sábado, 17 de novembro de 2007

Ceia 20% mais barata

Jornal da Tarde 17/11/2007

RODRIGO GALLO, rodrigo.gallo@grupoestado.com.br

Os produtos alimentícios importados para o Natal estão custando até 20% menos neste ano. Isso significa que o consumidor vai ter gastos reduzidos na hora de comprar vinhos, azeites e outros itens para a ceia. O motivo para a queda, segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas), é a baixa do dólar, que já sofreu uma redução acumulada de18,36% desde janeiro.

De acordo com o presidente da Apas, Sussumo Honda, toda a queda na cotação da moeda norte-americana já está sendo repassada para os consumidores nos últimos meses. No acumulado desde o Natal passado, alguns produtos já podem ser encontrados nas gôndolas dos mercados por preços bem mais em conta.

Segundo a Apas, o corte será sentido principalmente no caso das bebidas, como vinho e champanhe. Porém, até mesmo os produtos nacionais estão mais baratos, por conta da concorrência. “Quando o produto importado fica mais barato, o nacional tende a acompanhar a queda, pois as empresas não querem perder espaço para os concorrentes estrangeiros e também mexem nas tabelas”, explicou Honda.

Por causa da oscilação dos preços, a tradicional dica do Procon ainda é o melhor caminho para economizar: o ideal é fazer uma cotação de valores em pelo menos três supermercados diferentes para optar pelo local mais em conta.

Para aproveitar melhor o corte dos preços, o economista Luís Carlos Ewald, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e autor do livro Sobrou Dinheiro!, aconselha os consumidores a preparar uma lista prévia com os itens que serão comprados para as ceias de Natal e ano novo, para não levar produtos desnecessários. O ideal, segundo ele, é ir aos mercados entre terça e quinta-feira, e aos domingos, quando há mais promoções.

O professor universitário Rui Milanese, 56 anos, e a esposa Rita, 58 anos, já estão preparando a lista de compras para as festas de fim de ano. Dentre os itens já selecionados, estão bebidas importadas. “Um bom vinho português ainda custa mais caro do que um equivalente nacional, embora os preços realmente estejam em queda”, admitiu Milanese. “Mas realmente prefiro gastar mais e comprar uma garrafa estrangeira, pois o custo benefício compensa”, revelou.

Segundo as redes de supermercados, as lojas costumam registrar um grande aumento no volume de vendas a partir da primeira semana de dezembro.

Produtos populares

Não são apenas os alimentos importados que devem atrair a preferência dos consumidores neste Natal. A expectativa é de que os produtos populares estrangeiros vendidos por R$ 1,99 alcancem um crescimento de até 10% na comparação com o ano passado.

Segundo a Associação Brasileira de Importadores de Produtos Populares (Abipp), os comerciantes importaram cerca de 50 milhões de unidades para este Natal - o que dá uma diversidade de aproximadamente cinco mil itens disponíveis nas prateleiras.

De acordo com a Abipp, o período de Natal representa 40% do faturamento de todo o setor de produtos populares. Com o possível crescimento de 10% nas vendas dos importados de R$ 1,99 este ano, o lucro dos empresários pode chegar a R$ 12 bilhões em 2007.

Vendas online

Quem também deve faturar alto neste ano são os comerciantes que trabalham com vendas pela internet. A WEBTraffic prevê que o comércio online brasileiro deve crescer 45% neste Natal, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2006, o faturamento do setor foi de aproximadamente R$ 700 milhões - agora, as empresas prevêem que o lucro pode atingir a marca recorde de R$ 1 bilhão, caso as previsões realmente se comprovem.

Um dos motivos apontados pela WEBTraffic para o crescimento das vendas é o conjunto de facilidades concedidas aos consumidores neste ano, como aumento dos prazos de pagamento, queda das taxas juros do parcelamento e redução no preço dos itens importados.

Por conta disso, a empresa estima que os artigos preferidos como presente neste Natal serão os eletroeletrônicos, como computadores, notebooks, videogames portáteis, além de tocadores de MP3 e televisores de plasma e LCD.

2 PERGUNTAS PARA EUGÊNIO FOGANHOLO, DIRETOR DA MIXXER CONSULTORIA

De acordo com a Apas, os produtos importados da ceia de Natal, como vinho e champanhe, estão custando cerca de 20% menos em relação ao ano passado. O senhor considera que, por causa disso, os supermercados também estão colocando mais produtos estrangeiros nas prateleiras?

Nos últimos anos, principalmente por causa da queda na cotação do dólar e do crescimento da renda média dos trabalhadores, aumentou muito a importância dos produtos alimentícios importados nos supermercados. A oferta desses itens certamente cresceu bastante e os próprios consumidores têm buscado esses artigos como opção de compra, pois os preços estão bem competitivos. Além disso, são alimentos e bebidas bastante consumidos nas festas de fim de ano, o que ajuda a aumentar a procura. Porém, mesmo com o crescimento da importância desses produtos, ainda não é uma realidade tão expressiva pois os itens nacionais continuam sendo a maioria dos disponíveis nas prateleiras dos mercados. Mas de qualquer forma alguns itens, como vinhos e queijos, estão ficando cada vez mais atrativos para os compradores por conta dos preços acessíveis e a qualidade alta. E a demanda pelos importados tende a crescer gradativamente no varejo brasileiro.

A queda do preço dos importados pode causar reflexo no valor dos produtos nacionais?

Sim, a queda no custo dos importados causa reflexos nos preços nacionais também. Com a redução no preço dos produtos estrangeiros a tendência é de que haja cada vez mais competitividade com os itens brasileiros também. O motivo é que a indústria nacional de alimentos tende a investir cada vez mais em qualidade dos produtos, para ter mais força na hora de competir com os importados na preferência dos clientes. Essa disputa também acaba se estendendo para o preço final ao consumidor, para não perder espaço.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

E nem precisa pagar nada

Jornal da Tarde 16/11/2007

As antigas bibliotecas deram filhotes. Hoje há ‘teca’ para tudo, de cinema e vinil à tecido e gibi

BRUNA CAMPOY, bruna.campoy@grupoestado.com.br


Gibiteca, CDteca, DVDteca, vinilteca, tecidoteca, revisteca... É ‘teca’ que não acaba mais. Inspirados no conceito use-o-quanto-quiser-mas-devolva-em-ordem, centros culturais preservam e criam novos derivados das velhas bibliotecas.

