sábado, 1 de março de 2008

Novo ICMS reduzirá o desconto no IPVA

Jornal da Tarde
01/03/2008


Estado admite que mudança na regra do ICMS afeta arrecadação do varejo e prejudica desconto que consumidor teria no imposto do carro ao pedir a Nota Fiscal Paulista

FABIO LEITE,
f.leite@grupoestado.com.br

Além de provocar um aumento de até 30% nos preços de alguns produtos, a mudança na cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) também diminui o crédito concedido pelo governo estadual para os consumidores que solicitam a Nota Fiscal Paulista nos comércios cadastrados no programa. Uma das vantagens do crédito é a possibilidade de utilizá-lo para abater no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Embora não seja possível calcular quanto o consumidor deixará de receber - o impacto vai variar de loja para loja - , o secretário-adjunto da Secretaria de Estado da Fazenda, George Tormin, admitiu ontem que isso realmente ocorre porque o comércio está deixando de recolher o ICMS de alguns produtos - bebidas alcoólicas, remédios, cosméticos e produtos de higiene pessoal desde o mês passado e outros nove a partir de abril e maio.

“Como o ICMS passa a ser cobrado da indústria, o varejo vai deixar de recolher o imposto e com isso a base cálculo para o crédito será menor”, afirmou Tormin. Ou seja, pelo programa, que existe desde outubro do ano passado, 30% de todo o ICMS recolhido pelo comércio é devolvido de forma proporcional aos consumidores que compraram naquele estabelecimento, informaram o CPF e pediram a nota fiscal. Como o varejo paga o ICMS de um número menor de produtos, arrecada menos e reembolsa menos.

O impacto mais grave deve ser sentido por aqueles que compram produtos em farmácias, já que, segundo a Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABCFarma), 90% da mercadoria vendida pelas redes está no novo modelo de tributação. “Quem compra na farmácia não vai ter direito a mais nada de crédito. O governo praticamente anulou a Nota Fiscal Paulista nesse setor”, diz o consultor tributário Welington Motta.

Porém, para o secretário-adjunto da Fazenda, a mudança na cobrança do ICMS não invalida a Nota Fiscal Paulista. “As duas medidas têm prós e contras e no nosso entendimento uma não invalida a outra”, disse Tormin.

Mesmo assim, afirmou o secretário-adjunto, a Secretaria está planejando criar sorteios, como o de imóveis, para continuar estimulando os consumidores a pedirem a nota fiscal no ato da compra, já que a partir de maio, quando o setor de alimentos também entra no novo sistema tributário, os créditos serão ainda menores.

Segundo ele, esta medida já estava prevista na lei que criou a Nota Fiscal Paulista justamente para incentivar os consumidores a fazer o mesmo nos estabelecimentos que já não recolhem o ICMS, como postos de gasolina. “Introduzimos a possibilidade de ter sorteio para cada R$ 100 em nota mesmo nos estabelecimentos que não recolhem o imposto”, disse.

Além de ser utilizado para reduzir o valor de débito do IPVA, num período de até cinco anos, o crédito da Nota Fiscal Paulista pode ser transferido para a conta corrente, poupança e até outras pessoas.

ENTENDA O IMPACTO DO ICMS NA NOTA

O programa da Nota Fiscal Paulista prevê a devolução de 30% de todo o ICMS recolhido pelo estabelecimento comercial cadastrado para o grupo de consumidores que informam o CPF e pedem a nota fiscal no ato da compra

Como o comércio vai deixar de pagar o imposto que incide sobre os produtos de 13 setores - 4 já estão em vigor -, ele conseqüentemente recolhe menos. Com isso, a quantia que será devolvida ao consumidor também é menor

Para fazer com que os consumidores continuem pedindo a nota fiscal, mesmo nas lojas que recolhem pouco ICMS, o governo pretende sortear casas para quem gastar pelo menos R$ 100

Carro zero? O negócio é o seminovo

Jornal da Tarde
01/03/2008

A venda de novos está ‘bombando’ e o cliente sai perdendo. Enquanto isso, sobram usados

CHARLISE MORAIS, charlise.morais@grupoestado.com.br

Com as vendas de carros novos batendo sucessivos recordes, esta é a hora de comprar um seminovo (até três anos de uso). As montadoras venderam 185.687 carros no Brasil em fevereiro, número recorde para o mês (leia ao lado). Com isso, está mais difícil negociar uma compra vantajosa de carro novo. Em compensação, os pátios das lojas estão lotados de seminovos, com preços mais baixos .

