sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Contas dão de goleada

Jornal da Tarde
29/08/2008


Desde 1999, as tarifas de gás, água e telefone subiram até 180%, praticamente o dobro da inflação medida no mesmo período, 94%

MARCOS BURGHI, marcos.burghi@grupoestado.com.br

As tarifas dos serviços públicos tiveram reajustes muito acima da inflação nos últimos nove anos. Enquanto o Índice do Custo de Vida (ICV), medido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), acumulou alta de 94,15% no período entre janeiro de 1999 e janeiro de 2008, esses serviços chegaram a subir mais de 180% na Capital paulista. É o caso da assinatura de telefonia fixa, cujo reajuste ficou em exatos 180,75%. O ano de 1999 foi o primeiro em que a telefonia já estava plenamente privatizada no País.

Em seguida à alta do telefone vem o aumento do gás residencial, de 142,74%, seguido pelo da água, que subiu 119,22% no mesmo período.

Segundo Cornélia Porto, coordenadora de Pesquisa do Dieese, estes preços não seguem uma regra de mercado.'É preciso criar regras mais claras para definir os custos desses serviço', afirma.

A Telefônica informou apenas que os preços do setor são regulados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). José Gonçalves Neto, gerente-geral de competição de telefonia fixa da Agência, explica que o valor da assinatura serve para manter em funcionamento a rede que oferece o serviço, independentemente da utilização por parte dos clientes.'O funcionamento deve ser contínuo', diz.

Segundo ele, em janeiro de 1999, a assinatura na Capital custava, sem impostos, R$ 10, valor insuficiente para cobrir os investimentos e os custos de manutenção da rede de telefonia fixa. Ele afirma que o valor atual de R$ 38,80 é adequado para permitir a qualidade do serviço, embora diga que a Anatel ainda não avaliou o montante que a manutenção da rede representa no custo total das concessionárias.

A Comgás, responsável pela distribuição de gás às residências da Capital, informou que não concorda com o índice de aumento de 142,74% verificado nos levantamentos do Dieese. Stefania Dardi, superintendente de marketing da companhia, informou que os reajustes do setor obedecem ao Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), que no mesmo período acumulou 137,33%, ante um reajuste de 96,8% do gás fornecido pela companhia. Ainda segundo ela, a tarifa média atual para consumo até 15 metros cúbicos, volume que serve de referência para o levantamento do Dieese, é de R$ 41, 23 e não R$ 49,69 como informa a instituição.

Sobre as tarifas de água, que segundo o Dieese sofreram reajustes que chegaram a 119,22% nos últimos nove anos, Emília Dalla Rosa, superintendente de marketing da Sabesp, disse que os reajustes se referem principalmente aos chamados custos não administráveis, aqueles que fogem ao controle da companhia. Ela citou como principais, o material de tratamento do esgoto e a energia elétrica.

O torneiro mecânico Edmílson Silva, de 27 anos, afirma que a assinatura de telefone residencial costuma 'salgar' as contas mensais. De acordo com ele, a média de desembolso é de R$ 60. 'Sem a assinatura iria para algo perto dos R$ 2', afirma.

A manicure Elisângela Ferreira, de 36 anos, também critica o valor da assinatura do serviço. 'Todas as vezes que tento reclamar desisto, vencida pela musiquinha de espera', afirma.

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