sábado, 16 de janeiro de 2010

Baixa temporada: hora de viajar pagando menos

Jornal da Tarde
16/01/2010


Operadoras têm promoções para depois do carnaval, quando os preços costumam cair, mas muitas oferecem descontos para viagens ainda em janeiro. Algumas 'queimas', como a da CVC, terminam neste final de semana

Paulo Justus

As operadoras de turismo já começaram a corrida para conquistar clientes para a baixa temporada, que começa depois do carnaval. Várias empresas lançaram promoções e outras devem seguir o mesmo rumo, de acordo com a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa). “A partir de março teremos certamente mais opções de destinos promocionais”, diz o vice-presidente da Braztoa, Afonso Gomes Louro.

A CVC começou em 9 de janeiro sua primeira “queima de estoques” do ano, com descontos de até 30%, mas a promoção vai só até amanhã. Além do desconto, também oferece facilidades, como o parcelamento em até 10 vezes sem juros ou R$ 1 de entrada e oito vezes sem juros. O pacote de sete noites para Natal (RN), por exemplo, que custava R$ 988 sai a partir de R$ 889 por pessoa, para embarques em maio (mais exemplos ao lado).

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav), Leonel Rossi, a chegada das promoções não significa que os preços estejam menores. “As empresas estão se adiantando e oferecendo descontos para a baixa temporada, quando o preço normalmente cai”, diz.

No ano passado, os preços das passagens aéreas caíram bastante, em decorrência da queda da demanda, no início do ano e da queda da cotação do dólar, que ocorreu ao longo do ano. Em dezembro, no entanto, o preço dos tíquetes aumentou 46,91% de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Segundo Rossi, esse aumento se deveu a uma correção dos preços, que caíram bastante em agosto e outubro. A retomada dos preços também teve relação com o aumento da procura que ocorreu a partir do fim do ano passado. Rossi diz que se a demanda continuar aquecida os preços podem subir neste ano. “Aí começa a funcionar a lei da oferta e da procura”, afirma. Por isso, ele recomenda o planejamento com antecedência das viagens, para que o consumidor obtenha preços menores.

Sem perspectiva de novas quedas no preço das passagens aéreas, as operadoras de turismo estão apelando para outras estratégias para oferecer melhores condições aos seus clientes. A Ambiental, por exemplo, passou a oferecer nesta temporada um voo fretado para Fernando de Noronha. Com isso, reduziu em R$ 824 o preço do pacote de oito dias para o destino, que é vendido hoje por R$ 2.382. Além disso, a agência também passou a oferecer o destino em 10 vezes sem juros, para atrair mais clientes.

O administrador de empresas Breno Carvalho, de 31 anos, foi um dos clientes que aproveitaram as novas condições de pagamento para Fernando de Noronha. “Fiz várias pesquisas em agências e comprovei que o preço estava bom”, diz ele, que ficou de 12 a 19 de dezembro na ilha. Carvalho também aproveitou as condições de pagamento e parcelou a viagem em dez vezes sem juros.

A administradora de empresas Clariluza Carvalho, de 47 anos, foi outra que aproveitou as promoções para viajar. Ela embarca com o marido no próximo mês para Natal (RN) para passar oito dias num resort cinco estrelas. “Sempre viajei na alta temporada e achei o preço bem em conta”, diz ela que adquiriu o pacote na CVC ao preço de R$ 1,9 mil por pessoa.

Além da tentativa de reduzir os preços, outras operadoras procuram acrescentar passeios e vantagens para atrair o turista. A Apex Travel, por exemplo, incluiu no pacote para Buenos Aires até 10 de fevereiro a possibilidade de assistir aulas e shows de tango gratuitamente. A empresa também fornece descontos para os turistas que pretendem alugar motos Harley Davidson ou motorhome nos Estados Unidos. “Como os preços já estão baixos procuramos agregar algum benefício nos pacotes para atrair o consumidor”, diz Luiz Vergani, diretor da Apex.

De acordo com a Abav, as viagens para o exterior devem continuar vantajosas, graças à manutenção do dólar entre R$ 1,70 e R$ 1,80. “Há uma entrada muito grande de dólares no País e tudo indica que a cotação vai se manter nesse patamar”, diz Rossi.

Nesse aspecto, os cruzeiros são opções atraentes. Operadoras como Costa Cruzeiros e CVC oferecem descontos que chegam a quase 50%. Esses pacotes incluem a vantagem de não cobrar pela hospedagem do segundo passageiro, que apenas paga taxas e gorjetas.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Ganho real da poupança volta a subir após 2 anos

O Estado de São Paulo

15/01/2010

Mas, por causa dos ""juros baixos"", rentabilidade é a menor em 43 anos

Renée Pereira


A tradicional caderneta de poupança teve em 2009 a pior rentabilidade dos últimos 43 anos. Segundo levantamento da empresa de informações financeiras Economática, o ganho da aplicação no ano passado, de 7,05%, ficou 0,85 ponto porcentual abaixo do verificado em 2008. Antes disso, o menor patamar do período havia sido em 2007, quando a poupança rendeu apenas 7,77%.

A queda na rentabilidade é reflexo direto dos cortes feitos pelo Banco Central (BC) na taxa básica de juros (a chamada Selic), hoje em 8,75% ao ano. A poupança tem remuneração de 6% ao ano mais TR (Taxa Referencial), que é calculada com base nos juros cobrados pelos bancos nos CDBs (Certificados de Depósito Bancário). O ganho desses papéis acompanha a variação da Selic.

Mas, apesar da queda na rentabilidade, o ganho real, descontada a inflação de 4,31%, voltou a subir depois de dois anos de queda. No ano passado, a remuneração real ficou em 2,63% ao ano, acima de 1,89% de 2008. Na prática, um investidor que aplicou R$ 1.000 no fim de 2008 terminou 2009 com R$ 1.070,5. Descontada a inflação (IPCA), ele teve um ganho real de R$ 27,4, calcula a Economática.

Na avaliação do administrador de investimentos Fábio Colombo, apesar da pequena rentabilidade em 2009, a poupança continua sendo a melhor opção de investimento, especialmente para aquelas pessoas que não têm acesso a fundos de investimentos com taxas de administração mais atraente.

Além disso, a caderneta não tem incidência de imposto de renda, o que significa uma grande vantagem em relação às demais aplicações de renda fixa oferecidas no mercado. Colombo destaca que o importante é guardar o dinheiro. "A rentabilidade fica em segundo lugar."

Segundo ele, o brasileiro se acostumou com os juros elevados, que sempre davam a sensação de um ganho polpudo. Mas durante muito tempo a inflação corroeu parte desses juros pagos. Agora está havendo uma convergência.

