sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Crédito fácil abre espaço para compra de automóveis mais caros

Marli Olmos
Valor Econômico
5/10/2007

Os automóveis com motores entre 1.0 e 2.0 atingiram em setembro a mais alta participação desde a criação dos incentivos para os modelos 1.0, os chamados carros populares, em meados dos anos 90. Do total de licenciamentos em setembro, 46,9% estão nessa faixa. Crédito mais fácil e prazos de financiamento mais longos explicam por que o consumidor começa a comprar carros não apenas com motores mais potentes como recheados com mais acessórios.

A indústria comemora o fato de o brasileiro estar gastando mais com o carro zero-quilômetro e, diante de um consumo que supera a cada dia as suas expectativas, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) elevou as projeções para este ano. A entidade reviu a meta anterior de 22% de crescimento no mercado interno e prevê agora 25% mais de vendas, o que somará no total mais de 2,4 milhões de unidades.

O fôlego do mercado doméstico ajudou na revisão dos números de produção, que poderia chegar a um crescimento de 10%, segundo a previsão anterior. Agora a Anfavea fala numa produção 13,4% maior em 2007, o que representa 2,960 milhões de unidades.

Os carros com motores entre 1.0 e 2.0 receberam uma tributação intermediária em 2002. No ano anterior a participação dos modelos com motor 1.0 nas vendas chegou a 71% . A concentração das vendas nessa faixa ocorria porque havia apenas dois tipos de tributação: para modelos populares e todos os demais acima dessa categoria, incluindo os luxuosos.

A nova divisão baixou um pouco os impostos dos carros da faixa intermediária. Isso já serviu para atrair uma parte do consumo para essa categoria. Mas foi nos últimos meses que a mudança tem sido mais nítida.

Num financiamento mais longo, a diferença se dilui. E isso tem sido muito usado como ferramenta de convencimento nas concessionárias. Num plano de 72 meses, a parcela de um Gol 1.0 sai por R$ 631,32 e o mesmo modelo com motor 1.6 fica em R$ 721,58. A conta é feita levando em conta que os dois modelos têm 4 portas e direção hidráulica.

Mas é nos acessórios que os vendedores têm usado mais o seu poder de convencimento. "Com mais R$ 34 por mês você leva o mesmo carro com travas, vidros e espelhos retrovisores com acionamento elétrico e alarme e com apenas mais R$ 60 o carro sai com ar-condicionado", dizia ontem um vendedor para a maioria dos clientes que passaram pela loja. E para completar: "Para instalar um ar-condicionado num carro já em uso você gasta R$ 4 mil.

De janeiro a setembro, a produção de veículos no país somou 2,18 milhões de unidades, 10,6% a mais do que no mesmo período de 2006. Somente no mês passado, as fábricas instaladas no Brasil produziram 252,8 mil veículos, um crescimento de 23,9% na comparação com setembro de 2006.

A indústria registrou o melhor resultado de produção e de vendas para meses de setembro da história. O acumulado do ano também foi o melhor. "Acredito que haverá crescimento em 2008 , mas não a taxas como as que projetamos para este ano", diz o presidente da Anfavea, Jackson Schneider

Governo permitirá troca de financiamento imobiliário

FERNANDO NAKAGAWA
Folha de S. Paulo
5/10/2007

Mantega diz que adotará medida que libera mutuário para transferir dívida entre bancos

Objetivo é possibilitar busca por juros menores, afirma; outras mudanças incluirão seguro para as obras e cadastro único de imóveis

O ministro Guido Mantega (Fazenda) anunciou ontem três medidas que pretende adotar para tentar dar novo incentivo ao setor da construção civil. A uma platéia de mais de cem empresários do segmento, o ministro prometeu autorizar a portabilidade do crédito imobiliário, que permite ao mutuário transferir financiamento entre bancos em busca de juros mais baixos. Também citou a intenção de criar seguro para obras e empréstimos, além de cadastro único de imóveis.
Após desonerar diversos ramos da construção nos últimos anos, Mantega anunciou que o governo pretende manter o setor em alta com as novas medidas. Agora, a intenção é aprimorar o mercado, de forma a dar mais segurança às construtoras e aos mutuários e, ao mesmo tempo, permitir redução de custos e burocracia nas transações, disse ele.
A medida que deve ter o maior impacto é a chamada portabilidade do crédito imobiliário. Quando entrar em vigor, o mutuário terá a possibilidade de transferir a dívida entre diferentes bancos durante o pagamento do financiamento. Na avaliação do governo, isso vai incentivar que instituições disputem os clientes com a oferta de taxas de juros mais baixas.
A mudança está em estudo há mais de um ano na Fazenda. O próprio Mantega admite que implementar a novidade não é simples. "É um pouco mais complicado [que outras medidas já tomadas], mas está em estudo", disse aos empresários.
Um dos principais defensores da idéia era Júlio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica da Fazenda. Para ele, a medida aceleraria a queda das taxas de juros nesse tipo de empréstimo.
A associação das entidades de crédito imobiliário classificou a medida como "saudável", mas ressaltou a necessidade de regras complementares (leia texto ao lado).

Riscos
A outra medida em estudo tenta reduzir os riscos durante a construção e o financiamento dos imóveis. Segundo o ministro da Fazenda, o governo quer criar seguros para as obras e empréstimos. "Isso reduziria os custos", disse. Atualmente, bancos já oferecem seguros nos financiamentos imobiliários. Mas a adoção da ferramenta é, legalmente, opcional.
Em vigor, a medida evitaria problemas como a da construtora Encol, que faliu nos anos 90 e deixou milhares de mutuários sem imóveis porque as obras não tinham seguro e, para que conseguissem concluí-las, compradores tiveram de assumir os custos.
Por fim, Mantega também citou a intenção de diminuir a burocracia do mercado imobiliário com a adoção de matrícula única para os imóveis. Com esse cadastro, o setor teria um registro nacional, como o Renavam para os automóveis.
Atualmente, as regras para o registro são amplas, e imóveis vizinhos, por exemplo, podem ser cadastrados em cartórios diferentes. O quadro atual dificulta o acompanhamento da situação legal dos imóveis, o que diminui a agilidade do mercado de compra e venda, disse.
A centralização dessa matrícula é um dos pedidos entregues ao ministro pelo Sinduscon-SP (Sindicato da Construção). O documento tem uma lista de dez sugestões ao governo, entre elas a criação de nova modalidade de crédito para habitação de baixa renda, ampliação das garantias nos empréstimos para imóveis populares e estímulo para a regularização de terrenos.

Governo estuda a criação de registro único para imóveis

Lu Aiko Otta
O Estado de S. Paulo
5/10/2007


Cadastro concentrará informações, semelhante ao Renavam de automóveis

O governo estuda a criação de um registro único para os imóveis, o que deve estimular ainda mais os negócios no setor imobiliário. Hoje, quando alguém quer comprar uma casa, apartamento ou imóvel comercial, precisa consultar vários cartórios para verificar se, por exemplo, aquele bem não está penhorado para pagar alguma dívida do proprietário. A idéia é que essa informação seja concentrada numa única certidão.

Os empresários do setor batizaram o cadastro único de Renavel, numa analogia ao Renavam, dos automóveis. Com uma única consulta ao Renavam, é possível saber se o carro tem multas pendentes, se foi licenciado, etc. A idéia é que o mesmo ocorra com os imóveis.

"Vai reduzir a burocracia", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao informar que a medida está em estudos, durante o encerramento do 79º Encontro Nacional da Construção Civil (Enic). O anúncio foi aplaudido pela platéia de cerca de 200 empresários do setor.

Além de concentrar a matrícula do imóvel em um só cadastro, o Ministério da Fazenda estuda outras duas medidas. A primeira é estender a portabilidade a financiamentos imobiliários. O mecanismo permitirá que um mutuário troque seu empréstimo por outro que cobre taxas de juros mais baixas. "É um pouco mais complicado, mas estamos estudando", disse o ministro. Atualmente, a portabilidade só é permitida para empréstimos com prazos mais curtos do que os habitacionais.

A Fazenda estuda também outras formas de seguro na área habitacional. Hoje, avaliam os técnicos do governo, há poucos produtos que ofereçam garantia, por exemplo, contra a inadimplência do mutuário ou a falta de conclusão da obra. Essa deficiência encarece os empréstimos. Como a operação envolve riscos, o juro é mais elevado.

Para criar o Renavel, será necessário aprovar um projeto de lei, informou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão. Ele informou que os cartórios estão de acordo. O setor encaminhou estudos e uma proposta de projeto de lei ao Ministério da Fazenda.

Embora satisfeito com os anúncios do ministro, Simão defendeu a necessidade de desoneração tributária do imóvel. "O governo já desonerou o material de construção, mas deveria desonerar na ponta para beneficiar diretamente o comprador." A redução no preço final poderia ser de 10%.

