sexta-feira, 21 de setembro de 2007

PORTABILIDADE JÁ AJUDA A DERRUBAR JUROS

Léa De Luca
Gazeta Mercantil
21/9/2007


Bancos revêem taxas para baixo quando clientes ameaçam transferir contratos para concorrentes. Dois dias depois de assinar uma proposta para o financiamento, por quatro anos, de R$ 29 mil para a compra do seu carro zero, pelo qual havia pago R$ 10 mil de entrada, C.B. descobriu que na instituição em que tinha conta corrente a taxa de juros mensais para o mesmo financiamento era 30% menor - 1,75% ao mês, ante 2,5% da financiadora. A compradora quis então transferir o crédito para o outro banco. Quando descobriu que o carro já estava alienado à financeira no Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), ameaçou desfazer o negócio. Para não perder o cliente, a financeira aceitou reduzir a taxa para 2% ao mês.

Este tipo de negociação começa a ficar comum no Brasil. Embora a regra para portabilidade do crédito, que entrou em vigor em dezembro, para facilitar a transferência de um contrato para um banco com taxas menores, não venha sendo usada com freqüência, já produz o efeito desejado de redução de juros cobrados.

Segundo Jorge Higashino, diretor da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), o número de transferências é baixo em parte porque as instituições têm renegociado taxas com os clientes que ameaçam fazer a transferência, em especial quando se trata de operações de crédito pessoal. "Ninguém quer perder um bom cliente", diz Higashino. Segundo o Banco Central, em julho foram 1,7 mil transferências, que movimentaram R$ 18,9 milhões.

Para Miguel Ribeiro, presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), os efeitos poderiam ser maiores, mas a nova regra ainda é pouco conhecida.

Transferências ainda registram volume baixo, mas clientes usam a lei para pressionar bancos.

Dois dias depois de assinar uma proposta para o financiamento, por quatro anos, de R$ 29 mil para a compra do seu carro zero - pelo qual havia pago R$ 10 mil de entrada - C.B. descobriu que no banco onde tinha conta-corrente a taxa de juros mensais para o mesmo financiamento era 30% menor - 1,75% ao mês ante 2,5% da financeira. C.B. quis então transferir o crédito para o outro banco. Quando descobriu que seria quase impossível, uma vez que o carro já estava alienado à financeira no Detran, C.B. ameaçou desfazer o negócio. Para não perder o cliente, a financeira aceitou reduzir a taxa para 2%.
Esse tipo de negociação é cada vez mais comum. A portabilidade do crédito, que entrou em vigor em janeiro para facilitar ao cliente transferir um contrato de crédito de um banco a outro que cobra taxas menores, não vem sendo usada com freqüência. Mas já produz os efeitos desejados pelo Banco Central - ainda que indiretamente. "Há entraves que dificultam na prática a transferência de empréstimos tomados em um banco para outro", admite Jorge Higashino, diretor da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). "Mas os bancos têm renegociado taxas com os clientes que ameaçam fazer a transferência - principalmente quando se trata de operações de crédito pessoal". Por isso o número de transferências é baixo. Para ele, porém, o objetivo final - estimular a queda dos juros - vem sendo atingido. "A portabilidade intensificou a caça ao cliente nos bancos, que passaram a oferecer mais vantagens para segura-los", nota o advogado tributarista Bruno Zanim, do escritório Mesquita Pereira, Marcelino, Almeida, Esteves Advogados.
Segundo o Banco Central (BC), o número de operações de portabilidade subiu de 28 para mais de 1,7 mil por mês entre dezembro de 2006 e julho deste ano, mês em que movimentou cerca de R$ 18,9 milhões. Abril foi o mês que registrou o maior movimento: R$ 134,8 milhões. Mas ainda é pouco: só crédito pessoal atingiu saldo de R$ 94 bilhões em julho último, segundo dados do BC.
Para Miguel Ribeiro, presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), o problema é que a portabilidade ainda não é popular. Mas ele concorda que quem sabe da sua existência já usa como arma de negociação.
A portabilidade sempre foi permitida, mas a resolução 3.401 do BC, editada em setembro do ano passado, obrigou os bancos a preverem nos novos contratos de financiamento o valor da taxa para liquidação antecipada, o que facilitou a negociação. Antes, os clientes ficavam à mercê de taxas imprevisíveis. Ribeiro alerta que o lado ruim dessa resolução é que os bancos fixaram as tarifas de liquidação antecipada de contrato (TLAC) nas alturas, e os clientes que não costumam ler contratos não atentam para o fato. Segundo Zanim, elas chegam até a R$ 5 mil. "Não foi à toa que o BC registrou crescimento no número de reclamações sobre essa prática. Em julho de 2006 eram 50 e em julho deste ano foram 287 queixas.
Para contratos de crédito imobiliário e financiamentos de automóveis, porém, as transferências são inviáveis, devido aos custos de transferência da hipoteca (ou do gravame no Detran) que acabam anulando a economia com a troca para o banco que cobra taxa menor. A transferência é essencial para que em caso de inadimplência, o novo banco tenha como retomar o bem.
No caso de crédito consignado, a troca de banco também é difícil, uma vez que segundo as fontes a Dataprev tem dificuldade de fazer a transferência do pagamento de um banco para outro. Já no crédito pessoal, que é dado sem garantias atreladas, a troca é totalmente possível. "O volume é pequeno porque nenhum banco quer perder um bom cliente", diz Higashino. "Se ele tem uma oferta melhor, o banco cobre".