Acesso mais fácil ao ‘Minha Casa’

Jornal da Tarde

15/01/2010


 

Quem ganha mais de R$ 4.650 e estava fora do programa devido ao limite de renda pode se candidatar pois a margem subirá com o novo salário mínimo


 

Carolina Dall'olio, carolina.dallolio@grupoestado.com.br


 

Quem tem renda entre R$ 4.651 e R$ 5.100 por mês e pretende financiar um imóvel novo, que custe no máximo R$ 130 mil, vai poder se enquadrar no 'Minha Casa, Minha Vida' e economizar até R$ 25 mil na compra da casa própria.


 

É que, com o aumento do salário mínimo, o limite de renda para participar do programa habitacional também vai subir - e isso permitirá a inclusão dos trabalhadores que têm esta faixa de rendimento, até então impedidos de usufruir dos subsídios do governo federal.


 

A Lei 11.977/2009, que criou o 'Minha Casa, Minha Vida', estabelece que o programa é destinado a famílias com renda de zero a dez salários mínimos. Em abril do ano passado, quando a Caixa Econômica Federal começou a operar o projeto, isso significava que apenas os trabalhadores com renda até R$4.650 poderiam participar.


 

Para quem ganhava mais do que isso, a melhor opção de financiamento disponível no mercado era a Carta de Crédito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Um financiamento de 30 anos de um imóvel novo, no valor de R$ 130 mil e com R$ 26 mil de entrada, sai por R$ 259.063,33 nesta linha de crédito (veja quadro).


 

Com o aumento do salário mínimo de R$ 465 para R$ 510, o valor máximo de renda para a inclusão no programa do governo chegará a R$ 5.100. Embora o novo salário mínimo já esteja em vigor desde janeiro, a Caixa informa que ainda não foi possível alterar as faixas do rendimento porque isso depende de regulamentação do Ministério das Cidades.


 

A estimativa é que a mudança saia em até 90 dias. Quando for aprovada, os trabalhadores que ganham até R$ 5.100 poderão migrar da Carta de Crédito do FGTS para o 'Minha Casa, Minha Vida'.


 

Embora as duas linhas tenham a mesma taxa de juros, o programa do governo isenta os mutuários do pagamento dos seguros por morte ou invalidez e contra danos físicos ao imóvel, garantias obrigatórias nos demais financiamentos imobiliários. Eles pagam apenas uma taxa para o fundo garantidor do programa (FHab), de R$ 22,10 por mês.


 

Por não incluir os custos dos seguros, o valor do financiamento no 'Minha Casa, Minha Vida' fica em R$ 233.579,65 no período de 30 anos - R$ 25.483,68 mais barato que o da Carta de Crédito do FGTS. A economia pode ser ainda maior, porque os participantes do programa também ficam isentos das despesas de cartório, que chegam a 5% do valor do imóvel.


 

"Quando o aumento do salário mínimo provocar a ampliação do limite de renda para inclusão no 'Minha Casa, Minha Vida', todo mundo sairá ganhando: tanto os trabalhadores, que poderão ter acesso aos benefícios do governo , como o mercado imobiliário, que contará com mais interessados em imóveis de até R$ 130 mil, que hoje respondem por boa parte dos lançamentos", avalia João Crestana, presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP).


 

Crestana ressalta que o mercado já oferece linhas de crédito atrativas para o público que ganha entre R$ 4.651 e R$ 5.100. "Porém, ao ter acesso ao 'Minha Casa, Minha Vida', o poder de compra do trabalhador crescerá de maneira significativa", ressalta o presidente do Secovi-SP.


 

Mas mesmo quem passar a se enquadrar no programa habitacional deve prestar atenção nas outras restrições que o financiamento impõe (leia abaixo). Além disso, embora o crédito do 'Minha Casa, Minha Vida' seja o mais barato do mercado, há outras linhas que oferecem outros tipos de vantagem - como um valor de entrada mais baixo ou nenhuma restrição a quem já possui outro imóvel, por exemplo.


 

REGRAS

Para participar do 'Minha Casa, Minha Vida', além de ganhar no máximo dez salários mínimos, o trabalhador não pode ser (ou já ter sido) beneficiário de programa social habitacional, nem ter recebido descontos em crédito imobiliário com recursos do FGTS


 

Também ficam de fora aqueles que já possuem um financiamento imobiliário ou um imóvel em seu nome


 

O imóvel a ser financiado pelo programa tem de ser novo e não pode custar mais de R$ 130 mil


 

É preciso dar, no mínimo, 20% de entrada e o prazo máximo de financiamento é de 30 anos


 

     

Ganho real da poupança subiu em 2009, após dois anos em queda

O Globo

15/01/2010


Bolsa volta a fechar abaixo de 70 mil pontos e dólar sobe pelo 3º dia


Juliana Rangel e Felipe Frisch

A inflação mais amena, de 4,31% em 2009, fez o rendimento da poupança voltar a crescer após dois anos seguidos de queda. Estudo divulgado ontem pela consultoria Economática mostra que o ganho real (descontada a inflação) da caderneta foi de 2,63% ano passado, contra 1,89% em 2008 e 3,17% em 2007. Já o ganho nominal de 7,05% foi o menor da História.



- Nos últimos anos a rentabilidade da poupança vinha sendo baixo e, em 2002, chegou a haver perda de poder aquisitivo. Mas, no ano passado, quem aplicou R$1.000 ficou com R$1.070,50 ao fim do período. Já uma cesta de alimentos que custasse R$1.000 passou a valer R$1.043,10 - disse Einar Rivero, coordenador da pesquisa.



Para efeitos de comparação, o ganho nominal do CDI (que acompanha a taxa básica de juros Selic, em 8,75% ao ano e remunera os fundos DI e de renda fixa) foi de 9,88% em 2009, em termos nominais. Descontada a inflação, a variação foi de 5,33%.

- É bem superior aos 2,63%, mas é preciso descontar daí o Imposto de Renda e a taxa de administração cobrada pelos fundos - lembra Rivero.

Incerteza com ações da Petrobras derruba Ibovespa



Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o Índice Bovespa (Ibovespa) furou o piso de 70 mil pontos pela primeira vez este ano. O Ibovespa caiu 0,83%, para 69.801 pontos. O dólar subiu pelo terceiro dia, para R$1,765, em alta de 0,28%, indicando possível saída de estrangeiros. Segundo analistas, no entanto, pode se tratar apenas ainda de investidores embolsando lucros, já que a bolsa brasileira subiu mais do que as outras em 2009.



