sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Ibovespa chega a cair 8,82%, mas fecha em baixa de 2,58%

Valor Econômico 17/08/2007

Daniele Camba

O pregão de ontem irá ficar na história, mas a maioria dos profissionais e investidores gostaria mesmo é de esquecê-lo. Os mercados no mundo inteiro amargaram perdas relevantes e o Brasil figurou ente os países com as maiores quedas durante o pregão. O Índice Bovespa começou a quinta-feira já assustando a todos, com queda de mais de 4%. No início da tarde, com rumores de que fundos brasileiros estariam num forte movimento de redução de posições em mercados futuros, o índice entrou em queda livre e chegou a cair 8,82%, voltando para a casa dos 44 mil pontos, níveis de março deste ano.
Se o indicador fechasse nesse percentual, só seria melhor que o pregão de 11 de setembro de 2001, no dia do ataque terrorista às torres gêmeas nos EUA, quando o Ibovespa chegou a cair 9,18% e os negócios foram suspensos. E também de 14 de janeiro de 1999, quando houve a desvalorização do real frente ao dólar. Naquele dia, o índice chegou a cair mais de 10% e o pregão foi interrompido por meio hora (prática conhecida como "circuit breaker") e, quando voltou, fechou em queda de 9,96%. Mas o cenário de fechamento de ontem ficou longe do banho de sangue que se viu durante os negócios. Nas últimas duas horas de pregão, os preços começaram a se recuperar e o Ibovespa, pasmem, fechou em queda de 2,58% aos 48.015 pontos, menor nível desde 13 de abril, quando encerrou em 47.926 pontos. Por incrível que pareça, percentualmente, a perda de ontem foi menor do que a de quarta-feira, quando o índice caiu 3,19%.
"Esse nível de volatilidade que se viu hoje (ontem) é um caso típico de um mercado que perdeu totalmente a racionalidade e ficou tomado pelo pânico", diz o diretor de uma grande corretora. Ele acredita que o tamanho dessa oscilação em um único dia deve estar entre as maiores da história da Bovespa. Em um dia como o de ontem, o mercado entra num círculo vicioso difícil de estancar. Quanto mais cai, mais os investidores vendem seus papéis a qualquer preço, potencializando ainda mais as quedas.

Por mais difícil que seja, o melhor numa hora dessas é manter a calma e esperar a poeira baixar para só depois pensar o que fazer com os investimentos. O volume financeiro da bolsa ontem de R$ 8,4 bilhões mostra, no entanto, que foi difícil encontrar um investidor que seguiu esse conselho. "Quem vendeu suas ações quando o Ibovespa caía quase 9% se descabelou ao ver o índice fechar em queda de 2,5%", diz o diretor. As ações começaram a se recuperar porque uma parte dos investidores percebeu que seria o momento de comprar papéis de empresas com excelentes fundamentos e a preços muito menores do que há um mês, diz o superintendente de renda variável do Banif Banco de Investimento Nami Neneas. "O cenário de crescimento econômico brasileiro maior ainda está intacto e as empresas voltadas ao mercado interno continuam com boas perspectivas", diz.
Passado o dilúvio de ontem, a questão agora é saber o que será de hoje. A maioria dos analistas afirma que, depois de um dia com perdas tão acentuadas, o mercado geralmente tem um pregão de recuperação, por mais tímida que ela seja. "Se tivesse que apostar, apostaria que a bolsa amanhã (hoje) deve passar por uma reação, até porque as quedas podem mexer com os brios do Fed (Federal Reserve, o banco central americano)", diz Neneas. Ele acredita que o certo seria o Fed começar a cortar os juros, já que os números mostram que a economia americana dá sinais maiores de fraqueza.
Daniele Camba é repórter de Investimentos

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