O setor apresentou dez propostas ao ministro da Fazenda, entre elas a criação do Renavel. Eles pediram também medidas para estimular o mercado secundário de títulos do setor imobiliário, o que daria mais liquidez. E defenderam também a rápida adoção do Cadastro Positivo, que reduzirá o risco das operações e permitirá a cobrança de juros mais baixos.

Pretexto pró-parada eleva juro futuro

Valor Econômico
05/10/2007




O mercado futuro de juros da BM&F contrariou, por motivo injustificável, o viés positivo dos demais segmentos. Enquanto o dólar e a Bolsa operaram confiantes na divulgação hoje nos EUA de um relatório de emprego que poderá cristalizar a rota de baixa da taxa básica americana, o pregão de DI futuro viu no crescimento da produção industrial brasileira pretexto plausível para o Copom decidir interromper o ciclo de cortes da Selic. Segundo o IBGE, a produção da indústria cresceu 1,3% em agosto, mais que o dobro da mediana das expectativas do mercado, de avanço de 0,6%. Comparativamente a agosto de 2006, a alta foi de 6,6%.



--------------------------------------------------------------------------------
Relatório de emprego define rumos do Fed
--------------------------------------------------------------------------------



Foi o que bastou para o pregão de juros futuros operar em alta, desligado da tendência positiva ao seu redor. Os contratos mais curtos ainda não conseguem embutir a perspectiva de parada imediata da queda da Selic, já na reunião do Copom do dia 17. Foi por isso que o CDI previsto para a virada do mês subiu apenas 0,01 ponto, para 11,07%. O contrato para a virada do ano também avançou muito pouco, 0,01 ponto, a 11,04%. Os contratos mais longos refletem com maior precisão a expectativa de que a Selic será congelada em 11% por um bom período. As taxas para janeiro de 2009 e janeiro de 2010 avançaram 0,03 ponto, para 11,27% e 11,28%, respectivamente. Como, para as operações de crédito, o que conta mesmo é o juro privado de longo prazo, na prática a política monetária já está mais apertada. Ontem a taxa do swap de 360 dias subiu de 11,16% para 11,20%. Para efeitos de combate à inflação, o juro longo conta mais do que a Selic de curto prazo. E já que o mercado resolveu arrochar a política monetária por si mesmo, o Copom pode até se dar ao luxo de proceder a mais um corte da Selic, sem se preocupar com os efeitos do afrouxamento sobre a demanda e o consumo. Com isso, ganha mais tempo para avaliar o cenário para 2008.






E pode evitar equívocos difíceis de desfazer no futuro. Uma decisão de interromper o ciclo de cortes amparada na suposição de que a indústria está bombando representa, na verdade, um tiro no próprio pé do Copom. A estabilidade da Selic em 11,25% no próximo dia 17, ao indicar um endurecimento efetivo da política monetária, tem efeito contrário ao desejado. Tal sinal pode levar os empresários a suspender os investimentos produtivos, ou seja, os destinados a elevar a capacidade de produção. Não haveria, por causa do reconservadorismo monetário, a ampliação da oferta, enquanto a demanda seria pouco afetada.


Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, diz que o relatório do IBGE sobre produção industrial reforçou a expectativa da instituição de que o Copom tem condições e deve realizar nova redução de 0,25 ponto na Selic, na penúltima reunião de 2007. "Nossa expectativa se apóia no fato de que o crescimento da produção industrial tem sido concentrado nos bens de capital, o que contribui para a manutenção da inflação dentro dos parâmetros do sistema de metas", diz Agostini. O economista lembra que Copom deve, por ofício, se ater exclusivamente aos riscos de desequilíbrios entre oferta e demanda, no médio e longo prazos, gerados pelo crescimento contínuo dos setores relacionados à massa de salários como, por exemplo, o segmento de bens de consumo semi e não duráveis. E estes não exibem expansão exuberante. O segmento é o que menos cresce, segundo o IBGE. Ele registrou uma taxa de expansão de apenas 0,4% na média mensal dos últimos 12 meses. "O crescimento da produção industrial não é um sinal de que a luz amarela está acesa quanto ao possível desequilíbrio entre oferta e demanda no médio e longo prazo, como apontam alguns analistas e membros do Copom. Muito pelo contrário", diz Agostini. O avanço da produção da indústria decorre da forte expansão dos bens de capital, ou seja, dos investimentos destinados a ampliar uma oferta capaz de rechaçar pressões inflacionárias justamente no momento, daqui a seis a nove meses, em que começarem a surtir efeito as decisões monetárias que serão tomadas pelo BC neste último trimestre do ano.


Mas mesmo o DI futuro não deve resistir hoje a uma onda de otimismo se a criação de novos postos de trabalho nos EUA em setembro vier abaixo dos 100 mil previstos pelo consenso dos analistas. Mesmo um número levemente acima de 100 mil será bem recebido, pois não compensaria a retração registrada no mês anterior. E também indicaria ao Federal Reserve (Fed) a necessidade de insistir no afrouxamento monetário em sua reunião do dia 31. O dólar caiu ontem 0,76%, cotado a R$ 1,8260, já se antecipando a essa possibilidade.

Luiz Sérgio Guimarães é repórter de finanças

luiz.guimaraes@valor.com.br

A nova onda da renda fixa

Valor Econômico
Por Danilo Fariello
05/10/2007



Com a taxa de juros nos atuais 11,25% ao ano e caindo, cada parcela desse percentual se torna preciosa para o investidor. Essa idéia tem levado mais e mais cotistas a buscarem fundos de renda fixa com taxa de administração algumas frações de pontos percentuais mais baixas, por exemplo. Já os aplicadores mais conservadores descobriram as operações compromissadas como alternativa ao CDB. Nessas operações, o banco revende ao investidor um papel que tem em carteira, público ou privado, com o compromisso de recompra em um determinado prazo. A aplicação é operacionalmente bastante similar a um CDB, mas pode oferecer retorno ligeiramente maior. As compromissadas eram oferecidas, há alguns meses, apenas a fundos de investimento, de pensão, clientes private e empresas, mas chega agora ao varejo.


No Itaú, que oferece a alternativa para quem tem a partir de R$ 300, um investidor que conquistaria em um CDB taxa de 77,5% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, referência das aplicações em renda fixa) conseguiria uma rentabilidade de 79,5% em uma compromissada.


Apesar da pequena diferença, a compromissada ganha adeptos. Em agosto do ano passado - quando a Selic estava em 14,75% ao ano - havia um saldo de R$ 98 bilhões em compromissadas no mercado. Em agosto deste ano o volume é mais do que o dobro, de R$ 198 bilhões, segundo dados do Banco Central - quase o valor de R$ 212 bilhões aplicado na caderneta. Os prazos das compromissadas também tendem a ser mais longos do que os CDBs - de até 20 anos -, por isso o ganho maior.


Atualmente, os bancos usam principalmente papéis de empresas ligadas ao grupo para garantir as compromissadas, em especial das companhias de leasing. Elas emitem debêntures longas para financiar suas operações, que consistem em comprar e depois alugar para terceiros carros, caminhões, equipamentos de informática e até imóveis, por prazos também longos.


Algumas dessas debêntures acabam sendo compradas pela tesouraria do próprio banco que, por sua vez, as repassa na forma de uma operação compromissada para o investidor. O aplicador, portanto, fica com o papel da leasing, mas conta com o compromisso do banco de recomprá-lo. O risco da operação é haver algum problema financeiro com o banco ou com a empresa de leasing.


Em julho, apenas o Grupo Itaú teve autorização para emitir R$ 10 bilhões pela BFB Leasing, valor que poderá ser usado em parte como lastro para as compromissadas. No ano, são mais de R$ 20 bilhões em operações de debêntures de empresas de leasing ligadas a bancos autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e mais R$ 11,5 bilhões estão em análise. "O volume cresce porque hoje é um bom momento do mercado de capitais para emissão das debêntures, e há crescimento dos empréstimos e do leasing na outra ponta", diz Marcos Villanova, diretor de Produtos de Investimento do Bradesco, que oferece compromissadas a quem invista a partir de R$ 100 mil. "A tendência do mercado todo é popularizar o produto."


Com a queda persistente dos juros, os investidores estão ficando mais cautelosos com os seus investimentos em renda fixa, diz Arthur Riedel, superintendente de produtos de Tesouraria do Itaú. "A diferença de ganho entre a compromissada e o CDB, que sempre foi pequena, agora passa a ganhar importância." A liquidez, a incidência de IOF e de imposto de renda são idênticas nas duas aplicações.


Contudo, o rendimento extra em relação ao CDB tem seu equivalente em risco. A compromissada não conta com o amparo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que banca prejuízos de até R$ 60 mil ao investidor em caso de problemas financeiros na instituição. Portanto, o aplicador deverá estar atento que o risco da sua aplicação está ligado à saúde financeira da instituição onde aplica. Se ela quebrar, a aplicação vai por água abaixo.


