sábado, 18 de agosto de 2007

Descontos de até 70%

Jornal da Tarde 18/08/2007

Outlets são uma boa opção para quem procura produtos de qualidade com preço baixo
Quem gosta de fazer boas compras sem gastar muito pode aproveitar as ofertas das lojas de fábrica - as chamadas outlets. Nesses locais é possível comprar desde roupas e calçados até móveis, cosméticos e comida. Os produtos são de coleções passadas ou fora de linha, com descontos de até 70%.


Quem precisa dar uma ‘cara nova’ ao lar pode encontrar boas opções na Tok Stok. A ponta de estoque fica em Tamboré (Grande São Paulo), mas os descontos de até 70% compensam a distância. A mesa Orbi, por exemplo, sai pela metade do preço - de R$ 485 por R$ 242,50. Na Breton Actual Outlet, que fica em São Bernardo do Campo (Região do ABCD), são mais de 2 mil itens com descontos de até 70%. Caso da poltrona Bali, à venda por R$ 225 - nas outras unidades da marca, que não são outlets - o preço é R$ 450. A Etna também dá descontos de até 70%, na sua loja no Brooklin (Zona Sul), onde há itens que eram de mostruário.

A mulher que gosta de se manter bonita pode aproveitar os outlets de cosméticos. Neles há produtos com rótulos ou embalagens antigas, mas dentro do prazo de validade e com preços convidativos. A Phytá Cosméticos , que fica na Galeria Extra Itaim (Zona Sul), vende cosméticos e perfumes importados com abatimentos de 40% a 70%. A Outlet da marca Revlon fica na loja Ikesaki, no bairro da Liberdade (região central), e vende artigos de maquiagem por menos da metade do preço. A sombra que custava R$ 45,23 está por R$ 19,17 (economia de 57%). Já o batom está ainda mais em conta: de R$ 34 por R$ 7,23.

O setor de vestuário é o que mais concentra outlets. É possível encontrar lojas de fábrica de roupas de festa, moda praia, artigos esportivos e lingerie. A Blue Beach vende moda praia e ginástica. São sungas por R$ 20 e biquínis por R$ 25. A Any Any tem descontos de até 70% em lingeries, pijamas e camisolas. Chinelos de R$ 59 saem por R$ 19 e camisola de algodão de R$ 59 por R$ 29. A grife Ellus tem sua ponta de estoque no Shopping SP Market (Zona Sul), e o abatimento chega a 70%. Uma calça jeans, por exemplo, que custa R$ 359 é vendida a R$ 198. As marcas Zoomp e Zapping são vendidas na loja Drappo, também no Shopping SP Market, com descontos de 50% sobre o preço cheio.

No setor de calçados, a Drastosa, na Lapa (Zona Oeste), vende artigos da marca Nike. Lá tem produtos nacionais e importados até 70% mais baratos. O tênis Nike Shox, que é vendido por R$ 549 nas lojas tradicionais, pode ser encontrado por R$ 269.

O vendedor Fábio dos Santos há sete anos freqüenta a Drastosa. “Além do preço, os produtos aqui são de ótima qualidade”, garante. Santos trabalha no bairro do Tatuapé (Zona Leste), mas não se incomoda em atravessar a Cidade para fazer compras. “Sempre ligo para saber quando chegam as novidades.

A analista de sistemas Telma Castro, 45 anos, é uma adepta dos outlets. “Tenho dois filhos adolescentes e para eles a marca é importante, por isso, tenho de buscar o melhor preço.” Ela diz que o valor mais baixo vale a pena, mas ensina: “É preciso sempre procurar as promoções, mesmo nas outlets”. '

Tenho dois filhos adolescentes epara eles marca é importante, por isso tenho de sempre buscar o melhor”
TELMA CASTRO, ANALISTA DE SISTEMAS

'Além do preço, os produtos são de ótima qualidade. Sempre ligo para saber quando chegarão as novidades”
FÁBIO DOS SANTOS,VENDEDOR

CONFIRA ALGUMAS DAS OFERTAS NOS OUTLETS

MÓVEIS

Tok Stok
Av. Tucunare, 550, Tamboré
Tel: 2186-8600

Móveis e objetos de decoração
com descontos de até 70%

Vela Coelho de R$ 26 por R$ 13
Campoelho Espeto Decorativo de R$ 4,50 por R$ 2,25
Mesa Orbi de R$ 485 por R$ 242,50

Breton Actual Outlet
Shopping Emporium ABC
Av. Rudge Ramos, 790 (Km 14 da Via Anchieta)
São Bernardo do Campo
Tel: 4362-5244
Mais de 2 mil itens entre móveis, objetos de decoração e almofadas com descontosde até 70%

Poltrona Bali em alumínio branco fosco de R$ 450 por R$ 225
Mesa Redonda Vidro Temperado de R$ 890 por R$ 450

Etna
Av. Engenheiro Luís Carlos Berrini, 2.001, Brooklin
Tel: 0800 702 80 12
Dentro da loja há um espaço reservado para venda de peças de mostruário. Os descontos chegam a até 70%

PERFUMES E COSMÉTICOS

Outlet Phytá Cosméticos
Galeria Extra Itaim
Rua João Cachoeira, 899,4º piso, loja 19
Tel: 3078-4497Perfumaria e cosméticos com desconto de até 70%
Perfume Aramys Life Spray 50 ml de R$174 por R$ 51
Outlet Revlon
Ikesaki
Rua Galvão Bueno, 37, Liberdade
Tel: 3208-6944
Maquiagem com descontos de até 50%
Batom de R$ 34 por R$ 7,29
Sombra de R$ 45,23 por 19,17
Perfume Charlie de R$ 62 por R$ 15,50

COMIDA
Loja de Fábrica Pan
Rua Maranhão, 835, São Caetano do Sul
Tel: 4224-1666
Chocolate ao leite, diets, recheados, trufados, de tamanhos variados e também com finas embalagens para presente. Todos os produtos da marca com descontos variados

MODA
Blue Beach
Av. Leôncio de Magalhães, 1.477 Tel: 6977-0011
Moda praia e ginástica com descontos de até 50%
Biquínis por R$ 25 Sungas por R$ 20
Any Any
Rua da Paz, 1.855
Tel: 5181-2177 ramal 217 Lingeries, pijamas e camisolas com desconto de até 70%
Camisola de algodão de R$ 59 por R$ 29
Short doll cetim de R$ 35 por R$ 15
Chinelos de R$ 59 por R$ 19
EllusShopping SP Market
Av. das Nações Unidas, 22.540
Tel: 5523-2777
Roupas masculinas e femininas com descontos de até 70%
Calça jeans de R$ 359 por R$ 198
Casaco de R$690 por R$ 289
Calça social feminina de R$ 229 por R$ 59
Zoomp e Zapping (Drappo)
Shopping SP MarketAv. das Nações Unidas, 22.540
Tel: 5541-2271 / 5541-2272
Roupas masculinas e femininas com descontos de até 50%
Calça jeans de R$ 209 por R$ 59,90
Calça de R$ 199 por R$ 59,90
Blusinha de R$ 99 por R$ 27

SAPATOS E ACESSÓRIOS
Drastosa
Rua Luiz Gatti, 603, Lapa
Tel: 2176-5300
Roupas esportivas e tênis com descontos de até 70%
Tênis Nike Shoxde R$ 549 por R$ 269
Jaquetas de R$ 199 por R$ 129
Calças de R$ 99 por R$ 69
Fernando Pires Bazar
Site
Tel: 3063-3014
Sapatos, cintos e bolsas com descontos de 70%
Bota Havana de R$ 662 por R$ 198,60
Cinto feminino metalizado de R$ 198 por R$ 78
Sandália de pelica e ráfia de R$ 430 por R$ 129
Reebok Outlet
Shopping Light
Rua Coronel Xavier de Toledo, 23, loja 329, 4º piso, Centro
Tel: 3258-1590 Produtos esportivos e tênis com descontos de até 70%
Tênis de R$ 500 por R$ 300
Jaqueta de R$ 199 por R$ 69
Side Walk
Rua Augusta, 2.751 Tel: 3064-7374
Moda feminina e masculina com descontos de até 50%
Sapato masculino de R$ 218 por R$ 98
Camiseta pólo de R$ 94 por R$ 44

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Bolsa entre amigos


Clubes de investimento atraem investidores de primeira viagem. E você, já pensou em montar um?

