quinta-feira, 16 de julho de 2009

Imóvel na planta: bom e barato, tome cuidado

É fundamental ter todas as informações antes de realizar a compra ainda no projeto

Ligia Tuon, ligia.tuon@grupoestado.com.br

Bom e barato é uma equação perfeita na teoria, mas costuma dar problemas. No caso da aquisição de um imóvel ainda na fase de construção, a alternativa pode ser interessante, mas é necessário que o comprador tome alguns cuidados para evitar transtornos.

O administrador de empresas Ricardo Castilho foi um dos consumidores que escolheu um apartamento planejado em um feirão por causa da credibilidade da construtora e localização do imóvel, mas teve problemas depois da compra. "Após cinco dias do fechamento do contrato, o corretor informou que o preço do imóvel havia aumentado. Fiquei indignado, pois deixei de fechar negócio com outras empresas na ocasião", conta.

De acordo com Renata Reis, técnica do Procon-SP, o primeiro passo para garantir uma compra segura é conhecer quem está por trás da oferta por meio de uma pesquisa criteriosa.

"Visitar outros empreendimentos que já foram entregues pela empresa e verificar com os moradores e síndicos dos prédios se houve problemas no processo de construção, é uma forma de saber em que terreno o consumidor está pisando", afirma Renata.

Saiba se os profissionais que vão assinar a obra estão inscritos no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) - peça o número de inscrição deles e verifique a autenticidade pelo site www.creasp.org.br - e se o projeto de incorporação está aprovado pela prefeitura e registrado no Cartório de Registro de Imóveis.

Em seguida, segundo Renata, é importante ler atentamente o contrato, anotar todas as dúvidas que venham a surgir e verificar se o que o corretor informou no stand da compra consta no documento.

"Com a oferta por escrito em mãos, o consumidor pode recorrer a um órgão de defesa do consumidor e, se o problema não for resolvido, contratar um advogado ou encaminhar o caso a um Juizado Especial Cível, se o valor da ação não for maior que 20 salários mínimos", ressalta.

Ainda em relação ao contrato, Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), alerta sobre a necessidade de o consumidor verificar no documento qual será a periodicidade dos reajustes que serão realizados ao longo da construção. "Isso é importante para saber quanto o consumidor gastará ao todo e se o bolso dele irá suportar".


FIQUE ATENTO


Antes de fechar o negócio, conheça outros empreendimentos que foram entregues pela empresa e saiba se a construtora tem processos em andamento na justiça.



Verifique se há autorização da prefeitura para as obras e se o projeto está registrado no Cartório de Registro de Imóveis.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Juro baixo força redução de taxas de fundos no varejo

Autor(es): Alessandra Bellotto

Valor Econômico - 15/07/2009

  

As taxas de administração dos fundos DI, renda fixa e de ações cobradas no varejo estão em queda gradual desde 2004. Já nos multimercados, o custo vem crescendo ano após ano. É o que mostra levantamento da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid) com 401 fundos que reúnem patrimônio de R$ 205 bilhões, cerca de 16% do setor, e 6,7 milhões de cotistas. A amostra levou em conta os fundos administrados pelas seis maiores instituições do varejo do país, que concentram 85% dos recursos sob gestão no setor.

Nos DI, a taxa média de administração ponderada pelo patrimônio líquido passou de 1,82% ao ano em 2004 para 1,49% em maio, uma queda de 18% no período. Na renda fixa, a redução foi de 30%, passando de 1,38% para 1,13%. Já nos fundos de ações, o corte foi de 12%, de 2,58% para 2,27% ao ano. O custo mais baixo reflete a redução gradual da taxa básica de juros, disse o vice-presidente da Anbid, Alexandre Zákia. "O juro menor é um fator de pressão para o corte das taxas."

Cinco anos atrás, quando a Selic estava em 16%, 17% ao ano, os gestores de fundos podiam cobrar mais, disse Zákia. Com o juro alto, havia gordura para abrigar taxas maiores sem que isso prejudicasse de forma relevante e aparente a rentabilidade das carteiras. Hoje, segundo o executivo, com a Selic a 9,25%, a taxa de administração passou a pesar mais.

