sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Oferta de ações da BMF deve ter demanda maior que a da Bovespa, prevê analista

http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL176362-9356,00.html

Disparada das calls de Petrobras expõe riscos do mercado de opções

http://economia.uol.com.br/ultnot/infomoney/2007/11/08/ult4040u8005.jhtm

Euro, por que tê-lo?

Valor Econômico
Por Luciana Monteiro e Danilo Fariello
09/11/2007



Com o euro cada vez mais valorizado ante o dólar, muitos se perguntam se este momento não seria interessante para aplicar, pelo menos um pouco, na moeda comum européia e tentar lucrar com uma possível continuidade dessa alta. Ontem, o euro fechou numa nova marca histórica em relação ao dólar, a US$ 1,4677, com ganhos acumulados de 23,87% desde 2006. Mas será que o investimento na divisa européia vale a pena?


O euro tem apresentado forte valorização perante o dólar porque os EUA vivem uma situação complicada economicamente. Os déficits fiscal e comercial americanos têm afastado os investidores de ativos referenciados na moeda americana. O dinheiro vem sendo transferido para outras regiões, fazendo o dólar se desvalorizar, explica Fabio Colombo, administrador de investimentos. No entanto, em relação ao real, o euro também apresenta desvalorização recentemente, caindo 8,98% neste ano.


Para quem acredita ser interessante diversificar investimentos em outras moedas, a recomendação é realmente escolher o euro, já que a moeda americana vem perdendo terreno para outras divisas há algum tempo, avalia Rogerio Betti, sócio do escritório de aconselhamento financeiro Beta Advisors. O resto do mundo tem apresentado crescimento superior ao dos EUA, diz Walter Maciel Neto, sócio da gestora independente Quest Investimentos. Isso faz com que investidores, como o governo chinês, transfiram recursos de títulos americanos para a Europa, valorizando a moeda do velho mundo ante o dólar.


Mas aplicar em qualquer moeda estrangeira atualmente pode parecer uma insanidade para os brasileiros, pois o dólar já caiu 25,03% desde o início de 2006 e o euro, apesar da valorização lá fora, também não escapou da queda. Mesmo com esse histórico, seria prudente diversificar com uma parcela de cerca de 10% em moedas estrangeiras - o euro, principalmente -, como forma de se defender contra turbulências inesperadas, diz Colombo. "Numa eventual crise externa, o câmbio vai ser o primeiro a subir, mas, no curto prazo, é mesmo difícil prever algo assim e convencer o investidor dessa estratégia."


Só que se defender de eventuais crises aplicando em câmbio, seja em qual for a moeda, pode ser muito caro, diz Renato Ramos, diretor de renda fixa do HSBC Investments. "Se a valorização do real persistir, o aplicador perderá dinheiro", diz ele. Com relação ao euro, Maciel, da Quest, diz que a Europa atualmente é um dos principais focos de preocupação da gestora, pois haveria indícios de excessos na distribuição de créditos para o setor imobiliário na região, como ocorreu no mercado americano. "A crise nos EUA já é conhecida e está no preço dos ativos, mas a Europa pode ainda surpreender", diz o executivo.


Para Aguinaldo Fonseca , diretor de fundos de renda fixa do Itaú, mesmo àqueles que planejam despesas no curto prazo em euro, poder ser mais interessante manter o dinheiro aplicado em outros ativos. "É só recomendável para quem quer fazer um curso no exterior ou comprar algo fora e não quer correr absolutamente nenhum risco cambial." A tendência é o real seguir valorizando, diz Fonseca. Maciel, da Quest, explica que a provável concessão da classificação do grau de investimento ao Brasil no próximo ano deverá trazer mais dólares no país e, portanto, mais pressão de alta para o real.


Como forma de investimento financeiro com o intuito de aumentar o patrimônio, os especialistas definitivamente não vêem tanto brilho no euro. A visão é de que as aplicações realizadas em juros no mercado brasileiro são muito mais atrativas. "O Brasil apresenta hoje muito mais prêmio do que uma aplicação em euro", diz Betti, da Beta. "Dificilmente o investidor conseguiria, por exemplo, obter um retorno de 11,25% ao ano, que é o juro brasileiro, comprando o euro."


Os números mostram que o investidor e as próprias gestoras de recursos têm deixado esse tipo de aplicação de lado. Segundo dados do site financeiro Fortuna, há apenas seis fundos cambiais atrelados ao euro voltados para a pessoa física atualmente. O patrimônio dessas carteiras juntas é de modestos R$ 50,137 milhões. No mês, até o dia 6, o ganho médio dessas aplicações é de 0,51% e, no ano, as perdas médias são de 4,86%.


Os fundos cambiais em geral - que aplicam segundo a variação do dólar - também definharam nos últimos meses. Nunca houve tão pouco dinheiro aplicado em carteiras atreladas a moedas estrangeiras, desde que elas foram criados. Segundo dados do site Fortuna, os portfólio que já chegaram a reunir R$ 8,6 bilhões, atualmente têm menos de R$ 700 milhões. O fim da emissão de títulos cambiais pelo Tesouro Nacional, com resgates líquidos de dívida referenciada em dólar, também favoreceu essa tendência.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Caixa lança carteira de ações que segue o ISE

Valor Econômico
Por Catherine Vieira
08/11/2007



Carol Carquejeiro

Bolivar Moura Neto, da CEF: aposta em produtos mais sofisticados
A área de administração de recursos de terceiros da Caixa Econômica Federal (CEF) quer investir mais em produtos de gestão diferenciada, como fundos de ações e multimercados. Esta semana, a instituição lança um fundo de ações com perfil diferente, que busca replicar a carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial, o Caixa FI Ações ISE. "Esse fundo, focado no índice de sustentabilidade, é um produto que tem tudo a ver com a filosofia da Caixa", diz o novo vice-presidente de ativos de terceiros, Bolivar Moura Neto.


