quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Mobius vê ações brasileiras entre as mais baratas

Valor Econõmico
Por Angelo Pavini, de São Paulo
17/01/2008


Ricardo Benichio / Valor

Para Mark Mobius, da Templeton Global Emerging Markets, o fluxo para os mercados emergentes deve continuar
A economia americana deve crescer no máximo 1% este ano, praticamente uma recessão, mas o cenário não será catastrófico para os países emergentes como foi em crises anteriores. A avaliação é de Mark Mobius, um dos maiores especialistas em bolsas de países emergentes, que administra US$ 47 bilhões aplicados pela Templeton Global Emerging Markets em empresas dessas economias. Em visita ao Brasil, onde dará uma palestra hoje a investidores, Mobius falou com o Valor sobre a turbulência dos mercados, especialmente das bolsas, e disse ver a bolsa brasileira como uma das mais baratas do mundo.


Valor: Qual sua visão sobre a economia americana e o impacto para os países emergentes?


Mark Mobius: Há uma grande probabilidade que a economia dos EUA desaqueça, crescendo apenas entre zero e 1% este ano. Isso terá impacto global e não apenas para os emergentes. Podemos ver alguns semestres de queda no PIB, vai ser bem ruim. E haverá um impacto severo não apenas na Europa, como também no Japão e em importantes emergentes, como China e Índia. Nesse ambiente, temos de ser bastante cautelosos na compra de ações. Isso não significa que devemos sair dos emergentes, mas que vamos ser muito cautelosos e procurar aquelas ações que podem ir bem nesse ambiente. É importante lembrar que o impacto de uma desaceleração nos EUA é bem menor do que há cinco, dez anos na economia mundial. Seria muito pior.


Valor: Qual a diferença hoje?


Mobius: Os mercados domésticos nos países emergentes cresceu. Basta olhar o Brasil, que está crescendo internamente, o mesmo acontecendo na China, na Índia. E a situação agora é que o consumo doméstico deve se manter. Além disso, também a situação externa desses países é bem mais confortável, com moedas fortes, baixo endividamento externo e grandes volumes de reservas internacionais. É um ambiente muito diferente daquele que tínhamos em 1997, na Crise Asiática, quando esses países tinham enormes déficits externos, dívidas altas, moedas e economias internas fracas. Outro ponto importante é a atuação do Federal Reserve, o banco central americano.


Valor: Como ele ajudará?


Mobius: Ele está reduzindo os juros e injetando recursos no mercado para socorrer os bancos. Sob essas condições, o fluxo de recursos para os mercados emergentes deve continuar. E as pessoas agora procuram não manter os dólares, mas aplicá-los em outros ativos, pela própria fraqueza da moeda. E esse suprimento de dinheiro deve manter os preços das ações, não só nos mercados emergentes, mas nos Estados Unidos também. Mas teremos algumas grandes correções de preços pela frente, alguns dias teremos notícias sobre problemas com a crise do "subprime", outros sobre a economia e ao mesmo tempo fortes injeções de recursos na economia, e isso vai manter uma forte volatilidade dos mercados de ações.


Valor: Existe um descolamento dos mercados emergentes?


Mobius: Não há um descolamento completo, o comércio mundial cresceu muito rapidamente nos últimos dez anos, por isso não dá para dizer que os efeitos não se espalham entre os países. Uma seca na Argentina afeta os preços da soja na China. O crescimento do comércio mundial acaba espalhando a turbulência, mas as economias emergentes estão em bem melhor forma para enfrentar o contágio.


Valor: Quais seriam os países mais afetados pela crise?


Mobius: Poderia dizer que os EUA são hoje o maior risco, pela crise do "subprime" e, por associação, o México, Canadá e Europa, pelas fortes ligações comerciais. Mas há fatores que reduzem esse risco. No caso da Canadá, por exemplo, o país é um grande produtor e exportador de matérias-primas, que devem continuar indo bem. Os exportadores de matérias-primas em geral devem continuar indo bem. Resumindo, teremos um mercado muito volátil neste ano. Teremos muitas mudanças nos EUA, com incentivos para a demanda via injeção de dinheiro na economia, enquanto na China, a situação será o contrário, eles vão tentar reduzir a demanda, estão aumentando as taxas de juros.


Valor: Há riscos para a China?


