sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Seguro da casa própria: o segredo é pesquisar

Jornal da Tarde

19/02/2010

A partir de agora, quem financiar a compra de um imóvel novo ou usado pode escolher a melhor proposta entre três seguradoras. A concorrência vai reduzir valor da prestação

Marcos Burghi, marcos.burghi@grupoestado.com.br

As novas regras para oferta de seguro habitacional entraram em vigor ontem, mas os primeiros resultados no bolso dos consumidores só devem aparecer no período de seis meses a um ano. Os benefícios podem vir em forma de barateamento ou da inclusão coberturas alternativas. Por enquanto, a maior diferença pode estar na pesquisa de preços.

Pela determinação do Banco Central e da Superintendência de Seguros Privados (Susep), a partir de agora, no momento da contratação de um financiamento imobiliário os bancos devem oferecer aos contratantes ao menos duas alternativas de seguro habitacional (que entra no valor da prestação): a própria e a de uma seguradora na qual a instituição não tenha participação. Além destas duas, o consumidor pode pesquisar outras alternativas e ficar com a que mais interessar.

Na avaliação de Armando Virgílio, superintendente da Susep, as novas regras devem baixar para 2% a representação do seguro habitacional na prestação da casa própria. Hoje, afirma ele, 10% do total da parcela mensal corresponde ao seguro. "Conforme a idade do mutuário a equivalência pode chegar a 20%", diz Virgílio. O seguro habitacional, incluído nas prestações mensais da compra de imóveis novos ou usados, deve cobrir obrigatoriamente danos físicos do imóvel (DFI), como enchentes e explosões, e morte ou invalidez permanente (MIP) do mutuário principal, o que quita automaticamente o saldo devedor do financiamento.

Tharcisio Souza Santos, diretor do MBA da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), acredita que as mudanças no produto irão estimular a concorrência no mercado, mas os resultados não serão imediatos. Santos afirma que só haverá novidades à medida em que as seguradoras sentirem que o mercado seja terreno fértil para suas ofertas. "Acredito que os progressos apareçam dentro de um ano ou algo assim", avalia.

Santos afirma que não necessariamente a evolução do mercado para o seguro habitacional se dará sob a forma de redução de preços. "Outra maneira de atrair consumidores é oferecer coberturas adicionais às obrigatórias", diz. O diretor da Faap fala, por exemplo, de alguma garantia para perda da renda ou assistência a outro bem do contratante.

Santos afirma que a atuação do consumidor na pesquisa de preços será fundamental para que o novo mercado cresça. Ele lembra que os interessados devem verificar, além dos preços, as coberturas e "principalmente" as exclusões, isto é, quando a cobertura não pode ser reivindicada. "O melhor é procurar a ajuda de corretores que conheçam o mercado", indica.

Leoncio Arruda, presidente do Sindicato dos Corretores do Estado de São Paulo (Sincor-SP), afirma que se as regras forem seguidas à risca o mercado tem tudo para avançar. "Se as instituições não forçarem os consumidores a aceitarem suas propostas de seguro como condição para o financiamento as novas regras terão êxito", observa.

Arruda também não crê em queda de preços a curto prazo, uma vez que o mercado terá um tempo de maturação, mas avalia que dentro de seis meses pode haver novidades que beneficiem, inclusive, o bolso dos futuros mutuários. O presidente do Sincor-SP recomenda que no momento da pesquisa de um produto que se molde a suas necessidades, o consumidor busque corretores para ajudá-lo.

Parcerias

As regras entraram em vigor ontem, mas algumas instituições financeiras já anunciaram parcerias com seguradoras para oferecer aos consumidores novas alternativas de seguro habitacional.

O Bradesco fez parceria com a Aliança do Brasil, empresa que conta com a participação do Banco do Brasil. Aos interessados que procurarem o banco em busca de crédito imobiliário serão oferecidos produtos da Aliança e da Bradesco Seguros. O grupo Santander firmou parceria com a Tokio Marine, que também atuará ao lado do banco Itaú.

A Caixa Econômica Federal, que detém cerca de 70% do mercado de seguro habitacional, por ser também a principal agente de crédito imobiliário no País, firmou parceria com a Sulamerica Seguros. A exemplo do Bradesco e do Santander, o site da Caixa já conta com simuladores adaptados às novas regras, que permitem aos interessados verificarem valores de financiamentos com produtos das parceiras. No caso da Caixa, o valor do seguro oferecido pela Sulamerica é menor que o da Caixa Seguros, braço da empresa para o mercado securitário (veja quadro). Procurada para comentar o preço maior, a Caixa não se manifestou.

No caso dos outros bancos, seus valores são menores que os oferecidos pelas seguradoras parceiras.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

'Dividend yield' do Brasil ainda é bem atrativo

Valor Econômico

17/02/2010

O mercado brasileiro se mostra para lá de interessante para os investidores estrangeiros quando o assunto é dividendos, mesmo após a alta de 82,66% do Índice Bovespa no ano passado. Estudo da corretora Ágora mostra que o Brasil tem o terceiro maior retorno com dividendos entre os mercados emergentes, perdendo apenas para Portugal e Tailândia.