“Este é o melhor momento para comprar carros seminovos. Há muita oferta e as condições são excelentes”, afirma o diretor da MSantos - agência especializada em varejo automotivo -, Mário Santos. “Os preços desses veículos estão, em média, 20% mais baratos. As concessionárias precisam ‘desovar’ os seminovos e por isso fazem muitas promoções e oferecem facilidades na hora da compra”, diz.

Segundo o consultor automotivo Paulo Roberto Garbossa, outra vantagem é poder comprar um carro melhor equipado. “Um automóvel popular básico, zero-quilômetro, custa em média R$ 25 mil. Com o mesmo valor é possível comprar um carro ano 2005 ou 2006 com motor mais forte e acabamento superior.”

Para quem precisa de crédito também não há grandes diferenças nos juros do mercado. “As taxas e os prazos são os mesmos para usados e novos”, afirma Santos.

Garbossa diz que as eventuais diferenças em taxas são pequenas e não influem na decisão de compra. “Hoje se cobra 1% mensal em um carro zero e 1,2% para um usado, uma diferença que, diluída nas prestações, gera valores muito próximos. E o que conta para o consumidor é saber se a mensalidade cabe no bolso. Se couber, o negócio está fechado”, afirma.

Um pelo outro

O bom momento do mercado de seminovos se deve ao fato de que a maioria das pessoas que compra um carro novo entrega o veículo usado como parte de pagamento. “Eu diria que em 80% dos casos”, diz Garbossa. “Esses carros são comprados por valores menores que o preço de tabela e oferecidos em boas condições de preço.

“A grande procura por carros novos, muitas vezes, faz com que o comprador acabe aceitando um modelo, uma cor ou opcionais que não são exatamente como ele queria. Ou então tem de esperar até 90 dias pela chegada do modelo escolhido”, afirma Garbossa. “E é aí que o seminovo acaba sendo uma opção melhor do que o zero-quilômetro.”

O principal temor de quem compra um carro usado é pegar um veículo com problema mecânico ou de documentação. Mas o mercado já está atento a esse comportamento. “Os veículos já vêm revisados e com garantia de motor e câmbio, além de ter a procedência atestada. Também não geram tantas despesas de documentação, como acontece com o zero”, diz o vendedor da Anhembi Santana, Carlos Alberto Alves.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Contas dão de goleada

Jornal da Tarde
29/08/2008


Desde 1999, as tarifas de gás, água e telefone subiram até 180%, praticamente o dobro da inflação medida no mesmo período, 94%

MARCOS BURGHI, marcos.burghi@grupoestado.com.br

As tarifas dos serviços públicos tiveram reajustes muito acima da inflação nos últimos nove anos. Enquanto o Índice do Custo de Vida (ICV), medido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), acumulou alta de 94,15% no período entre janeiro de 1999 e janeiro de 2008, esses serviços chegaram a subir mais de 180% na Capital paulista. É o caso da assinatura de telefonia fixa, cujo reajuste ficou em exatos 180,75%. O ano de 1999 foi o primeiro em que a telefonia já estava plenamente privatizada no País.

Em seguida à alta do telefone vem o aumento do gás residencial, de 142,74%, seguido pelo da água, que subiu 119,22% no mesmo período.

Segundo Cornélia Porto, coordenadora de Pesquisa do Dieese, estes preços não seguem uma regra de mercado.'É preciso criar regras mais claras para definir os custos desses serviço', afirma.

A Telefônica informou apenas que os preços do setor são regulados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). José Gonçalves Neto, gerente-geral de competição de telefonia fixa da Agência, explica que o valor da assinatura serve para manter em funcionamento a rede que oferece o serviço, independentemente da utilização por parte dos clientes.'O funcionamento deve ser contínuo', diz.

