sábado, 25 de agosto de 2007

Carro: opte por menos prestações

Jornal da Tarde 25/07/2007

Já existe até financiamento em 84 vezes, mas os cálculos mostram que os custos do dinheiro, e de vários outros itens, são muito maiores quanto maior for o prazo

CARINA FLOSI,
carina.flosi@grupoestado.com.br

O mercado de venda de automóveis já oferece a opção de prazo de 84 meses (7 anos) para o consumidor pagar, mas é preciso tomar cuidado com as opções estendidas de parcelamento.

Consultores e economistas alertam que, a partir do terceiro ano, o comprador desembolsa, além do valor da parcela, 45% a mais com os pagamentos de seguro, manutenção, impostos e higienização (que inclui limpeza completa do veículo). A partir do terceiro ano, os custos chegam à metade do valor da parcela. Ou seja: além de pagar a parcela de R$ 322 fixa do financiamento de 84 meses, por exemplo, o cliente pagará ainda R$ R$ 145 com os demais custos.

Outra avaliação que o motorista deve fazer ao entrar nesse tipo de financiamento é quanto o carro custará no total. O valor muda muito dependendo do número de parcelas escolhido.

No caso dos 72 meses, o cliente pagará até 61,1% a mais do valor à vista. Um carro que sairia à vista por R$ 23.900, custará R$ 38.520 no final do parcelamento, mais de R$ 14,6 mil acima do preço.

“O importante no momento da compra é não se empolgar com o valor da parcela, mas colocar na ponta do lápis quanto o carro vai pesar ao todo no bolso, com o IPVA, licenciamento, seguro e manutenção ao longo de todos os anos do prazo escolhido”, orientou o consultor de mercado automotivo Paulo Roberto Garbossa.

20% do salário

O ideal, segundo o especialista, é que o consumidor comprometa até 20% do salário com o veículo - incluindo o valor da parcela e os demais custos. “Segundo pesquisas, depois de dois anos o cliente já se encheu ou enjoou do carro. Imagina se ele parcelar em quatro anos. Ele fica sofrendo com um veículo que já precisa de mais manutenção e está sem garantia”, explica. E com o passar do tempo, as despesas com o carro somente tendem a aumentar. “A partir do segundo ano de financiamento já aparecem as primeiras trocas de peças, depois, vem a revisão do 50 mil e os gastos com outros componentes”, lembra Garbossa.

O economista Miguel de Oliveira orienta: “No financiamento de veículos não há segredo: quanto mais rápido pagar, melhor”.

FGTS perde 29% para inflação desde 91

Folha de S Paulo 25/08/2007

Em quase 17 anos, adoção da TR para corrigir fundos gera perda de R$ 46 bi; governo diz que correção obedece a lei

Perdas são calculadas em relação ao INPC e são ainda maiores se comparadas a outros índices de preço, diz ONG especializada em FGTS

MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

A correção das contas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) pela TR (Taxa Referencial) tem provocado pesadas perdas ao patrimônio dos trabalhadores.
Cálculos do Instituto FGTS Fácil, uma ONG especializada em informações sobre o fundo, mostram que, desde fevereiro de 1991, quando passou a ser o índice de correção das contas, até julho deste ano, a TR teve variação de 32.422%. Em comparação ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que teve variação de 41.749%, as contas do FGTS perderam 28,7%.
Para que o leitor entenda o tamanho dessa perda, é como se ele precisasse comprar um produto que custa R$ 41,75, mas só tivesse R$ 32,42.
O presidente do Instituto FGTS Fácil, Mário Avelino, projetou essa perda para o patrimônio de todos os trabalhadores. Como tomou por base o patrimônio de cerca de R$ 160 bilhões do fundo, Avelino chegou à perda de R$ 46 bilhões (estima-se que hoje o patrimônio líquido -diferença entre o patrimônio total e o saldo das contas dos trabalhadores- do fundo supere R$ 180 bilhões).
Assim, se a correção das contas do FGTS fosse feita com base no INPC, o patrimônio dos trabalhadores seria hoje superior a R$ 200 bilhões.
Procurada, a Secretaria Executiva do FGTS limitou-se a informar que a correção das contas obedece ao disposto na lei nº 8.036/90, que regulamenta o fundo. A Caixa Econômica Federal, gestora do fundo, não se manifestou.

No início, até maior
Desde que passou a corrigir as contas do fundo, a TR chegou a superar o INPC por alguns anos -em 1992 e de 1994 a 1998. A partir de 1999, a TR perdeu para o INPC em todos os anos.
Outra comparação feita por Avelino é entre a TR e o IPC da Fipe, o índice que mede a inflação na cidade de São Paulo. Nesse caso, a perda é de 36% desde 1991, equivalentes a mais de R$ 57 bilhões. Se a comparação for com o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado, calculado pela FGV), a diferença chega a 63,1%, indicando perdas de mais de R$ 100 bilhões para os trabalhadores.
Se forem considerados apenas os últimos oito anos e meio -de 1999 para cá-, as perdas para os trabalhadores são ainda maiores. Segundo Avelino, elas são de 43,7% em relação ao INPC, equivalentes a R$ 70 bilhões. A comparação com o índice da Fipe mostra perdas de 31% a partir de 1999, o que representa quase R$ 50 bilhões a menos no patrimônio dos trabalhadores. Em comparação ao IGP-M ocorre a maior diferença, de 84,4% em oito anos e meio -R$ 135 bilhões a menos.
Avelino dá um exemplo das perdas, tomando por base um trabalhador cuja conta do fundo tem juros de 3% e que durante dez anos (1981/91) recebeu um salário mínimo.
Entre 1991 e julho de 2007, ele deveria ter recebido R$ 3.192 somente de juros (excluídos os depósitos mensais) se o fundo fosse corrigido pelo INPC. Com a correção pela TR, ele recebeu R$ 2.488 -no caso, a perda foi de R$ 704.
Supondo que esse mesmo trabalhador tivesse uma conta remunerada com juros de 6% ao ano, ele deveria ter recebido R$ 5.099 de juros. Como recebeu apenas R$ 3.989, sua perda no período foi de R$ 1.110.
Avelino diz que o correto seria o governo trocar a TR pelo INPC, uma vez que este último reflete mais adequadamente a inflação no país. "Nem seria o caso de pedir a troca desde 1991, pois isso criaria um novo "esqueleto", que teria de ser pago por toda a sociedade."
Para ele, a troca deve ser feita daqui para a frente, para não ser paga a diferença. "Se não houver mudança no índice, as perdas futuras serão ainda maiores, devido ao redutor usado pelo governo para calcular a TR", afirma Avelino.