O ganho de escala também contribuiu para a redução das taxas de administração. "Quanto maior a indústria, mais diluídos ficam os custos fixos", explicou. Segundo ele, na taxa de administração estão embutidas despesas com gestão, distribuição e controladoria. No varejo, disse, cujos tíquetes de aplicação são pequenos, pesa muito o custo de distribuição, que envolve serviços de agência, certificação de gerentes, extratos e call center.

Ainda na avaliação de Zákia, tiveram papel importante no processo de queda de taxa o aumento da competição - hoje o setor conta com cerca de 250 gestores - e a evolução da arquitetura aberta (distribuição de fundos de terceiros). O investidor ganhou mais alternativas para barganhar. Contudo, a categoria de multimercados, na qual a cultura da arquitetura aberta é mais forte, teve aumento de custos. A taxa média dos fundos subiu 25%, de 1,38% ao ano em 2004 para 1,72% em maio último.

Para o representante da Anbid, duas hipóteses poderiam explicar esse movimento: a ampliação da oferta de multimercados para o varejo, segmento em que os custos são mais altos, e a busca por fundos com melhor rentabilidade, os mais caros. Zákia afirmou, no entanto, que para esse tipo de fundo a taxa de administração é menos relevante por conta da capacidade de o gestor gerar valor.

O estudo da Anbid levantou ainda a distribuição do patrimônio líquido por nível de taxa. Na renda fixa, mais de 92% dos recursos estão em carteiras com taxas de administração de até 2%. Nos DI, 77,4% do patrimônio está em fundos com taxas de até 2%. Vale destacar que os fundos vendidos no varejo têm aplicações mínimas variadas, podendo oscilar de R$ 100 até R$ 300 mil. As carteiras mais baratas são justamente aquelas que têm os tíquetes mais altos e, portanto, reúnem os maiores volumes. Em ações e multimercados, os recursos estão concentrados em fundos com taxas entre 1% e 2%.

As taxas de administração no Brasil, segundo Zákia, estão em linha com os padrões internacionais. Levantamento da empresa internacional de pesquisa Morningstar com 14 países aponta que a taxa dos fundos de renda fixa oscila de 0,76% a 1%. No Brasil, informou o porta-voz da Anbid, a taxa é de 0,80% se considerados todos os fundos de renda fixa, inclusive aqueles voltados para investidores institucionais e pessoas físicas de alta renda. Na categoria ações, a taxa internacional varia de 1,50% a 1,99%, enquanto no Brasil a média é de 1,33%, segundo Zákia.

A partir de agosto, os investidores poderão acompanhar mensalmente as taxas de fundos no país pelo site da Anbid. Segundo Zákia, a iniciativa é uma reação à demanda por informações sobre os custos associados aos fundos. "Não tem a ver com aumento da competitividade com outras aplicações", ressaltou. Os fundos, disse Zákia, continuam crescendo. No primeiro semestre, a captação líquida foi de R$ 25 bilhões, o que mostra recuperação em relação ao fim de 2008, quando o saldo ficou negativo em R$ 65,3 bilhões.

O destaque no ano, porém, ficou por conta dos fundos curto prazo, com entrada líquida de R$ 9,9 bilhões, e de direitos creditórios (com R$ 13 bilhões). As carteiras de renda fixa atraíram R$ 4,6 bilhões. Já os DI tiveram resgates de R$ 7,8 bilhões e os multimercados, saques de R$ 4,8 bilhões. Apenas em junho, mês marcado por R$ 7,8 bilhões de resgates, os DI perderam R$ 2,7 bilhões, a renda fixa, R$ 1,5 bilhão e os multimercados, R$ 3,3 bilhões. "São volumes pequenos em relação ao patrimônio", disse. "Não dá para dizer que está havendo migração para a poupança", acrescentou Zákia.