Segundo ele, em janeiro de 1999, a assinatura na Capital custava, sem impostos, R$ 10, valor insuficiente para cobrir os investimentos e os custos de manutenção da rede de telefonia fixa. Ele afirma que o valor atual de R$ 38,80 é adequado para permitir a qualidade do serviço, embora diga que a Anatel ainda não avaliou o montante que a manutenção da rede representa no custo total das concessionárias.

A Comgás, responsável pela distribuição de gás às residências da Capital, informou que não concorda com o índice de aumento de 142,74% verificado nos levantamentos do Dieese. Stefania Dardi, superintendente de marketing da companhia, informou que os reajustes do setor obedecem ao Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), que no mesmo período acumulou 137,33%, ante um reajuste de 96,8% do gás fornecido pela companhia. Ainda segundo ela, a tarifa média atual para consumo até 15 metros cúbicos, volume que serve de referência para o levantamento do Dieese, é de R$ 41, 23 e não R$ 49,69 como informa a instituição.

Sobre as tarifas de água, que segundo o Dieese sofreram reajustes que chegaram a 119,22% nos últimos nove anos, Emília Dalla Rosa, superintendente de marketing da Sabesp, disse que os reajustes se referem principalmente aos chamados custos não administráveis, aqueles que fogem ao controle da companhia. Ela citou como principais, o material de tratamento do esgoto e a energia elétrica.

O torneiro mecânico Edmílson Silva, de 27 anos, afirma que a assinatura de telefone residencial costuma 'salgar' as contas mensais. De acordo com ele, a média de desembolso é de R$ 60. 'Sem a assinatura iria para algo perto dos R$ 2', afirma.

A manicure Elisângela Ferreira, de 36 anos, também critica o valor da assinatura do serviço. 'Todas as vezes que tento reclamar desisto, vencida pela musiquinha de espera', afirma.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

ICMS de SP muda e eleva preços em até 30%

Jornal da Tarde
27/02/2008


Governo de São Paulo altera forma de cobrança, ninguém entende nada e o consumidor é quem vai pagar a mais por produtos como bebidas, cosméticos e remédios

FABIO LEITE, f.leite@grupoestado.com.br

Mudanças tributárias promovidas pelo governo estadual na cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em São Paulo, em vigor desde 1º de fevereiro, estão fazendo com que os preços de remédios, cosméticos, produtos de higiene pessoal e bebidas alcoólicas fiquem mais altos para o consumidor. Em alguns casos, como no das bebidas, os aumentos podem chegar a 30%.

Os comerciantes alegam que estão apenas repassando a seus clientes os custos das alterações, como precaução para evitar perdas futuras. A lei que modificou a cobrança para esses quatro setores - outros nove devem sofrer a mesma alteração a partir de março - estabelece que a cobrança do ICMS referente a toda a cadeia produtiva passa a ser feita apenas na indústria. A parcela que cabia ao atacado e ao varejo será paga pela indústria de forma antecipada e acrescida depois nas notas fiscais.

A questão é que, com isso, é preciso fazer uma pesquisa de preços no atacado e varejo para saber o valor agregado ao produto depois de sua fabricação e definir a base de cálculo do imposto (veja quadro ao lado). E na opinião dos comerciantes, a margem de ganho calculada pelo governo não condiz com a realidade deles. “Há uma grande reclamação dos setores de que os valores indicados são altos”, afirma o economista da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo. “E para evitar perdas ou a paralisação, a solução tem sido aumentar o preço.”

É o que estão fazendo representantes do setor de bebidas, onde os aumentos são mais significativos. “Tem gente aumentando de 20% a 30% e nem sabe o por quê”, afirma a presidente-executiva a Associação Brasileira dos Exportadores e Importadores de Bebidas e Alimentos (ABBA), Raquel Salgado.

O fornecedor de bebidas Aldo Alves, por exemplo, conta que uma garrafa de uísque que era vendida por R$ 52 antes da nova medida já custa R$ 59 hoje. “Está havendo aumento de 11% a 18%, como repasse do imposto”, diz. Ele explica que isso ocorre porque quem cobrava menos que o valor médio estipulado pelo governo está tendo que aumentar o preço, de forma a igualá-lo para que não acabe pagando um ICMS maior sobre o produto.