Detalhes no atalho a seguir:

http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/516/artigo58351-1.htm?o=r

Ibovespa chega a cair 8,82%, mas fecha em baixa de 2,58%

Valor Econômico 17/08/2007

Daniele Camba

O pregão de ontem irá ficar na história, mas a maioria dos profissionais e investidores gostaria mesmo é de esquecê-lo. Os mercados no mundo inteiro amargaram perdas relevantes e o Brasil figurou ente os países com as maiores quedas durante o pregão. O Índice Bovespa começou a quinta-feira já assustando a todos, com queda de mais de 4%. No início da tarde, com rumores de que fundos brasileiros estariam num forte movimento de redução de posições em mercados futuros, o índice entrou em queda livre e chegou a cair 8,82%, voltando para a casa dos 44 mil pontos, níveis de março deste ano.
Se o indicador fechasse nesse percentual, só seria melhor que o pregão de 11 de setembro de 2001, no dia do ataque terrorista às torres gêmeas nos EUA, quando o Ibovespa chegou a cair 9,18% e os negócios foram suspensos. E também de 14 de janeiro de 1999, quando houve a desvalorização do real frente ao dólar. Naquele dia, o índice chegou a cair mais de 10% e o pregão foi interrompido por meio hora (prática conhecida como "circuit breaker") e, quando voltou, fechou em queda de 9,96%. Mas o cenário de fechamento de ontem ficou longe do banho de sangue que se viu durante os negócios. Nas últimas duas horas de pregão, os preços começaram a se recuperar e o Ibovespa, pasmem, fechou em queda de 2,58% aos 48.015 pontos, menor nível desde 13 de abril, quando encerrou em 47.926 pontos. Por incrível que pareça, percentualmente, a perda de ontem foi menor do que a de quarta-feira, quando o índice caiu 3,19%.
"Esse nível de volatilidade que se viu hoje (ontem) é um caso típico de um mercado que perdeu totalmente a racionalidade e ficou tomado pelo pânico", diz o diretor de uma grande corretora. Ele acredita que o tamanho dessa oscilação em um único dia deve estar entre as maiores da história da Bovespa. Em um dia como o de ontem, o mercado entra num círculo vicioso difícil de estancar. Quanto mais cai, mais os investidores vendem seus papéis a qualquer preço, potencializando ainda mais as quedas.

Por mais difícil que seja, o melhor numa hora dessas é manter a calma e esperar a poeira baixar para só depois pensar o que fazer com os investimentos. O volume financeiro da bolsa ontem de R$ 8,4 bilhões mostra, no entanto, que foi difícil encontrar um investidor que seguiu esse conselho. "Quem vendeu suas ações quando o Ibovespa caía quase 9% se descabelou ao ver o índice fechar em queda de 2,5%", diz o diretor. As ações começaram a se recuperar porque uma parte dos investidores percebeu que seria o momento de comprar papéis de empresas com excelentes fundamentos e a preços muito menores do que há um mês, diz o superintendente de renda variável do Banif Banco de Investimento Nami Neneas. "O cenário de crescimento econômico brasileiro maior ainda está intacto e as empresas voltadas ao mercado interno continuam com boas perspectivas", diz.
Passado o dilúvio de ontem, a questão agora é saber o que será de hoje. A maioria dos analistas afirma que, depois de um dia com perdas tão acentuadas, o mercado geralmente tem um pregão de recuperação, por mais tímida que ela seja. "Se tivesse que apostar, apostaria que a bolsa amanhã (hoje) deve passar por uma reação, até porque as quedas podem mexer com os brios do Fed (Federal Reserve, o banco central americano)", diz Neneas. Ele acredita que o certo seria o Fed começar a cortar os juros, já que os números mostram que a economia americana dá sinais maiores de fraqueza.
Daniele Camba é repórter de Investimentos

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

A previdência e o risco

Valor Econômico 16/8/2007

Luciana Monteiro

A crise internacional dos mercados financeiros pegou os investidores de previdência privada em pleno processo de aumento de risco de suas aplicações. Com a taxa de juros no menor nível da história do país, muitos resolveram diversificar com fundos que investem em ações. Dados do relatório mensal do site financeiro Fortuna mostram que cresceu fortemente em julho a captação em fundos de renda variável, ou seja, ações e multimercados, enquanto os fundos DI e renda fixa tiveram saques pela primeira vez.
Diante da correção atual dos mercados, no entanto, muitos se perguntam o que fazer: manter as aplicações ou migrar? Os especialistas dizem que não há motivos para pânico, já que, pela legislação, os planos de previdência podem aplicar no máximo 49% dos recursos em ações, sendo o restante em renda fixa, o que dilui as perdas. Outra razão para o investidor manter a calma é que esses fundos têm uma tributação diferente e que pune os que sacam no curto prazo. Portanto, o risco para os afobados é perder dinheiro no mercado e no imposto de renda ao sacar.
Uma das vantagens é que ninguém aplica uma parcela grande do patrimônio em previdência. Em geral são aplicações menores e periódicas, que diluem as perdas ao longo do tempo. E que têm de ter horizonte de longo prazo, lembra Antonio Cássio dos Santos, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) e da Mapfre Seguros. "Qualquer que seja a decisão de investimento, o objetivo é sempre maximizar o volume acumulado, portanto, um portfólio diversificado é muito importante", diz. "A experiência mostra que, no longo prazo, a bolsa tende a superar a renda fixa".
A queda da bolsa abre muitas oportunidades de investimento, pois as companhias continuarão pagando bons dividendos, avalia Paulo Werneck, diretor da asset da Icatu Hartford. "Não dá para dizer por quanto tempo a volatilidade vai continuar, mas não houve alteração nos fundamentos da economia brasileira, o que faz da bolsa um ativo que continua interessante", diz. E o executivo dá um conselho não só para quem tem planos de previdência com renda variável, mas para todos os investidores de ações: "Não adianta se desesperar, qualquer decisão emocional neste momento corre o risco de ser equivocada." Para o executivo, se o investidor ficar desesperado e atingir um determinado limite estipulado por ele mesmo para perdas, é melhor realizar o prejuízo e voltar para a bolsa mais tarde. "Para o investimento em bolsa, é preciso disciplina."
Dados do relatório mensal do site financeiro Fortuna - feito com exclusividade para o Valor - mostram que, somente em julho, R$ 1,234 bilhão ingressaram em planos que aplicam em ações, classificados como balanceados ou multimercados. O número supera a captação de R$ 857 milhões desses fundos em junho, até então, o melhor mês para a categoria. Em contrapartida, entre os DI e renda fixa, houve resgates de R$ 192 milhões em julho, ante entradas de R$ 204 milhões no mês anterior.
Quando se observa o levantamento geral pode-se ver, no entanto, uma diferença em relação ao gráfico. Por exemplo, os DIs apresentaram em julho resgates líquidos (entradas menos saídas de recursos) de R$ 8 milhões enquanto na renda fixa a captação líquida somou R$ 435 milhões no mês. Segundo Marcelo D"Agosto, sócio do Fortuna, essa diferença se deve porque muitos fundos balanceados ou multimercados dividem os recursos que recebem comprando cotas de carteiras de renda fixa e de ações. Isso acaba inchando a captação da renda fixa quando se olha somente a categoria geral, diz.
Os saques nos fundos DI e Renda Fixa em julho no levantamento especial chamam ainda mais a atenção quando se observa que essas carteiras representam cerca de 85% do mercado de fundos de previdência, para apenas 15% dos fundos balanceados e multimercado, diz o relatório do Fortuna.
Se o mercado continuar muito tenso, essa tendência de aplicações em renda variável poderá se reverter, afirma Marco Antonio Rossi, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência. "Mas ainda é muito cedo para saber", avalia. O investidor de previdência tem um objetivo que é de longo prazo, portanto, tem de olhar a aplicação num prazo maior, de 10 ou 15 anos. "Portanto, não faz sentido ficar olhando a rentabilidade no mês."
Para quem está mais próximo de se aposentar, os especialistas do setor recomendam maior conservadorismo. Já para aqueles que permanecerão na aplicação durante muitos anos, é possível arriscar um pouco mais, pois esses movimentos de correção na renda variável tendem a se diluir no longo prazo, diz Rossi. O executivo conta que, no Bradesco, há dois anos, 90% dos recursos em planos de previdência estavam em renda fixa e hoje esse percentual é de 65%.
Normalmente, quando o cenário não está muito bem definido, os gestores dos fundos de previdência tendem a reduzir a parcela investida em bolsa, lembra Renato Russo, vice-presidente de Vida e Previdência da SulAmérica. Se o gestor pode investir até 49% em ações, isso não quer dizer que o tempo todo ele aplique esse percentual máximo em renda variável. Outro alento é que, pela legislação, os planos voltados para a aposentadoria são impedidos de se alavancar, ou seja, aplicar mais recursos do que têm em carteira, o que também limita as perdas.
Na opinião de Russo, o momento pode ser de oportunidade, embora isso não signifique que não haverá muita volatilidade. São os estrangeiros que estão saindo da bolsa brasileira para gerar caixa para liquidar os problemas que eles têm lá fora, mas por aqui a economia continua robusta e as companhias mantêm lucros altos, diz. Para quem está num plano com ações, ele recomenda ao investidor não fazer qualquer tipo de migração. "Por mais que o cenário não esteja definido, não é o caso de se reposicionar, principalmente quando se fala em previdência."
Mesmo com as perdas registradas pelo Índice Bovespa, 6,37% só nesta semana, os investidores continuam aplicando em fundos mais arriscados, principalmente os clientes de maior poder aquisitivo, diz Cássio dos Santos, da Mapfre. Segundo ele, a recomendação para os planos com ações tem partido de "family offices" (escritórios de gestão de grandes fortunas) ou de private banks.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Fim do silêncio