É por não contribuir para o FGC que a compromissada consegue pagar mais. Os CDBs deixam uma parte do rendimento para bancar essa garantia. O percentual exato é de 0,015% do valor envolvido. Outro motivo para o ganho maior é que o banco não tem de recolher ao BC o depósito compulsório de 15% sobre os valores captados em CDBs. Isso faz com que o banco possa emprestar até 100% dos recursos obtidos com as compromissadas a taxas mais altas, no crédito ao consumidor, por exemplo. No entanto, há um pagamento extra de CPMF na compromissada, de 0,36% quando se transfere o papel da empresa ao banco.


O investimento em compromissadas carrega, porém, um desdobramento que é a superoferta de recursos para as leasings, além da capacidade de elas repassarem isso para os clientes. Isso pode provocar uma queda nos juros pagos nas debêntures e uma menor atratividade das operações. No entanto, os bancos poderão então usar debêntures de outras empresas, que paguem mais aos investidores, e não necessariamente as ligadas ao próprio grupos.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Vai de táxi ou de carro? Veja o que sai mais barato no Rio e em SP

"O cliente não tem gastos com manutenção, estacionamento e gasolina e ainda pode descer na porta do local onde deseja ficar, sem ter que procurar vaga para estacionar "

http://oglobo.globo.com/economia/seubolso/mat/2007/09/12/297694442.asp

Dia das crianças: cuidado nas compras

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1951754-EI6579,00.html

Um dia é princesa e no outro vira sapo

Valor Econômico
Daniele Camba
04/10/2007




A princesinha da bolsa virou sapo. Essa era a sensação dos investidores ontem com relação à Vale do Rio Doce. Depois de dar muitas alegrias, como uma das maiores responsáveis pela grande recuperação da Bovespa no último mês, as ações da mineradora levaram uma chacoalhada daquelas no pregão. As ordinárias (ON, sem direito a voto) caíram 7,53% e as preferenciais (PN, sem direito a voto) série A, 7,76%. Sem contar a desvalorização de 8,22% das PNs da Bradespar, que controla a companhia. Dada a grande participação dos papéis no Índice Bovespa, eles influenciam o indicador na alegria e na tristeza. Foi o que aconteceu. O índice sucumbiu e fechou em queda de 3,09%, aos 60.098 pontos. As ações da mineradora caíram e com volume de negócios considerável, o que é pior. As PNAs movimentaram nada menos que R$ 1,4 bilhão e as ONs, R$ 389 milhões. Juntas elas representaram 21,5% do giro do dia na bolsa, que atingiu R$ 8,3 bilhões.



--------------------------------------------------------------------------------
Mineradora cai 7% e Ibovespa vai a reboque
--------------------------------------------------------------------------------



A notícia de que o banco JP Morgan rebaixou a recomendação para as ações da Vale de acima da média do mercado ("overweight") para a média do mercado (neutro) influenciou no movimento de venda dos papéis. Para o banco, a valorização recente das ações reflete um reajuste entre 35% e 55% do minério de ferro para 2008, acima dos 25% previsto pelo próprio JP Morgan. Esse banho de água fria era o que os investidores precisavam para se desfazer das ações da mineradora, embolsando altos ganhos, e ir em busca de papéis que ainda não subiram tanto. Esse movimento já pôde ser observado na terça-feira, quando as PNAs caíram 1,5%.







"A Vale virou o papel do momento e roubou a atenção de todas as outras ações, chegando a subir mais de 100% no ano e seria razoável supor que em algum momento a festa iria acabar", diz o chefe de análise da CMA, Luiz Francisco Rogé Ferreira. Ele lembra que a valorização da mineradora praticamente carregou nas costas a alta recente do Ibovespa. Portanto, se esses papéis não subirem mais, vários outros terão de se valorizar para continuar puxando o índice. Entre eles, os da Petrobras que também são importantes dentro do indicador e no ano sobem apenas 21%. Com a queda, a Vale perdeu o posto de maior empresa da bolsa que havia roubado recentemente da petrolífera. Ontem, o valor de mercado (cotação do papel multiplicada pela quantidade de ações) da mineradora era de R$ 277,2 bilhões, em comparação aos R$ 282,5 bilhões da estatal.


Fim da festa?


A queda acentuada da bolsa levantou a lebre: será que a euforia chegou ao fim? "É um processo natural de realização de lucros, mas que não deve interromper a tendência de alta", diz o analista da Prosper Gestão de Recursos Gustavo Barbeito. Há quem discorde. "O mercado se abraçou à tese da queda do juro nos EUA e esqueceu que se a economia americana desaquecer muito as empresas do mundo inteiro serão afetadas e bolsa é formada por companhias", lembra o sócio da Plenus Gestão de Recursos e chefe do departamento de finanças da ESPM-RJ, Alexandre Espírito Santo.


Daniele Camba é repórter de Investimentos


E-mail: daniele.camba@valor.com.br

O clube que virou fundo

Valor Econômico
Por Adriana Cotias
04/10/2007



O que há em comum entre um grupo de universitários de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, crianças paulistas do ensino médio e fundamental, militares do Rio, associados do Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo, e funcionários de uma financeira, em Recife? O que reúne esse conjunto tão diverso é que todos participam de clubes de investimentos que estão virando fundos de ações. Idealizadas para ser a porta de entrada da pessoa física na Bovespa, muitas dessas carteiras ficaram grandes demais para comportar a estrutura simplificada de um clube. Essa movimentação toda coincide com o momento em que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acena com mudanças na regulamentação e já elabora uma minuta de instrução que será colocada em audiência pública para acolher sugestões do mercado.


A autarquia quer evitar que, sob a égide da flexibilidade das regras atuais, clubes sejam vendidos como fundos sem, contudo, cumprir as exigências de auditoria, divulgação diária de cotas e de custódia, conforme requer a Instrução 409, que regula o setor. A legislação original de clubes data de 1984 e ficou defasada para atender um segmento que cresce a passadas largas no Brasil.


Só neste ano, até o fim de agosto, foram criados 359 clubes de investimentos e no total já são 1.990 carteiras. São portfólios que reúnem quase 150 mil aplicadores e um patrimônio de mais de R$ 13 bilhões, segundo dados da Bovespa. De maio para cá, a formação de clubes ganhou ritmo e, na média, mais de 70 portfólios vêm sendo constituídos mensalmente, o dobro do início do ano. O número de clubes que vêm sendo transformados em fundos também não é desprezível. De acordo com a CVM, desde que a instrução 409 entrou em vigor, em agosto de 2004, 26 clubes viraram fundos.


Na 409, consta a primeira formalização explícita do regulador para essa migração. As mudanças, agora, vão no sentido de aperfeiçoar as regras e delimitar melhor as fronteiras entre clubes e fundos. "Nossa preocupação vai na linha da arbitragem regulatória, pois há um veículo de investimento mais simples e barato, mas o investidor pode estar menos protegido do que em outro produto destinado ao mesmo público", diz Luís Felipe Lobianco, da Superintendência de Relações com Investidores Institucionais da CVM.


A legislação atual não tem, por exemplo, nenhuma menção ao tamanho do patrimônio do clube que o colocaria na condição de fundo - só há o corte de 150 cotistas. Lobianco esclarece, porém, que a autarquia ainda não bateu o martelo sobre o que deve constar na minuta de instrução. Também não há um prazo para o início da audiência pública. Embora o registro e fiscalização dos clubes sejam delegados à Bovespa, a CVM mantém a competência regulatória.


Longe de chegar ao máximo de 150 cotistas permitido pela regra dos clubes de investimentos, o Uranos, administrado pela Concórdia Corretora, é um exemplo de carteira que ganhou porte e está virando fundo. Com apenas 25 cotistas de uma mesma família, o patrimônio atingiu R$ 27 milhões, quando na média os clubes reúnem R$ 6,8 milhões. "O fundo tem uma configuração melhor do ponto de vista institucional, mas custa mais caro", diz Hugo Saito, da Concórdia. "Então é preciso ter um certo tamanho, caso contrário os encargos ficam pesados e podem consumir os resultados."


O Vida Feliz da corretora Spinelli, primeiro clube voltado para crianças, transformou-se em fundo na quarta-feira passada, também para poder crescer e ser amplamente distribuído. "Queremos levar educação financeira às escolas, falando abertamente às crianças sobre o assunto", diz Manuel Lois, diretor de novos negócios da Spinelli. Como clube, a corretora não poderia divulgá-lo a novos investidores. Lois conta que a idéia é promover eventos lúdicos sobre finanças. "Agora a aplicação poderá crescer independentemente da origem e da relação entre os cotistas."