No semestre, os fundos DI e de renda fixa apresentaram retorno médio de 5,64% e 5,47%, respectivamente, acima do CDI, de 5,33%. Zákia manteve a projeção de crescimento do patrimônio, hoje em R$ 1,2 trilhão, de 20% neste ano.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Por que trocar de banco


Correio Braziliense - 13/7/2009


É possível economizar até 50% com pagamento de tarifas e juros ao comparar custos das instituições
 

Vicente Nunes

Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press

Maria Helena Pereira é empresária e já trocou de banco quatro vezes nos últimos dois anos

  


A empresária Maria Helena Pereira da Silva, 44 anos, é daquelas que controlam os centavos, especialmente quando envolvem juros e tarifas bancárias. Não foi à toa que, nos últimos dois anos, ela trocou de banco quatro vezes tentando reduzir suas despesas. Apesar do desgaste, não tem do que reclamar. Na ponta do lápis, Helena mostra que está economizando mais de 20% por ano com juros do cheque especial e com o pagamento dos serviços. "Comigo, não tem moleza. Controlo tudo mesmo, centavo por centavo, pois, se não houver um rigor no acompanhamento das despesas bancárias, meu trabalho fica inviável", diz.

Helena faz parte, porém, de um seleto grupo de brasileiros que se dão ao trabalho de mudar de banco quando se sentem prejudicados pelo excesso de tarifas e de juros. "Infelizmente, as pessoas são acomodadas. Preferem continuar pagando caro para manter a conta corrente, mesmo sendo mal atendidas, do que buscar melhores condições", afirma o presidente do Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), Geraldo Tardin. "Além disso, há a tradição. As pessoas gostam de dizer que são clientes há mais de 20 anos de uma instituição", emenda. Resultado: esse tipo de comportamento só beneficia os bancos, que ampliam os seus ganhos.

Tardin sabe do que fala. Levantamento feito pelo Correio, com a ajuda do Banco Central, explicita o quanto vale a pena mudar de banco se o consumidor perceber que está pagando caro demais pelos serviços que recebe. Considerando apenas duas linhas de crédito - cheque especial e crédito pessoal - e cinco tarifas prioritárias - folha de cheque, saque em terminal, extrato eletrônico, transferência por DOC ou TED e renovação anual de cadastro - , é possível economizar até 50% ao ano quando se comparam os custos das seis maiores instituições: Itaú, Banco do Brasil (BB), Bradesco, Caixa Econômica Federal, Santander e HSBC (veja quadro).

Essa diferença de custos é vista com simpatia pelo chefe do Departamento de Normas do BC (Denor), Sérgio Odilon, porque confirma a competição do mercado, a despeito de mais de 80% da clientela bancária estar nas mãos dos seis maiores bancos do país. "A maior concorrência foi possível graças aos instrumentos dados pelo BC para que qualquer pessoa possa trocar de banco sem ônus", afirma. "É o caso da portabilidade, palavra da moda, graças ao sistema de telefonia", ressalta.

Há, também, a portabilidade do crédito. Ou seja, uma pessoa que tem uma dívida com seu banco a um custo elevado pode transferir esse débito para outra instituição, caso lhe seja oferecida uma taxa de juros menor. Na hora da transferência, o banco que está sendo deixado para trás deve dar os descontos nas prestações que não foram pagas.

Outra facilidade é a conta-salário. Quem é obrigado a receber por um banco, mas não quer manter relação com essa instituição, tem direito a abrir uma conta apenas para trânsito do salário. A transferência do dinheiro tem de ser feita no mesmo dia, sem ônus. "Estamos falando de transparência, de aumento da competição, processo que se completou com a uniformização das tarifas bancárias, uma forma de os correntistas saberem o que estão pagando", acrescenta o chefe do Denor.

Odilon ressalta, contudo, que, ao fazer as comparações, os clientes devem comparar tarifas, taxas de juros e de administração cobradas, além das anualidades dos cartões de crédito. "É o gasto geral com serviços e juros que nos dá a visão mais clara do que realmente estamos pagando", avisa.