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Previdência mais segura

Valor Econômico
Por Danilo Fariello
19/09/2007



O setor de previdência privada aberta caminha para uma realidade mais madura desde a publicação da Instrução nº 459 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na segunda-feira. A norma regulamenta os fundos com patrimônio segregado das seguradoras - os chamados planos blindados. Esses planos oferecem mais segurança e transparência aos investidores com Planos Geradores de Benefícios Livres (PGBL) e Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL) à medida que suas aplicações não se misturam com o patrimônio das seguradoras. Nesse novo modelo, o participante poderá optar também por usar parte do valor aplicado nos planos de previdência para como garantia de quitação do débito em financiamentos imobiliários e assim obter taxas mais baratas junto a uma instituição financeira.


Segundo expectativa do presidente da Federação Nacional da Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), Antonio Cássio dos Santos, há um potencial para que, no mínimo, 50% do saldo hoje investido em planos abertos seja usado em crédito imobiliário. Por essas contas, os investidores acessariam mais de R$ 50 bilhões para entregar a bancos como lastro em créditos para moradia. Como o saldo funcionaria como uma defesa maior da instituição financeira contra inadimplência, as taxas tenderiam a ser menores do que no financiamento convencional.


No entanto, o mercado ainda espera por normas da Superintendência de Seguros Privados (Susep), do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e da Receita Federal para lançar os novos fundos blindados, que permitem o uso do saldo em financiamentos. A superintendência deverá tratar, principalmente, das regras para contabilização dos ativos dos fundos em que os participantes dos planos investirão e da exclusão desses valores dos balanços das seguradoras.


No modelo novo, o investidor ganhará com a isenção de um pagamento de CPMF na hora de aplicar e, se resgatar sem adquirir renda, na hora de sacar. Isso ocorre porque o dinheiro não passará pela conta da seguradora ao ser investido. O plano de previdência nessa concepção ficará mais parecido com um fundo de investimento em termos de transparência e riscos, porque o participante será efetivamente um cotista do fundo em que os seus recursos estão aplicados. Contudo, no novo modelo ainda deverão ser preservadas as vantagens fiscais do plano de previdência, como a possibilidade de deduzir os investimentos em até 12% da base de cálculo de imposto de renda e a permissão de se optar pela tabela regressiva de IR, que cai até 10%.


Outro pleito do setor junto ao governo dá conta de algumas novas vantagens tributárias, principalmente para que os recursos investidos nos planos de previdência possam passar pela conta-investimento - como já ocorre em fundos e outras aplicações - e, portanto, ficarem isentos de CPMF em caso de transferência entre diferentes planos. Mesmo que o pleito não seja aceito, será necessária nova regulamentação para tratar do recolhimento de impostos pelos novos fundos. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Receita Federal, em cerca de 15 dias a instituição deverá publicar um parecer sobre a situação dos novos planos de previdência blindados.


A regulamentação que ainda falta, porém, é fundamental para suscitar interesse das seguradoras em lançar os planos blindados. Se as regras não agradarem, existe ainda o risco de nenhuma seguradora se interessar em lançar o novo modelo e a regra cair no vazio. Caso as seguradoras adotem os planos blindados, ainda não é certo se os planos antigos poderão se adaptar às novas regras ou se o participante deverá se manifestar e transferir os recursos de um plano comum para um outro novo, blindado.


Em nota oficial divulgada ontem, a Fenaprevi diz que ainda aguarda determinadas providências para avaliar a opção de vir a operar com planos estruturados sob as novas regras.


"Tão logo tenhamos um arcabouço mais estruturado, certamente teremos novos planos de previdência neste conceito de planos blindados, em que os participantes aplicam seus recursos diretamente nos fundos de previdência, como cotistas", diz Osvaldo do Nascimento, vice-presidente de seguros, previdência e capitalização do Banco Itaú. "Será mais uma opção para os investidores."


Cássio dos Santos, da Fenaprevi, acrescenta que outra vantagem que a blindagem dos fundos trará para os investidores é o estímulo à concorrência entre as empresas que oferecem planos. Com a blindagem e a segregação dos recursos dos investidores das instituições em que aplicam, perde-se o medo de contratar o plano de uma empresa menor. "Cairia um risco psicológico de o investidor optar apenas por aquelas instituições maiores, que ele julga ter menos risco financeiro."