De acordo com o executivo, que assumiu a área de administração de recursos em meados deste ano, a idéia é ampliar a oferta de fundos de renda variável e de multimercados. "Somos muito fortes nos produtos de renda fixa, por isso, agora, estamos querendo desenvolver mais também os produtos de renda variável e multimercados", explica ele. "Esse será um grande foco para nós em 2008", adianta.


Outro produto no qual a instituição está depositando grande expectativa é o fundo que vai permitir a aplicação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) no segmento de infra-estrutura. Moura Neto explica que a Caixa aguarda a regulamentação para lançar a novidade. "Acho que vai ser um produto muito forte", diz o executivo.


O fundo Caixa Ações ISE, lançado esta semana, já está disponível nas agências e no site da Caixa. A aplicação mínima é de R$ 1 mil e há taxa de administração de 2,5%, sem taxa de performance. O ISE, índice que deve ser replicado pela carteira do fundo, é composto por 34 empresas e acumula variação de 33,98 % este ano, até o dia 6 de novembro. Para entrar no índice, as companhias são avaliadas em quesitos como governança corporativa, ambiental, social e outros.


O executivo da Caixa lembra que o mercado e a economia brasileira estão mudando e que a Caixa quer acompanhar isso. "No ano que vem, provavelmente lançaremos outras carteiras de fundos multimercados e possivelmente outros fundos de ações também", diz ele.


As novidades surgem também de demandas dos próprios clientes, em função de fatores como a queda de juros e a maior popularidade que vem ganhando o mercado de ações. Nessa linha, outro produto que está sendo estudado é um fundo do tipo capital garantido. Este ano, a Caixa já tinha lançado também um fundo long/short (de arbitragem).


Moura Neto assumiu a área de gestão de recursos em meados deste ano, sucedendo Wilson Risolia, que foi para o fundo de pensão do Estado do Rio. Funcionário de carreira do Banco Central (BC), Moura Neto atuou no Ministério da Fazenda - época em que também presidiu o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, conhecido como conselhinho - e, há pouco mais de dois anos, tinha se transferido para a vice-presidência de risco da Caixa.


De acordo com informações do ranking global da Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid), a Caixa é a quinta maior gestora do país, com R$ 64,7 bilhões em recursos sob administração em setembro. Desse total, diz Moura Neto, cerca de R$ 52 bilhões estão em fundos abertos ao público em geral e o restante em carteiras exclusivas.

Futuro promissor

Valor Econômico
Por Luciana Monteiro
08/11/2007


Gerente financeiro de uma empresa na área de limpeza, Luciano Eugenio Silveira, de 38 anos, começou a se familiarizar com o mercado de derivativos há dois meses, quando aprendeu a operar com minicontratos, versão reduzida dos contratos negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). À medida que os ganhos cresciam, a empolgação aumentou e ele passou a arriscar mais. Resultado: quebrou e voltou à estaca zero. Mas ele não se deu por vencido e retomou a aposta no mercado futuro. Mesmo com as perdas, o gerente conseguiu uma rentabilidade da ordem de 128.803% nesses dois meses. E ele hoje está rico? Poderia até ter realmente aumentado seu patrimônio não fosse um detalhe: o dinheiro investido, R$ 150 mil, era fictício e os minicontratos foram negociados no simulador da BM&F.


Silveira é um dos ganhadores bimestrais da competição lançada pela BM&F, em parceria com o Valor, com o objetivo de popularizar o mercado futuro. "Eu me arrisquei bastante no simulador, mas é claro que, se o dinheiro fosse verdadeiro, não arriscaria tanto", diz o gerente financeiro que, apesar do cargo com nome pomposo, não estudou economia, administração ou matemática. Terminou apenas o primeiro grau. "Aprendi com o simulador que não se deve arriscar todo o patrimônio de uma só vez, porque, caso a aposta seja errada, você terá de honrar a dívida."


No ar desde setembro, o simulador conta com 9,6 mil participantes cadastrados e funciona da seguinte maneira: cada investidor recebe uma quantia fictícia de R$ 150 mil para comprar ou vender minicontratos. O acesso é gratuito e qualquer um pode operar. Os participantes não ligados ao mercado financeiro e que obtêm os melhores retornos recebem prêmios. É possível aplicar em mínis de Índice Bovespa, dólar, boi e café. No caso de Silveira, os ganhos vieram com a negociação de minicontratos de índice e de dólar. "Chegava a fazer mais de 50 operações por dia", diz. "Dediquei-me muito ao simulador; chego a passar o dia inteiro negociando."


As premiações serão bimestrais e anual. Os participantes com os cinco melhores rendimentos bimestrais no simulador ganham iPods oferecidos por corretoras parceiras do programa. Além disso, recebem cursos online da BM&F sobre o mercado de derivativos e assinaturas bimestrais do Valor. Já os dez participantes que se destacarem no ano poderão até concorrer a um estágio na BM&F. Os três primeiros receberão laptops, cursos presenciais ou online (a critério do vencedor) e assinatura anual do Valor. Os outros sete terão direito a cursos online e assinaturas semestrais do jornal.


Esta premiação é referente às negociações realizadas em setembro e outubro. Quem quiser participar agora pode concorrer ao prêmio do bimestre novembro e dezembro. Há, ainda, a premiação anual, que englobará o resultado do ano de 2007. Ao final de dezembro, as posições serão zeradas, marcando início de um novo ciclo.


Assim como Silveira, que ficou na 3ª colocação bimestral, a estratégia de Ewerton de Souza Henriques, de 22 anos, foi a negociação de mínis de índice. "São mais voláteis e, portanto, dão maior possibilidade de ganhos", diz ele, que ficou no quarto lugar, com retorno de 73.036%. Estudante do quarto ano de economia da PUC-SP, ele sequer pensava em trabalhar no mercado financeiro antes do simulador. "Sempre pensei em seguir carreira acadêmica e comecei a usar o simulador para colocar a teoria na prática", conta ele, que freqüenta o curso de Derivativos da universidade. Além de fechar vários mínis por dia, a estratégia do estudante era nunca "dormir posicionado", ou seja, encerrava todos os contratos no dia para, na manhã seguinte, começar tudo de novo. Além disso, operou alavancado na maior parte dos pregões.