Sem leilão

Foi essa visão mais detalhista que levou a consultora Maria Inês Ramos, 30, a trocar de banco. "Apenas com a taxa de manutenção de conta e com o uso de DOC, estou economizando mais de R$ 300 por ano", afirma. Ela ressalta que até tentou negociar a redução dos custos, mas não teve sucesso. "Não me fizeram nenhuma contraproposta", assinala. Posições como essa, para Sérgio Odilon, tendem a estimular a troca.

Os bancos estão preparados para atrair clientes de outras instituições. O vice-presidente de Novos Negócios e Varejo do BB, Paulo Rogério Cafarelli, garante que o banco está pronto para a briga. A seu ver, os clientes têm de avaliar o conjunto de serviços. "E, nesse caso, estamos em uma posição muito confortável, pois baixamos as nossas taxas de juros e nossas tarifas estão entre as mais baratas", diz. O vice-presidente de Finanças da Caixa Econômica Federal, Márcio Percival, acrescenta: "São os bancos públicos que estão forçando a queda dos juros e a competição nas tarifas. Os bancos privados terão de nos acompanhar se não quiserem perder mercado".

Para o superintendente de Produtos do Santander, Hugo Sérgio Assis Júnior, a alternativa mais econômica é concentrar as operações em um único banco. "Há pacotes de serviços para cada perfil de movimentação", assinala. Mas vale um alerta. "É preciso avaliar muito bem esses pacotes, pois, em alguns casos, o que está dentro não é exatamente o que o cliente precisa", diz Geraldo Tardin, do Ibedec.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Bradesco assegura que está empenhado em oferecer as melhores condições de taxas e tarifas a seus clientes. Já o HSBC destaca que a concorrência imposta pela portabilidade foi bem-vinda. A instituição acredita que, para esse instrumento se tornar mais consistente, é preciso que entre em vigor o cadastro positivo, que inclui os bons pagadores do sistema. O Itaú não se manifestou.


1- Portabilidade

O usuário do sistema financeiro pode levar seu cadastro, com todo o histórico bancário, para outra instituição a custo zero. O banco é obrigado a liberar o cadastro em, no máximo, 15 dias, evitando que o correntista tenha o seu novo cheque rejeitado na praça por ter uma conta com menos de seis meses.

É o gasto geral com serviços e juros que nos dá a visão mais clara do que realmente estamos pagando
Sérgio Odilon, chefe do Departamento de Normas do BC

Para consultores, ensino deve começar cedo

Folha de S. Paulo - 13/07/2009

  

Pais podem explicar conceitos de caro e barato e diferenciar o que é necessário do que é desejado, dizem especialistas


Dinheiro não deve ser visto, pelos filhos, como uma recompensa por seu desempenho escolar ou por tarefas domésticas

Independentemente de a escola oferecer lições de educação financeira, aos pais cabe um papel muito importante nesse aspecto da formação das crianças. De acordo com consultores da área, quanto mais cedo se começa a explicar para os filhos o valor do dinheiro, melhor.
Até os quatro anos de idade, é cedo demais para dar mesada às crianças. Mesmo assim, pode-se conversar sobre conceitos simples, explicando, no shopping center ou no supermercado, os conceitos de caro e barato e a diferença entre o que é necessário e o que é apenas desejado.
É interessante, ainda, mostrar que aquisições maiores, como a de um televisor ou a de um carro, demoram para se concretizar: a escolha do modelo ideal e a poupança para reunir o dinheiro que será gasto com esses itens levam tempo.
Quando já existe discernimento para administrar uma mesada (no início, semanada), o valor deve ser calculado de acordo com a idade do filho: entre R$ 2 e R$ 3 por semana para cada ano. Assim, uma criança de cinco anos ganharia entre R$ 10 e R$ 15 semanais.
"Esse é o momento crucial para o ensinamento sobre a importância de poupar -a compreensão dessa ideia fará a diferença no futuro das crianças", afirma o consultor e educador financeiro Reinaldo Domingos.
É preciso adotar um ritual na hora de entregar as notas, sempre no mesmo dia da semana ou do mês, depois que a criança chega aos 11 anos. Pode-se presenteá-la com um cofrinho para tornar o ato de economizar mais divertido. "Depois que o montante engordar, a abertura de uma caderneta de poupança dá um estímulo adicional", diz Domingos.
O pequeno poupador tem que ser encorajado a fazer planos para aquele montante: comprar uma bola, por exemplo. Já a gestão do que é destinado às despesas do dia a dia pode ser feita com a do próprio orçamento da casa.
Enquanto dá a sua opinião sobre quanto e como a família vai gastar, a criança toma decisões sobre o seu dinheiro, separando quantias para o lanche da escola e o lazer dos finais de semana.