A Geração Futuro, que iniciou sua história de gestão por meio dos chamados clubes de investimentos programados - uma série de carteiras com aportes mensais a partir de R$ 100,00, mas já com 150 cotistas e, portanto, fechados para captação -, tem hoje 268 clubes sob o seu guarda-chuva, com um patrimônio de R$ 976 milhões. Três desses portfólios ganharam autorização da CVM para virar fundo porque alcançaram o limite máximo de participantes: o clube da Feevale, instituição de ensino superior de Novo Hamburgo (RS); o de oficiais e praças do Exército de Duque de Caxias (RJ), e, o dos associados do clube Pinheiros (SP).


Para tocar tantos portfólios, boa parte dos clubes segue as diretrizes de gestão adotadas pelos fundos da casa, conta o diretor da Geração Wagner Salaverry. Em linhas gerais, são nove papéis em carteira, entre "small caps" (ações de empresas menores) e blue chips (papéis de primeira linha).


Não só o limite de cotistas, mas também a busca por uma gestão profissionalizada foi a motivação para transformar em fundo um clube formado por cerca de 100 funcionários de uma financeira em Recife, diz Marcelo Rizzo, da Coinvalores. A principal desvantagem da migração, diz, é que num fundo o cotista acaba perdendo voz ativa, quando num clube ele pode realmente apitar na gestão. A corretora ainda tem 16 outros clubes e diz que a procura não pára. Para se montar um clube, a instituição exige um patrimônio de R$ 300 mil em até seis meses, cobrando 2% de taxa de administração e corretagem de acordo com a tabela da Bovespa. (Colaborou Danilo Fariello)

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Estratégia de futuro

Valor Econômico
Por Luciana Monteiro
03/10/2007





Aproveitar a volatilidade diária do mercado. É assim que o estudante de economia da Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban) Rafael Davis Lopes Silva, de 23 anos, define sua estratégia, que resultava até ontem num ganho de 9.988% desde 3 de setembro. Ele estaria de papo para o ar não fosse o fato de o dinheiro investido, R$ 150 mil, ser fictício. Rafael é um dos estudantes que participam da competição lançada pela Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), em parceria com o Valor, com o objetivo de popular o mercado futuro e mostrar que derivativos não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. Silva é o segundo melhor colocado no ranking do simulador, superado apenas pelo líder Glauco Santiago, com retorno até ontem superior a 14.000%.


Há um mês no ar, o balanço do simulador se mostra para lá de positivo: já conta com 6.038 usuários cadastrados, sendo 2.540 (42,61%) universitários. O acesso é gratuito e qualquer um pode operar minicontratos futuros - versão reduzida dos contratos padrão - pela internet. Os participantes que obtiverem os melhores retornos receberão prêmios. No simulador, cada investidor recebe uma quantia fictícia de R$ 150 mil para comprar ou vender minicontratos.


Segundo Silva, os minicontratos de Índice Bovespa são os grandes responsáveis pelo seu desempenho extraordinário "Quando o dia começa bem, com ganhos, normalmente se acerta o resto do dia", diz ele que, apesar de estar no primeiro ano do curso de economia, trabalha no mercado financeiro desde os 15 anos. "Operei poucos contratos de dólar e também de boi, mas a oscilação deles é muito pequena e é preciso ter volatilidade para ganhar no mercado", diz. Mas, assim como os ganhos podem ser grandiosos, as perdas também. O estudante conta que só ontem, por exemplo, chegou a "perder" R$ 1 milhão, valor mais tarde recuperado. "Estava comprado (apostando na alta) no índice a 62.200 e ele estava em 62.100."


Outro com ganhos de encher os olhos é o analista de risco Ulysses Santos Lages, de 25 anos, com retorno de 4.658% até ontem, ocupando a sexta posição no ranking. Ele também vem operando somente mínis de índice, pois o indicador chega a oscilar 1.000 pontos durante o dia, diz o executivo, que trabalha para um fundo de pensão. E se engana quem acha que ele fica comprando e vendendo contratos o tempo todo. "Meu dia-a-dia não permite isso; compro e fico", diz.


As universidades têm sido grandes parceiras da BM&F nesse esforço de popularização do mercado futuro. A oportunidade de colocar em prática os conhecimentos aprendidos em sala de aula é muito importante, já que os alunos chegam na maioria das vezes sem qualquer conhecimento sobre derivativos, diz Tharcisio Souza Santos, vice-diretor da faculdade de administração da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) e professor da disciplina de mercado financeiro. "Os estudantes vêm demonstrando muito interesse em tudo relacionado ao mercado e é ótimo ter um instrumento em que ele possa aprender na prática o que é dado em sala", diz o professor, que vem recomendando o simulador para seus alunos.


As premiações são bimestrais e anual. Os cinco estudantes com os melhores rendimentos bimestrais no simulador ganharão iPods oferecidos por corretoras parceiras do programa. Além disso, receberão cursos online da BM&F sobre o mercado de derivativos, além de assinaturas bimestrais do Valor. Os dez que se destacarem no ano também receberão prêmios e poderão até concorrer a um estágio na BM&F. Os três primeiros colocados ganharão Laptops, cursos presenciais ou online da bolsa (a critério do vencedor) e uma assinatura anual do Valor. Os outros sete terão direito a cursos online e assinaturas semestrais do jornal.


Haverá um prêmio relativo aos meses de setembro e outubro, outra para o bimestre novembro e dezembro, além do anual relativo ao ano de 2007, que englobará os resultados dos dois bimestres. Ao final de dezembro, as posições serão novamente zeradas, marcando o início de um novo ciclo anual para a eleição dos melhores investidores na bolsa em 2008.


Algumas universidades estão em contato com a bolsa para que a instituição treine também professores, informa Verdi Rosa Monteiro, diretor de Projetos de Desenvolvimento e Fomento de Mercado da BM&F. Somente neste mês, equipes da bolsa e do Valor farão visitas a pelo menos cinco universidades: Fundação Getulio Vargas, Poli, Unip, Anhembi Morumbi e Mackenzie. "O objetivo do projeto é puramente educacional", diz. "Algumas universidades, inclusive, irão considerar para a nota o tempo que o aluno gasta utilizando o simulador." Os cadastrados operaram o mercado do dia, com cotações reais dos mínis e dados atualizados com 15 minutos de atraso. O negócio, no entanto, é fechado pelo preço do mercado naquele momento, sem "delay".

Gráficos apontam para novos recordes

Valor Econômico
Daniele Camba
03/10/2007



Sem notícias negativas suficientes para mudar o tom de euforia do mercado, o Índice Bovespa chegando a cair até 1,73% ao longo do dia, mas logo reencontrou o caminho da recuperação. Faltou tempo para o pregão fechar no azul, mas o Ibovespa conseguiu encerrar o dia em queda de apenas 0,52%, em 62.017 pontos. Os gráficos mostram, no entanto, que o Ibovespa caminha para bater novos recordes. O próximo ponto de resistência do índice é em 64.400 pontos e que deve ser alcançado brevemente, acredita o analista gráfico da Itaú Corretora Márcio Lacerda. "Muitos papéis do índice que estão atrasados devem se recuperar e, assim, patrocinar novos recordes ao indicador", diz Lacerda. O saldo (diferença entre compras e vendas) de investimento estrangeiro em setembro ficou positivo em R$ 3,8 bilhões, um recorde histórico mensal.



--------------------------------------------------------------------------------
Saldo de estrangeiros é o maior desde 1994
--------------------------------------------------------------------------------



Depois de ganharem muito com alguns papéis, como as preferenciais (PN, sem direito a voto) série A da Vale do Rio Doce, os investidores aproveitaram o dia um pouco mais morno para trocar essas ações por outras, também de grandes companhias, mas que estão mais atrasadas nesse recente movimento de valorização. "Os investidores reduziram um pouco a exposição de suas carteiras a ações da Vale para aumentar em papéis como Petrobras e de ações do setor bancário, que ainda não chegaram a suas máximas históricas", diz o estrategista de renda variável para pessoa física da Itaú Corretora Fábio Anderaos de Araújo.






Foi exatamente esse movimento de trocas que fez os papéis irem para caminhos opostos no pregão de ontem. Enquanto as PNAs da Vale caíram 1,52%, as PNs da Petrobras se valorizaram 0,59%, uma raridade, já que nos últimos tempos o que mais se viu foram os papéis da mineradora subindo, deixando para trás os da estatal. As ações dos principais bancos subiram todas e não foi pouco. As PNs do Bradesco se valorizaram 2,45%, as units do Unibanco tiveram alta de 2,16% e as PNs do Itaú, 1,26%.


Ao contrário do que se imaginava, a divulgação das perdas que alguns bancos estrangeiros, como o UBS e o Citibank, devem ter com papéis do setor hipotecário acabou provocando uma onda de compras de ações do setor bancário. "Esses papéis ficaram muito descontados, mas, agora que se viu que as perdas podem ser menores do que se imaginava, o investidor começou a questionar se não prejudicou demais tais ações", diz Anderaos. Com o crescimento econômico brasileiro, as instituições financeiras mostram resultados crescentes, especialmente com a carteira de crédito.