Contra a Bovespa, as ações da Petrobras têm pesado fortemente. Os papéis da empresa, que respondem por 15% do Ibovespa, tiveram ontem o sexto dia seguido de queda, já acumulada em 4,88%, diante da indefinição da empresa sobre o seu plano de capitalização. Além disso, até ontem, havia a incerteza sobre a compra da portuguesa Galp Energia pela estatal brasileira, o que foi negado pela Petrobras à noite.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O perigo de se incentivar o consumo sem educação financeira

Valor Econômico

14/01/2010

A sociedade brasileira conseguiu superar a crise financeira internacional de forma mais amena do que a maioria dos países desenvolvidos. Um dos vetores que possibilitaram essa trajetória foi a manutenção do crescimento do consumo das famílias, com destaque para a classe C, a chamada nova classe média brasileira.

O governo federal reduziu alíquotas de impostos sobre bens industrializados para incentivar o consumo e utilizou todo o arsenal disponível pelo Banco Central, incluindo a participação dos bancos públicos, que mantiveram os empréstimos nos momentos mais tensos da crise. O resultado foi um fim de ano de elevado padrão de consumo em quase todos os segmentos de negócios.

O ano de 2010 inicia-se com boas perspectivas e muito otimismo na economia. Existe uma nova realidade de consumo por parte das famílias brasileiras. Diga-se: um justo desejo de adquirir e usufruir bens e serviços.

É preciso, porém, avaliar que essa nova realidade impõe algumas responsabilidades relacionadas à educação dos consumidores, a fim de evitar que o prazer e a alegria de realizar desejos e sonhos de consumo transformem-se na perda do crédito, do emprego e na desestruturação do relacionamento familiar.

Está imposto, portanto, um desafio à comunidade de finanças, que pode ser visto como uma oportunidade para todos os profissionais que se relacionam com o mundo financeiro, sejam economistas, administradores financeiros, professores, jornalistas ou psicólogos.

A iniciativa do governo federal de trabalhar os conceitos de economia e finanças para alunos do ensino Fundamental e Médio, embora louvável, parece insuficiente, pois um dos elos mais importantes no processo de ensino, o professor de economia e finanças não foi, até o momento, incluído formalmente no processo.

Isso porque não é só a questão do conhecimento específico que está em jogo nesse processo, mas também a experiência de sala de aula, bem como as dificuldades de trabalhar conceitos que vão além de simples dicas do tipo gaste menos do que recebe e anote todos os seus gastos em uma planilha.

Incentivar uma sociedade ao consumo sem alertá-la sobre os riscos do desequilíbrio no orçamento gerado pela tomada excessiva de crédito é bastante perigoso. O consumidor não pode se esquecer de seu papel de contribuinte e cidadão, responsável por suas atitudes de consumo e pelas consequências, individuais ou coletivas, de todas as suas escolhas.

Promover a educação financeira entre jovens estudantes é uma tarefa que exige a utilização simultânea e coordenada de diversas disciplinas. Desde o português, que promove a capacidade de interpretação de textos, fundamental para tomadas de decisões financeiras, até a matemática, que permite a interpretação de conceitos importantes, como taxa de juros e sistemas de amortização de empréstimos.

Há também a geografia e a história, que são instrumentos relevantes para uma avaliação acurada de variáveis que têm influência sobre as decisões econômicas de países, empresas e consumidores.

Note o leitor que está posta uma rara oportunidade para integração entre as disciplinas escolares, possibilitando maior motivação por parte dos alunos. Neste momento, portanto, ouvir a comunidade acadêmica faz-se necessário, pois sem a participação dela não é possível superar o desafio de promover a educação financeira da sociedade brasileira.

Aprender o significado e as diferenças entre poupar e investir e, especialmente, quais são os riscos dessas alternativas pode significar a diferença entre uma sociedade bem sucedida e uma sociedade fadada ao fracasso. O cidadão brasileiro tem se mostrado extremamente empreendedor, mas precisa aprender a calcular de forma adequada os riscos e os retornos desejados para seu esforço.

Acreditar que educação financeira é simplesmente ensinar aos jovens a maneira adequada de gastar seu dinheiro é ignorar a necessidade e o desafio de se gerar poupança voluntária de longo prazo.

É preciso entender as consequências positivas que o ensino de finanças exerce sobre o cidadão e a sociedade, discutir assuntos como empreender, poupar, investir e consumir de forma abrangente, equilibrada e correta. Para alcançar esse objetivo, o jovem estudante é o público ideal, porque será um amplificador desses conceitos na esfera familiar.

Em complemento, o atual momento da economia é mais do que oportuno. Desde meados da década de 90, o Plano Real e a estabilidade da moeda permitem a reflexão sobre o futuro, a importância da previdência e dos seguros. Resta ao país saber aproveitar a oportunidade.

Ricardo Humberto Rocha, é professor de finanças do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa

Ano começa com gestores ampliando ganho com risco

Valor Econômico

Por Angelo Pavini, de São Paulo
14/01/2010

O ano começou bem para as aplicações de risco, especialmente para os fundos de ações, que lideram em rentabilidade até dia 8 de janeiro, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). Os multimercados também apresentam ganho acima do referencial dos juros de mercado, o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), que subiu 0,16% no período. O pior desempenho segue com as carteiras cambiais, que sofrem diante do fortalecimento do real.

Os ganhos acabaram atraindo recursos para os fundos de ações, que começaram o ano com captação de R$ 346 milhões até dia 8. Os fundos ativos que buscam superar o Índice Brasil (IBrX) receberam a maior parte dos recursos, com R$ 204 milhões, enquanto os que têm como referencial o Ibovespa captaram um pouco menos, apesar de apresentarem a maior rentabilidade média no período - 3,01%, para 2,44% do Ibovespa. Esse desempenho, porém, pode variar bastante de acordo com a carteira de cada fundo. Por isso é importante que o investidor confira como está o seu gestor.

 

 

Nos multimercados, o começo de ano foi de resgates, apesar do bom rendimento. A categoria como um todo perdeu R$ 4,4 bilhões, a maior parte em carteiras multiestratégia - que misturam vários modelos de aplicação - e em juros e moedas. Apesar disso, os aplicadores das duas categorias não têm do que reclamar: os multiestratégia acumulam retorno médio de 0,45% até dia 8 e os juros e moedas, 0,31%. Os fundos de arbitragem, ou long/short, também foram destaque, com ganho de 0,79%.

Os gestores começaram o ano aumentando as aplicações de risco, mas sem exageros, afirma Alexandre Silvério, superintendente de fundos multimercados e de renda variável da Santander Asset Management. "Não estão assumindo tanto risco como antes da crise, mas vemos multimercados com mais disposição de aplicar em bolsa, por exemplo", diz.