Quem é da geração do iPod deve se lembrar vagamente de uma bolachona preta de nome vinil. Os que viveram as décadas de 60, 70, 80, não se esquecem. Foi nessa época que o Centro Cultural São Paulo decidiu criar a Discoteca Oneyda Alvarenga, mais conhecida como vinilteca, que sobrevive bem, com mais de 15 mil discos.

José Luiz Carvalho, 45 anos, freqüenta o local três vezes por semana desde os anos 80. Fã de Caetano Veloso e Luiz Gonzaga, o iluminador de teatro não troca o bolachão por nada mais moderno. “Existe uma nostalgia diferente quando escuto o LP. Ele tem um ruído que o CD não tem. Gosto de vir aqui relembrar a minha época de garoto.”

A nova geração também marca presença. A estudante Gabriela Caputo,18 anos, aproveita o local para estudar e relaxar ao som de bossa nova. “Acho o disco muito mais gostoso do que o próprio iPod. Uma pena não ter vivido a época do LP.”

A poucos passos dali, ainda no CCSP, os fanáticos por HQ se divertem na Gibiteca Henfil. O acervo conta com mais de 8 mil títulos e sua programação envolve oficinas, palestras, exposições, exibição de filmes e jogos, atraindo fãs, profissionais da área e curiosos.

O cantor Diego Gonzales, 26 anos, visita o local pelo menos duas vezes por semana. Seu personagem preferido é o Super-Homem. Ele tem mais de 800 revistas do herói e gasta cerca de R$ 50 por mês com a sua coleção. “Venho no Centro em busca de novidades. Já li de tudo aqui, mas acho que o pessoal deveria doar mais material.” Para o diretor do Centro, Martin Grossmann, cultura também significa descontração. “Um ambiente não pode ser apenas sério. É preciso existir interação.”

O casal de namorados Luana Soares e Michel dos Santos procura a gibiteca para relaxar e ler os quadrinhos de Asterix. “Na primeira vez que viemos aqui éramos só amigos, mas depois começamos a namorar. O ambiente é confortável, vale a pena”, conta Luana.

Se você não se interessa por LPs, mas ainda assim está em busca de repertório musical, a Escola São Paulo, na Rua Augusta, criou uma CDteca. Além de receber alunos de seus cursos regulares, o espaço também é aberto ao público. “Cerca de 2.400 pessoas passam aqui por mês. O acervo foi construído com doações de artistas, gravadoras e produtoras, e alguns foram adquiridos por nós”, explica a diretora Isabella Prata. O local conta também com uma DVDteca e uma revisteca, voltada para design e moda.

Outro serviço que muita gente desconhece é o que garante o aluguel de filmes nacionais de graça. Sim, uma locadora gratuita. É a videoteca do Itaú Cultural, na Avenida Paulista, que traz mais de 3 mil títulos em VHS ou DVD. São curtas e longas-metragens que falam sobre temas sociais e culturais. Os usuários comuns podem levar dois vídeos e ficar com eles por dois dias. Quem é professor pode levar até quatro e devolver em uma semana.

A atriz Maitê Freitas conta que prefere assistir aos vídeos no próprio Itaú Cultural, já que não é sempre que passa por ali. “O espaço é ótimo, mas muitas pessoas nem sabem da sua existência.”

Há ainda outras ‘tecas’ que a população não conhece, como a hemeroteca, uma vasta coleção de jornais e revistas. Uma delas fica no Centro Cultural São Paulo. Já a Faculdade Senac abriga uma ‘tecidoteca’. É a mais inusitada de todas as tecas, com todos os tipos de tecidos para quem quiser pesquisar sobre o assunto.

DIVIRTA-SE

>>Centro Cultural São Paulo
Rua Vergueiro, 1000 - Paraíso.
Aberto de terça a domingo, das 10h às 22h. Tel: 3383-3402.

>>Escola São Paulo
Rua Augusta, 2239.
Aberto de segunda a sábado, das 10h às 19h. Tel: 3081-0364.

>>Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149.
Aberto de terça a sexta, das 10h às 21h e sábado, domingo e feriado, das 10h às 19h. Tel: 2168- 1700.

>>Senac São Paulo
Avenida Engenheiro Eusébio
Stevaux, 823 - Santo Amaro.
Aberto de segunda a sábado,
das 8h às 22h. Tel: 5682-7300.

>>Biblioteca Hans Christian Andersen
Av. Celso Garcia, 4.142 - Tatuapé. Tel: 2295-3447.
>>Biblioteca Alceu Amoroso Lima
Rua Henrique Schaumann, 777.
Tel: 3082-5023.

>>Biblioteca Belmonte
Rua Paulo Eiró, 525 - Santo Amaro.Tel: 5687-0408.
>>Biblioteca Cassiano Ricardo
Av. Celso Garcia, 4200 - Tatuapé.
Tel: 6192-4570.

A nova onda em SP: feiras para trocar livros

O Estado de São Paulo 16/11/2007

Mania em outros países, elas serão realizadas em 3 parques da cidade

Humberto Maia Junior e Valéria França

Até o começo do próximo mês, o paulistano terá espaço garantido para trocar livros e experiências literárias com outros leitores. Três feiras especiais, organizadas pela Secretaria Municipal da Cultura, oferecerão, além das tradicionais palestras de escritores e narrações de histórias, a oportunidade que os fãs de livros esperavam e que já virou mania em outros lugares do mundo. No domingo, o evento será no Parque do Carmo; no dia 25, no Parque da Luz; e, em 2 de dezembro, é a vez do Ibirapuera.