O que dizem os gráficos


Se as ações da Petrobras e as dos bancos têm fundamentos para subir, em termos gráficos elas também estão em níveis mais interessantes do que as da Vale. Segundo o analista gráfico Lacerda, as PNs da Petrobras romperam uma resistência importante em R$ 60,50 e devem buscar agora os R$ 64,60, uma alta potencial de 6,43%, já que fecharam ontem a R$ 60,71. Já as PNAs da Vale vêm batendo seguidos pontos de resistência e, agora, devem perder um pouco o fôlego. "O mercado está transferindo a força compradora das ações da Vale para a Petrobras", diz Lacerda. Entre os bancos, as units do Unibanco são as que possuem maior potencial, em termos gráficos. O próximo ponto de resistência a ser alcançado, segundo Lacerda, é em R$ 29,60, sendo que as units fecharam ontem em R$ 25,92. Outras ações estão em níveis gráficos interessantes, entre elas: Eletrobrás, CCR, Gerdau, Duratex, Natura e ALL.


Daniele Camba é repórter de Investimentos


E-mail: daniele.camba@valor.com.br

BB fixa taxa para ganhar espaço no home broker

Valor Econômico
Por Danilo Fariello
03/10/2007



O Banco do Brasil, maior banco brasileiro, quer conquistar uma posição entre as maiores corretoras que negociam ações pelo sistema eletrônico da Bovespa, o home broker. Atualmente, o banco estatal apresenta volumes tímidos de negócios pela internet, mas acaba de adotar a taxa fixa de R$ 20 na compra ou venda de papéis por meio eletrônico para ganhar investidores. Atualmente, algumas das líderes do mercado, como Ágora, Easyinvest (da Título) e Banif já adotam a cobrança de taxa fixa. Muitas ainda adotam, porém, a tabela referencial da Bovespa, que cobra um percentual da operação.


Desde 2001, o BB tem um sistema eletrônico de negociação de ações que opera em parceria com diversas corretoras em rodízio. Em agosto, foram negociados no BB R$ 239 milhões. No início do ano, o sistema de navegação tornou-se mais amigável e fácil, conta o gerente-executivo da Diretoria de Mercado de Capitais, Gustavo Henrique Santos de Souza. "A taxa fixa é a segunda parte do projeto, que deverá ser acompanhado ainda por um novo sistema tecnológico no futuro." O BB quer conquistar as primeiras posições do home broker, completa Souza.


O BB tem atualmente 52 mil clientes cadastrados para operar ações, mas a média mensal de quem efetivamente fecha um negócio fica pouco acima de 10 mil. A idéia do banco, que conta com 25 milhões de clientes, é crescer tanto trazendo correntistas que operam em corretoras independentes para o banco, como transformando poupadores da instituição em investidores da bolsa, conta Marconi Maciel, gerente da Diretoria de Mercado de Capitais.




A instituição faz acompanhamento constante de mais de 50 empresas para oferecer análises aos clientes. O sistema eletrônico do BB oferece periodicamente uma carteira de ações sugerida, simuladores e cotações online, para seus clientes. A essas funcionalidades, o banco quer agregar mais serviços, diz Souza


Segundo Maciel, a grande vantagem do sistema do banco é a comodidade, porque o cliente que investe numa corretora tem de transferir o dinheiro para lá. "Dentro do BB, o sistema de débito é todo interligado e o dinheiro sai direto da conta do correntista."


No embalo da euforia do mercado de ações, o Banco do Brasil lançou também três novos fundos de renda variável setoriais. Os gestores escolherão, em cada fundo, as ações com melhores perspectivas nas áreas de consumo, bancos e siderurgia. Segundo o gerente-executivo de investimentos do BB, Carlos Antonio Decezaro, são esses os setores que a área de análise do banco aponta como os com melhor potencial de desempenho no futuro.


Das três categorias, existiam já apenas fundos de bancos. Segundo dados do site Fortuna, o mais antigo deles, o do Safra, rende 561% desde o início de 2003, período em que o Ibovespa subiu 437%. Os fundos setoriais mais comuns no mercado são de telecomunicações ou energia.


Na linha do esforço de popularização dos fundos de investimento adotado pelo banco, as carteiras setoriais aceitarão aportes a partir de R$ 200. "Normalmente esses fundos estão disponíveis apenas para valores maiores", diz Decezaro. A aplicação é permitida desde ontem e os fundos têm taxa de administração de 2% ao ano.


Como todo investimento em ações, porém, é preciso estar informado e alerta, diz Decezaro. Além de se tratar de renda variável, os fundos de bancos, consumo e siderurgia são, como os nomes dizem, concentrados em apenas um setor e, portanto, têm mais risco. Se algo ocorrer em determinado mercado, todas as ações poderão sofrer. Mas, da mesma forma, a possibilidade de retorno também é maior do que em um fundo diversificado, diz Decezaro.


O banco informou também que, em apenas cinco dias, captou R$ 100 milhões no fundo Capital Protegido 2 em setembro. A carteira segue a tendência do mercado de oferecer determinadas garantias de principal se o mercado for adverso. O fundo investirá em ações do Ibovespa, mas devolverá o valor aplicado no fim de 2008 se a bolsa cair. Além do BB, também ABN Amro Real, HSBC e Santander têm fundos similares.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Queda dos juros favorece migração entre as carteiras

Valor Econômico
Por Danilo Fariello
02/10/2007



No mercado financeiro, assim como se diz da vida, sempre há como ver um lado bom dos acontecimentos negativos. No caso dos fundos de renda fixa, DI e curto prazo, a má notícia é a redução em apenas dois anos de 8,5 pontos percentuais do juro básico ao ano e, por conseqüência, o menor rendimento das aplicações. A boa nova, porém, é que, com o juro menor, a tabela de imposto de renda que regride conforme o prazo da aplicação pesa menos na hora de decidir por mudar de investimento, rumo a outro de taxas menores. "Se antes era interessante, em geral, mudar quando houvesse uma taxa de administração pelo menos um ponto percentual menor, agora vale a pena mudar mesmo que para obter uma taxa 0,5 ponto menor", diz Marcelo D'Agosto, sócio do site Fortuna. Segundo levantamento do Fortuna, por conta do IR, o custo de movimentação dessas carteiras com o juro a 11,25% ao ano caiu, em média, 0,38%, desde agosto de 2005, quando a taxa Selic estava em 19,75% ao ano. Esse custo aumenta quanto maior o prazo em que o investidor permanecer na primeira aplicação, diz D'Agosto.


O preço da migração decorre da tabela de imposto de renda decrescente, que incide sobre o lucro das aplicações. Ela cai de 22,5% a 15% no prazo de dois anos. Portanto, sair de uma aplicação com dois anos para uma nova implica o risco de lucrar menos por causa do imposto se os recursos ficarem na nova carteira por pouco tempo. Mas, com o juro menor, essa diferença de imposto entre 22,5% e 15% fica menor em valores absolutos, diz o relatório do Fortuna.


Em setembro, até dia 27, o setor de fundos teve mais saques do que depósitos, embora o saldo negativo seja de apenas R$ 493 milhões, segundo o site Fortuna. Os fundos que mais sofreram saídas foram os de renda fixa, com resgates líquidos de R$ 2,75 bilhões. No ano, os DIs são recordistas em resgates, com mais de R$ 10 bilhões de saques acima dos depósitos.


As carteiras mais rentáveis do ano são os fundos de privatização, com destaque para as carteiras de Vale do Rio Doce, segundo o Fortuna, que rendem 92,4% no ano, até dia 27. Os fundos com ações da Petrobras rendem 31,35% no período e os fundos de ações, em geral, têm retorno médio de 35,66%.

Vá até a Justiça e recupere seu dinheiro

Jornal da Tarde 02/10/2007

Juizados podem agilizar o pagamento das correções de perdas dos planos econômicos

Rodrigo Gallo, rodrigo.gallo@grupoestado.com.br

Muitas pessoa s deixam de reaver dinheiro perdido há algum tempo por conta da demora da Justiça para resolver os processos. Porém, poucos sabem que boa parte desses casos poderia ser resolvida nos Juizados Especiais - Civil ou Federal - onde as ações são solucionadas em bem menos tempo. Nesses dois tribunais é possível resolver pendências jurídicas envolvendo problemas de consumo e Previdência Social.

Quem tinha contas de poupanças antigas e quiser engordar um pouco o saldo bancário pode aproveitar para ingressar com ações pedindo o pagamento das correções referentes aos planos econômicos Verão e Collor. Nessas ocasiões, os poupadores tiveram perdas de 20,36% e 44,80%, respectivamente - diferenças causadas por mudanças temporárias no indexador das cadernetas.

Têm direito à revisão do Plano Verão os clientes que possuíam poupanças entre janeiro e fevereiro de 1989 - desde que as cadernetas tivessem data de aniversário entre os dias 1º e 15 de cada mês. O prazo para ingressar com as ações relativas a esse plano econômico vão terminar no fim do próximo ano. Quem tinha saldo nas cadernetas entre março e abril de 1990 com aniversário na primeira quinzena também pode solicitar a reposição das perdas do Plano Collor.