Na renda fixa, as apostas também existem, apesar da dificuldade em definir um cenário para a taxa de juros brasileira nos próximos meses. "O que dá para ver é que, nos prazos médios, os juros dos papéis embutem um prêmio interessante", diz ele. Na segunda-feira, por exemplo, a taxa para janeiro de 2011 era de 12,67%, quase 4 pontos percentuais acima dos juros atuais, de 8,75%. "É um prêmio pelo risco político e pelo risco de a atividade ser mais forte que a esperada e obrigar o Banco Central a puxar mais os juros", diz.

No prazo mais curto, o risco é maior pela incerteza sobre quando o BC vai começar a subir os juros. Já na mais longa, o risco é o novo governo. "Os candidatos dizem que os pilares da economia - a disciplina fiscal, o controle da inflação - não vão mudar, mas a questão são os detalhes de como esses assuntos serão tratados pelos candidatos", diz Silvério. Ele trabalha com o BC começando a subir os juros em abril, 0,5 ponto percentual ao mês, até atingir 11,75% ao ano.

Os investidores preferiram até agora a segurança dos fundos DI, que acompanham a alta dos juros. As carteiras receberam R$ 2,173 bilhão, mais que o dobro dos renda fixa, apesar do rendimento menor - 0,17% nos DI para 0,21% dos fundos que podem aplicar em papéis prefixados.

Sem juros, mas com taxas e fundo de reserva

Jornal da Tarde

14/01/2010

Na hora de escolher um consórcio como forma de aquisição de imóvel, o consumidor deve comparar a modalidade com a opção mais praticada no mercado, o financiamento.

Apesar de não ter juros, o consórcio possui taxas de administração e de composição do fundo de reservas, que respondem por parte das parcelas. Essas taxas devem ser comparadas com os juros cobrados no financiamento, de acordo com o consultor do Instituto de Educação Financeira Disop, Francis Hesse. "O consumidor precisa perguntar à administradora quanto vai pagar em taxas a cada parcela", diz. Comparados aos financiamentos, os consórcios oferecem prazos menores de pagamento. Os planos mais longos oferecidos no mercado chegam a 180 meses, ante até 300 meses de financiamentos imobiliários. Por isso, as parcelas, não chegam a valores tão baixos quanto nos financiamentos mais longos.

Em compensação, os consórcios não exigem uma entrada, que em geral é de 20% do valor do imóvel, nos financiamentos. A modalidade também permite mais flexibilidade, já que a carta de crédito pode ser usada para compra de imóvel residencial ou comercial, ou até mesmo para a construção.

Outra questão a ser avaliada é a necessidade do imóvel. Se o consumidor tem pressa, o consórcio não é indicado. "Se a pessoa precisa do imóvel para sair do aluguel, o mais indicado é um financiamento", diz Hesse.

Para o consultor, o consórcio é um bom negócio para quem é contemplado logo no início. "É interessante saber se poderá dar um lance", diz. Quem fica no final do consórcio de 120 meses, por exemplo, além de demorar 10 anos para comprar seu imóvel, paga taxa de administração por um dinheiro que, se fosse aplicado, renderia juros. Daí a necessidade de avaliar se a taxa cobrada pela administradora compensa os juros que seriam pagos no financiamento.

Para Emerson Castelo Branco Simenes, da CBS Consultoria Financeira, o consórcio deixou de ser um bom negócio depois que as taxas de juros caíram. "Hoje eu não vejo outra alternativa que seja mais interessante que financiamento", diz. Como vantagens do financiamento, além do prazo, Simenes cita o sistema de parcelas do financiamento, que é decrescente, enquanto no consórcio as mensalidades crescem ao longo do plano.



CUIDADOS



Antes de entrar em um consórcio, o consumidor precisa ficar atento à qualidade da administradora que vai contratar. A lista de empresas autorizadas pode ser encontrada no site do Banco Central (www.bcb.gov.br) na seção Serviços ao Cidadão



Ao contratar a administradora, leia com atenção o contrato. O Procon alerta que não existe a venda de cotas contempladas, ainda oferecidas por alguns vendedores

Consórcio de imóveis deve crescer 15% com nova regra

Jornal da Tarde

14/01/2010

Uso do FGTS para quitar o plano, aprovado há um mês, vai beneficiar mais de 500 mil cotistas em todo o País, após regulamentação. Crescimento esperado representa injeção de R$ 5,76 bilhões no mercado imobiliário em 2010

PAULO JUSTUS, paulo.justus@grupoestado.com.br

O consórcio imobiliário agora está em pé de igualdade com o financiamento habitacional, pelo menos no que diz respeito à utilização de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Em 15 de dezembro, o governo autorizou a utilização do saldo do Fundo para quitar consórcios ou adiantar o pagamento de parcelas, da mesma forma que já ocorria com o financiamento imobiliário. A mudança ainda depende da regulamentação pela Caixa, que tem até meados de março para se adaptar às novas regras.

Existem no País 533,7 mil participantes de consórcios imobiliários e aqueles que estiverem em condições de usar o FGTS vão se beneficiar da medida. Antes, eles só poderiam usar o saldo do FGTS quando contemplados, para dar um lance ou completar o valor do imóvel que seria adquirido com a carta de crédito. Agora vão poder usar para adiantar até 12 parcelas ou quitar o saldo do consórcio.

Para poder usar os recursos do fundo, no entanto, os consorciados precisam seguir as regras do FGTS. O saldo só pode ser usado por trabalhadores com no mínimo três anos de contribuição. O mutuário não pode ter outro imóvel adquirido com recursos do Fundo no mesmo município, respeitar o limite de R$ 500 mil para a compra de imóvel e não ter mais de três parcelas em atraso.

Com essas mudanças, a procura por consórcios deve crescer 15% neste ano em relação ao ano passado, de acordo com projeção da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC). Isso significa uma injeção de R$ 5,76 bilhões no mercado imobiliário do País, equivalente à contemplação de 72 mil cartas de crédito. "Revisamos a nossa previsão de crescimento de 10% para 15% em 2010, após essas novas medidas", afirma o presidente da ABAC em São Paulo, Luiz Fernando Savian.

O gerente regional de vendas da administradora de consórcios imobiliários Embracon, Rogério Dutra, explica que caso os adiantamentos e quitações de consórcios aumentem, o número de contemplados também deve subir. "Todos se beneficiam quando há mais arrecadação no grupo de consórcio", diz. A Embracon projeta crescimento de 35% para este ano, igual ao registrado no ano passado, quando foram vendidos R$ 1,7 bilhão em cartas de crédito.

Outra administradora que prevê crescimento é a Rodobens. "Projetamos crescer de 10% a 15% em relação ao ano passado, com vendas de crédito de R$ 1 bilhão", diz o diretor executivo da Rodobens, Sebastião Cirelli.