Mobius: Sim, grandes. Começando pela pressão inflacionária provocada pela demanda e pelos preços dos alimentos e matéria-prima. Por isso o esforço em controlar a demanda.


Valor: Os preços das commodities vão cair?


Mobius: Não vejo isso. Talvez tenhamos algumas correções, mas nada dramático, porque a demanda vai continuar aquecida nos mercados locais.


Valor: E quais os melhores mercados?


Mobius: Não selecionamos por mercados, mas por empresas. Temos boas oportunidades na China, Tailândia, Coréia, Turquia, Brasil, Rússia. Há um setor especial, commodities em geral, como petróleo e metais. Acreditamos que os as empresas ligadas a elas continuarão indo bem. Mesmo que haja alguma correção de preços, a rentabilidade dessas empresas deve se manter.


Valor: E a América Latina?


Mobius: O Brasil é a estrela da região, pois é grande exportador de commodities, sua moeda é forte e uma economia saudável. Há o Chile, também, indo bem pela exportação de commodities, especialmente cobre. O mesmo vale para o Peru, beneficiado pelo preço das matérias-primas e políticas do governo atrativas. O Brasil continua atrativo apesar da alta do ano passado. As companhias brasileiras são algumas das mais baratas do mundo. Mesmo Vale, Petrobras, são algumas das empresas mais baratas do mundo, grandes, bem administradas, crescendo globalmente...


Valor: O que você sugeriria para quem entrou na alta?


Mobius: Esses investidores precisam diversificar. Não podem colocar todo o dinheiro em ações. Precisam ter dinheiro em fundos de curto prazo, em fundos de renda fixa. Eu reconheço que o retorno dos juros hoje é menor, mas com um bom gestor, pode-se ter um retorno mais atrativo. E há pressões inflacionárias que podem levar a juros maiores no futuro. Mesmo nos Estados Unidos poderemos ver juros maiores. Talvez já em 2009.


Valor: E quem ainda não entrou?


Mobius: Não há melhor momento para comprar ações, ninguém sabe quando o mercado vai subir ou cair, o melhor é o investimento constante, todo mês. Ou, se você é realmente corajoso e o mercado despenca, você pode comprar, mas é preciso muita disciplina. Haverá "crashes", sempre haverá, porque o mercado é maníaco depressivo, dispara e despenca. Muitos tentam vender na máxima e comprar na mínima, e muitas pessoas acabam sendo apanhadas nessas armadilhas. Talvez seja uma oportunidade agora que o mercado caiu por dois dias. Pode ser uma oportunidade de compra.

BRASIL GANHA 60 MIL NOVOS MILIONÁRIOS

JULIO WIZIACK e FÁTIMA FERNANDES
Folha de S. Paulo
13/1/2008

Total de brasileiros com mais de US$ 1 milhão aplicado cresce 46% e chega a 190 mil em 2007; fortuna atrai bancos de investimento

Recorde da Bolsa, abertura de capital, aquisições, investimentos estrangeiros diretos e valorização do real explicam crescimento

Em um ano, o Brasil elevou o seu número de milionários em 60 mil, passando de 130 mil em 2006 para 190 mil no ano passado, de acordo com dados do BCG (The Boston Consulting Group). A fortuna desses milionários está estimada em aproximadamente US$ 675 bilhões, o que equivale a cerca de metade do PIB brasileiro. São classificados como milionários aqueles com mais de US$ 1 milhão aplicado no mercado financeiro. Entre os fatores que explicam a explosão estão a abertura de capital das empresas, o recorde de negócios na Bovespa e os investimentos estrangeiros diretos. O fenômeno chama a atenção dos bancos de investimento. O Brasil é um dos países em que o número de milionários mais cresce e o segundo onde fortunas se multiplicam mais rápido, atrás somente da China. Nos últimos seis anos, os investimentos desse grupo cresceram ao ritmo anual médio de 22,4%. Parte dos milionários prefere investir no próprio país.