Fundos levam R$ 21 bi para "fazer nada", diz professor

Folha de S Paulo 25/08/2007

Valor equivale a 1,5% do PIB do país apenas com taxas de administração

Ney Ottoni Britto, professor da UFRJ, afirma que valor remunera um dos trabalhos mais simples do sistema financeiro internacional

TONI SCIARRETTA
ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS DO JORDÃO

Os gestores dos fundos de investimento se apropriam de R$ 21 bilhões, o equivalente a 1,5% do PIB brasileiro, apenas com taxas de administração, sendo que a maioria deles tem apenas a tarefa burocrática de comprar títulos da dívida pública do governo que têm garantido juros altíssimos independentemente do cenário econômico.
A afirmação foi feita ontem pelo consultor Ney Ottoni Britto, professor de finanças da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e causou constrangimentos em uma platéia de cerca de 800 pessoas, a maioria executivos do mercado financeiro, no congresso de derivativos da BM&F.
"A pergunta que faço é: os gestores ganham R$ 21 bilhões para fazer o quê? Qual o trabalho de comprar títulos do governo? Por que e para quê os gestores são remunerados?", provocou o professor.
Segundo Britto, os administradores dos fundos brasileiros embolsam R$ 21 bilhões por ano para fazer um dos trabalhos mais simples do sistema financeiro internacional, que pouco envolve a prestação de um serviço de valor ao cotista.
Ele afirma que cada vez mais os cotistas terão necessidade de um serviço personalizado, que atenda às necessidades particulares de alocação de recursos e de tomada de risco. Brito considera que a indústria de fundos administra R$ 1,4 trilhão e cobra taxas médias de administração de 1,5% do patrimônio anual dos recursos administrados.
Para Britto, a perspectiva de juros ainda baixos no país colocará os gestores de fundos contra a parede: eles terão de mostrar mais resultado, fazer uma gestão de patrimônio mais personalizada e ainda cobrar taxas menores. O efeito colateral é assumir cada vez mais riscos.
"Há muita riqueza correndo atrás de poucos ativos. Com o aumento da riqueza, os investidores tendem a aceitar mais riscos. A indústria [de fundos] vai responder com mais oferta de investimento de risco, o que elevará a volatilidade nos mercados", disse.
Segundo o professor, essa "sede por risco" aconteceu nos EUA e é um dos fatores que explicam a atual crise no mercado imobiliário americano. "Houve uma subestimação do risco com a demanda aquecida por investimentos de alto retorno. A quantidade de créditos ruins no mercado americano é enorme. Por isso, ninguém sabe quanto tempo vai durar a crise", disse.
Para o professor, o aumento nos preços das ações e a febre de IPOs (ofertas públicas de ações, na sigla em inglês) no Brasil já refletem essa demanda aquecida por risco no país.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Telefonia reina entre as altas e ajuda o Ibovespa a subir

Valor Econômico
24/08/2007


Daniele Camba


Depois de quase um mês com os olhos voltados apenas para a crise do setor hipotecário americano, o mercado brasileiro ontem olhou um pouco mais para o próprio umbigo. Precisou que o governo mais uma vez mostrasse que está interessado na fusão da Brasil Telecom (BrT) e da Oi (ex-Telemar) para que os holofotes se voltassem para os acontecimentos no setor de telefonia. É claro que uma certa dose de calmaria vinda do mercado externo e a elevação da nota do Brasil pela agência de classificação de risco Moody's também contribuíram para que os investidores se preocupassem um pouco mais com a dinâmica da bolsa local, fazendo o Índice Bovespa subir 0,20%, a 51.848 pontos. Durante o dia, ele chegou a subir 1,12%, superando momentaneamente 52 mil pontos.


As ações de telefonia reinaram entre as maiores altas do Ibovespa. Entre as dez maiores valorizações do índice, seis são teles. As preferenciais (PN, sem direito a voto) da Brasil Telecom Participações subiram 6,5% e as ordinárias (ON, com direito a voto), 5,81%. Em seguida estão as PNs da Net, com alta de 3,36%, as PNs da Telesp subindo 3,18% e as PNs da Telemig Participações, 2,91%. Por último, estão as ONs da Telemar, com alta de 2,09%.


Agora vai



Nos últimos dois dias, as ações PN e ON da BrT Participações já subiram 19,99% e 11,52%, respectivamente, enquanto o Ibovespa teve alta de 4,08%. "O que está movendo os papéis são as notícias cada vez mais favoráveis à fusão entre BrT e Telemar", diz o analista do Banif Investment Banking Alex Pardellas. Já se sabe que tanto o governo quanto os controladores das duas companhias são simpáticos à fusão. Mas o interessante agora é que ambos os lados parecem empenhados em que o negócio aconteça o quanto antes. "Quanto mais rápido isso ocorrer, maior será o reflexo dos ganhos com sinergias nas ações das duas empresas", diz Pardellas.


Se a fusão é boa para ambas, por que cargas d'água os papéis da Telemar sobem tão menos? Para o analista da Brascan Corretora Felipe Cunha, de alguma forma, o leilão de compra das ações PN da Tele Norte Leste Participações (TNLP), marcado para 6 de setembro, está segurando o preço dos papéis da companhia. "No curto prazo, essas ações devem repercutir muito mais os resultados do leilão do que a fusão", diz. Ele acredita que os papéis da BrT operadora são uma boa forma de o investidor capturar os ganhos da fusão, especialmente porque são negociados com um grande desconto diante das ações da holding.


Além dos eventos de reestruturação societária e consolidação, o setor de telefonia voltou a ganhar a atenção dos investidores por ser totalmente voltado ao mercado interno, passando ao largo das turbulências da crise de crédito internacional. A Telesp, por exemplo, é o que se pode chamar de duplamente defensiva, pelo setor a que pertence e por ser uma das melhores pagadoras de dividendos da bolsa brasileira. Só com os dividendos, o investidor pode ter entre 8% e 9% do valor da ação da Telesp, conhecido como "dividend yield".