Outro que se destacou foi o estudante do último ano de física da USP Igor Constantino Hidalmasy Kazakos, de 27 anos, na 5ª colocação com ganhos de 61.795%. Apesar de cursar física, ele sempre gostou do mercado financeiro e pretende trabalhar nessa área. "Informação é primordial para um bom desempenho", diz. Antes de colocar as ordens, o estudante lê jornais e acessa inúmeros sites, além de consultar como fecharam as bolsas asiáticas. Ele também se concentrou na negociação de mínis de índice, assumindo bastante risco, e chegou a fazer 250 operações num dia. "Sempre fui arrojado, mas se o dinheiro fosse do meu próprio bolso, faria uma proteção (hedge) de pelo menos 30%."


O proprietário de uma factoring Glauco Luiz Santiago, de 41 anos, conquistou a liderança com retorno de 228.553% negociando também somente minicontratos de índice. "Montei uma estratégia bastante alavancada, sempre seguindo a tendência do mercado", diz. Segundo ele, diferentemente do mercado à vista, em que o gestor monta uma estratégia e segue à risca, com derivativos o negócio é seguir a tendência dos ativos. "Não adianta ficar 'brigando' com o mercado, ele sempre tem razão."


O número de cadastrados no Simulador, de 9,6 mil em dois meses, superou as expectativas da BM&F, diz Verdi Rosa Monteiro, diretor de projetos de desenvolvimento e fomento de mercado da bolsa. Agora, o trabalho será consolidar esse número, já que as faculdades, foco do programa, entrarão em período de férias.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Ação popular

Valor Econômico
Por Daniele Camba e Adriana Cotias
07/11/2007



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Aos 28 anos, a advogada Eduarda Tenório fez sua estréia em aplicações de renda variável na oferta pública inicial (IPO, em inglês) da Bovespa Holding. Tirou o dinheiro da caderneta de poupança e acabou fazendo um negócio da China. Logo na largada, vendeu as ações e acrescentou quase R$ 5 mil ao capital investido, com a alta de Bovespa HLD ON, que superou os 50% no fechamento do primeiro dia. A professora Solange Tilli, de 42 anos, foi outra que também saiu do conforto da caderneta e do fundo DI direto para a operação da bolsa, mas ficou com os R$ 12 mil em ações que comprou, apesar da tentação do lucro rápido.


"Estava com o dinheiro 'parado' na caderneta há uns cinco anos, mas recuperei o tempo perdido e, agora, pretendo aplicar em outras ações", diz a advogada Eduarda. "Coçou a mão para vender as ações da Bovespa e colocar um ganho de mais de 50% no bolso, mas pensei no que todos dizem, que bolsa é para o longo prazo, e preferi deixar mais tempo", contrapõe Solange.




Eduarda e Solange são duas faces da mesma moeda, exemplos de como os IPOs têm sido a porta de entrada de muitas pessoas físicas no mercado de ações. Neste ano, a base ativa da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) aumentou em 41,4%, para 310.625 investidores. Só em outubro, houve um acréscimo de 26.107 aplicadores, número inflado pela oferta da Bovespa HLD, que atraiu, pelo menos, 50 mil pequenos acionistas. Até setembro, a média de crescimento mensal era de 7.209 investidores.


"Muita gente aproveitou a euforia da abertura do capital da Bovespa para fazer a sua primeira compra, talvez pelo incentivo do filtro - que privilegiou, em tese, investidores de longo prazo -, porque viram nisso a chance de ter uma participação maior no rateio", diz o professor Ricardo Rochman, do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP).


As mulheres também têm sido força mais presente no mercado. De 2002 para cá, a participação feminina na Bovespa cresceu de 17,63% para 21,79%, até o fim de setembro. Em comum, elas têm a característica de pensar em bolsa como, de fato, um investimento de longo prazo, recorrendo menos a operações de "day trade" (de compra e venda no mesmo dia), estratégia mais usada pelos homens.


Apesar de Eduarda ter vendido tudo o que comprou de Bovespa HLD no primeiro pregão, agora ela estuda como manter um portfólio diversificado em renda variável. "Pensei numa Vale do Rio Doce, mas estou me informando primeiro." Ela participou, por exemplo, do projeto Educar, da Bovespa, e se inscreveu em palestras na sua corretora, a Ágora.


As ofertas públicas têm sido o caminho mais do que natural para as corretoras conquistarem a adesão de novos investidores para o mercado de ações. Isso ocorre especialmente quando há um lançamento badalado, como foi o da Bovespa ou a distribuição das cotas do fundo Papéis Índice Bovespa Brasil (PIBB), carteira de ações da BNDESPar. A corretora Ágora, que tem uma base ativa de 35 mil clientes, ganhou, só em outubro, a conta de 1,8 mil aplicadores, ritmo 20% acima do normal, comenta o gerente comercial Hélio Pio.


Ele diz que é normal o novato se deslumbrar com o lucro instantâneo, mas afirma que a Ágora sempre trabalha no sentido de estimular a consciência do risco e objetivos de investimento de médio e longo prazos. Já no ato da reserva de IPOs, a corretora pede o depósito de garantias que variam de 10% a 50% do volume da compra. "Insistimos para que o aplicador quebre a idéia de achar que só porque é IPO é que a ação vai subir na abertura", diz. "Depois de experimentar o gostinho do sucesso, é hora de botar o pé no chão e esse aplicador passa a ser fiel, sempre mantendo uma parcela de renda variável."