Valor Econômico de 15/08/2007

Por Daniele Camba

O espaço para a omissão está chegando ao fim. Num mercado cada vez mais competitivo, já não basta os gestores escolherem as melhores ações e esperar até esses papéis se valorizarem. Eles precisarão participar de uma forma muito mais ativa das decisões das companhias em que investem. A proposta da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) é que todas as gestoras de recursos participem das assembléias das empresas cujas ações possuam em carteira. A idéia é que cada asset tenha a sua própria política de representação, com parâmetros claros que definam como irão atuar nessas reuniões. A exigência passará a fazer parte do Código de Auto-Regulação da Anbid a partir do ano que vem.
"Como o mercado de capitais cresceu muito nos últimos três anos e aumentou a participação dos fundos de ações e dos multimercados dentro do capital das companhias, o papel dos gestores hoje nas decisões dessas empresas ganhou ainda mais importância", diz o presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Luiz Fernando Figueiredo, justificando a proposta. A decisão da Anbid é resultado de um trabalho sobre governança corporativa no Brasil feito em conjunto com a Amec e o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e que será apresentado no ano que vem, na Colômbia, no encontro anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Com o processo de queda da taxa de juros, é nítido o aumento de ações no patrimônio total do setor de fundos no Brasil. Enquanto a participação dos títulos públicos caiu de 76,22% em dezembro de 2000 para 65,26% em junho deste ano, a parcela investida em ações subiu de 11,11% para 17,32% no mesmo período. Esse crescimento pode ser só o começo se comparado aos padrões internacionais. O trabalho das três entidades mostra que em países que atingiram estabilidade econômica, juros baixos e que ganharam o selo de grau de investimento, o que se vê é entre 40% e 50% das aplicações em ações e a outra parcela em renda fixa. O Brasil caminha para um cenário macroeconômico parecido com esse.
"Dentro desse cenário que se avizinha, é impossível os gestores manterem a passividade que eles têm hoje em relação às decisões das empresas", diz o vice-presidente do IBGC Mauro Cunha. Assíduo freqüentador das assembléias de companhias, Cunha lembra que a presença de gestores é baixíssima. O comum é encontrar representantes dos grandes fundos de pensão, como Previ, Petros e Funcef, e os gestores de assets especializadas em governança, como Investidor Profissional (IP), Dynamo, Fator e a Templeton.
Figueiredo, da Amec, acredita que alguns casos recentes são exemplos claros do poder de fogo que os minoritários podem ter em decisões relevantes das companhias. O caso mais emblemático foi o da Telemar. "Os minoritários preferencialistas compareceram em peso à assembléia e reprovaram uma reestruturação societária lesiva aos donos de PN e que abriria um precedente ruim para outras empresas fazerem o mesmo", lembra Figueiredo. No caso da compra da Arcelor Brasil pela Mittal, a reclamação dos minoritários contribuiu para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinar que a companhia estendesse a oferta à todos os acionistas (o "tag along"). No último episódio, ainda em andamento, os minoritários do Grupo Ipiranga questionam a relação de troca pelas ações da Ultrapar, na compra do grupo pela Petrobras, Braskem e Ultra. "Em todos esses casos há a contribuição de alguns gestores e, quanto mais eles forem participativos, mais os investidores terão poder de pressão junto às empresas", diz Figueiredo.
Os detalhes da decisão da Anbid ainda estão sendo alinhavados, mas já se sabe que a política de representação em assembléia que todas as assets terão de adotar seguirá as diretrizes definidas pela própria Anbid. "Teremos uma espécie de manual mostrando o que precisará constar na política de cada asset, como os parâmetros para decidir quando participará ou não das assembléias", diz o gerente da Anbid, José Eduardo Brazuna. Ele explica que a participação depende do grau de importância de cada uma das assembléias e do peso que tais ações possuem nas carteiras. "Um gestor pode não ir numa assembléia pró-forma ou de uma empresa cujas ações representem pouco dentro de seus fundos, só que esse tipo de situação precisa constar em sua política", explica Brazuna.
Ele acredita que, com as diretrizes definidas pela Anbid, será quase impossível um gestor deixar de ir em assembléias importantes de empresas relevantes dentro de suas carteiras. A política da asset deverá constar nos regulamentos e prospectos dos fundos, em versão integral ou resumida. Neste último caso, a versão integral deverá estar no site da gestora. O fato de a política ter de ser pública também deve ser útil para que as gestoras tenham as melhores práticas possíveis. "Ninguém vai querer ter uma política ruim e que todos saibam disso", prevê Brazuna.
A legislação existente é bastante flexível sobre o assunto. Pela regra de fundos da CVM, deve constar nos regulamentos e prospectos qual é a política de representação nas assembléias. "A maioria esmagadora dos gestores diz que não tem uma política e ponto final", lembra Brazuna. A autarquia já chegou a cogitar a mudança da lei, tornando o voto dos gestores em assembléia obrigatório, mas esse tipo de decisão se mostrava prematura em um momento em que a renda variável representava tão pouco no setor de fundos brasileiro, afirma o gerente da Anbid.
Muitas vezes, as administradoras de recursos ligadas a bancos não vão às assembléias por conflito de interesses, afirma o professor da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em governança, Alexandre di Miceli. "Os bancos têm outros negócios com as companhias, portanto, não é interessante que seus gestores votem contra os controladores." Ele acredita que o fato de ter uma política específica para o assunto deixará explícito esse tipo de conflito ou irá reduzi-lo. "Acredito mais nessa última hipótese", diz o especialista.
O gestor da família de fundos de governança Sinergia da Fator, Fernando Tendolini, é categórico ao dizer que é praticamente nula a participação dos gestores de bancos nas assembléias. "Quando vão, acabam se abstendo de votar", diz Tendolini. Ele conta que já chegou a ligar para grandes gestores pedindo que se unissem para votar contra questões que prejudicariam os minoritários e eles se recusaram, mesmo concordando que o melhor seria comparecer.
Figueiredo, da Amec, acredita que, se esse tipo de atitude acontecia, já melhorou muito. "Prova disso é a participação dos grandes gestores nas questões defendidas pela Amec junto às empresas, eles se mostram cada vez mais engajados", diz. Para Cunha, do IBGC, a política de representação nas assembléias irá proteger os gestores da própria pressão que os controladores das empresas possam fazer.
A questão agora é saber se esse ativismo irá encarecer as taxas dos fundos, o que significará novos custos no bolso do investidor. "Não deveria, porque, em tese, os gestores já teriam de ter essa estrutura montada", afirma o professor di Miceli.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