Aos poucos, o estrangeiro tem voltado para a Bovespa. Este mês, até o dia 20, o saldo líquido de investidor estrangeiro está negativo em R$ 1,480 bilhão, sendo que, até o dia 10, estava negativo em R$ 1,595 bilhão.


Daniele Camba é repórter de Investimentos

Carro zero: mercado pratica desconto médio de 4,5% ao consumidor

Matéria do InfoMoney:

http://noticias.uol.com.br/economia/ultnot/infomoney/2007/08/23/ult4040u6408.jhtm

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Hora das barganhas

Valor Econômico 23/08/2007

Por Adriana Cotias e Daniele Camba


A recuperação esboçada pelo Ibovespa nos últimos dias pode ser até temporária diante das indefinições no quadro externo, mas analistas e investidores já procuram as ofertas de ocasião. Não chega a ser uma temporada de liquidações, pois a percepção é de que os problemas originados nas hipotecas americanas de alto risco ainda podem produzir estragos, o que significa que o investidor não deve ir com muita sede ao pote. Mas, de meados de julho para cá - quando a crise se agravou a ponto de engessar o crédito corporativo e desencadear uma atuação coordenada dos bancos centrais dos Estados Unidos, Europa e Japão -, alguns papéis caíram demais, sem que houvesse mudanças significativas em seus fundamentos.


Nesse intervalo, ações como as preferenciais (PN, sem direito a voto) da Gerdau (-13,51%) e da Gerdau Metalúrgica (-13,90%) ou as as ordinárias (ON, com direito a voto) da Petrobras (-13,16%), as PN da Klabin (-15,71%) ou as PNBs da Eletrobrás (-11,37%), configuraram-se entre as 20 maiores quedas do Ibovespa, perdendo mais do que o principal referencial do mercado acionário. As duas classes de ações da Vale do Rio Doce, ON e PNA, que tinham perdas na casa dos 18% até terça-feira, só saíram do ranking dos piores desempenhos ontem.


Mesmo considerando um desaquecimento da economia americana, a China, a Índia e os países europeus prosseguirão como grandes compradores de minério de ferro no mundo, diz o chefe de análise da Ágora, Marco Melo, que recomenda Vale ON. "E, numa projeção conservadora, os preços da commodity devem ter reajuste na casa dos 15% no ano que vem." Entre as pechinchas de primeiríssima linha, o especialista sugere também Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) ON, que apresentou o melhor balanço do setor no primeiro semestre e ainda tem um valor não reconhecido na mina Casa de Pedra, que se prepara para abrir o capital. Lojas Americanas PN e a imobiliária Lopes ON completam a lista da corretora, pela exposição ao mercado doméstico.


A lista de compras da Bradesco Corretora é também toda voltada para a expansão da economia brasileira, embora isso não signifique uma blindagem contra o estresse internacional, diz o chefe de análise, Carlos Firetti. No setor financeiro, ele cita as ordinárias do Banco do Brasil e da Porto Seguro, enquanto, no segmento imobiliário, as boas podem ser Abyara ON e Rossi ON. O especialista não vê um contágio direto da crise do "subprime" nos papéis imobiliários, defende que os estrangeiros, principais minoritários do segmento, sabem diferenciar os riscos, e credita os descontos à alta dos juros.


"Os juros de prazos mais longos pioraram, sinalizando que o estresse lançou dúvidas se a redução da Selic seguiria na velocidade esperada", diz Firetti. A Bradesco mantém projeções de uma Selic em 10,75% em dezembro, caindo a 9,75% em 2008, estimulando os bancos a desenvolverem carteiras de crédito imobiliário com recursos próprios. "Todos os mercados do mundo que passaram por processos de redução de juros viram o setor imobiliário deslanchar e esse é um pano de fundo para 2009, 2010 no Brasil", afirma. Para ele, um custo de 10% ao ano tende a criar demanda por financiamento.


Companhias que apresentaram bons resultados no primeiro semestre e que caíram demais compõem a seleção da Concórdia Corretora neste período de aparente bonança. A fabricante de ônibus Marcopolo, considerada competitiva e que mantém parcerias importantes na Rússia e na Índia, é um desses casos, cita o chefe de análise Eduardo Kondo. Klabin PN é outra escolha, dado o aquecimento da demanda por papel ondulado e a inauguração da planta industrial de Monte Alegre em outubro, que vai adicionar 50% a mais de capacidade instalada. Outras que sofreram prejuízos exagerados são Celesc PNB e Tractebel ON. "A geradora tem boas perspectivas de crescimento de resultados, tem projetos de investimentos e é boa pagadora de dividendos."


No setor elétrico, Eletrobrás PN é a predileta do analista Daniel Gorayeb, da Spinelli Corretora. Quando o Ibovespa estava no pico, em 58 mil pontos, os papéis eram cotados a R$ 58,00. Já no pior momento, na quinta-feira, o Ibovespa caiu para a casa dos 45 mil pontos e as ações cederam para R$ 41,00. Nesse meio tempo, a empresa fez um grupamento e as ações passaram a valer metade. Ontem, fecharam a R$ 23,31. Para Gorayeb, podem atingir os R$ 37,50, um potencial de alta de mais de 60%.


Ele justifica a recomendação pelos investimentos da estatal em geração, beneficiando-se do aumento do preço da energia nos próximos anos. Além disso, a Eletrobrás está bastante envolvida na construção das usinas do Rio Madeira, sem contar que ganha com o dólar em níveis mais altos, por ser credora em moeda estrangeira.


Entre as vedetes Vale e Petrobras, Gorayeb acredita que a melhor opção são os papéis da estatal de petróleo. "A compra da Suzano Petroquímica, a retomada dos projetos na Bolívia e o início das operações da plataforma P-54 não se refletiram no papel", diz. As preferenciais da estatal fecharam a R$ 48,74 e o analista tem um preço alvo de R$ 65,00.


Entre os papéis de primeira linha, Gorayeb ainda enxerga oportunidades em Gerdau, Embraer, Unibanco, Bradesco e Usiminas. Já as preferenciais da Telemar são uma opção defensiva, no caso de a bolsa voltar a cair. "Com o leilão em que os controladores da Telemar se comprometem a pagar R$ 45,00, as ações têm uma espécie de limite para cair."