A idéia é que as feiras funcionem como ponto de encontro para que as trocas aconteçam sem intermediários, ou seja, diretamente pelos donos dos livros. Funciona assim: os exemplares são dispostos em quatro mesas. As três primeiras recebem respectivamente literatura clássica, juvenil e gibis. Tudo que não se enquadra nessas categorias acaba na quarta mesa. “Os livros serão deixados em cima da mesa e podem ser pegos por qualquer um. O local será útil para quem teve um livro rejeitado ou sente timidez em negociar”, explica o secretário adjunto, José Roberto Sabek, lembrando que trocar livro é uma prática antiga. “Em Bogotá isso é feito, assim como em outras cidades do Brasil.”

MANIA

A idéia pode não ser nova, mas em alguns países virou mania. Isso explica o sucesso do site BookCrossing.com, criado em 2001 pelo americano Ron Hornbaker para incentivar a leitura. O internauta registra um livro de sua estante no site, cola uma etiqueta e deixa o exemplar num lugar público, como uma praça. Hoje o site tem 9 mil usuários cadastrados. A maioria dos livros está em língua estrangeira. Cerca de 14 mil foram colocados por usuários dos Estados Unidos. Já os brasileiros ainda estão em minoria - são apenas 56 no site.

“Trocar livros é sempre uma iniciativa interessante. Entra-se em contato com outros assuntos e permite que as pessoas aumentem seu círculo de amizade”, diz, entusiasmado, o editor Pedro Paulo de Sena Madureira, que já chegou a ter uma biblioteca particular de 4 mil exemplares e hoje ficou com apenas mil na prateleira. “Livro não pode ficar parado na estante. Tem de ser passado para frente. É uma forma de estimular a leitura.”

A feira também abre oportunidade a leitores sem dinheiro para gastar nas livrarias. Filho de pais analfabetos, o músico Gilberto Gonçalves da Silva, de 51 anos, artisticamente conhecido como Zulu Arrebatá, criou o hábito de leitura tarde, aos 35 anos. “Não tinha incentivo da família nem da escola”, conta. Mas hoje é um freqüentador assíduo de feiras de livros.

Na semana passada, Gilberto participou de uma feira de livros no Clube da Comunidade Tide Setúbal, em São Miguel Paulista, na zona leste, bairro onde mora. “O dinheiro que eu ganho é para sobreviver”, diz o músico, que atualmente está lendo De Getúlio a Castelo, de Thomas Skidmore. “Reuni alguns exemplares e fui lá ver no que dava.” Para participar, valia levar qualquer tipo de livro. “Só não podia livro em mau estado de conservação”, explica Maria Alice Setúbal, presidente da Fundação Tide Setúbal.

PRAZER

Há mais de 40 anos no mercado de livros, Madureira dá uma dica a quem ainda não lê com freqüência: “É preciso ler de tudo para descobrir o próprio gosto literário. Daí, para virar um leitor voraz, é um passo”, diz. “Ninguém pode esquecer que ler é um prazer e, se não for assim, não tem a menor graça.”


PROGRAME-SE
FEIRA NO PARQUE DO CARMO
Domingo, na Avenida Afonso de Sampaio e Souza, 951, Itaquera
Tel.: 6748-0010

PARQUE DA LUZ
Dia 25, na Praça da Luz, no centro
Tel.: 3032-3727

PARQUE DO IBIRAPUERA
Dia 2 de dezembro, na Avenida Pedro Álvares Cabral, Ibirapuera
Tel.: 5549-9688
Mais informações:
Secretaria Municipal da Cultura
Tel.: 3334-0001

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Na financeira é mais caro

Jornal da Tarde 14/11/2007

Diferença para os juros cobrados de aposentados nos bancos pode chegar a 187%

RODRIGO GALLO,
rodrigo.gallo@grupoestado.com.br

Os aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que fazem empréstimos consignados nas financeiras pagam juros até 187% mais caros do que quem toma crédito nos bancos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. A diferença se dá por uma razão simples: as financeiras oferecem inúmeras facilidades para conquistar clientes com renda mais baixa, que têm dificuldades para conseguir dinheiro nas instituições financeiras convencionais. Porém, essas empresas compensam a falta de burocracia na hora de conceder o crédito com taxas mais ‘salgadas’.

A maior diferença entre os juros está nas operações com prazo de seis meses. A taxa mais barata é a da Caixa Econômica, que cobra 0,92% ao mês. A mais cara é praticada pelas financeiras Cacique e PanAmericano: 2,64% - este, aliás, é o limite máximo dos juros estabelecido pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS). Essa diferença é de exatamente 186,95%, segundo o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira.

Na ponta do lápis, o gasto final com o empréstimo cresce consideravelmente. Um aposentado que toma R$ 2 mil na Caixa para quitar em seis meses (juros de 0,92% ao mês) vai pagar seis parcelas de R$ 344,15, ou seja, vai gastar R$ 2.064,90, no total. Por outro lado, uma operação com o mesmo valor e prazo gastaria bem mais no PanAmericano: seis prestações de R$ 364,80, que dá R$ 2.188,80.

A diferença entre os juros cai gradativamente nos empréstimos com prazos maiores. Em uma operação de 24 meses, por exemplo, a taxa mais baixa é 2,16% (Caixa e Banco do Brasil) e a mais alta é 2,64% (cobrada por diversas instituições financeiras), ou seja, apenas 22,2% maiores (veja quadro). No caso dos empréstimos de 36 meses, a taxa mais cara é 2,64% e a mais barata é 2,30%: uma diferença de 14,78%.

Mesmo assim, o vice-presidente da Anefac calcula que o empréstimo fica muito mais caro. “Num empréstimo de R$ 2 mil em três anos, com juros de 2,30%, o consumidor paga parcelas de R$ 82,30, que dá R$ 2.962,80. Com a taxa em 2,64%, seriam 36 vezes de R$ 86,75, com um custo final de R$ 3.123.”

Exceções

Antes de fazer qualquer empréstimo, o Procon recomenda pesquisar as opções do mercado com atenção e ler atentamente o contrato.

Isso porque os consumidores devem prestar atenção em um detalhe: nem sempre o grande banco cobra mais barato do que as pequenas financeiras. Em alguns casos, a situação é inversa. Vale, nestes casos, verificar as tabelas para não pagar caro demais pelo empréstimo.