Com a nova norma, poderão oferecer PGBL e VGBL também entidades sem fins lucrativos que distribuíam apenas planos de previdência tradicionais, como a Capemi, umas das dez maiores instituições que atuam com previdência privada do país. Com uma maior concorrência, tenderia a ocorrer uma redução das taxas médias cobradas pelo investimento, por exemplo.


A nova regra de segregação dos ativos dos investidores daqueles das seguradoras, mesmo depois de totalmente regulamentada, protegerá o investidor apenas no período de acumulação de recursos. Se o investidor converter o saldo total da previdência privada em renda, ele voltará a correr riscos por conta da saúde financeira da seguradora com a qual fechou o acordo. Nesse período, portanto, se a instituição passar por apuros financeiros, o investidor ainda poderá sair prejudicado.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

É de pequeno que se torce o porquinho

Jornal da Tarde 18/09/2007

Educação financeira prepara crianças para o futuro. Em SP, já existem cursos extra-curriculares


A preocupação com as finanças pessoais, de acordo com os especialistas, deve começar desde cedo. Ainda novidade no País, os cursos de educação financeira para jovens começam a disputar espaço com as aulas de inglês. Tudo para que as crianças cresçam conhecendo o perigo de estourar o cheque especial.

Sílvia Alambert trouxe para o Brasil a The Money Camp, uma escola de educação financeira criada nos Estados Unidos. 'Os pais conversam com os filhos sobre sexo e drogas, mas nem sempre conversam sobre dinheiro', afirma Sílvia. Com a estabilidade da economia, segundo ela, os pais estão percebendo a necessidade de o filho também ser informado financeiramente.

Para o economista João Batista Sundfeld, da Mercatus, essas noções de finanças pessoais são importantes para a educação das crianças. Quando crescem, elas estão mais preparadas para enfrentar o mundo.

Desde o início do ano, o método da The Money Camp está sendo aplicado no colégio Castelo Branco, em São Paulo, como atividade extracurricular. O garoto João Vítor Nogueira, de 11 anos, é um dos alunos.

'Outro dia, ele até perguntou se eu iria pagar novamente uma conta com o cartão de crédito', diverte-se a produtora Suely Yumi Hondo, tia de João. 'Ele me lembrou que o cartão estava negativo no mês passado. Achei isso muito engraçado.'

Para quem também sente necessidade de aprender, Seu Dinheiro destaca ao lado algumas iniciativas simples, mas que podem fazer toda a diferença para seu bolso no fim do mês.

PARA CONTROLAR AS DESPESAS DA FAMÍLIA PLANEJE AS DESPESAS
Não gaste antes de ter o dinheiro. Se você quer viajar com a família, por exemplo, guarde
dinheiro com antecedência

DESEJO
Você pode até querer viajar dez vezes em um ano, mas se o orçamento der apenas para uma viagem, contente-se com isso

DINHEIRO EXTRA
Um aumento ou segunda fonte de renda. É o melhor modo de se viajar mais, trocar de carro e ainda formar uma poupança. Se não for possível, mantenha os gastos dentro da sua renda

PLANILHAS
Só conhecendo suas despesas mensais para controlá-las melhor. Com a ajuda da informática, é
possível montar planilha

ALUGUEL OU FINANCIAMENTO
É uma questão matemática. Com o aumento do crédito, as parcelas do financiamento estão mais baratas, às vezes, menores que as do aluguel. Mas não se esqueça de que você estará
trocando a tranqüilidade financeira por uma dívida de longo prazo. Avalie com calma

RESTAURANTE
Almoce fora no fim de semana, mas evite os excessos. Deixe a sobremesa para depois, na
padaria, e tome o vinho em casa

CARROS
Famílias com três carros ou mais podem economizar: basta manter apenas um veículo e
contratar um motorista. Fica mais barato e confortável

TRANSPORTE ALTERNATIVO
Parece estranho, mas andar de táxi todos os dias pode ser mais barato que manter um carro. Se você está próximo do metrô, a economia será maior

STATUS
Alguns carros podem ser bonitos, mas você não deve escolher o modelo por status. Seus amigos não vão pagar as contas do financiamento

CINEMA E TEATRO
Durante a semana, as entradas são mais baratas. É apenas uma questão de hábito escolher os melhores dias

DESCONTOS
Não fique envergonhado ao negociar. Os comerciantes chegam a embutir nos preços margens que já prevêem os descontos

PESQUISE SEMPRE
Por que pagar mais? A internet é uma aliada na hora da pesquisa, principalmente no caso de produtos mais caros

MARCAS
Cuidado com o apelo publicitário. Nos supermercados e nas lojas de roupas, há opções similares, com preços diferentes. Experimente mudar

LAZER
As despesas com lazer são as primeiras a ser cortadas quando a família está em dificuldades. No conjunto do orçamento, no entanto, o lazer pode representar uma parcela pequena dos gastos. Avalie até que ponto os cortes não vão prejudicar sua qualidade de vida

TV A CABO
As empresas comercializam pacotes com centenas de canais. Sua família assiste a todos?
Mantenha apenas o necessário

DENTRO DE CASA
Ninguém precisa ler no escuro ou comer comida fria com a luz apagada apenas para economizar luz e gás. Porém, o controle desses itens, que influenciam diretamente nas despesas domésticas mensais, são importantes para eliminar os desperdícios

VANTAGENS
Academias, escolas e operadoras de celular costumam oferecer pacotes ditos econômicos para famílias, com descontos 'maravilhosos'. Informe-se sobre essas oportunidades, pois podem
valer a pena

CLUBES
Os clubes mais caros são aqueles que ninguém freqüenta. Por que pagar as mensalidades
se a sua família não liga para o que é oferecido?