A queda da bolsa atingiu indistintamente todos os tipos de ações, desde as gigantes, preferidas dos estrangeiros, até aquelas menores, com boas histórias de crescimento. "A crise deixou pechinchas para todos os gostos", diz o estrategista de renda variável para pessoa física da Itaú Corretora, Fábio Anderaos de Araújo. Entre as grandes, ele recomenda Gerdau Metalúrgica, Usiminas, Vale, Bradesco e AmBev. Já entre as menores estão BR Malls, Indústrias Romi, Odontoprev, Light, Lojas Renner e Lojas Americanas.


Para os novatos em bolsa, Araújo adverte que aproveitar as oportunidades não significa comprar o que mais caiu e pronto. Ele argumenta que a maior prova disso são as ações do setor imobiliário, que tiveram quedas significativas e que podem seguir patinando. "O setor pode sofrer com o contágio do segmento hipotecário nos EUA, sem contar que algumas dessas companhias têm apenas a promessa de bons resultados."


Logo após o tombo do Ibovespa da quinta-feira, o Santander divulgou relatório recomendando aos clientes que aumentassem as posições em bolsa, dado os preços convidativos. As sugestões incluíam Gerdau, CCR, ALL, Itaú, Unibanco, Dufry, Equatorial Energia, Perdigão, Agra e Dasa.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Fundos perderam R$ 17,49 bi

Valor Econômico 22/08/2007

Carteiras de ações puxaram perdas entre 23 de julho e 17 de agosto

Renée Pereira

O nervosismo do mercado financeiro nas últimas semana provocou perdas de R$ 17,49 bilhões na rentabilidade dos fundos de investimentos entre os dias 23 de julho e 17 de agosto. Segundo dados do site Fortuna, os produtos com maior prejuízo no período foram as carteiras de ações, cuja rentabilidade recuou R$ 11,12 bilhões. Os fundos multimercados, que apostam em vários mercados, registraram perdas um pouco menores, de R$ 4,83 bilhões. Enquanto isso, os fundos de renda fixa tiveram ganho de R$ 1,35 bilhão e os DI, considerados os mais conservadores da indústria, R$ 1,29 bilhão.

Apesar dos prejuízos, os resgates ficaram dentro das estimativas de muitos administradores de fundos. A captação líquida (aplicações menos resgates) ficou negativa em R$ 3,2 bilhões. Mas, ao contrário do que muitos imaginam, não foram os fundos de ações nem os multimercados os campeões de saques nesse período.

Os resgates foram carregados pelos fundos de renda fixa, que retiraram R$ 4,27 bilhões. Isso porque havia muita aposta em títulos prefixados, já que é uma estratégia para ganhar dinheiro em períodos de queda da taxa de juros. Com a turbulência, no entanto, os juros futuros subiram e os retornos diminuíram, explica o diretor do Fortuna, Marcelo D'Agosto. Nos fundos de ações e multimercados, a captação líquida continua positiva, apesar de os saques terem se intensificado na semana passada. Segundo o site Fortuna, o multimercados tiveram entrada de R$ 3,6 bilhões e os de ações, R$ 305 milhões.

Se for considerado apenas a semana de maior volatilidade, entre 13 e 17 de agosto, a saída de recursos dos fundos de ação foi de R$ 1,61 bilhão e nos multimercados, R$ 542 milhões. Enquanto isso, os fundos DI receberam R$ 1,8 bilhão. Na avaliação de alguns administradores de recursos, a movimentação do mercado até agora tem revelado um investidor muito mais maduro que em crises passadas. 'Eles perceberam que para ter mais retorno eles têm de arriscar mais. Se essa volatilidade tivesse ocorrido há uns três meses, o resultado teria sido muito pior', afirmou um economista de uma administradora de recursos, que prefere não se identificar.

O vice-presidente da Associação Brasileira dos Bancos de Investimentos (Anbid), Marcelo Giufrida, destaca que os investidores vão sentir os impactos da turbulência da semana passada, pois os movimentos não foram normais. Mas ele acrescenta que o importante é que a indústria de fundos continua tendo desempenho médio positivo. Os produtos de renda fixa, exemplifica ele, estão com resultados muito acima do CDI. 'O mês de agosto não vai fazer desaparecer os ganhos obtidos nos últimos anos', avalia o executivo. Ele argumenta, no entanto, que ainda não há condições para dizer quais os próximos passos do mercado e se essa crise é passageira ou não.

A mesma percepção tem o economista da Modal Asset Management, Alexandre Póvoa. Em comunicado aos cotistas de fundos administrados pela empresa, ele afirma que é muito cedo para avaliar a extensão da crise. 'Sem dúvida, o que deve ser mensurado permanentemente é o potencial de esta crise financeira afetar o lado real da economia. Continuamos acreditando que os bancos centrais mundiais conseguirão evitar um contágio maior, mas não há como evitar alguns respingos', afirmou o economista.

Diante de tantas incertezas, a recomendação do vice-presidente da Anbid é que os investidores mantenham a calma. Além disso, ele aconselha aqueles que estão muito incomodados com os prejuízos das últimas semanas verificar os porcentuais investidos em cada modalidade. 'Se o investidor não está se sentindo muito confortável, é melhor fazer ajustes.'

Outros consultores também avaliam que a principal regra para qualquer investidor é a diversificação dos recursos. Se for aplicar no curto prazo, esqueça produtos agressivos, como o mercado acionário e de derivativos. Para quem tem mais apetite para o risco, esse pode ser um momento de apostar em ações, já que os papéis estão mais baratos.

NÚMEROS

R$ 17,49 bilhões
foi a perda de rentabilidade dos fundos de investimentos entre 23 de julho e 17 de agosto

R$ 11,12 bilhões
foi a perda das carteiras de ações

R$ 4,83 bilhões
foi a perda dos fundos multimercados

R$ 1,35 bilhão
foi o ganho da renda fixa

R$ 1,29 bilhão
foi o ganho dos fundos DI

Em um dia, multimercados perdem o ganho de um mês

Valor Econômico 22/08/2007

Por Luciana Monteiro

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Os fundos multimercados perderam, em média, o equivalente a 19 dias de variação do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) somente no dia 16, quando a crise do setor de hipotecas de alto risco americano ("subprime") causou pânico nos mercados mundiais e a bolsa brasileira chegou a cair 8,8% durante o pregão. Os prejuízos dessas carteiras num único dia corroeram também o equivalente a todo o ganho do CDI no mês. Apesar de o CDI, que é um referencial para a renda fixa, não ser o melhor referencial para comparar o desempenho dos multimercados, que investem em vários tipos de ativos, a taxa dá uma dimensão das perdas sofridas pelas carteiras.


