domingo, 4 de novembro de 2007

Espere para financiar a casa própria

O Estado de São Paulo 04/11/2007

Nova linha anunciada pela Caixa, que vale a partir de 2008, tem juros menores e vai mexer com mercado

Renata Gama

Se a sua renda familiar é superior a R$ 4,9 mil, espere até o ano que vem para financiar a casa própria. A nova linha de financiamento habitacional anunciada esta semana pela Caixa Econômica Federal amplia a aplicação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ( FGTS), com juros mais baixos, de 8,66% ao ano. Antes as taxas menores eram limitadas à baixa renda. Agora não haverá mais restrições. A medida começa a valer a partir de janeiro de 2008.

Outra mudança determinada pelo Conselho Curador do FGTS diz respeito ao limite de financiamento, que também aumentou. Agora é possível financiar casas e apartamentos de até R$ 350 mil com os recursos do fundo. Anteriormente, o valor não podia exceder R$ 130 mil. Esta modalidade concorre diretamente com as oferecidas pelos bancos privados, que operam recursos da poupança, pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com linhas para a classe média. Nesta modalidade, os juros chegam a 12% ao ano, mas há bancos que já operam na casa dos 9%. De todo modo, a mudança deve provocar uma restruturação das taxas em cadeia. Segundo o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, este é mais um motivo para esperar pela compra da casa a crédito. “A medida deverá provocar uma competição maior no sistema financeiro com redução no custo dos empréstimos”, prevê.

Outro movimento previsto para o ano que vem é de os bancos privados começarem a repassar recursos do FGTS, operação que é restrita à Caixa. Esta aliás é uma reivindicação antiga das instituições financeiras. O Banco Itaú, por exemplo, já anunciou que será “agente repassador” dos recursos. Quando isso ocorrer de forma mais ampla, as taxas de juros tenderão a ser mais competitivas.

Além disso, no início de agosto deste ano, o Conselho Curador já havia anunciado redução de 0,5% no valor da taxa de juros para cotistas do fundo - trabalhadores com conta vinculada ao FGTS há mais de três anos - que passa a valer também a partir de janeiro de 2008. A redução de 8,16% para 7,66% vale apenas para a baixa renda, mas também pressiona o mercado.

Neste cenário, o melhor a fazer é aguardar pela acomodação das taxas. Simulações feitas por Oliveira, mostram que essa opção pode render economia de até 18% no valor total a ser pago pela casa própria, de acordo com o preço do imóvel e o prazo de pagamento. Na compra de um imóvel de R$ 350 mil, com financiamento de 80% do valor (R$ 245 mil), a economia para quem optar pela nova linha chega a R$ 135,6 mil, num financiamento de 30 anos, em relação a quem abrir crédito por uma linha do SFH a uma taxa de juros de 12%. O valor total pago no período cai de R$ 740 mil para R$ 605 mil.

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