O empresário Ricardo de Paula Eduardo optou por dois consórcios de R$ 100 mil para adquirir a sua casa há quatro anos. "Fiz a conta e percebi que o consórcio seria mais vantajoso que o financiamento", diz. Atualmente, Eduardo paga quatro consórcios para comprar um galpão para sua empresa de eventos. "Tenho quatro cartas de crédito de R$ 100 mil", diz.





EM NÚMEROS


R$ 4,984
BILHÕES

em contemplações foram injetados no mercado imobiliário em 2009 por meio de consórcios



72
MIL
novas cartas de crédito imobiliário devem ser contempladas este ano no País

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Previdência privada atrai gestores independentes

Valor Econômico

Por Luciana Monteiro, de São Paulo
13/01/2010

A previdência privada aberta vem atraindo cada vez mais gestores independentes interessados em ampliar a oferta de investimentos diante do juro mais baixo. A mais nova asset a ingressar nesse segmento é a Orbe Investimentos, que lança um fundo nas versões PGBL e VGBL com a seguradora Icatu Hartford. Este é o primeiro fundo criado pela gestora depois de dois anos e meio.

A seguradora vai estruturar um PGBL e um VGBL. Ao aplicar no fundo, os recursos serão direcionados para um fundo multimercado gerido pela Orbe. Esse fundo seguirá as regras de ter 49% em renda variável e 51% em renda fixa. Segundo Fernando Camargo, sócio da Orbe, a parte de renda variável será composta por 25 papéis. Na renda fixa, inicialmente, os recursos serão aplicados em títulos públicos pós-fixados (LFTs), mas, com o tempo, o fundo poderá ter outros papéis como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) ou debêntures.

A taxa de carregamento será zero e o investimento mínimo, de R$ 10 mil. Não haverá taxa de carregamento, mas o investidor que aplicar e decidir sacar no curto prazo terá um "pênalti". Se resgatar antes de um ano, terá de pagar 3%, percentual que cai até 1% para quem ficar até três anos. Depois, não haverá mais a cobrança. Além disso, para evitar que o investidor utilize uma aplicação de longo prazo, como é o caso da previdência, para ganhar num curto espaço de tempo, os pedidos de resgates só poderão ser feitos a cada 60 dias.

Além da Orbe, Gávea, BRZ, Fram Capital e Credit Suisse Hedging-Griffo são algumas das gestoras independentes que já fecharam parceira com seguradoras para oferecer previdência.

A carteira de previdência da Orbe vem depois de um período complicado para a gestora, que viu o patrimônio total de seus fundos cair sensivelmente por conta da crise. O último fundo criado pela gestora foi o Balance, um multimercado equity hedge (tipo de carteira que busca ganhar utilizando arbitragem com ações e seus derivativos), em abril de 2006. Mas a crise que assolou os mercados em 2008 fez com que a gestora incorporasse a carteira ao carro-chefe da empresa, o fundo de ações Orbe Value.

Em setembro daquele ano, quando o banco Lehman Brothers quebrou, um dos distribuidores que mantinham um fundo-espelho resolveu liquidar a carteira. Isso fez com que o gestor precisasse vender papéis de baixa liquidez no pior momento da crise, o que trouxe fortes perdas. Além disso, como boa parte do portfólio era formado por papéis de menor liquidez, ao vendê-los, a desvalorização das ações aumentava ainda mais.

O mercado de "value investing" (que aplica em empresas cujas ações estão subvalorizadas em relação ao valor patrimonial) praticamente acabou por conta da crise em 2008, diz Camargo. "Naquela época, virei praticamente gestor de passivos." Só para se ter uma ideia do impacto da crise, a Orbe iniciou 2008 com R$ 480 milhões sob gestão e, ao longo daquele ano, chegou a R$ 520 milhões, mas encerrou em R$ 200 milhões. Boa parte, no entanto, foi recuperada e agora o total de ativos de terceiros soma R$ 350 milhões.

"O dano que um analista de ações ruim pode causar ao investidor ao fazer um relatório malfeito é menor do que os prejuízos à pessoa física causados por um consultor financeiro mal preparado", diz Camargo. "E esses profissionais (os consultores) nunca são responsabilizados; em 2008, muita gente perdeu dinheiro por ser mal-assessorado."

No ano passado, o Value apresentou retorno de 35,62%, bem abaixo dos 82,66% do Ibovespa ou mesmo dos 87,65% do FGV-100, que serve de referencial para o fundo. "Chegamos a ter 20% da carteira em caixa, pois o mercado corrigiu os preços muito rápido e as oportunidades ficaram escassas."

Na avaliação de Camargo, este será um ano propício para "stock picking" (escolha seletiva de papéis). "As ações de primeira linha estão com preços muito próximos dos considerados justos e há boas oportunidades em ações que não atraem tanto os holofotes e que ainda têm preços atrativos."

Bolsa contagia previdência

Valor Econômico

Por Antonio Perez, de São Paulo
13/01/2010

A arrancada da bolsa no segundo semestre de 2009 contagiou os fundos de previdência aberta (PGBL e VGBL). Atraídos pela alta de 82,66% do Ibovespa no ano passado, os investidores acorreram aos fundos que aplicam parte do patrimônio em ações, revela estudo das consultorias NetQuant e Towers Perrin com 413 carteiras. Segundo o levantamento, a captação líquida dos fundos com ações atingiu R$ 7,93 bilhões em 2009, 36,37% da captação total da indústria, de R$ 21,82 bilhões. Em 2008, os fundos com ações haviam atraído R$ 2,53 bilhões, apenas 19,1% do total, de R$ 13,25 bilhões.

Os fundos de previdência que aplicam em ações são divididos em três subcategorias segundo a participação da renda variável no patrimônio (até 15%, 30% e 49%). Depois de amargar queda de 10,25% em 2008, os fundos com até 49% em ações lideraram a rentabilidade, com alta de 28,86% no ano passado.

As aplicações com até 30% em ações ficaram em segundo lugar, com valorização de 19,99%. Na terceira posição, os fundos com até 15% subiram 14,08%. Os fundos de renda fixa fecharam 2009 com rentabilidade de 8,66%, superando o desempenho dos multimercados sem renda variável, que avançaram 8,44%.

Com a dobradinha rentabilidade e captação líquida, o patrimônio dos fundos com ações cresceu 56,97% em 2009, atingindo R$ 35,77 bilhões, após avanço de 4,37% em 2008. O patrimônio dos fundos sem aplicação em ações aumentou 24,97%, de R$ 87,88 bilhões para R$ 109,82 bilhões. Ao todo, o patrimônio da indústria cresceu 31,56%, passando de R$ 110,67 bilhões para R$ 145,60 bilhões.