Origens e destinos
Tão primordial quanto instruir sobre gastos é deixar claro de onde vem o dinheiro da família. Muitas empresas incentivam pais e mães a levar as crianças para conhecer o seu ambiente de trabalho. Ao perceberem quão difícil é ganhar o salário, crianças e adolescentes passam a dar mais valor para os recursos.
O dinheiro jamais deve ser visto, pelos filhos, como uma recompensa por seu desempenho escolar ou por tarefas domésticas. Igualmente, a mesada não pode ser cortada para castigá-los.
Na adolescência, as conversas sobre planejamento de carreira precisam incluir os tópicos padrão de vida e até mesmo aposentadoria. É fundamental que o jovem compreenda que é sua responsabilidade poupar o dinheiro da sua pensão para não depender, na velhice, dos pais ou do governo. Noções de investimentos pessoais também podem ser passadas -aí, troca-se a caderneta por uma outra aplicação, dependendo do destino que se deseja dar ao dinheiro.
A não ser que faça um curso em período integral, tão logo entre na faculdade o filho deve ser instado a procurar um estágio ou um emprego a fim de bancar pelo menos uma parte das suas despesas, de acordo com especialistas.

É bom estar preparado na hora da emergência

Reserva para imprevistos, que pode ser equivalente aos gastos de três meses, não deve ser confundida com a poupança feita com objetivo definido, como comprar a casa própria

Jornal da Tarde

13/07/2009

PAULO DARCIE, paulo.darcie@grupoestado.com.br

Por mais organizado que seja o orçamento de uma família, imprevistos financeiros, capazes de desequilibrar as contas, acontecem . Para evitar sustos nesses momentos, a melhor solução é ter uma reserva de emergência, ou seja, ter um dinheiro guardado para suprir gastos não planejados.

Segundo o consultor financeiro Gustavo Cerbasi, pouca gente realmente se preocupa em fazer essa economia. "Há muitos que estão acostumados a ser amparados, e não a se prevenir. Assim, esperam ajuda de amigos, do governo ou vão atrás de empréstimos", afirma. "O ideal é se precaver para resolver os próprios problemas."

Especialistas alertam que a reserva de emergência não deve ser confundida com investimentos como previdência, que tem o objetivo de garantir uma renda futura, ou com investimentos feitos de olho em sonhos, como um carro ou a casa própria: é preciso saber exatamente o que pode ser considerado uma emergência.

Perda do emprego, problemas de saúde não cobertos pelo plano de saúde, além de acidentes com o carro ou a casa, ou ainda deixar de receber algum valor com o qual estava contando são, segundo especialistas, emergências que devem ser supridas com esse dinheiro. "Emergência é aquilo que não é possível prever olhando no calendário", resume Cerbasi. "São duas coisas diferentes: se precaver quanto a grandes emergências e prever algum gasto pequeno a mais no mês, como um passeio com as crianças."

