sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Telefonia reina entre as altas e ajuda o Ibovespa a subir

Valor Econômico
24/08/2007


Daniele Camba


Depois de quase um mês com os olhos voltados apenas para a crise do setor hipotecário americano, o mercado brasileiro ontem olhou um pouco mais para o próprio umbigo. Precisou que o governo mais uma vez mostrasse que está interessado na fusão da Brasil Telecom (BrT) e da Oi (ex-Telemar) para que os holofotes se voltassem para os acontecimentos no setor de telefonia. É claro que uma certa dose de calmaria vinda do mercado externo e a elevação da nota do Brasil pela agência de classificação de risco Moody's também contribuíram para que os investidores se preocupassem um pouco mais com a dinâmica da bolsa local, fazendo o Índice Bovespa subir 0,20%, a 51.848 pontos. Durante o dia, ele chegou a subir 1,12%, superando momentaneamente 52 mil pontos.


As ações de telefonia reinaram entre as maiores altas do Ibovespa. Entre as dez maiores valorizações do índice, seis são teles. As preferenciais (PN, sem direito a voto) da Brasil Telecom Participações subiram 6,5% e as ordinárias (ON, com direito a voto), 5,81%. Em seguida estão as PNs da Net, com alta de 3,36%, as PNs da Telesp subindo 3,18% e as PNs da Telemig Participações, 2,91%. Por último, estão as ONs da Telemar, com alta de 2,09%.


Agora vai



Nos últimos dois dias, as ações PN e ON da BrT Participações já subiram 19,99% e 11,52%, respectivamente, enquanto o Ibovespa teve alta de 4,08%. "O que está movendo os papéis são as notícias cada vez mais favoráveis à fusão entre BrT e Telemar", diz o analista do Banif Investment Banking Alex Pardellas. Já se sabe que tanto o governo quanto os controladores das duas companhias são simpáticos à fusão. Mas o interessante agora é que ambos os lados parecem empenhados em que o negócio aconteça o quanto antes. "Quanto mais rápido isso ocorrer, maior será o reflexo dos ganhos com sinergias nas ações das duas empresas", diz Pardellas.


Se a fusão é boa para ambas, por que cargas d'água os papéis da Telemar sobem tão menos? Para o analista da Brascan Corretora Felipe Cunha, de alguma forma, o leilão de compra das ações PN da Tele Norte Leste Participações (TNLP), marcado para 6 de setembro, está segurando o preço dos papéis da companhia. "No curto prazo, essas ações devem repercutir muito mais os resultados do leilão do que a fusão", diz. Ele acredita que os papéis da BrT operadora são uma boa forma de o investidor capturar os ganhos da fusão, especialmente porque são negociados com um grande desconto diante das ações da holding.


Além dos eventos de reestruturação societária e consolidação, o setor de telefonia voltou a ganhar a atenção dos investidores por ser totalmente voltado ao mercado interno, passando ao largo das turbulências da crise de crédito internacional. A Telesp, por exemplo, é o que se pode chamar de duplamente defensiva, pelo setor a que pertence e por ser uma das melhores pagadoras de dividendos da bolsa brasileira. Só com os dividendos, o investidor pode ter entre 8% e 9% do valor da ação da Telesp, conhecido como "dividend yield".


Aos poucos, o estrangeiro tem voltado para a Bovespa. Este mês, até o dia 20, o saldo líquido de investidor estrangeiro está negativo em R$ 1,480 bilhão, sendo que, até o dia 10, estava negativo em R$ 1,595 bilhão.


Daniele Camba é repórter de Investimentos

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