OPÇÕES
Há várias opções gratuitas de lazer, principalmente, em São Paulo. O passeio no shopping pode ser trocado pela caminhada no parque. Faz bem para a saúde e evita a compra por impulso

JUROS
São o maior vilão do orçamento. Quem faz dívidas para comprar produtos como roupas e calçados está com as finanças desequilibra
das

'Controlados' dão suas dicas

Jornal da Tarde 18/09/2007

Planilhas ajudam a organizar as despesas, e, assim, ninguém deixa de aproveitar a vida


Toda pessoa lida com um dilema na hora de poupar. Como guardar dinheiro para o futuro e, ao mesmo tempo, aproveitar a vida?

Quando decide jantar em casa para não gastar no restaurante, a família faz um esforço financeiro de olho no futuro. A dificuldade é conseguir identificar até que ponto um jantar no fim de semana é mesmo supérfluo.

Os economistas são unânimes em dizer que a família deve aproveitar a vida, desde que isso não estoure o orçamento. 'Se você não pode comprar uma roupa à vista, não compre. Esse é o sinal de que vai consumir um produto acima de sua capacidade', defende o consultor Álvaro Modernell.

A empresária Cacilda Caldas Del Debbio, 48 anos, segue à risca a orientação. No comando da Prato Frio Alimentos Congelados, ela mantém no computador três planilhas diferentes. Com elas, organiza os gastos da família, da empresa e do escritório de advocacia do marido.

'As planilhas são uma necessidade. Acho que eu devo gastar apenas o que ganho', defende Cacilda. Na primeira planilha, ela descreve as despesas diárias. Tudo o que é comprado vai para o computador. No fim do mês, as informações seguem para uma segunda planilha, identificada como 'Fechamento de Despesas'. Por fim, os totais são jogados numa terceira planilha que, dessa vez, compara os gastos com as receitas. Assim, Cacilda descobre se está no azul.

Pode parecer trabalhoso, mas Cacilda destaca a organização. Na mesa do escritório, ela mantém caixinhas com comprovantes de cartões de crédito da família e da empresa. 'Quando chega a fatura, confiro se tudo o que foi cobrado está certo.'

Já a psicóloga Solange Mazza evita ao máximo o uso do cartão de crédito. 'Também convenci a gerente do meu banco a baixar os limites', afirma. Numa compra, Solange pede desconto e sempre exige o troco, mesmo se ele for de um centavo. 'Se a loja não tiver, não brigo com ninguém. Mas deixo claro que deveria receber.'

O vendedor Wlademir dos Santos Galvão, de 54 anos, também não tem vergonha de pechinchar e de exigir o troco. 'Brigo por um centavo', garante. 'Mas não sou pão-duro. O brasileiro tem mania de achar que isso não vale nada, mas para mim vale muito.'


CARRO PRÓPRIO x TÁXI
CUSTO CARRO/ANO
(para veículo de R$ 30 mil)

R$ 15,9 mil
Gastos: seguro, R$ 1,2 mil; IPVA, R$ 1,2 mil; manutenção (3%), R$ 900; depreciação (10%), R$ 3 mil; custo de oportunidade (6%), R$ 1,8 mil; combustível, R$ 4,8 mil (um
tanque de R$ 100 por semana, todas as semanas do ano); estacionamento, R$ 3 mil (R$ 250 por mês)

Observação: a simulação leva em consta o custo do carro no
primeiro ano. Se o valor maior, os custos também serão maiores. Quem financia o veículo precisa acrescentar o custo anual das parcelas. É importante lembrar que nem estamos considerando gastos com multas, pedágios e franquia de seguros

CUSTO TRANSPORTE PÚBLICO E/OU TÁXI/ANO

R$ 14,4 mil
Gastos: no caso de a pessoa gastar R$ 40 por dia com táxi, metrô e ônibus durante o ano

GANHO COM APLICAÇÃO DO CUSTO DO CARRO/ANO

R$ 1,8 mil
Considerando-se que a pessoa invista os R$ 30 mil do custo do carro na poupança
Observação: os ganhos com a aplicação do dinheiro permitem a redução das despesas com transporte. O total anual cairia para R$ 12,6 mil. Quem mora em prédio pode ainda alugar a vaga na garagem, o que permite reduzir ainda mais os custos com transporte

A economia como um estilo de ser

Jornal da Tarde 18/09/2007

Guardar dinheiro deixou de ser sinal de avareza. O pão-duro moderno viaja, almoça fora e faz compras

Fabrício de Castro, fabricio.castro@grupoestado.com.br

Esqueça a imagem do pão-duro tradicional, que controla até os gastos com palitos de fósforo para guardar dinheiro embaixo do colchão. O pão-duro moderno, fácil de encontrar em qualquer esquina, mantém as finanças sob controle, reserva parte do salário para a poupança e não deixa de viajar ou de almoçar fora (sem gastar muito, é claro).