O dinheiro, portanto, deve estar acessível a qualquer momento. Bens como imóveis ou automóveis não são boas opções para a reserva, pois não têm liquidez, isto é, não se transformam em dinheiro vivo da noite para o dia. A poupança é o investimento mais recomendado, pois não tem taxação e permite o saque a qualquer momento. "Não precisa ter um grande rendimento. Precisa ser seguro e ter liquidez", diz Cerbasi.

Aplicações como títulos públicos e CDBs também podem servir, mas como têm data determinada para resgate, se o saque ocorrer antes o rendimento não será o esperado, e os impostos, nesse caso, são mais pesados.

"O ideal é manter, pelo menos, valor equivalente ao gasto de três meses", diz Cerbasi. Se a pessoa não se sente segura no trabalho ou, em caso de demissão acredita que não conseguirá uma recolocação em pouco tempo, essa reserva pode chegar a seis vezes, recomenda.

Outro conselho dos especialistas é começar a juntar dinheiro já no início da vida financeira independente. Reinaldo Domingos, consultor e autor do livro Terapia Financeira, adverte que não adianta se esforçar pela reserva e se esquecer do resto da saúde financeira. "Não pode ter dinheiro parado na reserva e parcelas do carro atrasadas."

Disciplina

Para fazer crescer o bolo, Domingos sugere disciplina no investimento mensal (de 5% a 10% do orçamento familiar), em vez de aportes periódicos - que são bem-vindos, caso surja uma renda extra. "O valor deve ser separado antes de entrar no 'giro' do mês e correr o risco de ser usado. Ele não pode ser considerado disponível para gastos ou para outros investimentos."

Com disciplina, o bolo pode até passar do necessário para as urgências. Nesse caso, parte dele pode ter outra finalidade, como entrada para a casa própria ou viagem de férias. "Mas o mínimo seguro para as emergências deve ser mantido", diz Domingos.

PARA MONTAR A RESERVA

A reserva para emergências não pode ser usada para gastos previsíveis, como presentes de Natal, ou para a compra de bens, que deve ser programada. Especialistas recomendam manter um valor de pelo menos três vezes o gasto mensal da família. O investimento deve ser mensal, entre 5% e 10% da renda familiar

Ela deve ser mantida desde o começo da vida profissional. A poupança é o investimento mais indicado para isso, pois, apesar de não ter rendimento muito alto, em caso de necessidade, é possível sacar com rapidez e sem a incidência de taxas

Quem já tem um investimento e resolver fazer sua reserva não precisa iniciar outra aplicação para isso: basta controlar, em uma planilha, qual a parte de suas economias destinada a planos futuros e qual a parcela reservada para emergências

Além de alimentar o fundo para grandes imprevistos, é bom preservar uma pequena parcela do orçamento mensal para gastos imprevistos menores que possam aparecer durante o mês

Se o poupador tiver disciplina e não precisar usar a reserva por algum tempo, ela pode crescer, ficar maior do que o que julga necessário. Nesse ponto, o que "sobrar" pode ter outro destino, como um investimento em previdência privada

SAIBA MAIS

POUPANÇA

A aplicação mais tradicional no Brasil é oferecida por praticamente todos os bancos. Sobre ela não incidem taxa de administração e Imposto de Renda. É considerada um investimento seguro, pois tem rentabilidade garantida: 0,5% ao mês mais TR (Taxa Referencial)

TÍTULOS PÚBLICOS

Emitidos pelo Tesouro Nacional, podem ser adquiridos no www.tesourodireto.gov.br. Há os de rentabilidade pré-fixada (ao aplicar, o investidor já sabe quanto vai ganhar), ou pós, conforme variação da inflação ou da Selic

CDBs

Os certificados de depósitos bancários são títulos emitidos por bancos, com rendimento atrelado à variação do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) que, por sua vez, depende da variação da Selic. É uma aplicação em renda fixa

LIQUIDEZ

Facilidade para se converter o investimento em dinheiro. Na poupança o saque pode ser feito a qualquer momento sem custos, enquanto nos saques de investimentos há um prazo para a aplicação ser resgatada. Bens como terrenos ou carros têm ainda menos liquidez

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