Com R$ 20 mil, os irmãos Fábio, 31, e Fernando Cunha, 35, montaram, há quatro anos, a Clube de Estilo, uma empresa que aproxima estilistas de lojistas. Toda vez que um negócio é fechado entre eles, os irmãos ganham um percentual.
Em 2007, a dupla movimentou R$ 4 milhões e, se quisesse vender a empresa, com sede no bairro dos Jardins, área nobre de São Paulo, não embolsaria menos de R$ 2 milhões.
Os irmãos Cunha são um exemplo de brasileiros que viram o patrimônio ultrapassar rapidamente a casa dos seis dígitos nos últimos anos devido a uma combinação de fatores: faro para os negócios, bom desempenho da economia brasileira e alta rentabilidade oferecida pelo mercado financeiro.
Em um ano, o Brasil elevou o número de milionários em 60 mil, segundo levantamento do BCG (The Boston Consulting Group). No ano passado, havia 190 mil milionários no país. Em 2006, eles eram 130 mil -expansão de 46,1%.
A fortuna desses milionários está estimada em aproximadamente US$ 675 bilhões, o que equivale a praticamente metade do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Para o BCG, milionários são aqueles que têm mais de US$ 1 milhão aplicado no mercado financeiro.
André Xavier, sócio-diretor do BCG no Brasil, diz que, para identificá-los, os especialistas entrevistaram gestores de fortunas de 111 instituições financeiras em 60 países. Foi a primeira vez que uma equipe veio pessoalmente ao Brasil para fazer o levantamento.
"A concentração de riqueza no país é um fenômeno que está chamando a atenção dos bancos e dos gestores do mundo", diz Xavier, que monitora o comportamento dos endinheirados há cerca de sete anos.

Economia em alta
Vários fatores explicam a explosão do grupo dos milionários no Brasil. Apenas em 2007, 64 empresas abriram o capital na Bovespa, que bateu o recorde de R$ 4,9 bilhões negociados diariamente. "O Ibovespa foi o índice que, no mundo, mais rentabilidade ofereceu aos investidores", afirma Xavier.
De acordo com Eduardo Oliveira, diretor do departamento de gestão de fortunas do UBS Pactual, a abertura de capital tem um efeito multiplicador que pesa bastante na geração de riqueza dos empresários. "É como vender um apartamento adquirido por R$ 100 mil cujo valor de mercado é o dobro."
Outros motivo para o crescimento do total de milionários no Brasil são a valorização do real e os investimentos estrangeiros diretos, que, segundo Lywall Salles, diretor-executivo do "private" do Itaú, chegaram a US$ 87 bilhões em 2007.
O bom momento da construção civil, o fortalecimento do agronegócio no Centro-Oeste e os negócios relacionados à produção de álcool, na região Sudeste, também fizeram novos milionários, segundo os bancos de investimentos consultados.
Além disso, cresceu o time de executivos brasileiros em companhias estrangeiras recebendo parte dos salários em ações da empresa. "Por si só, o rendimento desses papéis já virou um patrimônio considerável", afirma Alexandre Xandó, sócio da Verax Serviços Financeiros, que administra fortunas que somam R$ 330 milhões.
"Em geral, esses executivos têm um perfil mais agressivo, aplicam em ações e conseguem multiplicar seus recursos rapidamente", afirma.
Nos últimos anos, Xandó diz ter aumentado a quantidade de jovens e de mulheres que delegam a administração de suas fortunas a gestores independentes ou ligados a bancos.
"Vemos ainda mais famílias planejando a divisão de seu patrimônio entre os herdeiros." A presença desses milionários acirra as disputas dos bancos por esses clientes e faz aumentar as vendas de marcas de luxo. Resultado: uma nova onda de grifes se anuncia e as que já operam no país estão mudando seu modelo de negócio, cada vez mais lucrativo.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Conta custa até R$ 41 por mês

Jornal da Tarde
16/01/2008

Cliente deve pesquisar preços de pacotes para contratar aquele que mais se encaixa no seu perfil de uso

MARCOS BURGHI,
marcos.burghi@grupoestado.com.br

Ter uma conta em banco pode custar até R$ 41 ao mês. Foi o que a reportagem do Jornal da Tarde constatou ao consultar dez instituições financeiras: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú, Nossa Caixa, Real, Safra, Santander e Unibanco.