Apesar das diferenças, o matemático financeiro José Dutra Sobrinho garante que o crédito consignado é ainda a melhor alternativa para aposentados e pensionistas da Previdência Social. “Como a prestação é abatida diretamente do benefício, o risco de inadimplência é mais baixo e, por isso, os juros são menores”, explicou. E confirma onde estão as taxas mais altas. “Deve-se evitar os empréstimos de financeiras, que costumam cobrar mais caro. Eles concedem crédito até para quem tem nome sujo, sem exigir muitos documentos, mas cobram taxas mais altas.”

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Outlets são ótimas alternativas

Jornal da Tarde 13/11/2007

Há boas opções de roupas de verão e até mesmo de inverno, que estão em liquidação


Quem está em busca de preços baixos sem ter de bater perna e enfrentar calor e congestionamento de gente e carros vai encontrar nos outlets a saída para renovar o guarda-roupa. E melhor: as peças são de marcas famosas. Os descontos chegam a 70%.

O Seu Dinheiro percorreu alguns outlets da Capital e descobriu que, apesar de as ofertas serem de coleções passadas (em geral, desse ano mesmo), há muitas opções para entrar na moda no verão 2008.

'Eu estava à procura de regatinhas e saias de grife. Aqui encontrei os produtos e recebi um atendimento de qualidade e com ar condicionado', contou a publicitária Ana Rosa Soares, 33 anos, na Loja Side Walk (veja lista ao lado). Lá, as saias saem por R$ 59 e as regatas femininas por R$ 29.

Para as mulheres que buscam biquínis e maiôs, na ponta de estoque da Blue Beach, na Rua Leôncio de Magalhães, em Santana, 1.477, todos saem por R$ 30. Já para as esportistas, blusas forradas para malhação custam apenas R$ 10, e os moletons R$ 30.

Viagem de mala cheia

Os outlets também são alternativa para quem vai viajar ao exterior (é inverno nos Estados Unidos e na Europa) e não encontra opções de inverno nas lojas tradicionais.

Além das coleções passadas de primavera e verão, as pontas de estoque acabaram de receber variadas peças do inverno, como malhas e botas com descontos que variam entre 30% e 70%.

Para os caçadores de promoção, os outlets também estão nos shoppings, onde após as compras dá para dar uma parada para comer ou pegar um cineminha.

OUTLETS NO VERÃO

TD Classic
Av. Rudge, 122 (Barra Funda)

Bazar das Marcas
Av. Brasil, 2.030 (Jd. Europa)

Bayard Outlet
R. do Rócio, 352 (Vila Olímpia)

Bob Store
R. João Cachoeira, 1.170 (Itaim)

Tartine et Chocolat
R. Hadock Lobo, 1.353(Paulista)

Darco
Av. Jurucê, 639 (Moema)

Track & Field
R. Cristiano Viana, 80

Martinez
Av. Paes de Barros, 39 (Mooca)

D'Oro
R. Alvarenga, 2.392 (Butantã)

Luigi Bertolli
R. Raul Sadi, 18 (Butantã)

Colombo
Shopping SP Market -

Av. das Nações Unidas, 22.540 (Interlagos)

Siberian
SP Market (Lj 42)

Jorge Alex
R. Alfredo Pujol, 1.269 (Santana)

Side Walk
R. Augusta, 2.7 51 (Jd Paulista)

Tok & Stock
Av. Tucunaré, 500 (Barueri) Hand Book

Shopping Aricanduva -
Av. Aricanduva, 5.555

Roupas até 70% mais baratas

Jornal da Tarde 13/11/2007

O comércio popular de São Paulo já atencipa o Natal e vê suas ruas congestionadas agora

Carina Flosi,
carina.flosi@grupoestado.com.br

O Natal já começou no paraíso paulistano das compras populares, formado pelas regiões do Brás, Bom Retiro e rua 25 de Março. Apostando na antecipação das compras de final de ano, os lojistas do 'complexo comercial' já se preparam para receber cerca de milhão e meio de pessoas por dia nos dias de maior movimento, que encontrarão preços até 60% mais baixos do que nas lojas dos shoppings. Nos outlets, a diferença pode chegar a 70%.

E as ofertas com as coloridas coleções do alto verão já rechearam as vitrines, e começam a congestionar ainda mais as ruas dos três locais. Consumidores do Brasil inteiro e de outros países já congestionam ainda mais o comércio popular de São Paulo.

'No comércio do Bom Retiro as peças no varejo já estão de 40% a 50% mais baratas do que no comércio dos bairros e shoppings da Cidade', conta a secretária executiva da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do bairro, Kelly Cristina Lopes.

A maioria das lojas produz os produtos e, além de vendê-los no atacado, os oferece no varejo. Mas é importante ficar atento, já que algumas exigem o pagamento mínimo de R$ 30 ou R$ 50.

A dica do diretor de relações públicas da Alobrás, Jean Makdissi Júnior, é esperar até o dia 10 de dezembro para comprar no varejo.

'Até esse dia, os lojistas atendem principalmente o atacado que vai revender as peças por todo o Brasil. Depois desse período, as lojas farão ofertas imperdíveis para acabar com os estoques na venda para o varejo', explica. E, nesse caso, os preços das roupas podem ser até 60% mais baratos do que nas lojas tradicionais.

Outra orientação dos economistas é pesquisar os melhores preços e as opções de pagamento. Ao entrar na loja verifique as condições para efetuar a compra (inclusive se é possível provar a roupa) e as alternativas de parcelamento.

'Isso pode representar uma grande economia no final do dia de variadas compras. Uma peça parecida pode variar de valor', orienta o economista da Associação Comercial Emílio Alfieri.

Até o final do ano, a maratona de vendas se estenderá aos domingos, como em anos anteriores. O comércio, em geral, funciona nesse dia entre 9h e 16h. Durante a semana, o horário vai das 8h às 18h, e aos sábados, até as 14h.