A professora Solange talvez seja o perfil idealizado por Raymundo Magliano, o presidente da Bovespa, na sua bandeira de popularizar o mercado acionário brasileiro. Desde que assumiu, em 2001, ele tem encampado o projeto de transformar a renda variável como opção de poupança de longo prazo, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos, onde as pessoas das mais diversas faixas etárias e sociais direcionam parte do seu patrimônio para a bolsa. "Não vou ficar olhando o papel todos os dias, quero deixar o dinheiro por mais de cinco anos, será o colchão para a minha aposentadoria", diz a professora.


O único erro grave na estratégia de Solange é que faltou pensar em diversificação, um problema muito comum entre os iniciantes em momentos de euforia. A professora tirou o pouco que tinha na renda fixa e mergulhou de cabeça num único papel, na oferta da Bovespa. Se os papéis tivessem caído 50%, em vez de subir, as marcas seriam grandes e, provavelmente, ela jamais investiria em ações novamente.


Parte do sucesso da operação da Bovespa tem, entretanto, uma certa dose de confusão, acredita o chefe de análise da CMA, Luiz Francisco Rogé Ferreira. "Algumas pessoas devem ter comprado as ações porque ouvem sobre a Bovespa no Jornal Nacional ou até acham que é do governo, como a Petrobras ." A alta da bolsa pelo quinto ano consecutivo também pode induzir o investidor ao erro. "Ele se empolga com isso e esquece que a Bovespa é uma empresa como outra qualquer e que precisa ser rentável."


O engenheiro Alexandre Olivari, de 38 anos, não pode ser chamado de marinheiro de primeira viagem. Depois de ganhar com as operações de Vale e Petrobras com recursos do FGTS, ele considerou que o IPO da Bovespa era uma boa oportunidade para aumentar sua carteira de ações. Decepcionado com a renda fixa, Olivari resgatou de seu CDB e colocou o dinheiro nos papéis da Bovespa HLD. "Num IPO, é sempre preciso ter mais cuidado porque não é tudo que vai ser bom", diz. "Tenho visto que alguns papéis têm saído abaixo do preço estimado e que não têm tido bom desempenho nos primeiros pregões." O engenheiro já está de olho no IPO da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) e acredita que será melhor que o da Bovespa.


Além de analisar as ofertas, Olivari se mostra um adepto da corrente fundamentalista. Ele avalia opções de papéis no setor de comércio eletrônico, que vai de vento em popa por conta da expansão do PIB brasileiro e aumento da inclusão digital. "Para pegar uma carona no crescimento da China, estou também pensando em comprar ações de siderurgia e mineração."


O público jovem tem mostrado entusiasmo crescente pelo mercado acionário. Em uma outra corretora que não costuma atender pessoas físicas, das 200 que compraram as ações da Bovespa HLD, 40 eram novos clientes e a grande maioria com idade entre 25 e 35 anos, com ofertas de compra de R$ 5 mil a R$ 10 mil. "São jovens que ingressaram no mercado de trabalho nos últimos anos e, com o programa 'Bovespa Vai até Você', passaram a conhecer o mercado", diz o diretor dessa corretora. Ele lembra que, desses novos investidores, cerca da metade já vendeu as ações da Bovespa HLD que possuía, mas reaplicou em outros papéis. "A oferta da bolsa foi a porta de entrada do mercado para muita gente."

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Telefone de graça? Sim, é possível

Jornal da Tarde 06/11/2007

Operadoras que utilizam o VoIP não cobram nada nas chamadas para o mesmo sistema


As novas tecnologias permitem o que, há alguns anos, parecia impossível: falar pelo telefone sem pagar um centavo. Isso é possível graças à internet, que transmite sons sem utilizar a rede telefônica convencional.

O programa mais famoso dessa revolução é o Skype, disponível gratuitamente no site www.skype.com. Para utilizá-lo, basta contar com um computador ligado à internet banda larga (mais rápida). 'Você tem um computador e eu, do outro lado, tenho um computador. Assim a gente conversa', resume Antônio Claudio de Oliveira, gerente de marketing da Leucotron, fabricante de equipamentos para telefonia.

O serviço utilizado é o de Voz sobre IP (Internet Protocol), daí esse tipo de telefonia ser conhecido como VoIP. Programas como o Skype permitem a transmissão de voz e som entre computadores, sem a cobrança de taxas.

Também é possível fazer ligações do computador para telefones fixos convencionais ou celulares de qualquer lugar do mundo. Nesse caso, é preciso pagar mensalidades ou adquirir créditos da operadora.

É isso o que faz a dona de casa Olympia Alves Boito. Para conversar com a filha, que mora nos Estados Unidos, ela compra créditos do Skype. 'Minha filha mora há três anos em Nova York. Quando ela se mudou, eu usava o telefone fixo comum', conta Olympia.

Na época, pagava até R$ 300 por mês nas duas linhas de telefone da casa, por causa das ligações internacionais. 'Algumas duravam mais de 40 minutos. Meu marido até brigava comigo', diverte-se.

Há seis meses, Olympia instalou o Skype e passou a comprar créditos para falar com a filha. Para conversar com um primo que mora em Chicago e também utiliza o programa, não gasta nada. 'Hoje nós pagamos R$ 170 nas duas linhas fixas da casa', revela.

Para quem nunca utilizou o VoIP, o sistema pode parecer complicado. Mas existem hoje equipamentos que o aproximam da telefonia fixa tradicional. 'Com um adaptador para telefone analógico (ATA), você transforma seu aparelho fixo em um telefone IP', explica Oliveira.

Também existem no mercado telefones IP que, ligados diretamente ao modem (peça que conecta o computador à internet), permitem chamadas pelo sistema VoIP. Nesse caso, o computador nem precisa estar ligado. Em outras palavras, é como um telefone fixo comum. 'Concorremos com a telefonia fixa principalmente em matéria de economia', defende Germano Coradin, gerente de produtos do Vono, o braço de VoIP da operadora GVT.