O maior valor (R$41) foi encontrado no pacote Preferencial Top Premium, do Santander. Entre os serviços incluídos no pacote estão manutenção da conta corrente, número ilimitado de depósitos nos terminais de auto-atendimento, 60 depósitos em cheque no mês, número ilimitado de extratos quinzenais ou semanais. O pacote mais barato da mesma instituição, chamado Econômico, custa R$ 8,90, serve para quem não usa talão de cheque e inclui, menos transações, entre elas dez depósitos mensais no auto-atendimento, depósitos de cinco cheques ao mês e dois extratos mensais que compreendem os períodos de sete ou 15 dias.

De acordo com os dez bancos consultados, apenas a Caixa Econômica Federal e o Real cobram tarifa específica para abertura de contas. Na Caixa, a tarifa é de R$ 21,90, R$15 pela pesquisa cadastral e R$ 6,90 pelo fornecimento do cartão de débito. No Real a taxa é de R$ 4,50 a título de administração de cadastro. Os demais oferecem pacotes de serviços que o cliente não é obrigado a aceitar, mas estará sujeito a uma taxa mensal de manutenção que varia entre R$ 8 e R$ 9. Além disso, ele terá de pagar por todos os demais serviços usados de acordo com as tabelas de cada instituição, o que aumenta consideravelmente as despesas, tornando essa opção inviável.

A vice-campeã entre as tarifas mais altas verificadas pelo JT foi a Cesta Múltipla, do Real, com mensalidade de R$ 40. Entre os serviços incluídos estão o depósito de 150 cheques, 20 extratos e depósito ilimitado em dinheiro no auto-atendimento.

Segundo Renata Reis, técnica da Fundação Procon de São Paulo (Procon-SP), o novo sistema de tarifas bancárias, que entra em vigor em 30 de abril, deverá disciplinar a cobrança de tarifas. O sistema unifica nomenclatura de alguns serviços - o que facilita a comparação de preços - e elimina taxas de diversas operações. Até lá, Renata recomenda muita pesquisa antes de abrir uma conta e aceitar um pacote. Ela lembra, porém, que as aberturas de conta estão sujeitas a análises de crédito pelas instituições financeiras, e só depois da aprovação a conta é aberta.

Para advogada Haydee Navarro, de 49 anos, as tarifas dos bancos são “exorbitantes”. Ela afirma que é obrigada a pagar mensalmente por uma quantidade de serviços que não usa. Haydee também critica o fato de alguns bancos condicionarem a diminuição das despesas de manutenção de conta a investimentos. “Estou com o mesmo banco há 20 anos e acho isso injusto. Vivo negociando com o gerente da minha conta reduções por conta de fidelidade”, afirma.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Os ganhos da previdência

Valor Econômico
Por Danilo Fariello, de São Paulo
15/01/2008

Os participantes da previdência privada que acham que ter um PGBL ou VGBL já lhes garante aquele futuro sorridente das campanhas devem pensar duas vezes. A rentabilidade entre os planos - que no ano passado captaram mais de R$ 13 bilhões -varia bastante. Mas os mais antigos, que em sua maioria investem só em renda fixa e têm custos maiores, tiveram forte queda nos ganhos. Na média geral, segundo o site Fortuna, os planos puros de renda fixa renderam 11,39% no ano passado, ou o equivalente a 96% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, referência para a renda fixa). No entanto, os planos maiores e mais antigos apresentaram rentabilidade bastante abaixo dessa média, por conta de custos como elevadas taxas de administração, de 4%, 5% ao ano. Alguns chegam até a perder da caderneta de poupança, dependendo da alíquota de imposto considerada no cálculo.


Pela tabela regressiva do imposto de renda (que vai de 35% para saques no primeiro ano a 10% após 10 anos), para ter rendimento líquido acima dos 7,70% pagos pela caderneta em 2007, o VGBL deveria ter rendido acima de 8,5% para a alíquota menor ou de 11,8% para a maior. Vários grandes fundos não conseguiram sequer atingir o percentual menor.


Muitos participantes da previdência privada já abriram o olho para o encolhimento da rentabilidade dos planos antigos, mais conservadores e mais caros, e buscam migrar para planos mais arriscados, mais baratos ou investir dinheiro novo em produtos mais rentáveis. Segundo o relatório do site Fortuna, quanto mais arriscado o plano, mais ele recebeu depósitos em 2007. Assim como ocorreu nos fundos de investimento, os aplicadores da previdência foram atrás de onde estão os grandes lucros.