De acordo com o levantamento, o chamado "dividend yield" - retorno em lucros e juros distribuídos por ação em relação ao preço do papel - médio projetado para o mercado brasileiro está em 3,2% neste ano.

Para se ter ideia, esse valor é igual ao apresentado atualmente pela Grécia, que vive um momento de forte temor por parte dos investidores devido ao alto grau de endividamento do país. Juntamente com Portugal, Itália e Espanha, a Grécia compõe os PIGS (que significa porcos, em inglês). Os dois mercados emergentes com "dividend yield" maiores que o Brasil são Tailândia e Portugal, com 3,5%, segundo o estudo.

O "dividend yield" do Brasil também é superior à media dos emergentes, que soma 2,2%.

Cuidado na compra de dólares

Correio Brasiliense

17/02/2010

Brasileiro que planeja viajar ao exterior precisa ficar atento à cotação da moeda. Dica é adquirir pouca quantidade na baixa

Deco Bancillon

Bruno Peres/CB/D.A Press

Ana Paula Valença, de Taguatinga: Achei que (o dólar) fosse cair, só que aconteceu o contrário

  


A onda de pessimismo que pôs em xeque a capacidade de países ricos honrarem suas dívidas motivou uma corrida maluca pelo dólar, o que se refletiu numa valorização da moeda norte-americana ante as demais moedas do mundo, entre elas o real. O movimento de alta se intensificou nas últimas semanas, com a profusão de notícias ruins no mercado externo. E, da noite para o dia, quem não havia se preocupado com a cotação do câmbio passou a acompanhar de perto o vaivém das bolsas. Analistas consultados pelo Correio acreditam que o movimento de alta no câmbio deve persistir durante todo o ano, com intervalos e repiques para baixo, o que pode ser aproveitado por quem pensa em viajar.

É o caso da jornalista Ana Paula Dourado Valença, que sentiu no bolso o peso do dólar valorizado. Com viagem marcada para a China e para o Japão, em março, a moradora de Taguatinga calcula que o movimento de alta do câmbio encarecerá o custo do pacote contratado por ela em pelo menos R$ 800. "Quando fechei o pacote, no início de dezembro, o dólar turismo estava em R$ 1,89 para a venda. Pouco tempo depois, chegou em R$ 1,85, mas achei que fosse cair ainda mais. Só que aconteceu o contrário", lamenta Ana Paula, que hoje se arrepende de não ter efetuado o pagamento da viagem naquela época.

Lotes

Felipe Pellegrini, gerente da mesa de operações da Confidence Câmbio, aconselha às pessoas que pensam em viajar fazerem pequenos lotes de compras de dólar, em vez de comprar tudo de uma só vez. "Além de ficar de olho no noticiário econômico, as pessoas devem dividir o risco. Se perceber que o dólar caiu ininterruptamente por dois dias, é hora de comprar um pouco. Um lote de US$ 1 mil por compra já é o bastante", avalia.

Além do risco de países como Grécia, Portugal e Espanha darem o calote em credores internacionais, investidores também passaram a questionar a recuperação dos Estados Unidos, que está mais tímida do que se previa. A aversão ao risco e o medo de um solavanco de crise resultou em fuga de capitais em economias como a brasileira, o que se reflete em perda de valor do real.

"O dólar vai começar a subir mais forte a partir de abril ou maio. Até março ou abril, haverá uma volta do câmbio até R$ 1,81. Mas depois subirá de novo, ultrapassando os R$ 2 já em setembro", prevê o economista André Sacconato, da Tendências Consultoria.

Além de ficar de olho no noticiário econômico, as pessoas devem dividir o risco. Se perceber que o dólar caiu ininterruptamente por dois dias, é hora de comprar um pouco

Felipe Pellegrini, gerente da mesa de operações da Confidence Câmbio


 



Fundo de câmbio é alternativa

Uma outra opção para quem deseja viajar ao exterior, segundo o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, é aplicar o dinheiro em um fundo de câmbio, que acompanha as oscilações da moeda e reduz o risco de perdas e solavancos. Mesmo assim, ressalta ele, é impossível prever o comportamento do dólar para os próximos meses. "A dúvida é de todos. Dificilmente alguém vai conseguir fazer um prognóstico para o câmbio que seja certeiro. O ambiente é de alta instabilidade."

Leonardo Niceli, economista-chefe da SLW Asset Management, pondera que o movimento de fuga pode ser ainda maior do que o visto nos últimos dias, aumentando ainda mais o buraco na cotação do real frente ao dólar. "Está havendo uma aversão ao risco muito grande. Os investidores estão saindo. E bastante capital pode sair junto com eles", avalia. "Nunca antes tivemos um passivo externo no Brasil tão elevado quanto agora. Se todo o capital que resolveu investir no país nos últimos três anos resolver sair agora, haverá problemas enormes."

André Sacconato, da Tendências Consultoria, avalia, no entanto, que esse movimento não será forte o bastante para que haja uma nova recessão mundial, levando os países a aumentar a ajuda fiscal para estimular o consumo. "A pior fase da crise já passou. De agora em diante, é mais turbulência do que crise profunda. Vamos ficar sujeitos a essas oscilações. Tanto na bolsa quanto no câmbio", assinala. (DB)



 

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