No caso dos remédios, cujos preços são controlados pelo governo, há donos de farmácia diminuindo a margem de descontos que costumavam oferecer para evitar prejuízos. “Dependendo do laboratório, nós dávamos até 30% (de desconto). Hoje, consigo no máximo 15%”, afirma Maurício Lima Andrade, gerente de uma drogaria no bairro da Liberdade, na Zona Sul.

Já nos produtos com preços não controlados, de perfumaria e higiene pessoal, segundo Andrade, os aumentos do ICMS estão sendo repassados ao consumidor em valores. “A tintura de cabelo, por exemplo, sofreu um aumento exorbitante para nós, perto de 25%, que vamos ter de repassar”, afirma.

Mais alterações

De acordo com o economista da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABC Farma), Geraldo Monteiro, ainda não é possível ter idéia do impacto geral das mudanças para o consumidor porque a base de cálculo tem sido alterada pelo governo por meio de portarias. “Como mudou de novo ontem (anteontem), não deu para saber, mas já tem atacadista repassando os aumentos”, diz.

Para o coordenador de administração tributária da Secretaria do Estado da Fazenda, Otávio Fineis Júnior, não há motivo para que o comércio suba os preços dos produtos. “O cálculo foi feito com base no preço médio de varejo pesquisado. Não há motivo para reclamar.” Segundo ele, o objetivo é combater a sonegação, prática mais freqüente no varejo, e racionalizar a fiscalização, já que só será preciso controlar o pagamento das indústrias.

Desta forma, a Secretaria da Fazenda estima crescimento de R$ 560 milhões na arrecadação do ICMS ainda este ano.

ENTENDA COMO FICOU O ICMS

Desde o dia 1º deste mês, a cobrança do ICMS nos setores de bebidas alcoólicas -exceto cerveja e chope -, perfumaria, remédios e higiene pessoal no Estado de São Paulo está concentrada apenas na indústria

Com isso, a parcela do imposto que cabe ao atacado e ao varejo passou a ser cobrada por meio de repasse nos preços das mercadorias feito pelas indústrias nas notas fiscais de compra e venda

O valor cobrado a mais é estabelecido pelo Índice de Valor Adicionado Setorial (IVA-ST), que representa a soma da margem de lucro do atacado e do varejo

O IVA-ST deve ser feito pelos próprios setores por meio de pesquisa contratada junto a instituições idôneas, como a Fipe e a FGV. Nos casos onde o setor não realiza o estudo, o índice é definido por pesquisa contratada pelo próprio governo, que vem causando protestos dos setores envolvidos

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Brasileiro usa telefone caro, mas aproveita pouco recurso

Valor Econômico
Talita Moreira
26/02/2008


O brasileiro tem disposição para gastar mais na compra de um telefone celular do que seus pares no restante do mundo. Porém, ainda faz uso limitado dos recursos disponíveis no aparelho.


Essa é uma das conclusões que podem ser extraídas de levantamento feito pela consultoria TNS InterScience com 16 mil entrevistados em 30 países.


A despeito dos subsídios concedidos pelas operadoras, os usuários de celular no Brasil gastaram, em média, US$ 229 na aquisição de seu aparelho atual - e quase a metade deles pretende trocá-lo nos próximos 18 meses. A média global é de US$ 179, com a ajuda , entre outros fatores, de carga tributária menor.


"Apesar de pagar mais caro pelos aparelhos, a gente ainda está um passo atrás em termos de serviços. As pessoas ainda não sabem quais são os recursos disponíveis, por isso os serviços desejados ainda são os básicos", afirma Renato Trindade diretor de tecnologia da TNS. O estudo completo será divulgado hoje, mas foi obtido com exclusividade pelo Valor.


Os recursos desejados pelos assinantes de celular no Brasil e na América Latina são semelhantes aos interesses verificados em outros países. No entanto, a utilização de alguns recursos do telefone é menor entre os latinos.


Exemplo disso é o acesso a conteúdos da internet pelo celular. Na América Latina, esse recurso (protocolo conhecido pela sigla wap, em inglês) está disponível em 44% dos telefones móveis, mas somente 17% utilizam-no. A média mundial de adoção desse recurso é de 20%.