Assim como o Skype, o Vono (www.falevono.com.br) oferece ligações gratuitas para usuários do mesmo programa. A assinatura prevê tarifas conforme as cidades de destino. Nos interurbanos, os valores podem ser menores que os da telefonia convencional.

Para quem acha que lidar com computadores é muito complicado, Olympia, que tem 65 anos, dá o recado: 'A gente pensa que não vai conseguir. Mas quando começa, aprende rápido.'


CONFIRA COMO UTILIZAR O VOIP

Equipamentos - O usuário precisa ter um computador moderno e acesso à internet
rápida (banda larga). Além disso, é preciso fazer o download (cópia de arquivo) de programas que trabalham com VoIP

Onde encontrar - O Skype (www.skype.com) é o programa mais famoso. Mas há várias opções, como o Vono (www.vono.com.br) e o Taho (www.taho.com.br). Ao fazer o download, já é possível falar com outros usuários do programa sem pagar nada

Telefones fixos - Para ligar para aparelhos convencionais ou celulares, é preciso comprar créditos (caso do Skype) ou pagar mensalidades. O preço do minuto cobrado em ligações DDD e DDI é mais baixo

Como os outros - Para usar o VoIP sem ligar o computador, como um telefone qualquer (que recebe e faz chamadas), é preciso comprar um adaptador que transforma o fixo comum em aparelho IP ou adquirir um telefone IP (encontrado em lojas de eletrônicos)

Para poucos e bons

Valor Econômico
Por Luciana Monteiro
06/11/2007



Os fundos de ações vêm atraindo uma legião de investidores seduzidos pela forte valorização do Índice Bovespa neste ano, de 46,87% até o dia 31. Mas é preciso ficar atento: nem todos os fundos de ações ativos estão conseguindo superar o Ibovespa, embora muitos cobrem caro por uma gestão dita diferenciada. Levantamento do Valor, com base nos dados do site financeiro Fortuna, mostra que de 137 fundos de ações que buscam superar o Ibovespa, apenas 43 efetivamente rendem mais do que o índice acumulado do ano. Dos vencedores, porém, só 15 aceitam aplicação de pequenos investidores.


À primeira vista, quando se olha para o desempenho dos fundos de ações, com 31% das carteiras classificadas como Ibovespa ativo batendo o referencial, a análise é positiva, avalia Marcelo D'Agosto, sócio do Fortuna. "Esse resultado é natural, pois não são realmente todos os gestores que conseguirão superar o índice; alguns ganham, enquanto outros perdem", avalia. "Além disso, é preciso lembrar que há o impacto da taxa de administração sobre essa rentabilidade." Para ele, como o pequeno investidor raramente consegue ter acesso a essas carteiras com melhor desempenho, ele acaba optando por fundos mais populares, com os da Vale do Rio Doce.


Para Marcelo Assalin, diretor da SulAmérica Investimentos, ao decidir aplicar num fundo, o investidor deve observar atentamente a consistência de resultados da carteira no longo prazo. Além disso, precisa ver a taxa de administração cobrada pela carteira e, se for o caso, a taxa de performance, já que as duas trazem impacto à rentabilidade líquida. Outro fator importante é se o fundo poderá alavancar ou não. Pelo conceito de alavancagem, o gestor faz um empréstimo e, portanto, consegue mais recursos do que realmente têm em carteira para aplicar, o que potencializa os ganhos ou as perdas. Nesses casos, portanto, o risco aumenta.


Para fazer o levantamento dos fundos ativos, foram levadas em consideração somente as categorias de fundos de ações cujo referencial é o Índice Bovespa e que buscam superar o indicador, adotando, ou não, o mecanismo de alavancagem. Não foram levados em conta os fundos Ibovespa passivos, cujo objetivo é apenas replicar o índice, pois, como as carteiras cobram taxa de administração, é natural que o desempenho dessas aplicações fique ligeiramente abaixo do retorno apresentado pelo indicador. Ficaram de fora também os fundos de ações diferenciados, como os de dividendos, "small caps" ou aqueles compostos somente por papéis da Vale do Rio Doce ou Petrobras. Carteiras que não divulgaram a cota do dia 31 de outubro foram ignorados.


Foi justamente essa forte valorização dos papéis da Vale que fez muitos gestores terem rendimento abaixo do Ibovespa no ano, até agora. Isso porque, diante desses altos ganhos, muitos preferiram embolsar os elevados retornos e reduzir um pouco a exposição ao papel, diz Saulo Sabbá, diretor da Máxima Asset Management.Ele lembra que somente a Vale (junto com Bradespar, controladora mineradora) tem peso de 14,61% no Ibovespa, perdendo apenas para Petrobras, com 16,15%. "Mesmo se olharmos os fundos de ações como um todo, 60% deles estão com ganho abaixo do Ibovespa no ano", diz o executivo da gestora.


Entre os 15 fundos Ibovespa ativo com desempenho acima do indicador e que estão abertos ao público em geral está o Máxima Tag Along Access, com rentabilidade acumulada de 66,32% no ano, até outubro, ante 46,87% do Ibovespa. Segundo Sabbá, o fundo busca deixar 70% da carteira atrelada ao índice e os outros 30% hoje estão em ações ligadas direta ou indiretamente ao setor imobiliário, como Cyrela, Gafisa e Duratex, e de tecnologia, como Positivo e Ideiasnet.


O relatório do site Fortuna mostra que novamente os fundos de ações foram os mais rentáveis no mês de outubro, com ganho médio de 2,36% ante 3,10% do Ibovespa no mesmo período. A boa rentabilidade ante outras aplicações atraiu pelo menos R$ 2,202 bilhões para a categoria no mês passado. No ano, até o dia 31, os fundos de ações acumulam rendimento médio de 39,18% e registram captação de R$ 18,377 bilhões.


