segunda-feira, 13 de julho de 2009

Para consultores, ensino deve começar cedo

Folha de S. Paulo - 13/07/2009

  

Pais podem explicar conceitos de caro e barato e diferenciar o que é necessário do que é desejado, dizem especialistas


Dinheiro não deve ser visto, pelos filhos, como uma recompensa por seu desempenho escolar ou por tarefas domésticas

Independentemente de a escola oferecer lições de educação financeira, aos pais cabe um papel muito importante nesse aspecto da formação das crianças. De acordo com consultores da área, quanto mais cedo se começa a explicar para os filhos o valor do dinheiro, melhor.
Até os quatro anos de idade, é cedo demais para dar mesada às crianças. Mesmo assim, pode-se conversar sobre conceitos simples, explicando, no shopping center ou no supermercado, os conceitos de caro e barato e a diferença entre o que é necessário e o que é apenas desejado.
É interessante, ainda, mostrar que aquisições maiores, como a de um televisor ou a de um carro, demoram para se concretizar: a escolha do modelo ideal e a poupança para reunir o dinheiro que será gasto com esses itens levam tempo.
Quando já existe discernimento para administrar uma mesada (no início, semanada), o valor deve ser calculado de acordo com a idade do filho: entre R$ 2 e R$ 3 por semana para cada ano. Assim, uma criança de cinco anos ganharia entre R$ 10 e R$ 15 semanais.
"Esse é o momento crucial para o ensinamento sobre a importância de poupar -a compreensão dessa ideia fará a diferença no futuro das crianças", afirma o consultor e educador financeiro Reinaldo Domingos.
É preciso adotar um ritual na hora de entregar as notas, sempre no mesmo dia da semana ou do mês, depois que a criança chega aos 11 anos. Pode-se presenteá-la com um cofrinho para tornar o ato de economizar mais divertido. "Depois que o montante engordar, a abertura de uma caderneta de poupança dá um estímulo adicional", diz Domingos.
O pequeno poupador tem que ser encorajado a fazer planos para aquele montante: comprar uma bola, por exemplo. Já a gestão do que é destinado às despesas do dia a dia pode ser feita com a do próprio orçamento da casa.
Enquanto dá a sua opinião sobre quanto e como a família vai gastar, a criança toma decisões sobre o seu dinheiro, separando quantias para o lanche da escola e o lazer dos finais de semana.

Origens e destinos
Tão primordial quanto instruir sobre gastos é deixar claro de onde vem o dinheiro da família. Muitas empresas incentivam pais e mães a levar as crianças para conhecer o seu ambiente de trabalho. Ao perceberem quão difícil é ganhar o salário, crianças e adolescentes passam a dar mais valor para os recursos.
O dinheiro jamais deve ser visto, pelos filhos, como uma recompensa por seu desempenho escolar ou por tarefas domésticas. Igualmente, a mesada não pode ser cortada para castigá-los.
Na adolescência, as conversas sobre planejamento de carreira precisam incluir os tópicos padrão de vida e até mesmo aposentadoria. É fundamental que o jovem compreenda que é sua responsabilidade poupar o dinheiro da sua pensão para não depender, na velhice, dos pais ou do governo. Noções de investimentos pessoais também podem ser passadas -aí, troca-se a caderneta por uma outra aplicação, dependendo do destino que se deseja dar ao dinheiro.
A não ser que faça um curso em período integral, tão logo entre na faculdade o filho deve ser instado a procurar um estágio ou um emprego a fim de bancar pelo menos uma parte das suas despesas, de acordo com especialistas.

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