O Fortuna dividiu os 83 maiores planos de previdência em quatro quadrantes, segundo sua rentabilidade. Os planos com ganho de até 9,62% (puros de renda fixa, com taxas altas) saíram de patrimônio de R$ 34,7 bilhões no começo do ano para R$ 37,3 bilhões no apagar das luzes de 2007. No entanto, descontada a rentabilidade, os planos diminuíram, com resgates líquidos de R$ 388 milhões. Mas nos fundos de renda fixa com taxas baixas e multimercados conservadores, que renderam entre 9,62% e 11,82% no ano, houve captação líquida de R$ 1,9 bilhão. Na categoria com ações, que rendeu entre 11,82% e 14,05%, o volume de depósitos superou o de saques em R$ 1,7 bilhão.


Mas foi para a categoria mais agressiva, que rendeu acima de 14,05% no ano passado, que grande parte dos aplicadores tomou rumo, com R$ 8,3 bilhões captados, mais da metade dos R$ 13 bilhões aplicados pelo setor. "No ano passado, houve uma clara mudança cultural, o brasileiro está aprendendo a investir em previdência e olhar a rentabilidade", diz Alessandra Cardoso, consultora sênior da Towers Perrin. "Além de só investir, as pessoas começaram a cobrar produtos melhores e a migrar para eles."


Os planos de previdência no Brasil sempre cobraram taxas de administração elevadas (de até 5% ao ano), mas o alto rendimento oferecido pela renda fixa até há alguns anos mascarava esses custos, explica Alessandra. Com o encolhimento do CDI, de 19% em 2005 para 11,8% no ano passado, 1 ponto percentual de taxa de administração ganhou mais peso. "Mas também tivemos mudanças estruturais que facilitaram a evolução do setor, como a maior facilidade para migrar entre os planos", completa ela.


Em paralelo à maior preocupação com a rentabilidade dos planos, cresceu também o volume aplicado em PGBL e VGBL. Segundo dados do Fortuna, a captação de 2007 é recorde, R$ 2 bilhões acima dos R$ 11 bilhões de 2006. O volume de reservas técnicas (a soma de todo o valor em patrimônio dos planos) do setor supera R$ 120 bilhões.


Ao comparar o retorno da previdência privada aberta com outras alternativas de investimento, como fundos e a caderneta, o investidor não deve esquecer, ainda, que sobre as aplicações em PGBL e VGBL normalmente há cobrança de taxa de carregamento. Essa taxa é uma espécie de pedágio que banca a distribuição das aplicações. Se ela for de 2%, por exemplo, quem depositar R$ 100 vê a aplicação iniciar com R$ 98, o que pode impactar o retorno total do investimento, principalmente em prazos menores.


No ano passado, as seguradoras também não permaneceram paradas ao ver essa situação complicada para os planos antigos. Lançaram produtos mais sofisticados, sem taxa de carregamento e com custos de administração menores e, principalmente, mais agressivos. "O patrimônio dos nossos planos com renda variável, incluindo o rendimento, cresceu 160% em 2007, enquanto os de renda fixa subiu 40%", diz Marcio Barbosa Matos, superintendente de investimentos da Brasilprev, empresa de previdência privada aberta do Banco do Brasil.


Há um temor, porém, de que os investidores estejam expondo dinheiro conservador - para bancar a aposentadoria - em riscos demasiadamente agressivos, comenta Marcelo D'Agosto, diretor do Fortuna. "O aplicador foi atrás do que está rendendo mais, mas pode estar ignorando alguns riscos." Alessandra, da Towers Perrin, também não sabe como se portariam esses investidores em uma reversão brusca das ações. Já Márcio, da Brasilprev, acredita que os perigos da renda variável são manejáveis no longo prazo. "Mas, no curto prazo, o aplicador tem de ter consciência desse risco", reconhece.


Para 2008, a expectativa do mercado é de continuidade dessa sofisticação do setor de previdência aberta e, dependendo do desempenho das ações, continuidade também desse ganho de espaço dos planos mais agressivos. Normalmente, as novidades do setor aberto são precedidas de mudanças regulatórias nos fundos de pensão, diz Alessandra, da Towers. "Por isso, é possível esperar, por exemplo, uma maior flexibilidade para os planos abertos investirem em derivativos e em títulos de crédito privado, mas ainda não seria esperada a queda do limite de 49% para aplicações em bolsa."
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