FUGA PARA A POUPANÇA

Correio Braziliense 14/8/2007

Vicente Nunes e Edna Simão

Somente nos sete primeiros dias de agosto, cadernetas receberam R$ 3,7 bilhões. O valor supera em R$ 200 milhões todo o saldo positivo da aplicação em julho. Movimento é liderado, em parte, por investidores assustados com o efeito da bolha imobiliária americana nas bolsas do mundo inteiro
Investidores abandonam fundos de ações, que já perderam R$ 4 bilhões, e os de renda fixa, que viram escapar R$ 3 bilhões Assustados com a grave crise financeira que faz estragos mundo afora, os investidores brasileiros estão buscando a proteção da tradicional caderneta de poupança. Somente nos sete primeiros dias de agosto, quando as turbulências lá fora se acentuaram, a poupança registrou captação líquida — depósitos maiores que os saques — de R$ 3,7 bilhões. Esse volume, segundo o Banco Central, superou todo o saldo positivo da caderneta em julho, quando cravou R$ 3,5 bilhões. Em todo o mês de agosto de 2006, a poupança havia perdido R$ 280 milhões. “Realmente, é extraordinário o comportamento da caderneta, que, mesmo antes da crise, já vinha apresentando um bom desempenho”, disse o economista-chefe da Sulamérica Investimentos, Newton Rosa.
Há dois movimentos inflando os depósitos da poupança. O primeiro é capitaneado por investidores que se assustaram com as perdas ou os baixos rendimentos de aplicações consideradas seguras, como os fundos de renda fixa. O segundo é liderado por aplicadores que ficaram com folga de caixa no início do mês, mas não quiseram entrar em mercados mais arriscados, como os de ações. Preferiram ficar na calmaria da caderneta, cujo rendimento tem sido muito compatível com o risco próximo de zero que oferece. “Os investidores estão muito nervosos. Temem que o terremoto que sacode o mundo e já provocou perdas em suas aplicações se prolongue pelos próximos meses”, afirmou o analista de investimentos da Prosper Corretora, André Segadilha.
Segundo a Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid), que consolida os dados de todos os fundos disponíveis no mercado, os maiores saques foram computados nos fundos de ações atrelados ao Ibovespa, o índice que mede o comportamento dos papéis mais negociados na Bolsa de Valores de São Paulo. Nos sete primeiros dias de agosto, o saldo dessa modalidade ficou negativo em R$ 4 bilhões. Também houve perda de rentabilidade: -2,96%. Os fundos de renda fixa mais tradicionais, que disputam com a caderneta de poupança a atenção dos investidores conservadores, os saques superaram os depósitos em R$ 3 bilhões. O ganho dos fundos, no período, ficou em apenas 0,14%, o que projeta algo como 0,60% para o mês ante o 0,86% de julho.
Não se precipite Na avaliação de Newton Rosa, o rendimento dos fundos de renda está sendo prejudicado pela diminuição do valor dos títulos prefixados, nos quais lastreiam todo o patrimônio. Esses papéis têm perdido valor porque estão aumentando as taxas de juros dos mercados futuros. “Se, olhando para frente, o mercado sinaliza taxas maiores, os títulos que têm rentabilidade definida se desvalorizam e isso bate direto nas contas dos fundos de renda fixa. É a chamada marcação a mercado, uma exigência do Banco Central”, explicou. Ele lembrou ainda que os fundos de renda fixa ficam menos atraentes porque cobram taxa de administração dos investidores e os ganhos são tributados.
Nos primeiros seis meses do investimento, os rendimentos sacados dos fundos de renda fixa pagam Imposto de Renda (IR) de 22,5%. Se o resgate for feito entre seis e 12 meses da aplicação, o tributo é de 20%. Sobre as movimentações realizadas entre um e dois anos, o IR cai para 17,5% e, a partir de dois anos, para 15%. Na caderneta de poupança, os ganhos são isentos de IR e os aplicadores não pagam taxas de administração. “No final das contas, o IR e a taxa de administração fazem diferença, sobretudo em um período de juros mais baixos”, assinalou Maria Izabel Gribel, gerente-executiva de Investimentos do Banco do Brasil. “Os investidores estão muito atentos aos detalhes das aplicações”, frisou, lembrando que, além da caderneta, os Fundos DI, atrelados aos juros futuros, têm chamado a atenção. Tanto que, nos primeiros dias de agosto, tiveram captação positiva de R$ 639 milhões, segundo a Anbid.
Com a mudança no perfil das aplicações, o superintendente Nacional de Clientes de Média e Alta Renda da Caixa Econômica Federal, Mário Ferreira Neto, prevê que a captação líquida da caderneta empate ou supere o montante recorde de R$ 1,4 bilhão de julho. Na primeira semana deste mês, o saldo foi positivo em R$ 600 milhões. “A poupança voltou a ocupar uma fatia importante da cesta de investimentos e a tendência é continuar assim”, destacou. Para Ferreira Neto é natural que parte da população procure uma alternativa mais segura em um momento de incerteza. “Isso vale tanto para os pequenos quanto para os grandes investidores”, disse.
No entender de Marcelo D´Agosto, analista do site Fortuna, que acompanha a variação diária dos fundos de investimentos, a atual crise se refletiu, principalmente, na rentabilidade dos fundos de ações. “Do pico do mercado, em 23 de julho, até agora, as perdas nesses fundos chegam a 6%”, afirmou. Os prejuízos também são evidentes nos fundos multimercados, cujo patrimônio é dividido entre vários ativos. Pelas contas da Anbid, os multimercados computaram queda de 0,27% na primeira semana de agosto. “Mas essas perdas podem se reverter. Basta o mercado recuperar a confiança. Isso vale para todos os fundos, inclusive os de renda fixa. Por isso, a importância de os investidores não se precipitarem e saírem sacando seus recursos de forma atropelada”, alertou André Segadilha. Trabalhador também perde
A forte instabilidade que faz estragos há dias não livrou nem o dinheiro dos trabalhadores. Os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aplicados em ações da Petrobras e da Vale do Rio Doce computaram significativas perdas nos primeiros sete dias de agosto. Segundo a Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid), o FGTS da Petrobras acumulou baixa de 5,29% no período. O da Vale, encolheu 4,62%.
O tamanho dessas perdas está associado ao grande volume de negócios com ações das duas maiores empresas do país. Sozinhas, elas respondem por mais de 20% de todas as ações negociadas diariamente no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Ou seja, acabam sendo as principais portas de saída do mercado em tempo de crise. E quanto maiores forem as ofertas de venda, menores os preços. Os papéis da Vale e da Petrobras são os preferidos dos investidores estrangeiros, que, desde junho, quando a crise mundial começou a se desenhar, retiraram mais de R$ 6 bilhões da Bovespa.
Apesar das perdas em agosto, os fundos de FGTS da Vale e da Petrobras continuam com ganhos expressivos, de mais de 3.000%, desde que foram criados. “É normal que, em um momento de tanta incerteza, os fundos de investimentos registrem perdas. Mas o importante é olhar para o longo prazo. Isso vale para todas as aplicações. O poupador não pode focar o olhar apenas para um momento específico e avaliar se o seu investimento é bom ou ruim”, disse André Segadilha da Prosper Corretora.
As cotas dos PIBB, o fundo de ações criado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também se desvalorizaram nos primeiros sete dias de agosto: -1,31%. À medida, porém, que o mercado acionário for recuperando o fôlego — ontem, o dia foi bem mais tranqüilo, ainda que a Bovespa tenha fechado com queda de 0,39% — a tendência é de os fundos se recuperarem.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Economize e garanta seu '14º salário'