De acordo com o advogado Alexandre Berthe, as ações relativas ao Plano Verão são pontos pacificados na Justiça, ou seja, os juízes têm concedido o ganho de causa aos poupadores. Sendo assim, é possível ingressar com ações nos Juizados para acelerar a tramitação do processo e conseguir o dinheiro das perdas.

Pelos cálculos do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), um poupador que tinha 100 cruzados novos de saldo em janeiro de 1989 tem pouco mais de R$ 2,5 mil a receber, já considerando a correção da época. Portanto, é certo que inúmeras pessoas estão deixando uma quantia razoável de dinheiro nos bancos.

Os juizados são boas opções para ter o dinheiro mais rápido. 'Os juizados foram criados com o intuito de chegar a conciliações. Portanto, essas ações são resolvidas em um prazo mais curto', explica a advogada Ana Júlia Kachan, pós-graduada em Direito Processual Civil.

O Juizado Especial Cível, por exemplo, possui um procedimento que facilita a tramitação dos processos. Ao ingressar com as ações, já é determinada uma data para a audiência. Em alguns casos, a ação é resolvida em um período que varia de quatro a seis meses - enquanto na Justiça comum pode demorar até quatro anos.

Melhor usar leasing do que financiar

Jornal da Tarde 02/10/2007

Simulação mostra que economia pode chegar a mais de 5% do valor do carro no fim das contas

Marcos Burghi, marcos.burghi@grupoestado.com.br


Está mais barato financiar um automóvel por meio de leasing do que tomar um empréstimo para comprá-lo. De acordo com os dados do Banco Central (BC), em junho, a média da taxa de juros para leasing registrou 25% ao ano, enquanto o índice para financiamento de veículos pelo crédito pessoal (CDC) chegou a 28,7%. A informação consta do relatório de agosto sobre Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro, divulgado semana passada pelo BC.

A diferença entre as duas modalidades está na forma da operação bancária. No caso de um financiamento pelo CDC, desde o início o carro é de propriedade do consumidor. Nas operações de leasing, o carro é arrendado e pertencerá ao banco até o final do contrato, o que impede que o consumidor venda o automóvel. Além disso, no leasing a retomada do bem em caso de inadimplência é mais rápida.

Simulações realizadas pelo economista Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional das Empresas de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a pedido do Jornal da Tarde, mostram que no caso de um modelo de R$ 25 mil, as diferenças podem ficar entre 3,68% e 5,26%, conforme o prazo. Numa operação de leasing por 24 meses, cada prestação custaria R$ 1.309,83, R$ 31.435,92 ao final. No caso de um empréstimo na modalidade CDC, o consumidor pagaria 24 parcelas de R$ 1.357,99, total de R$ 32.591,76, diferença de 3,68%.

Para um prazo de 36 meses, a simulação mostrou que, no caso da opção leasing, cada prestação custaria R$ 968,27, R$ 34.857,36 ao final do período. Tomar dinheiro para a tradicional compra elevaria cada prestação a R$ 1.019,02, um desembolso de R$ 36.684,72 após 36 meses, montante 5,24% superior.

De acordo com Oliveira, o leasing pode ser um bom negócio porque, existe a prática de diluir o valor residual entre as parcelas mensais.

Segundo Rafael Cardoso, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Leasing (Abel), o volume de contratos firmados por pessoas físicas - o que significa para a aquisição de veículos - entre janeiro e junho de 2006 bateu nos 244,5 mil. No mesmo período deste ano, o volume registrou 459,8 mil, aumento superior a 88%.

Segunda vez

A professora Margareth Galvão, 37 anos, foi uma das consumidoras que optaram pelo leasing em vez de financiar a compra do automóvel por outra modalidade de crédito. Segundo ela, é a segunda vez que escolheu a opção. “Os juros são menores”, diz. Margareth conheceu a modalidade há três anos e resolveu adotá-la.

Na opinião da professora, mesmo o fato de o carro pertencer ao banco durante a duração do contrato não tira a vantagem do leasing sobre o financiamento para compra. “Vale muito a pena”, reitera.

Preços têm variação de até 235%

Jornal da Tarde 02/10/2007

Pesquisa feita pelo Procon às vésperas do Dia das Crianças mostra que é preciso pesquisar bem

Marcos Burghi, marcos.burghi@grupoestado.com.br



Os consumidores que ainda não se definiram sobre como presentear seus filhos no Dia das Crianças devem ficar atentos. Os preços cobrados pelas lojas da Capital podem variar até 234,9%, revela pesquisa da Fundação Procon de São Paulo (Procon-SP) divulgada ontem.

O levantamento foi realizado em 129 itens, nos dias 17 e 18 de setembro em dez estabelecimentos das cinco regiões da Capital. A maior diferença, de acordo com a pesquisa, foi encontrada no preço da boneca Rebelde Roberta. Enquanto na Cia Real Kentfrio,na Zona Norte, o produto foi encontrado por R$49,90, na Koraicho, no Centro, o mesmo produto estava a R$ 14,90, uma diferença de 234,9%.

A segunda maior variação foi constatada no Jogo do Tubarão. Enquanto na Ri Happy da Zona Sul, o brinquedo era oferecido a R$ 74,99, na Koraicho, no Centro, podia ser encontrado R$ 26,90, diferença de 178,77%. O boneco Bebê Cuida de Mim foi o que registrou a terceira maior variação entre os artigos pesquisados. O mesmo produto que na Ri Happy, na Zona Sul, custava R$ 109,99, saía por R$ 39,99 na B. Mart da Zona Oeste (veja quadro com as 30 principais variações nesta página).

Cada região, um valor

Na opinião de Cristina Martinussi, técnica do Procon-SP, os preços podem variar de acordo com a região em que está a loja e com o poder de negociação dos compradores. A técnica afirma que o levantamento da entidade é importante para dar uma referência de preços, mas não dispensa a busca por parte do consumidor por valores menores.

Ela lembra também que o brinquedo deve ter as especificações técnicas na embalagem, o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), que comprova a segurança, e sempre exigir a nota fiscal, essencial para uma eventual troca. Cristina ressalta que os consumidores devem estar atentos ao chamado das empresas para a substituição do produto em caso de defeitos (recall), como ocorreu recentemente com duas fabricantes de brinquedos.

A íntegra da pesquisa realizada pelo Procon-SP está no site da instituição (www.procon.sp.gov.br). Nesse endereço também há orientação de como comprar brinquedos, desde a escolha até as convocações das empresas.

Volume de produtos

Na opinião de Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo, as diferenças de preços ocorrem em função do volume do produto que cada loja vende.

De acordo com ele, há estabelecimentos que comercializam certos itens com pequena movimentação, o que, em geral, resulta em um preço maior. Outras vezes, afirma ele, o preço menor de um item se deve à estratégia dos comerciantes para atrair clientes.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

O ovo antes da galinha

Valor Econômico
Por Luciana Monteiro e Angelo Pavini
01/10/2007



O otimismo voltou a tomar conta do mercado financeiro, principalmente da bolsa, embora não faltem ressalvas para tanta confiança. As perspectivas para o Índice Bovespa para outubro são positivas, mesmo após o indicador ter encerrado setembro em alta de 10,67%, superando os 60 mil pontos. O problema é que grande parte desses bons presságios para o mês está na fé de que o banco central americano (Fed) irá novamente reduzir os juros na reunião que será realizada entre os dias 30 e 31. Se, no entanto, houver indícios de que esse corte não irá acontecer, as ações poderão ter fortes perdas. Ou seja, o mercado quer ir ao restaurante, comer bem e pendurar na conta de Ben Bernanke, presidente do Fed. As últimas 48 horas de outubro, portanto, poderão definir o destino dos ativos de todo o mês.


No cenário interno, os olhos estarão voltados para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre dias 16 e 17. Diante de maiores pressões inflacionárias, alguns especialistas avaliam que desta vez o comitê poderá optar por suspender a trajetória de corte dos juros básicos da economia, hoje em 11,25% ao ano. Há previsão de um descompasso entre oferta e demanda, pois as indústrias estão com uma capacidade utilizada alta, a demanda está aquecida, mas não há grande expectativa de investimentos para aumento de oferta, lembra Rodrigo Aché, da Brascan Corretora. "Além disso, ainda é preciso ver a inércia dos dois cortes de 0,5 ponto percentual realizados em junho e julho", diz o executivo, que acredita na manutenção dos juros no mês. Em setembro, o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), o juro interbancário que serve de referencial para os fundos de renda fixa, teve variação de 0,80% e, no ano, acumula 8,96%.