Talvez por isso ele prefira ser chamado de 'controlado' - e não de pão-duro. 'As pessoas estão mais conscientes da importância da economia financeira', defende o consultor financeiro Álvaro Modernell. 'Há 20 anos, elas sofriam com a inflação e se preocupavam em gastar rápido o dinheiro para não perder seu poder de compra.'

O escritor Gustavo Nagib, autor do bem-humorado Guia do Pão-Duro, confirma que o perfil de quem economiza mudou nos últimos anos. 'O pão-duro de antigamente fechava as duas mãos. Ele era uma pessoa antipática, que ninguém queria por perto', descreve.

Hoje, o próprio Nagib, que controla as finanças de perto, assume um perfil mais light da 'pão-duragem'. 'Levo uma vida normal. Viajo e tenho meus prazeres, mas planejo todos os gastos com antecedência', diz.

Para o economista João Batista Sundfeld, professor da Mercatus Escola de Negócios, a estabilidade da economia favoreceu o planejamento. 'Quando tínhamos taxas elevadas de inflação, a pessoa ganhava R$ 100 e, no fim do mês, isso já valia R$ 70', exemplifica. Agora, é possível prever gastos, guardar dinheiro para o futuro e continuar aproveitando a vida.

Para chegar lá, no entanto, é fundamental manter as despesas dentro do orçamento. O designer Caio César Faria, 28 anos, faz parte dessa geração que colhe os frutos da estabilidade. 'Quando comecei a trabalhar, aos 14 anos, ganhava R$ 150. Meu pai retirava R$ 50 todo mês do meu salário e colocava numa poupança, para que eu pudesse comprar um carro aos 18 anos', conta.

Faria comprou o carro na data prevista e, aos 26 anos, casou-se com a jornalista Cláudia Roman Ramires. Atualmente, o casal mantém uma poupança para viagens, outra para trocar de carro e uma terceira para quitar o apartamento onde moram, que foi financiado. Juntos, possuem uma renda de R$ 7 mil, controlada numa planilha de computador. 'Não viajo todo mês, mas a gente se programa para aproveitar os feriados. E no fim de semana sempre saímos com os amigos', diz Faria.

Sundfeld resume a receita do pão-duro moderno: 'Se a pessoa quer gastar mais, ela tem de ganhar mais. Do contrário, é melhor manter o controle dos gastos'.

Pro Teste contesta taxa para quitação de dívida

Jornal da Tarde 18/09/2007
Para órgão, cobrança fere legislação

Thalita Pires, thalita.pires@grupoestado.com.br

A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste) entrou ontem com um ofício no Ministério da Fazenda contra a taxa de quitação antecipada de débitos, cobrada por alguns bancos e instituições financeiras. A cobrança é feita quando o consumidor tenta quitar um empréstimo ou compra à prazo antes da data prevista.

Na avaliação da entidade, a taxa fere o artigo 52 do Código de Defesa do Consumidor, que garante abatimento proporcional dos juros no caso da antecipação do pagamento. Além do Ministério da Fazenda, a ProTeste oficiou ainda o Banco Central (BC) e sua ouvidoria, o Conselho Monetário Nacional, a Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor da Câmara dos Deputados, o Ministério Público Federal e a Procuradoria da República no Distrito Federal.

'Estamos pedindo a anulação da resolução 3.401/06 do Banco Central, que permite essa cobrança. O Código é claro quando afirma que quem quita a dívida antecipadamente tem que ter abatimento, e não cobranças adicionais', afirma Ana Luisa Ariolli, supervisora institucional da Pro Teste. Segundo ela, há registros de taxas que vão de R$ 25 a até R$ 1.700. A resolução do BC 2.306/96 também é questionada. Essa é a norma que permite a criação de taxas pelos bancos.

A pensionista Ana Marisa Cretti, de 43 anos, está passando por esse problema. Ela fez dois empréstimos seguidos no Banco BMG, debitados em sua pensão. Há cerca de seis meses ela tenta quitar a dívida integralmente, mas não consegue. 'O banco só diz que o cálculo está certo, mas o valor que me passam tem essa taxa. Para eles, não vale a pena parar de receber', diz.

