de compra e venda de ações

Os cotistas também devem definir um estatuto, formalizando as regras de
participação. Cada sócio preenche um cadastro, que é registrado na Bovespa e na Receita Federal

O clube de investimentos está voltado para a Bolsa. Pelo menos 51% do capital disponível devem ser investidos em ações

A decisão do que fazer com o dinheiro é tomada em conjunto. A participação de todos é incentivada, e ocorrem assembléias regulares.
Todo clube possui um 'gestor', que vai operar os investimentos. Esse gestor pode ser um dos membros do clube (geralmente o mais experiente) ou um analista indicado pela corretora

O custo do clube é baixo. Paga-se apenas a corretagem e a taxa de administração. No caso dos fundos, além desses dois encargos há despesas com taxas de performance (em alguns casos), auditorias
externas, taxas de custódia e custos de envio de documentos
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