Artigo do G1:

http://g1.globo.com/Noticias/Economia/0,,MUL86180-5599,00.html

Lei é confusa sobre descontos à vista

Correio Braziliense 13/8/2007

Edna Simão

Obrigatoriedade de especificar preços e juros em financiamentos não impede que taxas estejam embutidas em compras pagas na hora Muitas lojas insistem em não apresentar ao consumidor a diferença de preço entre um produto comprado à vista e a prazo como prevê a Lei 10.962/04 e o Decreto 5.903/06 que tratam da fixação de preços. Um projeto de lei apresentado pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), em maio de 2005, pretende dar um basta nessa situação. Quer classificar como “prática abusiva” a cobrança do mesmo valor nas compras pagas na hora e nas financiadas. Órgãos de defesa do consumidor consideram a iniciativa positiva porém insuficiente para garantir os direitos da clientela. Isso porque legislação sobre o assunto existe, porém, não é cumprida.
A coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), Maria Inês Dolci, por exemplo, não vê novidade no projeto. “A tentativa é válida, mas não é suficiente”, afirma. O governo federal editou, no ano passado, decreto que estabelece como deve ser disponibilizado o preço de produtos financiados. Pela nova norma, os comerciantes são obrigados a informar o preço à vista. Em caso de parcelamento, deve ser informado o preço à vista, o valor total a ser pago com financiamento, o número, periodicidade e valor das prestações, os juros e eventuais acréscimos. “Exigir que a loja apresente a diferença de custo entre uma compra a prazo e à vista por meio de lei não basta”, ressalta Maria Inês.
Para justificar o projeto de lei, o senador Valadares explica que as lojas estariam ocultando os juros do financiamento que normalmente viabiliza o parcelamento dos produtos. Por isso, a proposta é alterar o Código de Defesa do Consumidor (CDC) para criminalizar a prática recorrente nos dias atuais. Valadares defende que os lojistas que não conseguirem provar que estão absorvendo o custo do parcelamento — única forma de justificar o preço à vista ser igual ao a prazo — sejam processados. A pena proposta chega a três anos de detenção mais multa.
“A empresa acaba tendo dois lucros, um da venda direta do produto ao consumidor e outra através de uma operadora financeira”, explica o senador. Ele argumenta que a prática tem muitas semelhanças com a “venda casada”, recriminada pelo CDC. A maior preocupação com o que vem sendo praticado no comércio é se o cliente que está comprando à vista não tem sido penalizado pela política de parcelamento. “Nós temos percebido que as lojas se recusam a abater os juros do preço à vista se o consumidor não quer comprar a prazo. O cliente acaba tendo que ‘pechinchar’, como se fosse um favor do lojista dar um desconto”, reclama o senador.
A explicação dada por muitas lojas para oferecer um produto à vista no mesmo valor do a prazo é que absorvem os encargos com diminuição das despesas, como contratação de funcionário e a margem de lucro. Além disso, conceder descontos poderia atrapalhar na administração do fluxo de caixa da loja. O gerente da Taco do Conjunto Nacional, Hermano Francisco de Paiva Melo, segue à risca as normas da empresa e não dá desconto para pagamentos à vista. “É o mesmo valor para quem paga à vista ou a prazo. Já o gerente do Ponto Frio, também do Conjunto Nacional, José Maciel Silva, diz que consegue oferecer um desconto, “mas tem que saber pechinchar.”Comprador descrente
A moradora do Lago Sul, Paola Geovanni, de 25 anos, está pensando em comprar uma geladeira nova. Ela reclama, no entanto, que, na maioria das lojas visitadas por ela, não é oferecido desconto para pagamento no ato da compra. “É uma enganação. Quem paga à vista acaba sendo penalizado porque os juros estão embutidos”, diz indignada. “A legislação precisa garantir o direito do consumidor”, acrescenta.
Já Abílio Sousa Oliveira, do Varjão do Torto, está pesquisando os preços para comprar um presente para o filho que vai se casar. Ele reclama das propagandas enganosas das lojas. “Estava olhando um sofá em uma promoção que dizia que se o pagamento fosse feito em 100 dias não haveria os juros. Quando fui me informar mais sobre o anúncio, na verdade, teria que arcar com os custos de uma financeira. Na verdade à vista era o valor anunciado, a prazo teria que pagar juros”, conta.
Assim como Paola, Oliveira destaca que o consumidor deveria ter desconto no caso do pagamento à vista. “Muitas lojas vendem o produto em três vezes sem juros. Se estou pagando à vista, acho que deveria ter um desconto. Os juros da operação estão embutidos. Quando acontece isso, normalmente, compro a prazo”, destaca. Ele aconselha que os consumidores “chorem” muito por desconto à vista. “Os lojistas sempre tem como abater um pouco o preço. Pode ver, que eles têm até uma tabela de desconto”, frisa.