O segredo da longevidade

Valor Econômico
Por Daniele Camba e Adriana Cotias
18/09/2007



Da moratória da dívida externa brasileira ao confisco do governo Collor. Da crise da Ásia aos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 ou à recente bolha imobiliária americana. Não foram poucos os episódios que chacoalharam as economias e os mercados mundiais em pouco mais de duas décadas, acabando por decretar vida curta à maioria dos fundos de ações brasileiros que ensaiaram entrar em cena. Mas houve quem, em meio a toda sorte de incertezas, resolvesse bancar carteiras genuinamente de renda variável e hoje colhe os frutos do pioneirismo e da perseverança. A história do Jaguar, da Fator Administração de Recursos, e do Lógica II, da Opportunity Asset Management, se mistura com essas desventuras, tendo se transformado em símbolos de longevidade.


O Jaguar foi criado pouco antes da quebra dos Tigres Asiáticos e está completando dez anos com um retorno acumulado, até sexta-feira, de 1.097%, para 365,8% do Índice Bovespa e 511,80% do CDI. O Lógica II foi estruturado na antevéspera de o Brasil declarar a moratória da dívida externa, alcançou a maioridade dos 21 anos em março e acumula ganhos de 118.556% em dólar, para 1.151% do Ibovespa, também pela moeda americana. Enquanto os fundos de ações ainda engatinham - com uma fatia de apenas 10,58% do setor e um patrimônio de R$ 112,8 bilhões -, a gestão dessas carteiras virou uma espécie de referência.


O Jaguar guarda muito mais bons do que maus momentos. Em oito dos seus dez anos, entregou aos cotistas mais do que o Ibovespa. O segredo é, de alguma forma, contrariar o senso comum do mercado. "Em momentos em que há uma euforia perigosa, colocamos o pé no freio, protegendo o patrimônio do fundo e, exatamente na hora em que o mercado está em crise, saímos à caça de empresas com problemas e abandonadas pelos investidores, mas que têm tudo para mostrar uma história de virada", diz Roseli Machado, responsável pela gestão do Jaguar ao lado de Fernando Tendolini.


Evitar a euforia não é tarefa fácil. Requer disciplina, mas por várias vezes já se provou como uma estratégia eficiente. "Abrimos mão do ganho rápido para comprar uma espécie de seguro, principalmente por meio de opções (direito de comprar ou vender um ativo a um determinado preço) de venda de Ibovespa futuro ou deixando o dinheiro em caixa, aplicado em CDI", explica Tendolini. Em 1997 e 1998, meses antes das crises da Ásia e da Rússia, quando as ações subiam como foguete, o fundo chegou a ter mais de 30% do patrimônio em caixa, o que foi decisivo para a carteira ter perdas bem menores.


Na crise atual do setor de hipotecas americano, não foi diferente. Em junho, quando todos desfrutavam tranqüilos da valorização da bolsa, os gestores do Jaguar já viam os primeiros sinais de que a festa poderia estar perto do fim e compravam opções de venda de Ibovespa futuro a 50 mil pontos. "A princípio não fazia sentido, afinal de contas o Ibovespa estava em 58 mil pontos, mas quando a bolsa despencou e o Ibovespa caiu até 45 mil pontos, as opções fizeram todo sentido e graças a elas nosso fundo conseguiu amortecer boa parte dessas perdas", lembra Roseli.


Identificar o começo de uma crise requer atenção aos mínimos detalhes, além de poder de análise. "As crises têm sempre o mesmo DNA, é preciso apenas estar de olhos abertos para conseguir captar todos os sinais que precedem esses momentos ruins", diz Tendolini. No caso da crise atual, os gestores do Jaguar perceberam que havia algo errado em meados de maio e junho, quando as commodities começaram a cair, o iene a se valorizar e as empresas já lançavam dívidas no exterior pagando taxas com 100 pontos-base a mais. "Era montar esse quebra-cabeças para ver o que estava por vir", diz.


Se na euforia é hora de parar e analisar se os ativos não estão valorizados demais, é nos momentos de depressão que surgirão grandes oportunidades de comprar ações subavaliadas, que mais tarde terão seu real valor reconhecido pelo mercado. Essa é a máxima que construiu os ganhos do Jaguar. Em 2001 e 2002, quando as pessoas fugiam da bolsa dado os péssimos retornos da renda variável, Roseli, Tendolini e a equipe de analistas passaram boa parte do tempo garimpando companhias que, à primeira vista, pareciam prejuízo na certa. Os resultados já puderam ser sentidos no ano seguinte, em 2003, quando o Jaguar teve uma rentabilidade de 139,4% ante um Ibovespa de 97%.