Na música - um dos recursos que os especialistas consideram mais promissores na telefonia móvel - acontece algo parecido. O levantamento mostra que 43% dos assinantes de celular no mundo escutam música no celular (em MP3 ou outros formatos), mas entre os latino-americanos o número cai para 29%.


E até mesmo nas mensagens de texto - o mais antigo e popular dos serviços de transmissão de dados do celular - o uso na América Latina (45%) é inferior à média mundial (78%).


Na avaliação de Trindade, boa parte dessa defasagem resulta da falta de informação sobre os serviços. "É preciso torná-los mais palatáveis ao consumidor. Nas lojas, os vendedores falam que o celular tem câmera e toca MP3, mas não ensinam a usar", avalia.


Segundo ele, a chegada das redes de terceira geração (3G) à América Latina - e ao Brasil, particularmente - ajudará a equiparar a região aos índices globais. "Daqui a cinco anos, quando a 3G estiver plenamente implantada, esse passo atrás em que a gente se encontra vai ser ignorado", diz. "Os jovens brasileiros têm muito interesse em tecnologia. Quando têm acesso, fazem um uso tão intenso dela quanto os jovens de outros países."


Para o diretor da TNS, a diferença existente hoje no mercado latino-americano - e em regiões como África e parte da Ásia - representa uma oportunidade de crescimento para as operadoras que atuam nessas regiões. Há potencial para serviços baseados em música, mensagens instantâneas, localização e internet, entre outros.


Segundo a consultoria, as empresas de telefonia móvel no Brasil deverão investir entre R$ 3 bilhões e R$ 5 bilhões na implantação das redes e na compra de terminais de terceira geração, somente em 2008. "As trocas de celulares serão intensas nos próximos três anos", diz Trindade.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Fundo que cobra menos taxa rende mais

FABRICIO VIEIRA
Folha de S. Paulo
25/2/2008


Estudo aponta que fundos de ação que cobram menos para administrar recursos são os que rendem os maiores ganhos

Essa categoria de aplicação geralmente exige grandes somas dos investidores e tem custos menores de administração

As turbulências que têm sacudido o mercado financeiro desde o segundo semestre do ano passado não serviram apenas para o investidor testar seu sangue-frio: também foram interessantes para que as habilidades dos gestores fossem colocadas à prova. Especialmente quando se pensa em fundos de ações, as decisões de investimentos dos gestores são decisivas para fazer a diferença em um momento de crise.
Estudo feito pelo Centro de Estudos em Finanças da FGV, à pedido da Folha, mostrou que as rentabilidades médias de cada subtipo de fundo de ação nesse período de crise mais aguda variou bastante. Além disso, apontou que os fundos com menores taxas de administração (até 2%) foram mais rentáveis que os que cobram taxas maiores (acima dos 2%). Foi sempre considerado o período que vai de 30 de junho de 2007 a 31 de janeiro de 2008.
A taxa de administração é um valor que os investidores pagam ao administrador de sua aplicação. Essa taxa é uma forma de remunerar os gestores por seu serviço e são fixadas, livremente, pelas instituições financeiras.
Os fundos IBX ativo -nos quais os gestores podem escolher entre as cem ações mais líquidas da Bolsa- apontam bem essas diferenças. Para os fundos que cobram taxas menores, a rentabilidade média no período ficou em 12,14%. Já aqueles com taxas de administração mais elevadas, o retorno ficou em 4,56%.
Um outro exemplo pode ser dado pelos fundos do tipo Ibovespa ativo com alavancagem. Para os de taxa mais baixa, o retorno no período ficou em 4,98%; os com taxas mais altas deram rentabilidade de 2,04%.
"Encontramos alguns fundos que cobram taxa de administração na faixa de 2% que fazem a diferença, se mostram como os melhores do mercado", diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
O levantamento considerou 280 fundos de investimento em ações, de diferentes subtipos, com taxas de administração que variam de 0,4% a 6%.
É claro que o resultado do fundo que uma pessoa decidir aplicar vai variar bastante, dependendo da instituição financeira escolhida, do perfil do produto e das ações do gestor.