Grande prêmio da renda fixa

Valor Econômico
Por Catherine Vieira e Danilo Fariello, do Rio e de São Paulo
13/11/2007



A freada nos cortes da taxa Selic no mês passado elevou os juros pagos em papéis prefixados e títulos atrelados à variação de índices de inflação. Para quem está em busca de um investimento pouco arriscado e rentável no longo prazo, especialistas dizem que papéis como a Letra do Tesouro Nacional (LTN, que paga juro prefixado), Nota do Tesouro Nacional da série B (NTN-B, que oferece rendimento segundo o IPCA mais uma prêmio de juro) e da série F (NTN-F, que também garante retorno prefixado, mas com pagamentos periódicos) voltaram a ser boa alternativa, assim como os fundos de investimentos prefixados ou ativos, que aplicam nesses papéis.


Nas últimas semanas, os títulos prefixados de cerca de dois anos apresentavam taxas acima do juro corrente, de 11,25% ao ano - encostando até em 12% ao ano -, e os papéis ligados à inflação agora oferecem retornos acima de 7% ao ano. Contudo, "é indiscutível que a trajetória da taxa de juros no Brasil em prazos mais longos ainda seja de queda", avalia Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica. A idéia é de que, no longo prazo, a Selic volte a cair, mas o aplicador que entrar agora nesses títulos garantiria esse lucro polpudo. Os riscos da opção, porém, são o juro permanecer elevado por muito tempo ou até subir e daí, os aplicadores teriam um rendimento abaixo do corrente.


Para o economista da Gap Asset Management, Alexandre Maia, quem pensa em resgatar os investimentos num prazo de seis meses ou até um pouco mais, deve tomar cuidado. "É preciso ter claro que neste momento temos uma dicotomia com relação aos horizontes de investimento", diz. "Para aqueles que olham o longo prazo, as perspectivas são interessantes, mas no curto e médio prazos podemos ainda ter alguns percalços e esse prêmio que existe hoje poderia subir mais." Quem investiu nesses papéis em setembro, por exemplo, e quiser resgatá-los agora, teria prejuízo com a aplicação, com o aumento recente das taxas.


Sofreram nesse período principalmente os papéis com vencimento mais longos. A NTN-B com vencimento em 2024, por exemplo, tem prejuízo de 3,68% nos últimos 30 dias, até ontem. No entanto, esses títulos rendem 19,37% no ano. Quanto mais longo o vencimento dos papéis, mais eles sofrem oscilações com as intempéries do mercado.


A variação dos prefixados e de inflação tem sido mais alta do que o usual, por isso os riscos do curto prazo. "O mercado veio de um exagero de otimismo, antes da interrupção dos cortes pelo Banco Central, para um pessimismo talvez exagerado também agora", diz Guilherme Abbud, superintendente de renda fixa e multimercados da Votorantim Asset Management. Esse pessimismo, segundo ele, é que elevou a taxas dos papéis prefixados e de inflação. "É preciso ter paciência e tolerância com essas mudanças de curto prazo", diz.


Para Maia, da GAP, a oportunidade é interessante para quem quer se posicionar por muito tempo nos títulos prefixados ou nas NTN-Bs. Isso porque a tendência para o futuro é de que o juro seja menor e que o apetite por títulos brasileiros aumente, também em função da expectativa do grau de investimento em 2008 ou 2009. Nos próximos meses, uma certa indefinição ainda pode pairar, ressalva. "Nesse cenário, para aqueles que vão resgatar entre seis meses e um ano pode não ser o melhor momento para comprar prefixados", afirma Maia. "A retomada dos cortes de juros ainda está um pouco incerta."


Já Sérgio Goldenstein, estrategista da Arx Capital, é mais otimista e acredita que os prêmios embutidos nos títulos estão interessantes. "Nossa perspectiva é de que a redução da Selic possa ser retomada a partir de março, não vemos pressões de inflação que justifiquem o contrário", analisa. Pelas projeções do economista, que já foi chefe de mercado aberto do Banco Central, a inflação em 2008 pode ficar em cerca de 3,7%. Para ele, o prêmio mais atrativo está nos papéis, como as NTN-Bs, no meio da curva de vencimentos, ou seja, nem muito curtos e nem longuíssimos. "Esses títulos são mais interessantes para os investidores que puderem manter os papéis até o vencimento", pondera ele. A NTN-B teria ainda uma proteção a mais contra eventual alta do dólar no longo prazo, caso o IPCA refletisse as conseqüências dessa variação.


Os investidor pode encontrar esses títulos também em fundos de investimento prefixados, mas Abbud lembra que as diferenças entre as carteiras dos fundos são muitas e o investidor deve estar atento para o grau de exposição do gestor a prefixados e para o prazo médio dos títulos. "Ele poderá fazer a aposta certa, mas não levar o rendimento todo, se o gestor for mais conservador do que pensou."

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Banco público, juro menor

Jornal da Tarde 12/11/2007
Caixa, Nossa Caixa e BB cobram taxas mais baixas


Os bancos públicos são os que cobram as menores taxas de juros no empréstimo pessoal e no cheque especial. Isso é o que mostram os levantamentos mensais feitos pela Fundação Procon de São Paulo (Procon-SP)no período de janeiro a outubro deste ano. No empréstimo pessoal, a Nossa Caixa lidera de fevereiro até agora; no cheque especial, os menores índices foram os da Caixa Econômica Federal (ver quadro nesta página).

As pesquisas do Procon-SP consideram taxas máximas pré-fixadas para clientes pessoas físicas não preferenciais (que têm pouco tempo de relacionamento com o banco). No caso do cheque especial, a média vale para o período de 30 dias e no empréstimo pessoal, a taxa refere-se a contrato de 12 meses.

Na opinião de Valéria Garcia, diretora de Estudos e Pesquisa do Procon-SP, os índices menores destes bancos estão, em parte, relacionados à função social que têm, com financiamentos de políticas públicas e de pessoas de baixa renda. Apesar disso, ela afirma que antes de optar por alguma instituição financeira o consumidor deve pesquisar bastante. A atenção, diz Valéria, deve estar voltada às diversas taxas que podem ser cobradas no momento da contratação de um empréstimo.

A técnica recomenda também que os consumidores procurem barganhar. Ela informa que na busca, a pessoa não deve ater-se apenas à instituição financeira em que tem conta. 'Os bancos têm interesse em atrair clientes e os consumidores devem aproveitar a competição entre eles para negociar.'