Quebra de confiança

Valor Econômico de 13/08/2007

Por Angelo Pavini, Luciana Monteiro e Adriana Cotias

A semana será fundamental para se ter uma idéia se o esforço dos bancos centrais da Europa, Estados Unidos e Ásia foi suficiente para afastar o risco de crise bancária e recuperar a confiança perdida dos investidores. A turbulência dos mercados vai continuar ainda por um bom tempo, à medida que os prejuízos dos fundos e bancos que aplicaram nesses papéis forem sendo divulgados, a exemplo do BNP Paribas, dizem os economistas.
Apesar da turbulência, os investidores brasileiros não dão sinais de pânico. Desde que a crise começou, em 24 de julho e até dia 8, os fundos de maior risco captaram recursos, apesar das perdas. Um ponto positivo é que, no Brasil, as carteiras não correm tanto risco como lá fora e os prejuízos se limitam muito mais à parcela de ações que possuem. Com tanta volatilidade, os fundos cambiais se destacaram, liderando os ganhos durante a crise . Já ações e multimercados perderam, segundo dados do site Fortuna. Nesses números, não estão as perdas de quinta e sexta-feira da semana passada, quando o Ibovespa caiu 4,71% e o dólar subiu 3,39%. De 24 de julho até sexta, o Ibovespa caiu 9,30% e o dólar subiu 5,92%.
Em geral, os multimercados estão reduzindo a parcela em ações e aumentando a em ativos menos voláteis, como renda fixa, explica o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, estrategista da Quest Investimentos. "No Brasil, ninguém fica alavancado, no máximo tem 40%, 50% em ações, não é como lá fora que o gestor aplica quatro vezes o patrimônio do fundo", diz. O risco calculado pelo índice VIX, que leva em conta as opções do índice Standard & Poor's (S&P) da bolsa americana, quase dobrou de meados de julho para cá, passando de 15 para 28 pontos.
Para Mendonça de Barros, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) já deu dois passos para controlar a crise de liquidez: emprestar dinheiro para os bancos em troca de títulos federais e, depois, receber como garantia papéis hipotecários. Se a coisa continuar piorando, o Fed pode se colocar como emprestador de última instância para todos. O quarto passo seria baixar esses juros. Essa seria a alternativa também na Europa.
O ex-ministro avalia que, apesar da turbulência, o impacto da crise na economia brasileira será limitado. Somente se o dólar subir 10% haverá impacto na inflação, o que levaria o BC a interromper a queda dos juros. "Mas os BCs estão agindo rápido e têm condições de estabilizar os mercados", avalia ele.
A crise do "subprime" entrou em outro nível, mas não dá para dizer que estamos caminhando para o abismo, afirma Carlos Kawall, diretor de fundos multimercados da Rio Bravo e ex-secretário do Tesouro. Para ele, o risco seria surgir outro fundo ou banco com grandes problemas, reduzindo a oferta de crédito da economia e sinalizando retração da atividade mais a curto prazo. Ou ainda, o impacto da queda nas bolsas e no mercado imobiliário na confiança do consumidor americano. "Seria um cenário que poderia levar o Fed e os bancos centrais europeus a reduzirem os juros no curtíssimo prazo", diz. Apesar disso, Kawall não trabalha com um cenário de ameaça ao crescimento global, lembrando o aquecimento econômico da China e da Europa compensaria problemas nos EUA.
No Brasil, ele acha que alta do dólar não chega a ameaçar a inflação, lembrando que a moeda ainda está abaixo das projeções do fim do ano passado. Ele mantém a expectativa de que o Copom cortará os juros em 0,25% na próxima reunião. Apesar disso, Kawall diz que o momento não é de tomar mais riscos, mesmo com mais oportunidades.
Os gestores estão tentando voltar para os mesmos níveis de risco da carteira, o chamado VaR, que tinham antes da crise, diz Francisco Costa, sócio do escritório de aconselhamento financeiro Personal Investimentos. Para ele, se o mercado continuar ruim e as carteiras encerrarem agosto com perdas, os investidores poderão começar um movimento de saques. "Mas os que vão resgatar são aqueles que entraram nesses produtos pelas razões erradas, já que não se deve olhar para multimercados no curto prazo", diz.
Hoje já há mais resgates em fundos de ações, mas ainda inferiores à aplicações, diz Ronaldo Patah, responsável pela área de renda variável da Unibanco Asset Management (UAM). "O mês passado fechou positivo e o varejo só costuma sacar quando o mês fecha negativo", diz. Ele não mudou as projeções para o Ibovespa, para 62 mil pontos em 12 meses, mas diz que o momento é de observar o mercado, não de aumentar as aplicações em bolsa. "Não dá para dizer que o mercado vai continuar piorando, mas a certeza é que a volatilidade vai continuar alta", diz.
Diferentemente das outras crises pelas quais os país passou, desta vez, há mais investidores em ativos de maior risco como ações ou multimercados, lembra Rogerio Betti, do escritório de aconselhamento financeiro Beta Advisors. Para ele, o investidor deve esperar é muita volatilidade pelo menos até setembro, quando sai o balanço da maior parte dos "hedge funds" americanos. "Até lá, não acho nada absurdo a bolsa cair 6% ou 7%", diz. "Mas o que você faz quando vê um furacão vindo em sua direção? Se a sua casa é segura, você entra e espera passar."
A atuação mais agressiva dos BCs europeu, japonês e do Fed vai ajudar o dinheiro a fluir pelo sistema, suavizando o tranco do ajuste das carteiras, afirma Alexandre Horstmann, sócio e diretor de gestão da Meta Asset Management. "Mas a crise será de duração mais longa, vai haver uma sucessão de cotas de 'hedge funds' com prejuízos", alerta ele. Ele não acredita em um movimento de aversão a risco. "Apenas o ritmo de diversificação pode ser mais lento", diz.
Embora a turbulência atual não tenha cara de uma crise sistêmica, há ainda muito ruído por vir como conseqüência dos abalos gerados pelas hipotecas americanas de alto risco, pondera o sócio do Pátria Investimentos, Luís Fernando Lopes. "Os hedge funds não contam com a injeção de liquidez dos bancos centrais e ainda podem surgir alguns cadáveres", diz. Os riscos vão, entretanto, além do problema do "subprime", acrescenta.
Para o investidor com um pouco mais de apetite por risco, a dica de Lopes é garimpar devagar oportunidades, de renda variável a investimentos imobiliários e, num horizonte de longo prazo, diversificar em fundos com diferentes perfis de gestão, evitando ficar só naqueles direcionais, que não vão tão bem quando o mercado vira de ponta cabeça. "Não significa sair do fundo que já tem e, sim, compor a carteira, com uma parcela em DI, da reserva de liquidez, outra num de arbitragem, por exemplo."
Enquanto não conseguir ter a extensão da crise dos "subprimes", os velhos e bons fundos DI podem servir de refúgio para o aplicador que queira ficar fora do risco neste momento de intensa volatilidade, aponta Sérgio Paulino Ferreira, da Banif Primus Asset Management. "Os resultados são mais baixos, mas tendem a ser positivos", diz.
As apostas diretas em títulos prefixados neste cenário são menos recomendadas, mas não é aconselhável o investidor ficar pulando de galho em galho sob o risco de errar no "timing", diz o diretor de Renda Fixa da HSBC Investments, Renato Ramos. "Se tem uma aplicação de longo prazo, não adianta o investidor ficar olhando a cota diária", diz.

A ambição desmedida pode colocá-lo em maus lençóis

Valor Econômico de 13/08/2007

Mara Luquet

A crise financeira que sacode o mercado se intensificou na semana passada e muitos gestores se preparam para dias ainda piores pela frente. No entanto, é mais uma crise financeira, como outras que ocorreram no passado. É certo que já começa a provocar destruição de riqueza e uma contração na liquidez internacional e mostra para investidores o quanto é importante ter uma diversificação da carteira para enfrentar momentos como este com maior tranqüilidade. Porque crises sempre vão existir.
No entanto, o grande perigo para suas aplicações não é a crise, mas a ganância. Contra a ganância só há um remédio, a racionalidade. Prepare-se porque a ambição desmedida de alguns e a sua própria vontade de ganhar muito dinheiro fácil e rápido poderá colocá-lo em maus lençóis.
O cliente de um banco foi consultar-se com o gerente sobre a melhor aplicação para seu dinheiro. Ouviu do interlocutor que ele próprio descobrira um investimento espetacular com um amigo do amigo que multiplica os ganhos em questão de semanas. Uma beleza. O produto não estava na prateleira do banco, era o tal amigo que oferecia. Esqueceu-se de dizer, porém, que o risco era igualmente alto. O resultado, já previsível para aqueles que mantêm os olhos fechados a este tipo de oferta mirabolante, foi um prejuízo na hora em que efetivamente precisou resgatar o dinheiro.
Esbarrar com esses "consultores" de investimento vai se tornar mais freqüente. Eles sempre estiveram à espreita. No entanto, a quantidade de pessoas dispostas a ouvi-los e, pior, colocar o dinheiro em suas mãos, aumenta a cada dia. Isso porque a taxa de juro está em queda e, desesperados, alguns investidores estão atrás de alguém que lhes entregue a renda mensal de 1%.
Ocorre que não tem mágica. O governo entregou taxas de juro altas nos últimos anos porque precisava se financiar e, como não estava com a casa em ordem, os investidores pediam taxas maiores para emprestar o dinheiro. Ou seja, o próprio governo no passado embutia um risco maior do que hoje e, por isso, se prontificava a pagar taxas de juro mais altas a quem lhe emprestasse os recursos.
Hoje os fundamentos macroeconômicos brasileiro estão em melhores, resultado de um trabalho de mais de uma década e, com isso, as taxas estão em queda. O risco-Brasil caiu, os investidores confiam mais no governo brasileiro e aceitam uma taxa menor para emprestar os recursos.
A taxa de juro tende a cair ainda mais nos próximos meses e para ter retornos maiores o investidor terá de buscar aplicações de maior risco. Mas espere um pouco. Tomar risco não significa sair por aí como um tresloucado entregando seu dinheiro ao primeiro que aparecer com ofertas mirabolantes.
Recomendação número 1: antes de aceitar qualquer oferta de investimento certifique-se com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) se quem está vendendo o produto pode, de fato, fazer esse trabalho. Se ele não estiver credenciado, avise a instituição porque assim você estará contribuindo para restringir a atuação dessas pessoas e evitando que alguns mais incautos caiam nessas armadilhas. Recomendação 2: nunca esqueça a recomendação número 1.
A CVM é quem regula e fiscaliza o mercado de capitais. Nunca compre qualquer produto que não esteja autorizado pela CVM por mais que seus olhos cresçam com os retornos projetados por essas aplicações. A segurança institucional do mercado de capitais brasileiro avançou muito nos últimos anos. A CVM vem fazendo um trabalho espetacular nesta área e é um órgão no qual os tentáculos políticos ainda não conseguiram alcançar, embora o esforço tenha sido grande.
A presidência do órgão acaba de passar para as mãos de Maria Helena Santana, um nome reconhecido no mercado por competência e integridade. A sucessão de Marcelo Trindade foi, portanto, uma escolha técnica. Assim como o próprio Trindade, que sucedeu Luiz Cantidiano, primeiro presidente da CVM a ter mandato fixo. Cantidiano, advogado experiente na área de direitos de minoritários, negociou ajuda do Banco Mundial para equipar a instituição, fez contratação de pessoal, mas não completou seu mandato que atravessou a troca do governo FHC para o governo Lula e sofreu uma forte pressão para abandonar o posto.
Havia expectativas de quem o sucederia, mas a nomeação de Trindade mostrou uma continuação. Afinado com as idéias de seu antecessor, Trindade tornou a comissão mais ágil e menos burocrática. Na semana passada, numa entrevista à jornalista Catherine Vieira, do Valor, Maria Helena disse que a fiscalização, com foco em punições mais ágeis continua sendo prioridade para a autarquia e anunciou que criará uma superintendência especialmente para cuidar dos processos. Ou seja, é mais do mesmo e isso é muito bom para os investidores brasileiros.