Para a bolsa, o panorama é positivo, mas não quer dizer que o mercado não estará sujeito a chuvas e trovoadas, avalia Aché. Ainda não é possível dizer se a redução da atividade econômica americana culminará numa recessão ou somente numa desaceleração, diz o executivo. "Por aqui, continuamos à mercê dos números divulgados lá fora." Apesar de otimista, Aché acredita que o risco para quem quiser ingressar agora em bolsa é muito alto, dadas as incertezas com inúmeras variáveis externas. Por isso, ele aconselha colocar somente uma parcela pequena do patrimônio em ações. No ano, a alta do Ibovespa chega a 35,96%.


As ações da Vale do Rio Doce foram o grande destaque da bolsa no mês passado, com alta de 27,76% para as ações ordinárias (ON, com direito a voto) e de 28,57% das preferenciais (PN, sem voto). Os fundos compostos por papéis da mineradora rendiam 21,26% até o dia 25, mas o ganho deve ser ainda maior dada a alta de 4,03% das ONs nos dois últimos dias de setembro. No ano, o retorno dessas carteiras supera a marca dos 83%.


Setembro foi um mês interessante, com a bolsa espetacular e os fundos multimercado nem tanto, diz George Wachsmann, sócio da Bawm Investments. Até sexta-feira da semana passada, entre 200 fundos acompanhados pela instituição, 50 apresentavam perdas no mês, 50 ganhavam menos que o CDI e cerca de 100 estavam acima do referencial. "Mas tinha fundo ganhando 5% e outro perdendo 5%", diz. Muitos fundos não conseguiram, porém, recuperar as perdas da crise, diz Wachsmann. "A maioria vinha muito bem antes da crise de julho e, agora, temos 120 acima do CDI no ano, 50 abaixo e 20 com prejuízo", diz. "Tudo isso é bom para o investidor entender que fundo multimercado não é como fundo de ações, não se recupera quando o mercado sobe, pois o gestor tem de controlar os riscos e normalmente reduz a exposição e acaba não acompanhando quando o mercado volta", lembra ele.


Mesmo os fundos de arbitragem de ações, os long/short, também sofreram, pois costumam estar comprados em papéis de segunda linha e vendidos em "blue chips" (ações de primeira linha). "Como a recuperação do mercado se deu quase só nas 'blue chips', esses fundos sofreram", diz. Wachsmann explica que há uma grande dispersão de ganhos entre os fundos multimercados. "Setembro deve ter representado uma das melhores oportunidades para os fundos, mas, como muitos entraram o mês machucados, evitaram arriscar em bolsa e, com poucas exceções, não aproveitaram esse ganho", diz.


Wachsmann lembra que quem investiu na bolsa quando o Ibovespa estava em 45 mil pontos, em 16 de agosto, ganhou quase 15 mil pontos em um mês. Apesar de otimista com o Brasil, ele diz que o movimento de agosto, quando o Ibovespa foi de 58 mil ao piso de 45 mil pontos, poderá acontecer de novo, por isso o melhor é o investidor ter cautela.


O otimismo moderado para a bolsa também é o tom do discurso de Ricardo Junqueira, sócio da Ático Asset Management. Os problemas com os papéis hipotecários americanos ("subprime") estão mitigados, pois esses títulos ruins não estão concentrados numa única região ou instituição, o que dispersa a percepção de risco, avalia. "A bolsa brasileira também é a mais barata do mundo, portanto, há espaço para ela subir", diz.


Com relação aos juros, as opiniões sobre um possível corte da Selic na reunião de outubro se dividem. Todos concordam, no entanto, que a inflação voltou a preocupar. Os papéis indexados à inflação podem ser uma alternativa no longo prazo, diz André Schibuola, sócio da Precision Asset Management, especializada em renda fixa. Para ele, as Notas do Tesouro Nacional da série B (NTN-B), atreladas ao IPCA, estão um pouco caras, mas têm potencial de ganhos ante a expectativa de inflação, principalmente no ano que vem. Além disso, ele lembra ainda que o IPCA reage mais lentamente que o IGP-M. Em setembro, o IGP-M apresentou alta de 1,29%.


Após quatro reuniões sem unanimidade, o Banco Central terá de dar um sinal para o mercado de que ele pode confiar na autoridade monetária novamente, avalia Eduardo Canto, responsável pela área de renda fixa da Ático Asset. "É muito difícil avaliar o que acontecerá na reunião de outubro, pois o Copom tem fundamentos para não reduzir o juro por causa da inflação", diz. "Em contrapartida, o BC também já conta com esse cenário há algum tempo."


O Fed agiu na hora certa cortando juros, mas isso não encerra o episódio, diz o ex-presidente do BC Gustavo Franco em depoimento no site da Rio Bravo, sua empresa. "A comida contaminada continua no sistema, um pouco digerida, e o mercado aguardará resultados dos bancos", diz. Se os resultados vierem bons, o mercado questionará a ajuda aos bancos americanos. "Mas, se vierem mal, a discussão será que a crise não acabou".

domingo, 30 de setembro de 2007

Veja como receber ICMS de volta

30/09/2007 - 09h00
MARCOS CÉZARI
da Folha de S.Paulo


A partir de amanhã, os consumidores que fizerem compras em estabelecimentos comerciais situados no Estado de São Paulo poderão receber de volta uma parte do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) embutido nos preços dos produtos.

Para incentivar os consumidores a exigir dos vendedores a emissão de notas fiscais, o governo paulista decidiu criar uma sistemática que permite devolver até 30% do imposto pago em cada compra. Assim, a tendência é que, a partir de amanhã, os consumidores passem a exigir a emissão de notas ou cupons fiscais em suas compras.

A emissão do documento fiscal é o primeiro passo para que consumidor tenha direito ao crédito de uma parte do tributo pago. No momento da emissão do documento, o consumidor terá de informar o número do seu CPF ao vendedor.

Um dos objetivos do Programa de Estímulo à Cidadania Fiscal, criado em agosto pelo governador José Serra (PSDB), é reduzir a sonegação, uma vez que, com a emissão de notas ou cupons fiscais, o vendedor terá de recolher, depois, o imposto --esse é o segundo passo para o direito ao crédito. Se não recolher, o consumidor poderá reclamar, uma vez que será possível acompanhar os créditos pela internet.

O direito ao crédito não ocorrerá, de uma vez, em todas as compras. É que a Secretaria da Fazenda paulista estabeleceu um cronograma para que os estabelecimentos comerciais ingressem no Projeto Nota Fiscal Paulista. Esse cronograma demora oito meses para ser concluído --outubro de 2007 a maio de 2008.

Assim, a partir de amanhã apenas as compras em restaurantes e estabelecimentos similares darão direito ao crédito. Em novembro será a vez das padarias, bares, lanchonetes, cantinas e bufês, entre outros. Em dezembro será a vez das livrarias, bancas de jornais e revistas, lojas de brinquedos e lojas de artigos esportivos. Os últimos estabelecimentos a ingressar no projeto serão as lojas de roupas, calçados, tecidos, bijuterias e magazines.

Segundo Mauro Ricardo Costa, secretário da Fazenda paulista, a expectativa é que até o final do primeiro semestre do próximo ano os mais de 750 mil estabelecimentos comerciais no Estado já estejam ajustados à nova sistemática.

Segundo a lei, o consumidor terá o direito de receber de volta o valor proporcional do ICMS pago em cada compra, desde que a empresa recolha depois o tributo. O benefício vale para pessoas ou empresas que, ao pedirem nota fiscal, informarem o numero do CPF ou do CNPJ.

Somente darão direito ao crédito as compras em que houver a emissão de Nota Fiscal Eletrônica (NFe), Nota Fiscal de Venda a Consumidor 'On-Line' (NFVC-'On-Line'), Cupom Fiscal emitido por equipamento Emissor de Cupom Fiscal - EFC, ou Nota Fiscal ou Nota Fiscal de Venda a Consumidor (NFVC) emitidas mediante a utilização de impresso fiscal, e, em qualquer caso, desde que efetuado o respectivo Registro Eletrônico de Documento Fiscal.

A devolução poderá ser creditada em conta corrente, caderneta de poupança ou no cartão de crédito (desde que no valor mínimo de R$ 25). Pode ainda ser usada para abater parte do IPVA ou até transferida para terceiros.

Nem todas as compras, porém, darão direito à devolução de parte do imposto pago. São os casos, por exemplo, das aquisições de energia elétrica, telecomunicações e gás canalizado. Também não darão direito ao crédito as compras de contribuintes do ICMS sujeitos ao regime periódico de apuração (casos de combustíveis e veículos) e nos casos de aquisições não-sujeitas à tributação pelo ICMS.

Preços em supermercados variam até 97% no mesmo bairro

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u332449.shtml
da Folha Online

O preço de um produto pode variar até 97% em supermercados e hipermercados localizados em um mesmo bairro, segundo reportagem publicada na edição deste sábado da Folha(
íntegra do texto exclusiva para assinantes do jornal ou do UOL). O levantamento foi com assessoria e análise da Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor).