Para analistas, a revanche dos fundos com ações em 2009 pode indicar que começou a tão esperada migração de parte relevante do patrimônio da previdência para a renda variável.

Luciano Snel, diretor de produto Icatu Hartford, identifica uma trajetória sem volta rumo à representatividade cada vez maior da renda variável. "É natural a captação desacelerar um pouco se a bolsa vai mal e o patrimônio cair", diz Snel. "Mas a tendência é de aumento dos fundos com ações".

Em 2008, as captações dos fundos com ações representaram 53% do total amealhado pela Icatu Hartford. Já no ano passado, esses fundos responderam por 65% do total captado. No ranking elaborado pela NetQuant e Towers Perrin, a Icatu Hartford é a sétima em patrimônio (R$ 2,94 bilhões) e a oitava em captação líquida (R$ 391,7 milhões).

Os números da NetQuant são similares aos da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que mostram captação líquida total de R$ 23,34 bilhões em 2009, da qual devem ser descontados R$ 4,61 bilhões da reclassificação de dois fundos de renda fixa em previdência. O patrimônio total do setor é de R$ 148,86 bilhões.

Apesar do crescimento expressivo em 2009, os fundos de renda variável ainda ocupam parte pequena do patrimônio total, aponta o estudo. A participação de mercado dos fundos com até 49% em ações subiu de 7,90% para 10,10%. A participação dos fundos com até 30% avançou de 7,90% para 8,66%, e a das aplicações com até 15%, de 4,79% para 5,81%.

A liderança é dos fundos de renda fixa, cuja participação de mercado caiu de 44,78% em 2008 para 43,05% no ano passado. Os multimercados sem renda variável também perderam espaço, passando de 34,62% para 32,38%.

O diretor-geral da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio Oliveira, também vê uma tendência clara de aumento do patrimônio dos fundos com ações. Cabe às seguradoras, avalia, evitar oscilações abruptas na captação líquida e garantir que o aumento da renda variável na indústria seja "virtuoso". A análise do perfil do investidor é fundamental para evitar que haja corridas cada vez que a bolsa tropece. "É preciso qualificar a oferta", recomenda Oliveira.

A Bradesco Vida e Previdência aposta em consultores dedicados exclusivamente à previdência, chamados de especialistas. Em 2009, a renda variável foi responsável por cerca de 58% de toda captação líquida. A companhia lidera o ranking elaborado pela NetQuant e Towers Perrin por patrimônio líquido (R$ 46,87 bilhões) e aparece em terceiro na captação líquida (R$ 4,68 bilhões).

Para Osvaldo Nascimento, diretor de produtos de investimento e previdência do Itaú Unibanco, uma avaliação da carteira completa do investidor é condição preliminar para determinar quanto será alocado em ações. "A tendência é que a previdência, no contexto do portfólio do investidor, tenha mais renda variável", afirma.

Nascimento trabalha com crescimento de 25% das captações este ano, após avanço de 20% em 2009. Os fundos de previdência do Itaú Unibanco fecharam 2009 com 20% do patrimônio em renda variável. A instituição ficou em segundo no ranking das consultorias, tanto em patrimônio (R$ 38,08 bilhões) quanto em captação (R$ 4,79 bilhões).

Mas Marcelo Nazareth, sócio-diretor da NetQuant, responsável pela pesquisa, é cético em relação a uma mudança estrutural na indústria de previdência.

A expectativa dele é de manutenção do crescimento acelerado da captação líquida dos fundos com ações nos primeiros meses, tempo em que os investidores ainda terão na memória a forte valorização de 2009.

Se a bolsa chacolhar este ano, porém, pode-se assistir a uma revoada dos fundos de renda variável. "Já vimos este filme antes, o investidor em previdência privada ainda é muito instável", afirma Nazareth.

Para Renato Russo, vice-presidente de Vida e Previdência da SulAmérica - que aparece na nona posição em patrimônio (R$ 1,52 bilhão) e na décima em captação líquida (R$ 248,4 milhões) -, não dá para chamar a movimentação de 2009 de "mudança estrutural". Ele lembra que a taxa básica de juros Selic permanece, apesar das reduções de 2009, "relativamente alta" e pode até subir este ano, o que compromete um avanço mais expressivo das captações em renda variável. "O custo de oportunidade ainda é alto, não há pressa dos investidores em assumir uma posição de risco maior", diz Russo. "Essa mudança para renda variável vai demorar para se consolidar", conclui o executivo da SulAmérica.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Negócios com PIBB caem pela metade em 2009

Valor Econômico

12/01/2010

Angelo Pavini, de São Paulo

Os negócios com cotas de fundos de índices de ações (os Exchange Traded Funds, ou ETFs) na Bovespa cresceram 176,11% no ano passado, saltando de R$ 1,658 bilhão em 2008 para R$ 4,578 bilhões em 2009. Já o número de negócios passou de 33.360 para 59.460 no ano passado. O lado preocupante desse resultado, no entanto, é que o ETF mais antigo do mercado, o fundo Papéis Índice Brasil Bovespa (PIBB), teve uma queda de 52% em seu volume negociado, que despencou de R$ 1,481 bilhão para R$ 698 milhões.

Criado pelo BNDES em parceria com o Banco Itaú, o PIBB é um fundo referenciado no Índice Brasil Bovespa 50 (IBrX). A queda de volume é uma notícia ruim principalmente para o investidor pessoa física, que depende do volume de negócios para vender seus papéis.

 

 

Já os três ETFs lançados no fim de 2008 pelo Barclays (hoje BlackRock) - um referenciado no Ibovespa, outro no índice de Small Caps e o terceiro no índice Large & Middle Caps - movimentaram R$ 3,880 bilhões. Desse total, apenas o ETF de Ibovespa respondeu por R$ 3,843 bilhões.

No número de negócios, o PIBB acumulou queda de 42%, com 18.026 operações em 2009, para 31.374 registrados em 2008. O volume diário, por sua vez, recuou de R$ 5,951 milhões para R$ 2,838 milhões por dia. Já o número de cotas que trocaram de mãos foi reduzido de 73,3 mil para 37,5 mil por dia.

O PIBB teve grande presença de pessoas físicas até por incentivo do BNDES e da Bovespa, que instituíram uma garantia do valor aplicado por um período logo após a oferta das cotas. Hoje, o fundo ainda é visto como opção para quem não quer comprar uma ação apenas ou que não quer um fundo de ações ativo, que cobra taxas de administração superiores a 3% ao ano. O PIBB tem um custo muito inferior a isso e ao dos próprios ETFs. O Itaú, por exemplo, cobra taxa de administração de 0,059% ao ano, para 0,54% ao ano nos da BlackRock - também chamados de iShares. O problema é que, por seu baixo retorno comercial, o PIBB acaba não sendo prioridade para o gestor.