O Índice Composto elaborado pela Arsenal Investimentos - e que leva em conta fundos multimercados com estratégias de gestão bem diferentes entre si - mostra que a categoria apresentou perdas médias de 0,81% no dia 16, para 0,043% do CDI (ver tabela). No mês, até o dia 16, o prejuízo médio é de 1,31%, para um CDI em 0,51%. Observando-se um prazo mais longo, no entanto, a maioria dos multimercados ainda supera o CDI tanto no ano quanto em 12 meses.


Em termos de estilo de gestão, os multimercados que adotam a estratégia macro, ou seja, procuram ganhar com as tendências dos ativos, foram os que mais sofreram com a mudança de humor do mercado. Segundo a Arsenal, essas carteiras registraram quedas de 0,90% no dia 16 e, no mês, acumulam perdas de 1,70%. Já os multimercados classificados como "equity hedge" tiveram prejuízo ainda maior no dia 16, com queda de 0,99%. No mês, a perda é de 1,58%. Essas carteiras ganham com arbitragem utilizando ações e seus derivativos como principal estratégia. São os fundos long/short de ações, que procuram ganhos somente com papéis e seus derivativos. Apesar do resultado, no ano e em 12 meses, as duas categorias superam o CDI nos respectivos períodos.





O consenso de que o real se manteria forte, a bolsa superaria os 60 mil pontos e a taxa de juros teria mais duas quedas de 0,25 ponto percentual neste ano acabou diante da forte volatilidade que tomou conta das bolsas mundiais, lembra Gustavo Coelho, responsável pela área de alocação da Arsenal. "Hoje as opiniões são discrepantes; o que antes era certeza hoje é dúvida, e a volatilidade deve continuar alta", diz. Para os investidores mais preocupados, o executivo diz que é preciso manter a calma e avaliar se realmente têm perfil para estar em produtos como esse. "A forte oscilação faz parte dos investimentos mais arriscados como os multimercados, portanto, o investidor deve evitar modismos e aplicar somente em produtos que estejam adequados ao seu perfil de risco", diz.


O índice composto pelos multimercados trading registraram no dia 16 perda média de 0,72%, elevando para 1,02% o prejuízo no mês. Fazem parte dessa categoria os multimercados que adotam posições direcionais, mas em que o gestor busca capturar os movimentos de curto e médio prazos constantemente.


Já os fundos de arbitragem - multimercados que buscam ganhar com a diferença de preços entre ativos em diversos mercados como juros, câmbio e bolsa - tiveram as menores perdas no dia 16, de 0,16%. No mês, a categoria era a única que ainda registrava ganhos no mês, de 0,26%.


Só para se ter uma idéia do estrago causado pelo enorme aumento de volatilidade neste mês, até julho, todos os índices de multimercados elaborados pela Arsenal fecharam com ganhos bem superiores ao CDI, alguns até rendendo mais de 10% no ano e 21% em 12 meses. "Às vezes, os movimentos para cima, de ganho, são mais lentos do que os de baixa", diz Coelho. "Mas tomar qualquer decisão em meio a um furacão é difícil e, na maior parte das vezes, é a decisão errada."


Como boa parte dos multimercados adota prazo de carência para resgates, ainda não é possível ter uma dimensão exata do comportamentos dos investidores diante da turbulência, lembra Coelho. "O investidor deve ter, no entanto, um horizonte de longo prazo ao analisar o desempenho desses fundos, e não o resultado de uma única semana."


Coelho lembra também que os retornos do dia 16 foram distorcidos pela forma de cálculo das cotas dos fundos. As cotas são atualizadas pelo valor dos ativos pela média, o que elimina os efeitos de uma recuperação que ocorra no fim do dia. Foi justamente o que aconteceu no dia 16: como o Ibovespa bateu 8,8% de baixa, mas fechou em queda de 2,57%, a média do dia ficou negativa em 7,18%. A recuperação do fim do dia só foi captada pelas cotas do dia 17.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

O que fazer para não errar na hora de comprar um carro usado?

O Globo Online Publicada em 20/08/2007 às 23h32m

Mariane Thamsten


RIO - Comprar um carro usado é sempre uma preocupação. Ninguém quer passar o dissabor de descobrir, depois de fazer o pagamento e levar o possante para a garagem, que a repimboca da parafuseta não está funcionando direito. Para que a aquisição não vire dor de cabeça e arrependimento, se você não é um desses mecânicos por vocação, é bom ficar esperto a algumas dicas ( confira aqui as dez mais do comprador antenado ).


O gerente William Monteiro, da concessionária Barrafor da Rua Real Grandeza, em Botafogo, Zona Sul, alerta que há pelo menos três coisas que não podem deixar de ser vistas. A primeira delas é a quilometragem, fundamental para conferir o estado do veículo e a honestidade do vendedor:

- É muito difícil que um carro ano 2000, por exemplo, tenha só 30 mil quilômetros rodados se o estofado e os pneus estiverem gastos. Mesmo um motorista que circula pouco anda, pelo menos, dez mil quilômetros por ano - aconselha.

Outros itens que ele considera essenciais são motor e histórico de roubo do veículo. Segundo Monteiro, é comum seguradoras se recusarem a fazer seguro de carro que tenha sido roubado duas ou mais vezes.

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Pode acontecer de a marcha funcionar muito bem com o carro parado e, em movimento, jogar o câmbio para o ponto morto
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- Se o carro tiver um histórico de roubo, nem eu compro para a loja, porque sei que terei problema para revender depois. E a seguradora raramente vai fazer o seguro - completa.

Já para o mecânico e revendedor de carros usados, José Carlos Duarte, os consumidores de carros usados também devem atentar para a caixa de marcha. Ele orienta que os motoristas dêem uma volta (o famoso 'test drive') com o carro para checar os mecanismos do veículo.

- Pode acontecer de a marcha funcionar muito bem com o carro parado e, quando em movimento, na terceira marcha, por exemplo, jogar o câmbio para o ponto morto - adverte.

José Carlos dá outro toque: olho vivo na repintura da lataria:

- É fácil notar quando o trabalho é mau feito - diz ele, ensinando que se deve observar se há vestígio de tinta nas borrachas, maçanetas e pára-choques.