Gestão ativa
Dentre os fundos de ações, há aqueles que são mais ativos, nos quais os gestores "caçam" mais as oportunidades oferecidas pelo mercado acionário. Outros, são mais passivos, muitas vezes indexados a índices como o Ibovespa -principal referência da Bolsa, que acompanha as 64 ações mais negociadas. Esses encontram maiores dificuldades de se diferenciarem, ficando mais ligados às oscilações da Bolsa.
Dessa forma, não é exagero imaginar que o investidor, ao pagar uma taxa de administração mais elevada, espere que seu gestor seja mais ativo. Mas não é bem assim que as coisas ocorrem.
"Uma taxa de administração maior não significa que o fundo conseguirá retornos melhores aos aplicadores. O que vemos muitas vezes ocorrer no mercado são fundos de varejo, com taxas elevadas, de 4%, por exemplo, e que são menos ativos, dando retornos menos atraentes", diz Eid Júnior.
Para uma instituição financeira, muitas vezes é interessante cobrar taxas menores de grandes clientes para atrair a elite dos investidores. São fundos que geralmente exigem grande quantias para ingresso. Pode-se imaginar a situação de um fundo que conta com poucos grandes aplicadores, dez por exemplo. E outro de varejo, com 10 mil aplicadores. No caso do primeiro exemplo, a instituição conseguiria inclusive custos menores, até para coisas simples como enviar o extrato.

Riscos
Uma diferença grande mostrada no estudo foram para os fundos chamados "long and short". Esse tipo, que apenas entrou na catalogação da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) em 2006, engloba fundos que fazem operações ligadas ao mercado de renda variável, mas apoiadas em estratégias complexas, que incluem, além do pregão à vista da Bolsa, o mercado futuro.
Nessa categoria, os fundos com baixa taxa de administração renderam 4,09%. Os de taxas elevadas tiveram depreciação de 0,62%.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Aluguéis perdem para aplicações financeiras

24/02/2008
DÉBORA FANTINI
da Folha de S. Paulo

O aluguel é o "capital de giro" com o qual o advogado Luiz Carlos Galvão Barros, 30, investe em imóveis.

Ele é dono de um dois-quartos no Morumbi (zona oeste), comprado na planta e alugado um mês após a entrega das chaves -em três anos, a vacância foi de apenas um mês, no intervalo entre a saída do primeiro e a chegada do atual inquilino.

O aluguel de R$ 800 paga a parcela do financiamento e ainda sobra. E o valor do apartamento passou de R$ 75 mil para R$ 130 mil, o que motivou Barros a comprar outro, ainda em obras, no mesmo bairro.

Morador da região, ele dispensou consultoria especializada e usou o próprio "feeling" para fazer o negócio.

"O Morumbi tem mais terrenos que Moema e Brooklin, por isso os preços dos apartamentos são menores, e há atrativos como áreas verdes e escolas."
Agora Barros planeja investir em escritórios, em sociedade com familiares. "O aluguel comercial foi o que mais subiu, e o Morumbi tem carência de conjuntos comerciais", avalia.
Antes de adotar a estratégia de Barros, é bom ponderar: as facilidades de financiamento podem afugentar o inquilino de imóveis residenciais.

"Ele chama o locador para pechinchar um valor de aluguel menor que a parcela do financiamento ou prefere comprar seu próprio imóvel", diz o diretor comercial da consultoria Binswanger, Erwin Tubandt.

"O inquilino pode ser obrigado a alugar justamente por não ter crédito para financiamento, aí existe o risco de inadimplência", afirma o professor de finanças do Ibmec-SP Ricardo José de Almeida.

Keyler Rocha, do Ibef, atenta para outro problema: o "retorno" da locação -de 0,5% a 0,7% mensais sobre o valor do imóvel- perde para o rendimento de uma aplicação financeira.
"E o aluguel é ajustado só uma vez ao ano", diz. "Quando o imóvel está vazio, há despesas de IPTU e condomínio."

Almeida sugere comprar um imóvel na planta e revendê-lo pronto, já que a demanda aumenta à medida que se aproxima a entrega. "É preciso saber se aquela área está valorizada ou vai valorizar", ressalta.

Compra de ações pela internet dobra no país: veja como funciona

http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL311547-9356,00-COMPRA+DE+ACOES+PELA+INTERNET+DOBRA+NO+PAIS+VEJA+COMO+FUNCIONA.html
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