A diferença foi constatada após pesquisa de preços de 16 itens --boa parte deles compõe a cesta básica-- em lojas na região de Perdizes (zona oeste de SP) e no Jardim Sapopemba (zona leste). Os produtos e as marcas foram sugeridos pela Pro Teste.

Segundo Nelson Barrizzelli, consultor de varejo, a variação de preços de um mesmo produto ocorre devido a negociação com os fornecedores, custo de operação, políticas de preços e promoções, concorrência e renda do consumidor.

O item que apresentou maior diferença de preço -de 97%- na lista de produtos sugerida pela Pro Teste foi o sabonete Lux Suave (90 gramas). No Pão de Açúcar (rua Cardoso de Almeida), esse produto custava R$ 0,75 na última segunda. No Sonda (av. Francisco Matarazzo), R$ 0,65. No Carrefour (Marginal Tietê), R$ 0,58. No Pastorinho, R$ 0,57. No CompreBem (rua Turiaçu), R$ 0,55. E, no Wal-Mart (av. Pacaembu), R$ 0,38.

Prazo maior e juro menor em evento

O Estado de São Paulo 30/09/2007


Bancos oferecem condições especiais durante Salão Imobiliário

Hoje é o último dia para visitar a segunda edição do Salão Imobiliário São Paulo, que ocorre no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na zona norte, das 10h às 21h. O evento que reúne cerca de 30 mil ofertas de imóveis residenciais em toda a cidade, interior, litoral e outros estados, traz novidades aos que pretendem comprar a casa própria por meio de financiamento. Bancos participantes oferecem condições especiais para os interessados que assinarem propostas no local.

O mais novo banco privado a entrar para o mercado de crédito imobiliário, o Citibank, criou duas linhas exclusivas para o evento com taxas de juros reduzidas. Para crédito pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH) de imóveis de até R$ 350 mil, a taxa de juros anual fica em 9,95% ao ano mais Taxa Referencial (TR). Se o mesmo financiamento fosse aberto fora do evento, a taxa cobrada seria de 10,95% ao ano mais TR.

Para unidades de R$ 350 mil a R$ 2 ,5 milhões financiadas pela Carteira Hipotecária do banco, as taxas ficam em 11,45% ao ano mais TR no salão. Nas agências, a mesma linha teria taxa de 12,5% ao ano mais TR.

O banco também operar linhas já existentes em suas agências durante o evento, voltadas a faixas de financiamento de menor valor. Para unidades até R$ 120 mil, por exemplo, o juro anual fica em 7,95% ao ano nos primeiros 36 meses. Após esse período, sobe para 10,95% ao ano mais TR. Unidades até R$ 150 mil têm taxa de 8,95% ao ano mais TR por todo o período do contrato. “Para quem pretende quitar em até seis anos, é mais vantagem a primeira linha de financiamento. Mas para quem quer prazo menor, é mais interessante a segunda linha”, afirma o gerente de crédito imobiliário do banco, João Luiz Rigobello. Todos os produtos oferecidos pelo Citibank têm prazo de pagamento máximo de 25 anos.

SANTANDER

O Santander estendeu para 30 anos o prazo dos planos de financiamento da casa própria de todas as suas linhas durante o evento. É o maior prazo oferecido entre os bancos privados. O novo prazo poderá ser contratados em qualquer agência do banco a partir de 15 de outubro, mas os visitantes do estande do Santander no salão já podem aproveitar essas condições.

O banco trabalha com linhas de crédito para imóveis a partir de R$ 40 mil com taxa fixa de 12,5% ao ano ou variável com juros de 9% ao ano mais TR. Até R$ 120 mil, a taxa sobe para 10,45% ao ano mais TR. Acima de R$ 350 mil, os juros ficam em 12% ao ano mais TR.

NOSSA CAIXA

A Nossa Caixa também ampliou o prazo de financiamento para aquisição de imóveis durante o evento. Estendeu de 20 para 25 anos. E ainda reduziu as taxas de juros. Para unidades até R$ 150 mil, os juros são de 7% mais TR nos três primeiros anos do contrato e de 11% mais TR a partir da 37ª parcela. Quem optar por taxa única de juros ao longo de todo o contrato tem opções que vão de 9% a 12% ao ano mais TR. O banco também oferece prestações prefixadas com taxas que variam de acordo com o prazo. Até 10 anos, a taxa fica em 12% ao ano, para prazos maiores, a taxa sobe para 12,50% ao ano.

O banco libera a carta de crédito para clientes e não clientes na hora, durante o evento. Os financiamentos realizados durante o salão estão isentos da Taxa de Custo Operacional.

BANCO REAL

Quem assinar propostas de crédito imobiliário durante o evento no estande do Banco Real terá desconto de 0,5 ponto porcentual nas taxas de juros na compra de imóveis acima de R$ 120 mil. Para correntistas do banco, os juros caem 1 ponto percentual. As condições promocionais incluem o financiamento com prazo de 25 anos, lançado na abertura do evento. A simulação e a pré-aprovação do crédito é feita na hora.

As taxas de juros para imóveis até R$ 120 mil são de 8% ao ano mais TR nos primeiros 4 anos e de 11,5% mais TR nos demais 21 anos. Para unidades até R$ 350 mil, o juro fica em 11% mais TR durante todo o período do contrato para não-correntistas do banco e de 10,5% mais TR para correntistas.

Momento é bom para investir

O Estado de São Paulo 30/09/2007
Quem comprar unidades para locar pode ter rendimento de até 12% ao ano, mais a valorização do imóvel

Renata Gama

Com a recuperação do mercado imobiliário, puxada pela vasta oferta de financiamento habitacional e pela estabilização da economia, volta-se a olhar para a compra do imóvel como forma de investimento muito vantajosa.

Para alguns especialistas do setor mais otimistas, os imóveis podem compensar até mais do que o mercado financeiro. E ressaltam que hoje investir em casas, apartamentos e salas comerciais com o objetivo de alugar pode ser uma boa oportunidade de negócio.

Houve um período, principalmente entre 1994 e 1998, em que o mercado de locação esteve estagnado. “Há dez anos, havia excesso de ofertas em função da economia recessiva. A procura caiu e isso fez com que o aluguel ficasse desvalorizado. Proprietários até davam desconto para segurar os inquilinos nos períodos de reajuste de contrato”, lembra José Roberto Graiche, presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios (Aabic). Mas depois que a moeda se estabilizou, o setor voltou a ficar aquecido.

Mesmo levando em conta o período de recessão, Graiche defende que o mercado de locação não deixou de ser rentável no longo prazo. “O aluguel sempre foi muito mal tratado pelos economistas que diziam ser melhor aplicar no mercado financeiro.

Mas, no acumulado dos últimos dez anos, os imóveis ganharam de todos os outros investimentos, com exceção da bolsa de valores”, afirma o advogado com base em uma pesquisa realizada pela própria Aabic divulgada esta semana.

CÁLCULO

Ele esclarece que, no momento atual, com a queda nas taxas de juros, investimentos em papéis devem render menos do que nos períodos anteriores. Isso torna os imóveis mais atrativos do que outras modalidades. Mesmo porque, a tendência é de forte valorização nos próximos anos, por causa do aquecimento do mercado.

Com isso, o preço do aluguel tende a aumentar também, já que o valor mensal da locação fica entre 0,7% a 1% do valor do bem, em média. Num cálculo superficial, o proprietário de um imóvel locado terá um retorno entre 8,5% e 12% ao ano com o aluguel, mais a valorização do bem.

Segundo o Índice Periódico de Valores Médios dos Aluguéis Residenciais (Ipevemar), em agosto, os valores das locações tiveram aumento de 1,09% - acima da inflação medida pelo IGP-M no mesmo período. A valorização acumulada dos últimos 12 meses é de 15,14%, contra 4,63 da inflação. A maior alta registrada em agosto ocorreu no segmento de apartamentos de um dormitório: 10,45%. A segunda foi no de casas de um dormitório, cuja valorização foi de 8,23%.

Mesmo com a recente movimento de inquilinos trocando o aluguel pela prestação da casa própria, Graiche afirma que o mercado de locação não deve deixar de ter procura.

“São Paulo é o centro financeiro e cultural do Brasil, onde muitas pessoas chegam para morar temporariamente. Sempre terá quem procura pelo aluguel”, garante. No Brasil, segundo ele, o mercado de locação ainda tem muito espaço para expandir. Segundo ele, aqui, 20% das moradias são alugadas, ao passo em que em vários países da Europa este valor passa de 30%.

Aliás, o financiamento pode até ser parceiro do mercado de locação: “Aconselho que mesmo o investidor que tenha disponibilidade para comprar à vista, em vez de comprar um imóvel, compre dois e financie o restante a uma taxa prefixada, no prazo de dez anos, de forma que o aluguel pague a prestação”, recomenda. Segundo Graiche, no fim do financiamento, o investidor terá dois imóveis pagos pelo próprio aluguel.
Locations of visitors to this page