O revendedor explica que a loja só tem obrigação de dar três meses de garantia para problemas de motor e caixa de marcha. Os demais defeitos, como os da parte elétrica, já passam a ser de responsabilidade do comprador.

À procura do 'carro ideal'
Para alguns compradores finais, a pesquisa intensa, e demorada, é muito cansativa. E o desejo de ter um carro na garagem pode deixar alguns detalhes de lado. Foi o caso da veterinária Maria Cristina Fernandes. Ela procurou o "carro ideal" durante três meses, até que desistiu e enfim comprou um Fiesta 2001, em maio.

- Percebi que não vai existir carro usado perfeito. Vai sempre haver algum defeito. Cansei de procurar, eu precisava do carro para trabalhar e gastava muito dinheiro com táxi. Entrei numa loja perto da minha casa e fechei o negócio - contou ela.

Maria Cristina está há cinco meses com o carro e se diz satisfeita. Mas sabe que os problemas podem aparecer a qualquer hora. Afinal, é um carro com seis anos de uso.

- Sei que mais cedo ou mais tarde um barulhinho aqui e outro ali vão aparecer. Faz parte do jogo. Carro é uma máquina e quanto mais o tempo passar, mais problemas vai apresentar - comenta.

O segredo de saber comprar é exatamente esse: fazer o defeitinho inevitável aparecer o mais tarde possível. De preferência, com o menor custo possível. E sem frustrações (leia também: financiamentos têm condições piores do que para carro zero km ).

Rumo a um porto seguro

Valor Econômico 21/08/2007

Por Angelo Pavini

Diante da forte turbulência dos mercados brasileiros por conta da crise de confiança no exterior, o investidor brasileiro optou por procurar o porto seguro dos fundos DI, curto prazo e até cambiais. Já ações e multimercados passaram a registrar resgates. O movimento de captação é mais forte no caso dos DI, onde há uma reversão da tendência notada desde o início do ano. Segundo dados do site financeiro Fortuna, os DIs acumularam no mês, até dia 16, R$ 3 bilhões de captação líquida (descontados os resgates e a rentabilidade), sendo que a maior parte, R$ 1,725 bilhão, entrou nos sete dias encerrados dia 16, em meio ao momento de maior nervosismo com o cenário externo. Basta lembrar que na quinta-feira, dia 16, o Ibovespa chegou a cair mais de 8% durante o dia.


Com esse resultado, os DIs acumulam a maior captação na semana e no mês (descontados os fundos voltados ao setor público), o que mostra a preferência dos investidores por proteção, uma vez que os DIs acompanham a alta do juro diário, o que reduz as chances de perdas, como as que ocorreram com os fundos renda fixa. Os volumes aplicados, porém, ainda são pequenos em relação ao resgate do ano, de R$ 9 bilhões, e em 12 meses, de R$ 20 bilhões, um sinal de que a busca por refúgio ainda é localizada.


Outro sinal da procura por proteção são os fundos curto prazo que, como o nome diz, não correm tanto risco comprando papéis mais longos e, portanto, tendem a ser menos voláteis nestes momentos de incerteza. Os curto prazo captaram R$ 421 milhões nos sete dias encerrados dia 16, tornando o saldo positivo no mês em R$ 39 milhões. Já os fundos cambiais, que vinham apanhando desde o ano passado, voltaram a captar, R$ 20 milhões na semana. Os cambiais registram ganho de 10,3% no mês, sendo 7,9% só entre os dias 9 e 16, o que provavelmente atraiu investidores.


Ao mesmo tempo, os fundos de ações, que vinham mantendo captação, começaram, pela primeira vez desde o início da crise, a registrar resgates. Na semana encerrada dia 16, saíram R$ 501 milhões, reduzindo pela metade o saldo no mês, para R$ 521 milhões. "De 89 fundos de ações de varejo, só cinco captaram na semana, o resto perdeu recursos", afirma Marcelo D'Agosto, sócio do site Fortuna. Os multimercados também passaram a perder patrimônio, com resgates de R$ 383 milhões na semana, tornando o saldo negativo no mês em R$ 290 milhões. "Olhando só os multimercados de varejo, 48 no total, todos tiveram resgates", diz.


Os renda fixa também tiveram saídas fortes, nota D'Agosto. Na semana do dia 16, a perda foi de R$ 1,155 bilhão, elevando para R$ 2,983 bilhões as perdas no mês. "Houve saques no varejo depois das perdas da semana passada, especialmente em carteiras renda fixa mais agressivas, enquanto as mais conservadoras até captaram", lembra ele. Carteiras como Uniclass Renda Fixa Longo Prazo, do Unibanco, tiveram perdas de mais de 1,5% no dia 16.


Para D'Agosto, os resgates atingiram muitos fundos de varejo, o que mostraria um desconforto maior do pequeno e médio investidor. "Teve gente que entrou agora e está perdendo, fica desesperado e sai e há também aqueles que ganharam muito ao longo do ano", lembra ele, que alerta para o risco de o pequeno investidor fazer bobagem.


Na Caixa Econômica Federal (CEF), a orientação para a rede é para que o investidor não se precipite para não sofrer prejuízos desnecessários, diz Marcelo Bonini, superintendente de Produtos de Varejo. "É natural que haja alguma oscilação, a bolsa hoje (ontem) já está subindo e quem sacou na quinta-feira perdeu o ganho de hoje e de sexta-feira", afirma. Já quem aplicou em fundos cambiais, perdeu com a queda do dólar. "As pessoas olham só a rentabilidade e ficam assustadas quando há volatilidade", diz.


Segundo Bonini, apesar das perdas, os investidores estão se comportando bem. "No caso da renda fixa, por exemplo, tivemos dois fundos que sofreram: um prefixado FIC Pré, que perde 0,5% no mês, e um em índice de preços, o FIC Capital, que perde 0,8%", diz Bonini, lembrando, porém, que eram fundos bem específicos. "O pré teve um ganho grande ao longo do ano com arbitragem enquanto o de índice era voltado para a proteção do capital contra a inflação."


