terça-feira, 9 de março de 2010

CVM aponta excesso em taxas de fundos DI

Folha de São Paulo

09/03/2010

Em 3 casos, valor pago pelo investidor, entre 8% e 11% ao ano, foiconsiderado exorbitante; instituições não foram identificadas

Queda na Selic evidenciou distorções; um dos casos já analisados pode resultar em processo administrativo contra a instituição


SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A CVM decidiu investigar as taxas de administração cobradas pelosfundos de investimento. Três casos de taxas consideradas exorbitantesem fundos DI foram avaliados inicialmente. Um desses casos pode setransformar em processo administrativo contra a instituição financeira.
Os fundos DI são considerados como de baixo risco para o investidor e recebem 13,5% do total investido em fundos de investimento no Brasil.
Segundo o superintendente de relações com investidores da CVM, Francisco Bastos Santos, esses três fundos avaliados cobraram dos investidores taxa de administração entre 8% e 11% ao ano, em 2009. Não foram reveladas de quais instituições são os fundos.
Para Santos, uma taxa de administração exorbitante torna inviável a meta de rentabilidade que muitos fundos se propõem a atingir, os chamados ""benchmarks".
Os fundos DI buscam acompanhar a rentabilidade do CDI (na prática, a taxa de juros paga pelos bancos nos empréstimos diários que fazem entre si). O CDI segue a taxa básica, a Selic, hoje em 8,75% ao ano.
Uma taxa de administração de 8%, por exemplo, reduziria o retorno a 0,75% ao ano. Descontada a inflação média de 4,5% ao ano, o investidor estaria perdendo dinheiro com o investimento ao fim de um ano.
"Não há tabelamentos. As taxas são definidas pelo mercado. Cada caso vai ser analisado separadamente. Se a taxa for elevada, mas os riscos ficarem claros no regulamento do fundo, não há o que fazer. O problema é quando os fundos dão a entender que o retorno é uma promessa", diz Santos.
Em um dos casos, a superintendência recomendou à diretoria da CVM a abertura de processo administrativo contra o gestor e a instituição financeira -o que ainda não foi decidido. Em caso de culpa, a punição pode ser advertência, multa e, em caso extremo, cassação do registro do gestor, impedindo-o de atuar no mercado.
No segundo caso, o gestor ficou de propor um termo de compromisso. No último, a instituição baixou a taxa de 8% para 4% ao ano.
A Folha pesquisou as taxas cobradas pelos maiores bancos em fundos DI.No Banco do Brasil, oscilam de 0,5% a 3,5% ao ano. No Itaú, variam de1,2% a 2,5%. No Unibanco, de 1,75% a 5% ao ano. No Santander, de 0,5% a5% ao ano. Quanto menor o depósito mínimo permitido, maior a taxacobrada pelos bancos, punindo mais o pequeno investidor.
O diretor de produtos de investimento do Itaú Unibanco, Osvaldo do Nascimento, diz que os fundos de taxa mais alta "não são exatamente opções de investimento, mas alternativa ao dinheiro parado na conta-corrente". Disse, ainda, que as taxas do Unibanco convergirão para as praticadas pelo Itaú nos próximos meses.
Procurada, a Anbima, entidade que representa os bancos de investimento, disse que "só vai se pronunciar após analisar os fatos".

E EU COM ISSO?

A maior parte dos recursos em fundos é aplicada em investimentos que acompanham a taxa Selic. Enquanto a Selic esteve perto de 20%, taxas acima de 4% não corroíam a rentabilidade. No entanto, com a Selic abaixo de 10%, como hoje, uma taxa nessa faixa pode até anular os ganhos, se descontada a inflação de 4,5% ao ano.

segunda-feira, 8 de março de 2010

FGTS-Petrobras: analistas indicam adesão a oferta

O Globo

08/03/2010

Ação da estatal rendeu 15 vezes mais que Fundo de Garantia


A possibilidade de adesão à capitalização da Petrobras pelos cotistas dos fundos de ações FGTS-Petrobras - que aplicaram parte do Fundo de Garantia em ações da estatal - foi bem recebida por analistas do mercado de ações. Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou a aplicação de até 30% do atual saldo nos fundos FGTS-Petrobras. De modo geral, a recomendação dos especialistas é aderir à oferta de papéis que será feita pela empresa para financiar a exploração do petróleo na camada pré-sal.

O principal argumento é que a outra opção, o FGTS, rende muito pouco. Desde a criação do FGTS-Petrobras, em agosto de 2000, ele acumula rentabilidade de 948,09%. Enquanto isso, o Fundo de Garantia, corrigido pela Taxa Referencial (TR) mais 3% ao ano, rendeu apenas 62,51%. Ou seja, as ações da estatal renderam aos trabalhadores 15 vezes a correção do FGTS.

Os dados mesclam números da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que só passou a acompanhar estes fundos em 2002, com a variação das ações da empresa antes disso.

Preços-alvos para ações vão de R$38 a R$53

O analista do setor de petróleo da corretora Ágora, Luiz Otávio Broad, é um dos que recomendam a adesão. Ele tem preço-alvo de R$45 para a ação preferencial (PN, sem direito a voto) da Petrobras. Em relação ao fechamento de sexta-feira, a R$35,81, significaria alta de 25,66%.

- A adesão é uma boa opção, primeiro porque o custo de oportunidade (o quanto se deixará de ter de rentabilidade) do FGTS é muito baixo. E temos uma visão positiva para Petrobras a médio e longo prazos, que já é o perfil do dinheiro que está no FGTS - diz Broad.

A gestora de renda variável da Oren Investimentos, Daniella Marques, concorda, pelos mesmos motivos, e destaca:

- Hoje, o que segura as ações da Petrobras são as dúvidas sobre a capitalização. Passado isso, apesar de interferências do governo, petróleo ainda é um bom negócio.

Os preços-alvos dos analistas que acompanham a empresa vão de R$38 a R$53, segundo levantamento da Bloomberg. (Felipe Frisch)

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