Para Mario Ferreira Neto, superintendente nacional de cliente de média e alta renda da Caixa, os índices apontados nas apurações do Procon-SP devem-se principalmente ao fato de que a Caixa busca mais espaço no mercado por conta da confiança no crescimento da economia. Ferreira Neto acrescenta que a instituição tem procurado acompanhar a queda da Selic, a taxa básica de juros da economia, hoje em 11,25% ao ano. 'Procuramos repassar', diz. Ele não tem como afirmar se as taxas continuarão em queda e portanto, as próximas ações dependerão das decisões que o Banco Central tomar.

O Banco do Brasil (BB) tem, até o momento, a segunda menor taxa média mensal de cheque especial do mercado, na casa dos 7,56% segundo o Procon-SP. Para Geitiro Genso, gerente-executivo de varejo do BB, o principal motivo está na pré-aprovação de diversas linhas de crédito oferecidas, como financiamento para compra de produtos de informática e para viagens. 'Os clientes têm condições de fazer as operações nos terminais de auto-atendimento, sem a interferência de ninguém', acredita. Genso informa que esta política faz com que o banco diminua seus custos operacionais, o que reflete nas taxas cobradas dos clientes.

A reportagem do Jornal da Tarde também comparou as pesquisas de janeiro com a de outubro deste ano feitas pelo Procon-SP. No empréstimo pessoal, entre os bancos analisados a maior queda foi registrada no Banco Real, 6,34%. Enquanto o índice de janeiro marcava 6,30%, em outubro desceu a 5,90%. A segunda maior queda foi anotada na Caixa. O índice de 4,68% de janeiro transformou-se em 4,49% em outubro, uma redução de 4,05%.

O HSBC, na contramão das demais instituições, de acordo com o Procon-SP, elevou os juros. A média de 4,18% cobrada em janeiro deste ano foi para 4,56% pelos números de outubro, um aumento de 9,09%. Segundo Luciana Sammarco, responsável por desenvolvimento de produto do banco, houve um equívoco na apuração do Procon-SP. Segundo ela, em janeiro a pesquisa considerou a taxa mínima do produto, enquanto em outubro levou-se em conta a chamada taxa sugerida. Luciana explicou que há três tipos de índices: o mínimo, o sugerido (recomendado para determinados clientes, aqueles que já mantêm um bom relacionamento com o banco), e o máximo. 'A diferença entre os índices é grande', afirma.

No cheque especial, dos dez bancos pesquisados apenas três apresentaram variações entre janeiro e outubro. A maior delas foi registrada no BB, de 7,70% para 7,56%, uma redução de 1,81%.

Procurada pelo JT, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) não quis se pronunciar sobre os levantamentos. Afirmou apenas que as respostas caberiam às próprias instituições.

Renda fixa é a maior aposta estrangeira

Valor Econômico
Fabio Graner
O Estado de S. Paulo
12/11/2007

Expectativa de melhora na classificação de risco do País já provoca corrida por compra de títulos públicos

Apesar de o ano de 2007 registrar uma sucessão de recordes de pontuação do Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), exibindo um apetite considerável dos investidores nacionais e estrangeiros pelas ações brasileiras, os números revelam que os estrangeiros preferiram, pelo menos até agora, investir em títulos de renda fixa. Dados do Banco Central (BC) mostram que, de janeiro a setembro, o investimento líquido dos estrangeiros em ações somou US$ 14,7 bilhões. Já os investimentos em títulos de renda fixa chegaram a US$ 21,1 bilhões. Nos mesmos nove meses do ano passado, a relação foi inversa: as ações tiveram a preferência, com ingresso líquido de US$ 4,7 bilhões, enquanto a renda fixa ficou com US$ 1,3 bilhão.

Somados, os investimentos em carteira no ano acumulam ingressos líquidos de US$ 35,467 bilhões, volume maior do que os US$ 28 bilhões que entraram no País para a produção, o Investimento Estrangeiro Direto (IED). As compras líquidas de ações e títulos de renda fixa superam, inclusive, a previsão de ingressos de IED para o ano, que é de US$ 32 bilhões, o que implicaria uma elevação de 70% em relação a 2006. Os investimentos em carteira, na comparação com janeiro a setembro de 2006, quando somaram US$ 1,7 bilhão, cresceram cerca de 21 vezes.

A DIFERENÇA

Em termos de entradas de recursos, os volumes para renda fixa e ações são semelhantes, na casa de US$ 69 bilhões em cada um deles. A diferença está na manutenção do investimento. Enquanto as saídas dos estrangeiros posicionados em ações somaram US$ 54,5 bilhões, as da renda fixa ficaram em US$ 48,6 bilhões, o que pode indicar um impacto maior da crise externa no mercado acionário, que, por natureza, é mais volátil que a renda fixa.

Na estatística do BC, não são consideradas operações internas de investidores estrangeiros, ou seja, casos em que o investidor comprou um título direto lá de fora e, depois, dentro do Brasil, trocou de investimento, comprando ações.

Para o economista-chefe da GAP Asset Management, Alexandre Maia, há uma combinação de fatores que podem explicar o fenômeno dos investimentos em renda fixa superarem as ações.

Além do benefício fiscal aos estrangeiros em títulos públicos, concedido ainda no primeiro semestre de 2006, e das taxas de juros no Brasil ainda estarem acima da média de outros emergentes, Maia destaca que a sinalização cada vez mais clara de que o País caminha para atingir o grau de investimento atraiu para a renda fixa muitos investidores institucionais de longo prazo.

"Os investidores estão percebendo que o investment grade está vindo rapidamente", afirmou Maia. "Esses investidores institucionais, que trabalham com outro horizonte de investimento, apostam no carregamento de papéis do Brasil por mais tempo."

Maia adiciona a esses fatores a situação de estabilidade econômica e política e o crescimento econômico mais sólido. Ele destacou o fato de que o apetite maior do estrangeiro pela renda fixa começou por volta de março deste ano. Segundo Maia, naquele mês os investimentos em títulos de curto, médio e longo prazos atingiram US$ 4,1 bilhões no acumulado em 12 meses, ante US$ 1,3 bilhão no final de 2006. Nos 12 meses encerrados em setembro, esses investimentos atingiram US$ 25,45 bilhões.