Mara Luquet é editora da revista ValorInveste e autora do livro O Assunto é Dinheiro, escrito em parceria com o jornalista Carlos Alberto Sardenberg

domingo, 12 de agosto de 2007

Saiba investir no sonho

Jornal da Tarde de 12/08/2007

Economistas mostram os investimentos mais apropriados para se atingir um objetivo


Marcos Burghi, marcos.burghi@grupoestado.com.br


Um sonho é apenas um sonho, mas se bem planejado transforma-se em projeto. Daí para a realidade, bastam alguns passos, que devem ser dados com disciplina e determinação.O Jornal da Tarde pediu a três especialistas em finanças pessoais - Marcos Silvestre, coordenador do Centro de Estudos em Finanças Pessoais (Cefipe); Miguel de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) e Willian Eid Junior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo (FGV/SP) - que dessem suas opiniões a respeito de qual investimento escolher para a realização de quatro projetos de vida: comprar um carro de R$ 30 mil em dois anos, comprar um imóvel de R$ 100 mil em cinco anos, guardar dinheiro para o filho de 11 anos resgatar quando chegar aos 21 e poupar para o complemento da aposentadoria em 20 anos. Os cálculos, é bom lembrar, foram feitos considerando-se que o poupador ainda não tenha nada guardado. Quem tiver, melhor.Silvestre faz uma recomendação geral: as melhores opções são poupança para os mais conservadores, fundos de renda fixa como alternativa de risco intermediário e fundos de ações para os mais arrojados. Veja abaixo o que cada um recomenda para se atingir os objetivos.

Marcos Silvestre

Comprar um carro de R$ 30 mil dentro de dois anos

Caso se trate de um investidor conservador, o melhor é depositar mensalmente na poupança R$ 1.193. O rendimento mensal, já descontada a inflação, fica em torno de 0,40%. Alguém mais arrojado pode aplicar todo o mês R$ 1.080 em um fundo de ações, cuja rentabilidade real está em 1,25%.Comprar um imóvel de R$ 100 mil dentro de cinco anos

Para os mais conservadores, ele recomenda a poupança. O indicado é um depósito mensal no valor de R$ 1.478. E reitera as ações como opção aos mais arrojados, que devem aplicar R$ 1.129 ao mês.

Guardar dinheiro para o filho de 11 anos resgatar daqui a dez anos (renda de R$ 2 mil)

Silvestre insiste na poupança e nas ações. Neste caso, quem optar pela poupança deverá guardar R$ 758 todo o mês para chegar a uma renda de R$ 100 mil daqui a 11 anos. Em ações, o valor a ser investido mensalmente deve ser de R$ 301.

Guardar para a aposentadoria daqui a 20 anos - caso de uma pessoa que hoje tenha 40 anos e almeje uma renda mensal de R$ 2,5 mil

Para este caso, o ideal seria chegar a um total de R$ 900 mil em 20 anos. Mais uma vez, ele indica a poupança para os mais conservadores, que teriam um desembolso mensal de R$ 2.241. Para quem optar pelo fundo de ações, o valor aplicado mensalmente seria de R$ 601.

Miguel de Oliveira

Comprar um carro de R$ 30 mil dentro de dois anos

Se os recursos forem depositados mensalmente na poupança, a pessoa tem de fazer depósitos no valor de R$ 1.159,08. Se, por outro lado, forem aplicados em um fundo de renda fixa, o valor mensal para depósito tem de ser de R$ 1.138,82.Comprar um imóvel de R$ 100 mil dentro de cinco anos

Se os recursos forem depositados todo mês na poupança, ele tem de fazer aportes de R$ 1.368,08, recomenda Oliveira. Se estes recursos forem aplicados em um fundo de renda fixa, o valor mensal para depósito tem de ser de R$ 1.305,08.

Guardar dinheiro para o filho de 11 anos resgatar daqui a dez anos - renda de R$ 2 mil

Considerando depósitos mensais de R$ 500, ele teria, ao atingir 21 anos, o valor de R$ 90.459,46, na poupança, e de R$ 100.108,73 se em um fundo de renda fixa. Se os depósitos mensais forem de R$ 1.200, ele terá na poupança R$ 217.102,71 e em um fundo de renda fixa, R$ 240.260,96.

Guardar para a aposentadoria daqui a 20 anos - uma pessoa que hoje tenha 40 anos e almeje uma renda mensal de R$ 2,5 mil

Para obter uma renda vitalícia de R$ 2,5 mil, ele teria de fazer a compra de um plano de previdência privada e, neste caso, o valor mensal de contribuição teria de ser de R$ 812,59, explica o vice-presidente da Anefac.

Willian Eid Jr.

Comprar um carro de R$ 30 mil dentro de dois anos

O conselho é prazo curto e valor bem determinado. Investimento de baixo risco. Aqui, talvez o melhor seja a poupança, já que, como o montante é pequeno, as taxas de administração dos fundos serão elevadas. É possível imaginar um rendimento médio de 7,5% ao ano na poupança, ou 0,6% ao mês. Isso exige um investimento mensal de R$ 1.165. Também o tesouro direto pode ser uma opção.Comprar um imóvel de R$ 100 mil dentro de cinco anos Aqui, afirma Eid Jr., o problema é mais complicado, já que o prazo é maior. A recomendação é procurar um fundo multimercado não muito agressivo com um retorno de 7,65%, líquido de Imposto de Renda (alíquota de 15% em dois anos, ou ainda 0,616% ao mês). Isso dá um investimento de R$ 1.382,66 por mês.

Guardar dinheiro para o filho de 11 anos resgatar daqui a dez anos - renda de R$ 2 mil

Será preciso acumular R$ 400 mil nesses dez anos. E aqui ocorre novamente o problema do risco: esse é o tipo do investimento onde o risco é ruim, afinal é o futuro do filho, afirma Eid Jr.. Se for na poupança, imaginando agora um rendimento médio de 0,55% ao mês, será preciso poupar mensalmente R$ 2.362,30. Se conseguir investir em fundos multimercados que ofereçam uma rentabilidade maior, de 0,65% ao mês, por exemplo, será necessário poupar R$ 2.210,00.