Embora a valorização de 46,87% do Ibovespa até outubro dê a impressão de que ganhar com a bolsa tem sido moleza, não foi bem assim se analisarmos o retorno comparado ao índice. No início do ano, ganharam os gestores de recursos que fizeram as apostas em empresas de menor capitalização, as chamadas ações "small caps", lembra Assalin, da SulAmérica. Depois, em julho e agosto, a bolsa passou por um processo de correção. A recuperação do mercado nos meses seguintes, no entanto, foi puxada por Vale e Petrobras e, quem ficou com menor exposição a esses papéis, rendeu menos que o Ibovespa, diz ele.


O fundo Sul América Equilibrium, com retorno de 47,41% no acumulado do ano pode ficar até 130% investido no Ibovespa, ou seja, pode alavancar. A carteira, que já existe há 13 anos, tem hoje menor exposição a Vale e Petrobras. Em contrapartida, aumentou as aplicações em ações do setor de varejo, infraestrutura, bancos e bens de capital, diz Assalin.


Outro que pode alavancar é o fundo GWI FIA, que acumula retorno de 103,22% no ano, até o dia 31. Segundo André Cury Maialy, da GWI Asset Management, a gestora tem como filosofia investir apenas em empresas que tendem a apresentar desempenho sólido, independentemente do ambiente político e econômico. É o caso, por exemplo, dos setores de energia, metalurgia, siderurgia, varejo e infra-estrutura. A maior parte dos retornos veio do segmento de siderurgia, com 52% do total, seguido por energia, com 37%, e varejo, com 11%, conta Maialy

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Anúncios de automóveis escondem taxas de juros

FABIANO SEVERO
da Folha de S.Paulo
04/11/2007


"TAC não inclusa." Essa é a frase mais lida naquelas letras minúsculas entremeadas no pé dos anúncios de automóveis.

O que poucos sabem, porém, é que essa Taxa de Abertura de Crédito, sem piso ou teto estabelecido pelo Banco Central, é variável e usada para mascarar a taxa de juros mensal.

"Como não há intervenção do BC, as revendas elevam a TAC e "derrubam" a taxa mensal", explica Daniel Ghovatto, professor de planejamento de vendas do curso de pós-graduação da FEI (Fundação Educacional Inaciana). Ghovatto diz ainda que, em geral, na iminência da compra, as pessoas ficam muito entusiasmadas e não fazem conta.

"O brasileiro só quer saber se a parcela cabe no seu bolso.

Manipular a TAC não é ilegal, nem se trata de má-fé dos vendedores. É apenas uma ferramenta de marketing para confundir o consumidor." Um vendedor da Mitsubishi, que preferiu não se identificar, diz que a TAC é parte da comissão de venda dos funcionários. "Quando vemos que o cliente está muito empolgado e não irá reparar nas taxas, "jogamos" a TAC lá no alto", conta.

Em outra revenda, uma simulação de financiamento de um Ford EcoSport revela que a TAC varia com a instituição financeira, e não com o modelo ou o valor do carro arrendado.
Pelo banco Safra, a TAC fica em R$ 800, R$ 200 a mais do que no Ford. No Itaú, que controla a carteira de clientes do banco Fiat, ela cai para R$ 590.

Descontos

A contadora Vera Lúcia Silva, 43, comprou um EcoSport este ano e pagou R$ 590 para abrir o crédito, mas não sabia que a TAC variava com o banco.

"Fiquei decepcionada quando soube que uma amiga tinha negociado e pagado uma TAC de R$ 450 no Bradesco", diz.

"Dependendo da relação do cliente com o banco, ele consegue taxas bem mais baixas", afirma Victor Bialski, gerente de vendas e marketing do Ford Credit. A Finasa, que tem um acordo operacional com a Ford, cobra de R$ 400 a R$ 800.

Essa variação também ocorre de acordo com a região e com a competição dos mercados locais. "Uma região mais pobre tem TAC mais baixa", afirma. Ele diz que 99,9% das TAC são diluídas no financiamento.

"O consumidor dá, além do carro usado, o dinheiro que tem. Parcelar a TAC é a única saída." O fato de os juros mensais incidirem sobre a TAC não incomoda a todos. "Pagar R$ 10 a mais na prestação não faz muita diferença. Mesmo que, no fim dos 60 meses, uma TAC de R$ 600 vire R$ 1.000", conclui.

com ROSANGELA DE MOURA, colaboração para a Folha

Besc tem perdas em cotas por inadimplência em CCBs

Valor Econômico
Por Catherine Vieira e Danilo Fariello
05/11/2007


O Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) teve de fazer um ajuste, entre os dias 22 e 23 de outubro, em dez fundos de seu portfólio por conta de perdas com Cédulas de Crédito Bancário (CCB) emitidas pela EletroDireto, empresa atacadista e varejista de eletrodomésticos. Os prejuízos chegaram a 4,6% na cota do dia 23 do fundo de renda fixa Besc Private, de acordo com dados do site Fortuna. Três fundos do Besc possuíam esses papéis e outros sete aplicavam em cotas desses fundos, totalizando em dez as carteiras com prejuízos, entre renda fixa, DI e multimercado. A contabilização da perda decorreu do processo de recuperação judicial da empresa de varejo, anunciado em julho deste ano.


De lá para cá, a gestora acreditava em uma recuperação até o vencimento dos títulos, que aconteceu na semana retrasada, diz Luiz Gastão de Lara, diretor de administração de recursos de terceiros do Besc. Ele diz que o Besc acionou sua área jurídica e tem participado de reuniões com outros credores. Segundo Lara, o reconhecimento da perda seguiu recomendação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).


De acordo com informações da gerência de acompanhamento de mercado da CVM, a autarquia identificou, pelo monitoramento habitual que faz dos fundos, que a instituição catarinense havia contabilizado uma parcela não paga relativa ao CCB da EletroDireto. A autarquia, então, informou que a prática correta de marcação a mercado seria contabilizar uma perda total relativa ao CCB da empresa e não apenas a fatia não honrada.