Os números mostram que a participação do pequeno investidor no PIBB continua grande. Dos negócios realizados com as cotas do fundo, as pessoas físicas responderam por 28,6% no ano passado, percentual que cai para 8% no iShare de Ibovespa. Já as instituições financeiras são maioria nos iShares, com 36,7% dos negócios, para 3,6% no PIBB.

A queda do volume mostra a concorrência entre os ETFs, explica a gerente de produtos de renda variável da BM&FBovespa, Adriana Sanches. Segundo ela, o PIBB e os iShares são muito diferentes entre si. "O PIBB foi feito como uma oferta pública, o BNDES montou uma operação, fez a distribuição e focou a pessoa física", diz. Já o iShare é criado pela BlackRock a partir da demanda dos grandes investidores, como institucionais ou instituições financeiras. "O fundo surge com um patrimônio pequeno e, à medida que cresce o interesse por ele, o volume aumenta, mas mais por conta dos grandes investidores, que transformam ações em cotas do fundo", diz a executiva.

O investidor que tem aplicações no PIBB e está preocupado com a liquidez do fundo talvez deva procurar uma alternativa, diz a especialista em investimentos Marcia Dessen, da consultoria BMI. "Ele precisa avaliar se vai precisar do dinheiro de uma hora para outra ou se pode deixar o dinheiro aplicado, sem pressa", afirma. Se não houver prazo para resgate, Márcia diz que o PIBB continua sendo uma boa opção. "Ele reflete uma carteira dos 50 papéis mais negociados da bolsa, ponderados por seu valor de mercado, o que é uma diversificação", lembra a especialista. Se a questão da liquidez for muito grave, ela sugere ao investidor vender os papéis gradualmente para evitar perdas. "Mas se ele tem outras reservas, pode manter a aplicação e tocar a vida", diz Marcia.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Feitas para durar

Valor Econômico

11/01/2010


 


 

Nelson Niero e Daniele Camba, de São Paulo


 

Elas foram feitas para durar. Veteranas da bolsa de valores, sobreviveram ao confisco do governo Collor, à abertura de mercado, às crises do México, da Ásia e da Rússia e chegaram ao fim dos anos 2000 com uma valorização mais que robusta.


 

Uma carteira com os papéis de empresas como Gerdau, Itaú Unibanco, Vale e Petrobras trazida desde os turbulentos anos 90 até agora seria hoje uma garantia de aposentadoria milionária. Mas talvez nem o investidor mais ousado imaginaria que no topo da lista estariam empresas completamente fora do radar.


 

A produtora de chapas de aço de Gravataí (RS), Panatlântica, e a fabricante de peças para máquinas agrícolas, Metalúrgica Timboense, de Timbó (SC), valorizaram 148.355% e 49.791% no período, em valores corrigidos pela inflação, números espantosos para qualquer investimento. São papéis de pouca liquidez, algo que afugenta muitos gestores de carteiras, mas não se trata dos famosos "micos", empresas quebradas que continuam subindo e descendo desenfreadamente na bolsa. As duas têm uma história consistente de receita e lucro crescentes, o que é garantia de pagamento de dividendos todo fim de período.


 

No entanto, mesmo a valorização acima de 40.000% para uma "blue chip" como a siderúrgica Gerdau é sem parâmetros -o Índice Bovespa subiu 5.097% no mesmo período. Nos Estados Unidos, ressalvando-se que se trata de um mercado muito mais maduro, a campeã é a Dell, com 1.490%. Entre as empresas da América Latina, com base nos dados da consultoria Economática, não há nada que se compare com a valorização das companhias brasileiras.


 

As duas últimas décadas contam a história do renascimento do mercado de capitais brasileiro, um mercado muito mais consistente do que a desastrada experiência na época do "milagre econômico", nos anos 70. A retomada das aberturas de capital a partir de 2004 provavelmente não seria possível sem a estabilização da economia na década anterior, que livrou a gestão das empresas das garras da inflação.


 

Será difícil uma repetição de saltos como esses nos preços das ações nos próximos anos. É como se tivesse havido uma apreciação acelerada nas duas últimas décadas para trazê-las ao patamar de seus pares do mundo desenvolvido. Criar valor agora passa a ser uma questão mais milimétrica.


 

O processo de crescimento econômico brasileiro nos últimos anos, aliado a uma boa gestão, explica o desempenho de boa parte das vencedoras ao longo destas últimas duas décadas, acredita o diretor de investimentos da Fundação Cesp, Jorge Simino. "As histórias individuais das companhias são sempre importantes, mas certos eventos macroeconômicos são determinantes para o futuro delas", afirma.


 

É o caso de gigantes como Petrobras e Vale, que fazem parte do ranking das mais valorizadas. As ações da Petrobras despontaram principalmente após 1999, quando os combustíveis passaram a ser reajustados, para que a tradicional conta-petróleo pudesse contar positivamente no superávit primário de 3,25% que o Brasil tinha se comprometido em fazer junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Só para se ter ideia do impacto de tal medida para a Petrobras, suas ações ordinárias (ON, com voto) subiram 411,5% em 1999, corrigido pela inflação. "É inegável que a gestão da companhia melhorou ao longo dos anos, mas a medida macroeconômica na conta-petróleo foi mais importante do que qualquer governança", explica.


 

Para a Vale, o crescimento da China e, consequentemente, o expressivo aumento do minério de ferro foram decisivos para a valorização dos papéis, principalmente a partir de 2000. O preço do minério subiu de US$ 20 por tonelada para US$ 80 em alguns anos. No caso da mineradora, a privatização em 1997 foi um divisor de águas na gestão.


 

Existem também exemplos de boa gestão na veia. Gerdau é um deles. Simino lembra da época em que era analista e no banco em que trabalhava costumava-se dar três notas para as empresas: no aspecto financeiro, no operacional e no comercial. "Era muito difícil encontrar uma companhia que tivesse nota boa nas três áreas, e a Gerdau conseguia."


 

No grupo das perdedoras existe um denominador comum: a abertura comercial no início da década de 90, que dizimou o setor têxtil, por exemplo. Não é à toa que Teka, Tecelagem São José, Botucatu Têxtil, Schlosser e Tecelagem Blumenau estão entre as maiores desvalorizações. A abertura comercial também prejudicou o setor de autopeças.