"PARAÍSO TROPICAL"

O economista da GAP minimiza o fato de os investimentos em carteira superarem o IED. Para ele, os dois são muito bem-vindos. "O fato é que o Brasil está se firmando como um pólo de atração de investimentos, em seu significado mais amplo".

Para o professor da PUC-SP, especialista em setor externo, Antônio Corrêa de Lacerda, o que está por trás do melhor desempenho da renda fixa é a combinação de política monetária e cambial, com juros altos e câmbio em trajetória de valorização. "Isso favorece muito a arbitragem e explica o interesse do investidor estrangeiro em renda fixa. É o que chamo de paraíso tropical". Ele destacou também o efeito da isenção de IR para investidores em títulos públicos e a proximidade do grau de investimento.

BM&F replica em seu IPO o filtro antiespeculadores

Valor Econômico
Por Adriana Cotias
12/11/2007


O controverso filtro inaugurado na oferta pública inicial (IPO, em inglês) da Bovespa Holding para barrar especuladores de primeira hora será replicado na venda de ações da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). A operação pode beirar os R$ 5 bilhões (com o lote extra), gigantismo similar ao observado no IPO da Bovespa, que movimentou R$ 6,625 bilhões. As reservas começam no dia 19 e se estendem até o dia 27.


A oferta consistirá na venda de 260,161 milhões de ações ordinárias (ON, com voto), avaliadas entre R$ 14,50 e R$ 16,50. De 10% a 20% dos papéis serão direcionados ao público de varejo, para encomendas entre R$ 5 mil e R$ 300 mil. No ato da reserva, o investidor terá de se classificar como "com" ou "sem prioridade de alocação". Ao se identificar como preferencial, o candidato a minoritário da bolsa de futuros autoriza a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) a investigar o seu comportamento de manutenção dos ativos nas últimas quatro ofertas públicas de ações ou certificados de ações, o que significa, em tese, avaliar os IPOs da Laep Investments, Amil Participações, Helbor e o da própria Bovespa HLD.





Nessa peneira, vai passar o aplicador que manteve saldo de 80% das ações adquiridas em, pelo menos, três das quatro ofertas consideradas após o primeiro dia de negociação na bolsa. Quem não se classificar como prioritário, cairá automaticamente no limbo dos não-preferenciais e, na hora do rateio, pode ficar sem nada, como ocorreu na oferta da Bovespa HLD. O mecanismo da CBLC foi criado para dar a opção aos emissores e coordenadores das ofertas de privilegiar os investidores de varejo com perfil de longo prazo e coibir a atuação dos "flippers", que vendem os papéis das novatas logo no primeiro pregão.


Só que, com a alta de mais de 50% das ações da Bovespa HLD na estréia, em 26 de outubro, muitos investidores que nunca haviam participado de ofertas públicas acabaram se rendendo ao apelo do lucro rápido, se desfazendo dos papéis. Isso não quer dizer que eles não sejam elegíveis, agora, ao IPO da BM&F, pois isso dependerá do comportamento em outras três ofertas. Se não participou de nenhuma outra, o aplicador pode ainda ser considerado preferencial e levar até R$ 20 mil. O não-prioritário ficará, no máximo, com R$ 5 mil no caso de rateio.


No mercado, chegou-se a comentar que o filtro utilizado na oferta da Bovespa HLD não teria funcionado e que os "flippers" conseguiram passar. Só que a maioria das ofertas consideradas para a avaliação do filtro na ocasião veio a mercado no meio do burburinho da crise das hipotecas americanas de alto risco, com o varejo mostrando pouco apetite para participar, o que, de cara, inibiu a atuação dos "flippers". As operações avaliadas foram as da General Shopping, que contou com menos de 5 mil investidores pessoas físicas; Cosan Limited, com 1,6 mil CPFs, Satipel Industrial, com 6,8 mil participantes, além da SulAmérica, um pouco mais disputada, com cada aplicador levando, no máximo, 222 ações.


Quaisquer desses números destoam dos resultados do IPO da Bovespa HLD, que atraiu 63.929 CPFs, a maior participação do varejo num IPO no Brasil. Cada aplicador levou para casa 526 ações, o equivalente a R$ 12,1 mil. Apesar da dispersão, o varejo ficou com menos de 10% das ações vendidas, com um total de R$ 556,5 milhões. Como a demanda superou em 20 vezes a oferta, os investidores classificados como "sem prioridade" foram excluídos da operação. Já os estrangeiros abocanharam 78% das ações.


A oferta da BM&F tem ingredientes para repetir, em alguma medida, o sucesso do IPO Bovespa HLD, embora a expansão da bolsa de futuros no mercado local seja considerada mais limitada, pela natureza do negócio. Com o foco em derivativos, a BM&F atua num nicho em que há forte concorrência das bolsas estrangeiras. Em contrapartida, a listagem no pregão facilitaria uma eventual consolidação, pois a moeda de troca passa a ser ações. No mês passado, o CME Group, de Chicago, que controla a maior bolsa de derivativos do mundo, comprou 10% da BM&F por R$ 1,3 bilhão. Antes disso, a bolsa já havia vendido 10% do seu capital para o fundo americano General Atlantic Private Equity, por R$ 1 bilhão.


Com o IPO, a BM&F vai colocar até 33,2% do seu capital em circulação no mercado. A exemplo da oferta da Bovespa HLD, todo o dinheiro levantado vai para o bolso dos acionistas vendedores, as corretoras e pessoas físicas detentoras dos títulos patrimoniais, que foram convertidos em ações no processo de desmutualização. As corretoras manterão uma participação de cerca de 65% no negócio.


Entre os riscos descritos no prospecto, a BM&F cita a falta de experiência em atuar com fins lucrativos. Além disso, adverte que podem surgir eventuais contingências fiscais, já que a Receita Federal questionou numa solução de consulta se a legislação brasileira permitiria a transferência do patrimônio de uma associação sem fins lucrativos para uma sociedade com finalidade de lucros, colocando em xeque o processo de desmutualização das bolsas.