Foi exatamente entre 2001 e 2002 que os gestores compraram galinhas-mortas como Braskem, Usiminas, Embraer, Eletropaulo, Cesp, Randon, Alpargatas e Suzano, que mais tarde se transformaram em pérolas. "O segredo é ter a sensibilidade de perceber elementos que muitas vezes não estão no balanço e que apontam para uma virada da companhia", acredita Roseli. Alguns são casos clássicos. "A Braskem, quando compramos, tinha uma dívida de R$ 9 bilhões, um valor de mercado de apenas R$ 1 bilhão, mas estava num profundo processo de reestruturação e desalavancagem", lembra Tendolini. "Resultado: hoje ela vale R$ 7,4 bilhões." No caso da Alpargatas, a empresa transformou a marca de chinelos Havaianas numa espécie de grife, com exportação para vários países a preços muito superiores aos que os pares são vendidos no Brasil. "Compramos as ações a R$ 18 e, três anos depois, elas valiam R$ 180", afirma Tendolini. "Quem continuou analisando a Alpargatas como fazia há dez anos não antecipou essa guinada."


Já a Suzano, o gestor lembra que cinco anos atrás era uma companhia com gestão familiar e com os ativos de papel e celulose e de petroquímica todos misturados. No entanto, a gestão se profissionalizou com a entrada de João Nogueira Batista, um executivo conhecido no mercado financeiro. Ele ajudou na reestruturação do grupo, o que culminou na separação da parte de petroquímica da área de papel e celulose e, mais recentemente, na venda da Suzano Petroquímica.

Aplicação em independentes sobe na crise

Danilo Fariello
Valor Econômico
18/9/2007


As butiques de investimento e gestores sem ligação direta com bancos de varejo mostraram, assim como seus investidores, mais maturidade para enfrentar a crise que abala o mercado desde o fim de julho. Desde o dia 23 daquele mês, os fundos desses gestores selecionados pelo site Fortuna acumulam captação líquida de R$ 5,59 bilhões. Esses fundos apresentaram, em média, prejuízos no período, e tinham patrimônio de R$ 97 bilhões na quarta-feira, data em que se encerra o levantamento. Na outra mão, os fundos de bancos de varejo perderam, em resgates líquidos, quantia semelhante, de R$ 5,22 bilhões, segundo o site. Esses fundos, ao contrário dos fundos de butiques, apresentaram rentabilidade média positiva no período e patrimônio total de R$ 283 bilhões na quarta-feira.

O movimento é sinal de um amadurecimento do mercado doméstico, muito diferente de crises anteriores, diz Zeca Oliveira, diretor da Mellon Serviços Financeiros, que administra fundos de diversos gestores independentes. "O investidor das butiques não se assusta mais com turbulência e até entende isso como oportunidade para entrar nesse mercado", diz, ao avaliar o volume de depósitos nos fundos. Segundo ele, alguns fundos multimercados que estavam fechados para novos aportes aproveitaram o momento para reabrir e captar recursos. Entre eles, está o fundo IP-Equity Hedge II, da Investidor Profissional, que captou R$ 200 milhões em dois dias.

Quando a distribuição do fundo é cuidadosa, o cotista sabe que o investimento é de longo prazo e tolera esses momentos, diz Alexandre Maia, gestor da GAP, que não notou movimento anormal no fluxo de depósitos de seus fundos. "O investidor avalia o histórico de longo prazo da gestão e segue aplicado", completa.

Muitos viram o momento como uma oportunidade para investir em ativos com preços mais atraentes, diz Sergio Manoel Correia, analista da LLA Investimentos. "O movimento é sinal de que esse investidor está ciente do risco que corre e que tem um aconselhamento que lhe explica as variações", diz ele.

O cenário é diferente para os fundos dos grandes bancos de varejo. Apesar de apresentarem rendimento positivo nas últimas semanas, eles registraram mais saques do que depósitos. Na turbulência, se houver ausência de informações, o investidor tem dificuldade de compreender a oscilação e acaba saindo do investimento com um pouco mais de risco, diz Correia, da LLA. "Muito investidor aplicava em fundos com mais risco do que tolera e, com a volatilidade, percebeu que não estava preparado para isso", completa ele.

Contudo, houve uma diminuição geral do risco médio corrido pelos cotistas, diz Marcelo D"Agosto, do Fortuna. "Mesmo nas butiques, os fundos que captaram mais no período foram aqueles mais conservadores."

No caso de fundos das gestores independentes, ainda poderão ser vistos resgates, pois muitos deles têm carência. Isso significa que uma possível saída de investidores dos fundos, com medo da turbulência, poderá vir a ser percebida apenas no futuro. No entanto, Oliveira, da Mellon diz que, se isso tivesse ocorrido, os resgates já começariam a ser percebidos. "Além disso, o volume de depósitos é indício de que não houve fuga de dinheiro", completa ela.

Quando o mercado é de alta, como se apresentou no primeiro semestre deste ano, importa só a rentabilidade para a decisão de onde investir mais ou menos, diz o analista da LLA. "Mas, nessas horas de turbulência, é mais evidente a necessidade de entender o que ocorre e entender os riscos para seguir em frente."