 

A pergunta que todo investidor deve estar se fazendo agora é quais serão as ganhadoras dos próximos 20 anos. Simino acredita que nomes como Petrobras, Vale, Gerdau e Itaú Unibanco continuarão na lista. Já entre as debutantes, ele arrisca que estejam empresas do setor imobiliário, cujo crescimento parece estar apenas no começo.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Trabalhadores poderão investir R$ 5 bi do FGTS

O Globo

10/01/2010

A primeira oferta pública para os trabalhadores investirem parte do saldo do FGTS num fundo de obras de infraestrutura chegará a R$ 5 bilhões. A demanda pode ficar acima de R$ 10 bilhões. A nova aplicação não terá rentabilidade mínima, mas a ideia é que ofereça taxa acima dos atuais 3% ao ano do FGTS.

Oferta bilionária para trabalhadores



Primeira operação para investir parte do FGTS em obras de infraestrutura chegará a R$ 5 bilhões

Geralda Doca e Vivian Oswald BRASÍLIA

O governo vai permitir que os trabalhadores usem, conjuntamente, até R$ 5 bilhões dos recursos depositados nas contas do FGTS para aplicar no Fundo de Investimento em Cotas (FIC), criado para financiar empreendimentos de infraestrutura e que está prestes a sair do forno. A primeira oferta pública de cotas do FIC será de R$ 2 bilhões, mas já existe consenso no Conselho Curador do FGTS em chegar a R$ 5 bilhões, adiantaram fontes ao GLOBO. A vantagem para o trabalhador em investir no novo fundo é que ele poderá utilizar até 30% do seu saldo, conforme lei aprovada em 2009, para melhorar a rentabilidade do dinheiro, que rende apenas 3% ao ano e tem perdido para a inflação.

A rentabilidade média de um outro fundo, o FI-FGTS, que usa parte do patrimônio líquido do FGTS no setor de infraestrutura, é de 9% ao ano. O FIC é uma espécie de “fundo-filho” do FIFGTS: com os recursos aportados diretamente pelos trabalhadores, comprará cotas do FI-FGTS, o “fundo-mãe”.

A carteira final de empreendimentos que receberão recursos do FI-FGTS ainda está em elaboração, mas é certo que incluirá os mais rentáveis previstos hoje, como a usina hidrelétrica de Belo Monte e o trem-bala que ligará o Rio a São Paulo. O novo fundo será administrado pela Caixa Econômica Federal, e os projetos selecionados terão de passar pelo crivo do comitê de investimentos do FI-FGTS, formado por representantes dos trabalhadores, empregadores e governo.

O governo queria já começar a oferta pública de cotas em R$ 5 bilhões, mas os conselheiros decidiram fazer um primeiro teste do interesse do trabalhador. Para o presidente do Instituto FGTS-Fácil, Mario Avelino, a demanda será pelo menos dez vezes maior do que os R$ 2 bilhões que o governo pretende colocar à venda em um primeiro momento. Pelas contas do especialista, se todos os trabalhadores resolvessem aplicar até 30% dos valores de que dispõem depositados no Fundo, a demanda seria de cerca de R$ 46 bilhões. A ampliação do valor para R$ 5 bilhões poderá ser feita antes mesmo do encerramento do prazo de inscrições do edital. Para isso, basta uma resolução do Conselho Curador, explicou uma fonte.

Em bancos, fundos rendem acima de 70%

Será, no entanto, uma operação de mercado, sem garantia de retorno mínimo ao investidor do FIC. Ao contrário do fundo-mãe, que tem rentabilidade mínima de 6% ao ano.

— O FIC envolve risco, mas há a expectativa de que a rentabilidade supere a do CDI (Certificado de Depósito Interbancário, juros médios de captação de mercado que balizam a remuneração dos fundos de renda fixa), em torno de 9% — disse Flávio Porta, do escritório Libertuci Advogados Associados, acrescentando que não adianta esperar o retorno dos fundos de Vale e Petrobras, em que o trabalhador pôde aplicar no passado.

Segundo ele, o trabalhador que investiu no fundo da Petrobras em 2000 e deixou o dinheiro aplicado até 10 de dezembro de 2009 teve um ganho de 892,22%. No caso da Vale, o retorno foi 988,20%, a contar de 2002. A explicação é que esses trabalhadores compraram ações de empresas já consolidadas e de porte global. Agora, vão pôr dinheiro em projetos novos e que vão levar tempo para dar retorno.

Outro aspecto que deverá ser levado em consideração, segundo o advogado, é que, ao investir no FIC, o trabalhador não poderá retirar o dinheiro antes de 12 meses, sob qualquer hipótese, mesmo aquelas previstas nas regras do FGTS (aposentadoria, demissão sem justa causa, compra da casa própria ou doença).

Porém, embora ainda recentes, o desempenho dos fundos de investimento em infraestrutura existentes no mercado e que aplicam em ações de empresas listadas em Bolsa indicam o potencial do segmento. Criado em 2007, o fundo de infraestrutura do Itaú, por exemplo, obteve em 2009 rentabilidade de 76,1% e atingiu patrimônio líquido de R$ 108 milhões.

— A gente sente um interesse muito grande tanto do investidor local quanto do estrangeiro, de olho no ciclo de crescimento que varia entre cinco e dez anos — disse o analista do banco, Marcelo Mizrahi, citando os eventos da Copa e das Olimpíadas.

— Muitos projetos estão sendo elaborados em infraestrutura e todo mundo está de olho neles — reforçou o superintendenteexecutivo de Renda Variável do Bradesco Asset Management, Herculano Alves.

Com patrimônio líquido de R$ 117,7 milhões em dezembro de 2009, o fundo de investimento em infraestrutura do Bradesco completou três anos de existência, e suas aplicações renderam 72,47% em 2009. O fundo do Banrisul foi um dos pioneiros no ramo, tendo iniciado suas atividades em 1997.

Fechou o ano passado com rendimento de 72,10% e um patrimônio de R$ 67,5 milhões.

— Ao longo desse tempo, temos conseguido uma rentabilidade diferenciada, em função da carência do país no setor de infraestrutura — disse o gerente de gestão do fundo do Banrisul, Guilherme Ferle.

Ele considera que o FIC tem vantagens porque o custo de oportunidade é baixo (os 3% ano de rendimento do FGTS), na comparação com os de outros bancos que aplicam recursos próprios de seus clientes — em geral já depositados em outras aplicações, com rendimento superior.

Outro peso é o patrimônio do FI-FGTS, de cerca de R$ 20 bilhões, tendo sido efetivamente aplicados R$ 12 bilhões. Isso significa que o potencial de investimento — e retorno — dos fundos FGTS é muito superior ao dos demais, pois podem investir tanto diretamente em projetos como nas próprias aplicações concorrentes.
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