Aposentadoria variável

Valor Econômico
Por Danilo Fariello
12/11/2007


De julho a outubro, os planos de previdência aberta conservadores - renda fixa e DI - perderam quase R$ 700 milhões por terem sofrido mais saques do que depósitos. São agora os fundos de previdência mais agressivos - balanceados e multimercados - que dão o tom das captações no setor. Também desde julho, R$ 4,4 bilhões aportaram nessas carteiras. A reversão do saldo de captações dos planos conservadores, de positivo para negativo, e a forte demanda pelos mais agressivos indica que há transferência de recursos em direção aos planos com ações.


Segundo executivos do setor, ainda são raros os participantes que sacam aplicações da previdência para colocar o dinheiro no bolso. Eles afirmam que os resgates líquidos dos planos conservadores não significam retiradas, mas transferências. "Já está em curso uma migração de investidores dos planos mais conservadores para os mais agressivos", diz Sandro Bonfim da Costa, gerente de desenvolvimento de produtos da Brasilprev. Além disso, na seguradora, 61% dos novos depósitos dos participantes de alta renda têm destino nos planos com ações. Do total aplicado, um terço dos recursos em Plano Gerador de Benefícios Livre (PGBL) ou Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL) da Brasilprev está aplicado atualmente em planos com renda variável.


A migração é motivada principalmente pelo ganho recente dos fundos com ações e pelo encolhimento do retorno dos planos conservadores. A alta de 66% do índice Bovespa (Ibovespa) nos 12 meses encerrados em outubro levou os planos balanceados e multimercados a renderem, respectivamente, 19,65% e 26,15% no período. Enquanto isso, os planos de renda fixa e DI subiram, pela ordem, 11,98% e 10,01% em 12 meses.


O mercado de previdência privada aberta, o mundo dos PGBLs e VGBLs, continua a crescer em proporções vistosas no país, sem qualquer outro paralelo no mercado financeiro. Neste ano, até outubro, houve um incremento de R$ 8,89 bilhões em depósitos nos fundos do setor, segundo dados do site Fortuna. Essa quantia é mais do que 10% do patrimônio atual do setor, de R$ 87 milhões, segundo a consultoria. A despeito desse crescimento, porém, ocorre essa situação inédita ou impensável há alguns meses, de saques nos planos conservadores e depósitos intensos nos agressivos. Os fundos de renda fixa e DI compõem mais de 90% do mercado e costumavam ser destino certo de cada centavo aplicado em PGBL ou VGBL até há dois anos.


Atualmente, as seguradoras vêem essa corrida para aplicações em carteiras com mais risco. Os planos de previdência com ações, porém, não são tão agressivos quanto os fundos de investimento. Segundo regra da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o limite do patrimônio que planos de previdência podem aplicar em ações é de até 49%.


O ganho de espaço dos planos agressivos ante os mais conservadores é um caminho sem volta, avalia Luciano Snel, diretor de produtos da Icatu Hartford. "Com a taxa de juro em níveis menores - atualmente a Selic está em 11,25% ao ano -, as pessoas percebem que têm de buscar outras alternativas para lucrar mais." Em uma eventual crise de curto prazo, pode haver alguma desaceleração nesse ritmo de crescimento maior dos planos agressivos, mas seria apenas um soluço, prevê Snel. "Se não houver nenhuma mudança estrutural que acabe com as perspectivas futuras atuais, essa situação não mudará."


A tendência de migração para a renda variável também é percebida entre os fundos de investimento destinados aos investidores de varejo, comenta Marcelo D'Agosto, sócio do Fortuna. De acordo com relatório da consultoria, os fundos de ações oferecidos pelos bancos de varejo receberam R$ 11,3 bilhões em captação líquida neste ano, até outubro, e os planos de previdência com bolsa receberam depósitos de R$ 7,8 bilhões.


Evidências indicam que o esforço de popularização dos fundos de ações feito pelos bancos de varejo ao longo dos últimos meses beneficiou, também, os planos de previdência com ações, diz o relatório mensal do Fortuna. "As seguradoras mais atentas a essa evolução recente do mercado conseguiram tirar um melhor proveito dessa mudança de tendência da preferência dos investidores, adaptando e criando novos produtos para atender a uma demanda crescente por aplicações de maior risco."


O mercado de previdência passa também a oferecer PGBLs e VGBLs com ações cada vez mais sofisticados. Nos últimos meses, seguradoras passaram a distribuir produtos que regulam a parcela de ações automaticamente conforme o tempo passa, para os mais idosos ficarem mais conservadores; fundos com ações que pagam bons dividendos; planos com alguma relação com sustentabilidade; entre outros novos modelos disponíveis.


Das migrações entre carteiras dentro da própria Icatu neste ano, mais de 80% delas tiveram destino em carteiras mais agressivas que aquelas de origem. Segundo Snel, os planos mais procurados ainda são aqueles com uma parcela menor de ações, com 10%, 20% apenas. "Eles começam com um pequeno percentual em ações para se acostumar."


A migração para planos com renda variável, porém, torna mais incerta a expectativa de retorno na aposentadoria, principalmente se o participante mira a renda mensal vitalícia. Em um plano puro de renda fixa, o participante normalmente estima uma taxa de retorno ao ano e projeta quanto investir mensalmente para ter a renda pretendida. Todas as seguradoras oferecem essa simulação. No entanto, com ações em carteira, fica mais difícil ainda acertar essa previsão de retorno anual.


Snel, da Icatu, acha que um dos motivos para a recente migração dos participantes para a renda variável seria a revisão dessas projeções de renda futura, com juros mais baixos na renda fixa. Com o retorno menor da taxa de juro, os aplicadores teriam de regular para cima o volume aplicado periodicamente para acertar na renda que desejam no futuro.


"Mas, conforme a taxa de juro cai, os investidores podem perceber também que seria necessário arriscar mais para tentar preservar o ganho alto." Nesse sentido, os participantes de planos de previdência devem ter em mente que, não apenas a previsibilidade cai, como a oscilação e o risco aumentam.
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