Esse procedimento foi adotado pelo Besc em 22 de outubro, como informou o banco em fatos relevantes arquivados na CVM. Mas, como três meses já tinham transcorrido, as cotas desse período terão de ser reprocessadas pela instituição financeira.


Os papéis em questão eram CCBs que foram renovadas em fevereiro e que ofereciam rentabilidade de 1,10% ao mês, além da variação do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, o juro interbancário) - rentabilidade elevada para os padrões do mercado brasileiro. Os pagamentos periódicos já haviam vencido sem ser honrados desde julho, quando a empresa entrou em recuperação. Mas apenas no fim do mês passado, os títulos venceram integralmente.


Segundo Lara, do Besc, são diversas as aplicações que seus fundos efetuam em títulos de crédito privado para oferecer melhor rentabilidade aos aplicadores. No ano passado, o fundo Prático, o mais agressivo da renda fixa, rendeu 16,04%, acima da variação de 15,03% do CDI, segundo dados do site Fortuna. Neste ano, porém, todos os fundos DI e renda fixa do Besc rendem abaixo do indexador. "Esses fundos são agressivos", diz. Lara afirma ainda que as CCBs da EletroDireto tinham nota Bra- pela SR Rating e A-, pela Austin Rating, em tese, um risco aceitável.


O Besc não submete seus fundos ao código de auto-regulação da Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid), que recomenda aos gestores fechar os fundos para captação quando há um problema de crédito. De julho até agora, os fundos do Besc permaneceram abertos para entradas e saídas. Dessa forma, quem resgatou recursos antes do dia 23 não teve o impacto do prejuízo verificado no mês passado.


Lara diz que, quem resgatou antes, ficará com o lucro extra por não ter sofrido o prejuízo. "Mas estamos reprocessando nossos dados para ressarcir quem entrou depois de 24 de julho e sofreu o prejuízo agora", informa. A quem permaneceu no fundo desde julho até agora, a recomendação, diz ele, é esperar o processo judicial e uma eventual recuperação dos valores.


O diretor do Besc diz que direcionou esforços para capacitar sua equipe de atendimento por telefone para explicar aos aplicadores a perda dos fundos. "Desde o dia 24 de outubro, nossos fundos rendem normalmente e não houve corridas para saques", diz.


Esta não é a primeira vez que cotistas de fundos experimentam perdas por contas de CCBs no mercado brasileiro. O caso mais emblemático ocorreu nas carteiras do Banco Santos, no fim de 2004, quando o Banco Central interveio na instituição. O caso levou, inclusive, a CVM a rever as regras para a alocação de CCBs em fundos de investimento, tornando-as mais restritivas. Hoje, um fundo só pode ter até 20% do patrimônio líquido em CCBs, mas há ainda um limite de 5% por emissor. Ou seja, se um gestor quiser alocar 20% do fundo em CCBs, por exemplo, teria de escolher pelo menos quatro emissores diferentes.


Segundo o gerente de acompanhamento de mercado da CVM, Luiz Américo Ramos, o volume de CCBs aplicados em fundos de investimento é de cerca de R$ 3 bilhões, o que não é tão alto se comparado ao patrimônio total da indústria de fundos, de R$ 1 trilhão. Porém, ele concorda que os investidores devem cada vez mais monitorar de perto as carteiras de seus fundos, principalmente para saber se elas estão ajustadas a seu perfil de risco, para evitar sobressaltos.


Com a taxa de juros em níveis menores e a conseqüente redução do ganho oferecido pelos títulos públicos, a tendência é de que os fundos tenham cada vez mais títulos privados em suas carteiras como forma de tentar obter rentabilidades diferenciadas. "A CVM está atenta a esses movimentos", diz Ramos, lembrando que a autarquia está trabalhando também na chamada regra de "suitability". Essa norma vai exigir das instituições financeiras que cada produto esteja adequado aos perfil de risco dos seus investidores.

Tarifa: 540% de diferença

Jornal da Tarde 05/11/2007

Clientes devem analisar bem os pacotes de serviços oferecidos pelas instituições financeiras

CHARLISE MORAIS, charlise.morais@grupoestado.com.br


Conferir religiosamente os extratos bancários e saber exatamente o que está sendo debitado da conta é uma tarefa difícil - para alguns até impossível. Mas é uma prática que não deve ser deixada de lado. Ao entender as tarifas que são pagas é possível fazer a comparação com o que os outros bancos cobram pelo mesmo serviço. E a diferença pode ser muito grande, de até 540% .

Para estimular uma maior transparência na cobrança de tarifas, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) criou o Sistema de Divulgação de Tarifas de Serviços Financeiros (Star), uma ferramenta online que permite comparar os preços de cada banco. Excluindo-se os bancos que não cobram pelo serviço, a maior diferença entre a menor e a maior tarifa cobrada é para quando o cliente utiliza mais de 20 folhas de cheque por mês. No Itaú, cobra-se R$ 1,60 e na Nossa Caixa R$ 0,25 (diferença de 540%).

A livre cobrança de tarifas é permitida pelo Banco Central - que regula o sistema financeiro. A explicação para tanta disparidade nas cobranças é a livre concorrência. Mas, para os especialistas, isso acarreta cobranças abusivas. “Deveria ser um ambiente concorrencial, mas não enxergamos isso”, argumenta o gerente jurídico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Marcos Diegues.

Concorrência inútil?

Para Diegues, a concorrência pressupõe a liberdade de mudança entre as instituições financeiras, o que não ocorre, já que muitas vezes a conta corrente está atrelada, por exemplo, ao depósito do salário.

Para amenizar essas cobranças, os bancos oferecem cestas ou pacotes tarifários, com uma quantidade limitada de serviços e um desconto fixo mensal. As tarifas dos produtos da cesta são menores do que as avulsas. Porém, o consumidor deve ficar atento, pois, ao exceder o limite de serviços do pacote, paga-se o valor da tarifa avulsa, que é bem superior (veja no quadro abaixo o valor das tarifas avulsas).