Guardar para a aposentadoria daqui a 20 anos - uma pessoa que hoje tenha 40 anos e almeje uma renda mensal de R$ 2,5 mil

Há, neste caso, o mesmo problema do dinheiro para o filho, diz Eid Jr.. A regra é risco baixo. Com R$ 2,5 mil por mês a 0,5% de rentabilidade, significa que ele terá que acumular R$ 500 mil. Se ele conseguir os tais 0,55% ao mês na poupança, vai ter que poupar R$ 1.007 por mês. Mas, se a pessoa for uma ótima investidora, ativa, que acompanha o mercado e muda suas posições conforme as melhores previsões, conseguindo cerca de 0,8% ao mês, vai necessitar de uma poupança mensal de R$ 693.

Quanto vale uma casa ou apartamento usado?

O Estado de São Paulo de 12/08/2007

Cotação é feita por comparação

Conjunção de fatores como localização, metragem e conservação influencia no preço

Renata Gama

Quanto vale uma casa ou apartamento usado? A resposta é: depende. Uma conjunção de fatores contribui na avaliação dos imóveis. Localização, tamanho, idade, número de vagas na garagem, idade, estado de conservação estão entre os critérios. Para especialistas do ramo, é necessário que se analise caso a caso. Tanto quem pretende vender como comprar deve estar atento às variações de preço do mercado. Isso é essencial para que não se perca uma boa oportunidade de negócio ou para que o comprador não ofereça mais dinheiro do que o necessário numa aquisição.Qualquer pessoa pode fazer cotações aproximadas do valor de um imóvel usado, por meio de comparação. Se a unidade fica em um prédio, o processo fica mais simples. “O primeiro passo é conversar com zelador e checar se há outras unidades à venda. Ele pode comparar a unidades parecidas que estão à venda ou foram vendidas recentemente”, sugere Luiz Paulo Pompéia, diretor da Empresa Brasileira de Estudos sobre Patrimônio (Embraesp).Mas esse tipo de pesquisa serve apenas para que o comprador tenha uma noção se o imóvel é mais ou menos acessível ao seu orçamento ou, no caso do vendedor, se o valor de venda está próximo de suas expectavias de ganho. Nesta comparação, deve-se observar se as unidades estão na mesma posição em relação ao sol, o número do andar e a metragem, afirma Pompéia. Uma visita da unidade por dentro é importante para avaliar o estado de conservação. Quanto mais semelhanças houver entre os imóveis, mais fácil fica fazer a comparação de preços. É importante ainda que se observem outros imóveis semelhantes na vizinhança, para diversificar os parâmetros . De acordo com o presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana Neto, o interessado também pode fazer uma cotação por meio de anúncios nos jornais ou consultando imobiliárias para ter idéia se o valor que pode oferecer em um imóvel condiz com o do mercado. “Ele vai ter uma média de preço de metro quadrado”, afirma. Viana Neto ressalta que para que o cálculo fique mais aproximado, é importante que ele se atente ao valor médio da área útil - área interna da unidade - em vez da área total - que inclui as áreas comuns do condomínio. A confusão entre os conceitos pode atrapalhar a pesquisa.Tabelas com preços médios também ajudam. “Temos muitos indicadores onde se pode verificar os preços por zonas de valor e por bairros”, afirma. No site da entidade (www.creci.com.br) é possível obter tais informações. O leitor ainda pode checar uma tabela de cálculo na Pág. 3 do Caderno de Imóveis.A vizinhança é um dos fatores mais variáveis na avaliação. Num mesmo quarteirão é possível que se tenham diferentes parâmetros de preço. “Perto de onde está sendo construído o Metrô Vila Sônia, há imóveis que alcançam preços de R$ 700 até R$ 1,5 mil o metro quadrado”, exemplifica. Ele enumera outras variantes que podem influenciar no preço: iluminação, tipo de acabamento, pé-direito, idade, fachada, altura do andar, qualidade construtiva, ruído, vista, entre outros.PROFISSIONAL HABILITADOCaso o interessado queira ter uma idéia mais precisa do valor do imóvel, deve procurar ajuda especializada. Ao contrário da cotação, que pode ser feita por qualquer pessoa, a avaliação propriamente dita só pode ser feita por um profissional habilitado da área da engenharia. “Pela legislação, o profissional habilitado para fazer a avaliação é o engenheiro arquiteto ou agrônomo”, afirma o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (Ibape), Tito Lívio Ferreira Gomide. Segundo o engenheiro, a avaliação passa por três vertentes: vistoria do imóvel; pesquisa de mercado; e tratamento dos dados. “A avaliação oferece o valor exato para negociar”, afirma. Segundo Gomide, na avaliação é analisada se a estrutura do imóvel está intacta ou se precisa de reparos. Instalações hidráulicas, elétricas e a fundação da obra mau conservadas podem oferecer risco aos futuros moradores. E significam custos em obras para o comprador. Com essas informações em mãos, o comprador tem maior poder de barganha.

Parcela "eterna" tende a se juntar à nova

Folha de São Paulo de 12/08/2007

Emendar financiamentos compromete orçamento por mais tempo; Banco VW cobra intermediária anual

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Puxada pelo aumento da oferta de financiamentos, a indústria automobilística registrou, em julho, um aumento de 9,4% nas vendas de veículos novos em comparação com junho, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).O total acumulado de vendas no ano chega a 1,3 milhão de unidades -ou 26,6% a mais do que no mesmo período de 2006. Nesse cenário favorável, também a produção avançou: o mercado interno tem compensado a queda das exportações, causada pelo dólar barato.Aproveitando-se do cenário econômico sem sobressaltos, as financeiras oferecem grande flexibilidade de negociação -o que aumenta a tentação de fechar negócio. Mas é preciso sempre ter em mente que, quanto menores as parcelas e mais longo o prazo de parcelamento, maior o preço final.No primeiro semestre deste ano, o plano médio de financiamento, pelos dados da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), foi de 41 meses -em 2005, eram 36 meses. Mas a maioria das instituições já oferece planos de 60, 72 e até 84 meses, caso do recém-lançado financiamento da Ford.Com o parcelamento altamente estendido, os braços financeiros das montadoras atraem os consumidores não apenas com as parcelas baixas mas também com a expectativa de, antes mesmo de quitar as prestações, poder entrar em um novo financiamento de um carro zero-quilômetro."O cliente não precisa esperar os 84 meses para trocar o carro. Ele pode negociar a troca por um modelo novo antes desse prazo, mantendo sempre um Ford zero na garagem", diz Ivan Nakano, gerente de marketing de varejo da fábrica.Juros contraPara o economista Fabiano Calil, isso nem sempre é um bom negócio: "Os juros sempre estão contra você. Se já está comprometido com um financiamento, o melhor é tentar quitar o quanto antes as parcelas. Entrar em outro apenas manterá seu orçamento amarrado por mais tempo".Por isso, de acordo com Calil, planejador financeiro pessoal com a chancela internacional CFP, concedida no país pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros, a paciência pode ser uma grande aliada na compra de um carro -à vista.O economista faz uma comparação com o financiamento de um Ka em 84 parcelas mensais de R$ 468,71, mais entrada de R$ 1.000. "Se fizermos um depósito inicial de R$ 1.000 e aplicarmos R$ 468,71 mensalmente na poupança, um investimento bem conservador, em 40 meses teremos o dinheiro suficiente para comprar o carro zero pela tabela de hoje."Calil vai mais longe: se for poupado o valor da parcela pelos outros 44 meses, o motorista vai ter guardado R$ 23,7 mil -e um Ka com menos de quatro anos de uso. "Pense se pode esperar quatro anos para comprar um carro."Outro problema são as prestações intermediárias. No financiamento de um Gol 1.0 por cinco anos, o Banco Volkswagen substitui, todo mês de dezembro, a parcela de R$ 299 por uma intermediária de R$ 2.181,47. (CELSO DE CAMPOS JR.)
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