Para quem está pensando no que fazer com as aplicações, vale ouvir o conselho do professor William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV. Para ele, a crise é passageira e, portanto, não há motivo para se desfazer de ações ou de fundos de renda fixa, que podem ganhar agora com a alta das taxas de juros. Ele lembra que os bancos centrais de todo o mundo estão atuando coordenados para evitar uma crise maior. Ao mesmo tempo, os emergentes estão com fundamentos econômicos muito sólidos. "A Rússia tem reservas internacionais de US$ 400 milhões, a China, mais de US$ 500 bilhões e o Brasil, US$ 160 bilhões", diz. Além disso, Japão, Europa e Ásia continuam crescendo, compensando uma queda da atividade nos Estados Unidos.


Por isso, diz Eid, se a crise é passageira, "cabe ao investidor classe média ficar paradinho". "Se sair agora do fundo de ações, vai amargar prejuízos, ele não tem de sair no meio da volatilidade", diz.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Turbulência faz vítimas também na renda fixa

Valor Econômico 20/08/2007

Angelo Pavini


A forte turbulência dos mercados da semana passada, que provocou grandes perdas em fundos de ações e multimercados, não poupou nem as carteiras de renda fixa. A alta dos juros que acompanhou as incertezas reduziu o valor dos títulos prefixados e dos papéis indexados à inflação. Com isso, muitos fundos de renda fixa de grandes bancos voltados para pequenos investidores, normalmente mais conservadores, tiveram perdas nas cotas no dia 16, quando a média dos renda fixa do mercado ficou negativa em 0,14%. As carteiras de ações perderam 6,14% e os multimercados, 0,66%.


Os prejuízos no dia 16 - quando o Índice Bovespa chegou a cair 9% ao longo do dia - aparecem nas cotas publicadas hoje no Valor. No caso dos grandes fundos de renda fixa dos bancos de varejo, elas estão na média em torno de 0,10% no dia, mas podem chegar a 1,17%, caso da Nossa Caixa.


"Como muita gente, acreditávamos que o cenário era de tranqüilidade e que a crise no mercado imobiliário americano não afetaria os ativos", afirma Joaquim Elói Cirne de Toledo, diretor de Gestão de Recursos da Nossa Caixa. O fundo Nossa Caixa RF tinha uma parcela de papéis longos indexados à inflação, as NTN-Bs, que acumulam perdas de até 15% em 30 dias nos títulos com vencimento em 2024. O banco estatal paulista tinha também papéis prefixados, como as LTNs, que perdem quase 3% no caso do título para outubro de 2009. Cirne de Toledo lembra que, apesar da perda de 1,17% na quinta-feira e de 1,74% no mês, o Nossa Caixa RF ainda acumula retorno de 91,4% do CDI em 12 meses, um resultado muito bom para uma carteira de varejo que aceita aplicações de R$ 100. Toledo diz também que o fundo já recuperou um pouco das perdas, uma vez que o juro caiu na sexta-feira e os papéis prefixados e longos voltaram a se valorizar. A taxa futura para janeiro de 2010, que bateu 12,52% na quinta-feira, recuou no dia seguinte para 12%. "E quem sacar perde essa recuperação", diz Cirne de Toledo.


Comparados aos fundos agressivos, as perdas dos renda fixa são pequenas. O fundo Midi 90, do Opportunity, um dos mais arrojados, perdeu 9,3% apenas no dia 17 e 27,59% no mês, mas no ano ainda tem ganho de 12,28%.

domingo, 19 de agosto de 2007

A receita é organizar o orçamento

Jornal da Tarde 19/08/2007

Especialistas ensinam como proceder para colocar as contas em dia novamente

O asfalto que pavimenta o caminho para a saída das dívidas é feito de apenas um componente: a organização orçamentária. Na opinião do economista Willian Eid Júnior, professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV/SP), o ideal é a reserva de 10% da renda líquida mensal para o pagamento de prestações e de cartões de crédito.

Aos já endividados, mas que ainda não estão com restrição ao crédito, Eid Júnior recomenda análise das dívidas e a troca das mais caras por mais baratas. Na prática significa, por exemplo, fazer um empréstimo consignado, com juros menores, para quitar saldos de cartões de crédito ou de cheque especial.

O passo seguinte - ensina ele - é fazer um planejamento do orçamento doméstico para pôr fim a despesas desnecessárias. Nessa fase, lembra Eid Júnior, são necessários certos cuidados, como evitar o consumo por impulso.

Aos consumidores já inadimplentes, ele sugere uma avaliação dos valores devidos e a reserva de 20% do orçamento doméstico para liquidá-los, não sem antes negociar uma forma que caiba no bolso.

O economista observa que não adianta nada assumir compromissos de parcelamento que não poderão ser cumpridos. Ele orienta que é preciso separar as dívidas em duas categorias: as de maior custo e as que causam mais constrangimentos pessoais. Depois, vem a decisão de por onde começar a “arrumação da casa”. Aos devedores que não tenham receita, Eid Júnior diz que o único jeito é recorrer à ajuda da família. Para qualquer um dos casos, ele garante que a fórmula é uma só: usar o dinheiro para que as dívidas não se multipliquem.

Para Rafael Paschoarelli, professor de Finanças da Universidade de São Paulo (USP), a primeira ação é definir uma parte das receitas para usar no pagamento das dívidas e negociar com os credores apenas o que pode ser pago. “De nada adianta pegar um empréstimo para quitar outro”, diz ele.

Hora de sair do vermelho

Jornal da Tarde 19/08/2007

Quem tem dívidas sabe como é difícil se livrar delas. Mas para voltar a ter o nome limpo, todo esforço é válido

Marcos Burghi, marcos.burghi@grupoestado.com.br


Você está superendividado? Para responder à pergunta, some as dívidas com prestações de carro e casa, por exemplo, mais cheque especial e cartões de crédito. Segundo o economista Willian Eid Junior, se o resultado for igual ou superior a 30% de sua renda líquida, a resposta é sim. O problema pode ter diversas origens. Desemprego, saúde e descontrole orçamentário pessoal são apenas alguns casos. O resultado, porém, é quase sempre o mesmo: a restrição do crédito.

Dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) informam que cerca de duas mil pessoas, superendividadas ou apenas endividadas, comparecem diariamente à instituição com objetivo de verificar as pendências financeiras para, quem sabe, negociá-las e conseguir reabilitar o nome.