“Sem dúvida é mais compensador optar pelas cestas ou pacotes tarifários. Mas, para isso, o produto deve atender às necessidades específicas de cada cliente”, explica o diretor executivo do Procon-SP, Roberto Pfeiffer. “Para aqueles consumidores que utilizam a conta corrente apenas para receber o salário, e não usam os demais serviços como cheque, cartão de crédito ou movimentações online, por exemplo, vale mais a pena optar pelas tarifas avulsas”, conclui.

A dica do diretor do Procon para quem vai abrir uma conta é de sempre ficar atento aos produtos compreendidos dentro da cesta tarifária e verificar se elas suprem a necessidade do cliente. “O melhor é informar-se e negociar com o gerente uma cesta que se ajuste às suas necessidades.” Ele dá outro alerta: “Não existe obrigação contratual de o banco ter de especificar quais serviços serão tarifados. Mas o consumidor deve pedir isso ao gerente para não se surpreender depois.”

Os órgãos de defesa do consumidor, entretanto, defendem que os bancos deveriam oferecer uma cesta de serviços mínima e gratuita para o correntista. “Serviços como confecção de cadastro, pesquisa cadastral, fornecimento e movimentação de cartão de débito, um extrato mensal, saques sem limitação, depósitos, devolução de cheques - exceto por falta de fundos - e atendimento por meios eletrônicos são essenciais para a movimentação da conta e não deveriam ser cobrados”, justifica Diegues.

A explicação do gerente jurídico do Idec para essa gratuidade é simples. “Hoje cada vez mais os bancos empurram seus clientes para fora da agência, oferecendo serviços de auto-atendimento e diminuindo as filas. Isso faz com que o número de funcionários dos bancos seja reduzido, mas todos esses serviços são cobrados dos clientes.”

Regulamentação

Os órgãos de defesa do consumidor juntaram-se ao Ministério Público e ao BC para tentar regularizar essa cobrança tarifária. O governo já sinalizou que deverá criar essa regulamentação até o fim de novembro. Na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)também será discutida a padronização dos nomes das tarifas para facilitar a comparação pelos clientes. “Hoje as denominações são distintas de banco para banco. O consumidor se confunde”, diz Pfeiffer.

Outro ponto que merece atenção dos correntistas é quanto às novas tarifações. “Os bancos, com freqüência, começam a cobrar por serviços que não tarifavam antes”, diz o diretor do Procon. “Se isso acontecer o cliente deve reclamar, caso não seja avisado previamente”, ensina. O BC somente exige que a relação de tarifas esteja anexada na porta dos bancos. Mas nem todos os clientes costumam conferir essa relação. “Principalmente porque as instituições financeiras fazem de tudo para que o cliente não precise ir até a agência”, justifica Pfeiffer.

Consultado sobre a diferença de 540% na cobrança da tarifa, o banco Itaú não quis se pronunciar a respeito. A cobrança de tarifas entre os bancos pode ser acompanhada no site.

domingo, 4 de novembro de 2007

Espere para financiar a casa própria

O Estado de São Paulo 04/11/2007

Nova linha anunciada pela Caixa, que vale a partir de 2008, tem juros menores e vai mexer com mercado

Renata Gama

Se a sua renda familiar é superior a R$ 4,9 mil, espere até o ano que vem para financiar a casa própria. A nova linha de financiamento habitacional anunciada esta semana pela Caixa Econômica Federal amplia a aplicação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ( FGTS), com juros mais baixos, de 8,66% ao ano. Antes as taxas menores eram limitadas à baixa renda. Agora não haverá mais restrições. A medida começa a valer a partir de janeiro de 2008.

Outra mudança determinada pelo Conselho Curador do FGTS diz respeito ao limite de financiamento, que também aumentou. Agora é possível financiar casas e apartamentos de até R$ 350 mil com os recursos do fundo. Anteriormente, o valor não podia exceder R$ 130 mil. Esta modalidade concorre diretamente com as oferecidas pelos bancos privados, que operam recursos da poupança, pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com linhas para a classe média. Nesta modalidade, os juros chegam a 12% ao ano, mas há bancos que já operam na casa dos 9%. De todo modo, a mudança deve provocar uma restruturação das taxas em cadeia. Segundo o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, este é mais um motivo para esperar pela compra da casa a crédito. “A medida deverá provocar uma competição maior no sistema financeiro com redução no custo dos empréstimos”, prevê.

Outro movimento previsto para o ano que vem é de os bancos privados começarem a repassar recursos do FGTS, operação que é restrita à Caixa. Esta aliás é uma reivindicação antiga das instituições financeiras. O Banco Itaú, por exemplo, já anunciou que será “agente repassador” dos recursos. Quando isso ocorrer de forma mais ampla, as taxas de juros tenderão a ser mais competitivas.

Além disso, no início de agosto deste ano, o Conselho Curador já havia anunciado redução de 0,5% no valor da taxa de juros para cotistas do fundo - trabalhadores com conta vinculada ao FGTS há mais de três anos - que passa a valer também a partir de janeiro de 2008. A redução de 8,16% para 7,66% vale apenas para a baixa renda, mas também pressiona o mercado.

Neste cenário, o melhor a fazer é aguardar pela acomodação das taxas. Simulações feitas por Oliveira, mostram que essa opção pode render economia de até 18% no valor total a ser pago pela casa própria, de acordo com o preço do imóvel e o prazo de pagamento. Na compra de um imóvel de R$ 350 mil, com financiamento de 80% do valor (R$ 245 mil), a economia para quem optar pela nova linha chega a R$ 135,6 mil, num financiamento de 30 anos, em relação a quem abrir crédito por uma linha do SFH a uma taxa de juros de 12%. O valor total pago no período cai de R$ 740 mil para R$ 605 mil.
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