Apesar do período de fortes emoções, um bom planejamento financeiro não muda de um mês para o outro, diz Correia. "O cenário ainda não está totalmente claro, portanto, não há como recomendar deixar ou investir mais nos fundos mais arriscados." Sabe-se que deverão vir mais notícias ruins, como os balanços dos bancos lá fora refletindo os problemas de crédito do mercado imobiliário americano, por exemplo. "O investidor deverá aguardar um pouco mais para se movimentar, se tiver um planejamento consistente".

No acompanhamento elaborado pelo site Fortuna, são considerados fundos de butiques aqueles que constam das "prateleiras" de produtos que são oferecidos ou estão sob a gestão de corretoras, bancos de investimento e gestores independentes mais renomados. Os fundos de varejo são aqueles oferecidos no segmento pelas instituições que contam com o apoio de uma ampla rede de agências bancárias. Enquanto a primeira categoria tem, em geral, no máximo mil cotistas, a segunda conta com dezenas de milhares na maior parte das carteiras.

Apesar de os fundos das butiques terem recebido mais aportes desde o dia 23 de julho, eles perderam mais de R$ 900 milhões em rentabilidade no período e os fundos de varejo, mais conservadores, ganharam cerca de R$ 1,2 bilhão em lucro bruto.

Segundo Oliveira, da Mellon, apesar dos prejuízos apresentados pelos fundos mais arriscados das butiques, esse último período de turbulências serve para provar aos investidores que os gestores têm controles de risco rígidos. Na grande crise anterior, de maio do ano passado, houve gestor que perdeu praticamente todo o patrimônio dos cotistas. "Os controles de risco dos fundos se mostraram eficientes nesse período", afirma ele.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Aplicações de até R$ 1.000 lideram investimentos no Tesouro Direto em agosto

http://dinheiro.br.msn.com/financaspessoais/noticia.aspx?cp-documentid=4131498

Redução da Selic não chega aos bancos

Jornal da Tarde 17/09/2007

MARCOS BURGHI, marcos.burghi@grupoestado.com.br


A redução de 0,25 ponto porcentual na Selic - a taxa básica de juros da economia - determinada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) no último encontro do grupo, no dia 5, ainda não refletiu nos índices que os bancos cobram dos consumidores pessoas físicas.

Até agora, apenas Bradesco e Banco Real anunciaram baixas. Historicamente, uma avalanche de instituições segue a queda da taxa básica no dia seguinte ao anúncio do Banco Central. O Bradesco reduziu as taxas mensais do cheque especial: a mínima, de 4,39% para 4,38%, imperceptível 0,01 ponto porcentual (redução de 0,23%), e a máxima de 7,91% para 7,89%, 0,03 ponto porcentual (diminuição de 0,25%).

O Real reduziu a taxa mensal do crédito pessoal de 3,45% a 3,39%, 0,06 ponto porcentual (1,74%). A instituição também baixou os juros do CDC Ambiental, linha de crédito para compra de equipamentos que reduzam o impacto ambiental, como kit gás para veículos e aquecedor solar. A redução foi de 2,35% ao mês para 2,05% ao mês, 0,3 ponto porcentual ou 12,77%.

Estudo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que a taxa média anual de juros cobrados pelos bancos em produtos oferecidos a pessoas físicas chega a 132,9%, 1.000% a mais que os 11,25% ao ano da Selic.

Para Carlos Alberto Ercolin, diretor-executivo de Finanças da Anefac, a diferença tem duas explicações: a falta de disposição para redução e a ausência de concorrência entre os bancos. 'Com isso quem perde são os consumidores', diz.

Segundo Ercolin, o impacto das reduções anunciadas até o momento será pequeno e não aliviará muito os bolsos dos consumidores, seja a curto ou a médio prazo. Ele acredita tratar-se de um bom momento para que os clientes dos bancos que reduziram as taxas tentem renegociar suas dívidas, mas alerta que, quanto mais novas estas forem, mais difícil será a negociação. 'Os bancos podem alegar que perdem se reduzir', afirma.

Ercolin indica que trocar dívidas mais caras, como cheque especial ou cartão de crédito, por outra de juros mais baixos, como empréstimo pessoal talvez ajude.

Foi a alternativa do analista de sistemas Paulo Paranhos, 48 anos. Com dívida no cheque especial que chegou a R$ 12 mil em fevereiro, ele não conseguiu negociar redução com o banco do qual é cliente. Como resultado, aceitou contrair empréstimo para quitá-la. Pagou entrada de R$ 420 e desde então arca com 24 prestações de R$ 497. 'A dívida começou em R$ 4 mil'.

Para Nicola Tingas, economista chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), crédito e risco andam juntos. Segundo ele, o valor oferecido no cheque especial é dinheiro que só deve ser usado em último caso. Ele atribui a redução tímida das taxas de juros a fatores como inadimplência e carga tributária.

EM NÚMEROS

*0,25 ponto porcentual foi a redução da Selic, taxa básica de juros da economia, determinada pelo Copom na reunião do último dia 5 de setembro

*132,9% é a taxa média cobrada anualmente em juros pelos bancos do País, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade
Locations of visitors to this page