É o que tenta fazer o segurança Carlos dos Santos, 44 anos. Tudo começou, conta ele, em 2002, quando ficou desempregado e perdeu o controle das contas. De la para cá, negociou e pagou uma dívida de R$ 1 mil e, no momento, garante que outra de R$ 5 mil está quase quitada, ambas relacionadas a cheques devolvidos. “Negocio uma de cada vez”, diz.

Embora não revele o salário atual, Santos diz que para cumprir os compromissos cortou despesas de lazer, inclusive as viagens anuais que fazia a Sergipe, seu Estado natal, para visitar os pais. Também vendeu o carro. Assim que pagar os atuais compromissos, afirma, quer saldar sua dívida de maior valor, um financiamento feito para um conhecido comprar uma motocicleta, que está em R$ 30 mil. Para piorar, recentemente ele pagou R$ 200 a uma empresa que prometia “limpar” seu nome de vez. “Perdi o dinheiro e continuo sem crédito”, lamentou.

O funcionário público Jorge Menezes, 40 anos, relata que acumulou entre 2003 e 2006 uma dívida de R$ 18 mil em cartões de crédito e cheque especial. Com uma renda mensal de R$ 800, Jorge quer negociar com os credores aos poucos e, para isso, já reserva 30% do salário mensal para começar a regularizar o nome. Além das idas a restaurantes, ele conta que cortou gastos com telefone e internet.

Ricardo Leme da Silva, 36 anos, também está a caminho de ter o crédito reabilitado. Comprometido desde 2003, quando fez empréstimo em uma financeira, ele acumulou uma dívida de R$ 1,1 mil, bem mais do que ganhava como vigilante em uma empresa na Capital.

Mesmo desempregado, ele conseguiu este ano quitar parte do débito - cerca de R$ 400 -, com a ajuda da mãe e dos irmãos. “A força da família é fundamental”, garante. Para pagar o restante, Silva planeja o orçamento com a ajuda da esposa e busca alternativas que caibam no bolso.

Quem atingiu o objetivo de vez foi a comerciante Leonor Fernandes, 60 anos. Um problema de saúde em 2004 a fez gastar no cheque e no cartão de crédito valores acima dos quais dispunha e, conseqüentemente, não conseguiu pagar. Ficou com uma dívida de R$ 2 mil e o nome incluído no serviço de proteção ao crédito. Cerca de um ano depois começou a pagar, com a força dos filhos, que colaboravam nas receitas da casa.

Compromisso cumprido, recentemente ela esteve no serviço de proteção ao crédito da ACSP e deixou o local, com satisfação, após receber a confirmação de que seu nome estava reabilitado. Leonor conta que cortou todas as despesas de lazer, além de gastos com roupas, sapatos e perfumes. Ela recomenda aos endividados que não tenham vergonha, tampouco receio, de negociar com os credores.

PROCON SP

Palestras mensais sobre organização do orçamento doméstico, com entrada franca

DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL

Assessoria jurídica gratuita a superendividados com renda até 5 salários mínimos;
atendimento de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h (Avenida Liberdade, 32.
Tel. 0800-178989)

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL

Instituição faz cartilhas com dicas sobre reabilitação do crédito e uso consciente do
cheque


ORIENTAÇÃO GRATUITA

AS DICAS PARA SELIVRAR DAS DÍVIDAS SEM RESTRIÇÃO AO CRÉDITO

Analise as dívidas e troque as mais caras, como cartão de

crédito ou cheque especial, por mais baratas, como empréstimo consignado, se possível

Faça um planejamento do orçamento doméstico para pôr fim a despesas desnecessárias

COM RESTRIÇÃO AO CRÉDITO

Avalie os valores devidos e reserve 20% do orçamento para líquidá-los, mas de uma forma que caiba no bolso

Use o dinheiro para que as dívidas não se multipliquem; nada de recorrer a um
empréstimo para liquidar outro

Banco é mais barato do que 'loja de dinheiro'

Jornal da Tarde 19/08/2007

Rodrigo Gallo,

rodrigo.gallo@grupoestado.com.br

Quem costuma andar pelas ruas do Centro da Capital conhece bem o assédio dos agentes de crédito, que tentam empurrar empréstimos aos consumidores de todas as formas possíveis. Porém, não são apenas os funcionários de bancos e financeiras que se empenham na oferta do dinheiro. Até mesmo quem entra em lojas como Pernambucanas e Americanas pode tomar crédito emprestado. No entanto, segundo especialistas, o financiamento dessas empresas são os mais caros do mercado.

De acordo com um levantamento de juros realizado pelo Jornal da Tarde, há índices que chegam a 13,9% ao mês no Ponto Frio - os mais altos do mercado. Em contrapartida, quem buscar empréstimos na Nossa Caixa poderá encontrar taxas a partir de 4,25% ao mês, o que resulta em uma diferença bastante significativa no fim do financiamento.

Segundo o matemático financeiro José Dutra Sobrinho, a oferta de crédito no varejo tem como objetivo atingir principalmente os consumidores de renda mais baixa: por conta da dificuldade de conseguir comprovar condições de pagamento, essas pessoas acabam tendo problemas para conseguir empréstimos convencionais em bancos. Como já são clientes das lojas, a liberação do dinheiro é simplificada.

As financeiras também usam um critério semelhante para fisgar tomadores. “Às vezes, a pessoa já está com o nome sujo por não ter pago as parcelas de empréstimo a um banco. Então, ela acaba recorrendo às financeiras, que não costumam exigir nenhum tipo de comprovante, exceto os dados pessoais”, explicou Sobrinho.

Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), vai além. Segundo ele, algumas instituições financeiras não exigem nem sequer um comprovante de residência do tomador de empréstimo. “O problema é que, para compensar as facilidades, essas financeiras cobram taxas de juros altas demais, chegando a 15%, em alguns casos. Esses índices altos servem para cobrir os gastos com a inadimplência”, justificou.

Sobrinho explica que a melhor alternativa para quem realmente precisa de crédito são as linhas de empréstimo com desconto em folha de pagamento. “Os aposentados da Previdência Social pagam juros mensais baixíssimos, que não chegam a 3% e, além disso, a cobrança da Taxa de Abertura de Crédito (TAC) é proibida”, esclarece. “Quem é trabalhador com carteira assinada também paga juros bem mais baixos.”

De qualquer forma, Dutra recomenda às pessoas evitar o empréstimo a todo custo. O ideal seria esperar o pagamento do 13º ou a restituição do Imposto de Renda.
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