quarta-feira, 12 de março de 2008

Previdência em alerta

Valor Econômico
Por Danilo Fariello, de São Paulo
12/03/2008


Os investidores da previdência privada têm migrado com persistência para os planos mistos, com parte em ações, mesmo após as reviravoltas do mercado iniciadas em agosto do ano passado. Essa tendência, porém, arrefeceu em fevereiro, após a queda forte de 6,88% do Índice Bovespa (Ibovespa) em janeiro. No mês passado, a captação dos PGBLs e VGBLs com renda variável caiu para R$ 600 milhões, a metade do que foi no primeiro mês do ano. Os planos puros de renda fixa voltaram a ter captação, mas com apenas R$ 6 milhões.


Embora os participantes continuem a apostar na bolsa para o longo prazo, porém, o episódio recente de volatilidade das ações serve para aplicadores ficarem alertas às diferenças de estilo de gestão desses planos, que vão além dos nomes de balanceados, multimercados ou compostos. Há planos cuja estratégia é fixa, com determinado percentual em ações e pouca flexibilidade nesse sentido, e outros em que a aplicação em renda variável pode ficar ao gosto do gestor, oscilando dentro de uma banda, comenta Renato Russo, diretor da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) e vice-presidente da SulAmérica.


Dependendo do objetivo de cada fundo e da conjuntura do mercado, é compreensível que determinado gestor queira às vezes reduzir o que investe em bolsa, comenta Marcelo Rudge Ribeiro, responsável pela área de previdência da Quórum Seguros. "Na dúvida, ele pode ficar mais conservador e evitar perdas esporádicas."


Por esse motivo, pôde-se verificar que, em fevereiro, apesar de os planos com ações terem captado mais, as carteiras em que PGBL e VGBL aplicam reduziram sua exposição em bolsa. Saíram dos fundos de ações especialmente destinados aos planos de previdência R$ 116 milhões em fevereiro, segundo dados do site financeiro Fortuna. Parte desse resgate se deve à realocação dos planos fixos, que tiveram de reduzir a parcela em bolsa após a subida de 6,72% do Ibovespa em fevereiro justamente para respeitar os limites de alocação. A outra parte, porém, fica por conta de gestores que resolveram ficar mais conservadores neste vaivém do mercado.


Esse foi o caso da Caixa. Segundo Juvêncio Braga, diretor de Vida e Previdência da instituição federal, em momentos de muita volatilidade, como o atual, os planos podem ficar menos expostos em bolsa. Os planos mistos da Caixa são distribuídos como carteiras com alocação até 15%, 30% e 49% em bolsa, mas não é nesse limite que mantêm o tempo todo, explica Braga. Procura-se, porém, respeitar sempre o piso de metade da alocação indicada, diz ele.


Para o aplicador, é fácil descobrir se o plano que investe o tempo todo em percentual fixo em ações ou varia. No prospecto do PGBL ou do VGBL há a indicação se a exposição é de determinada parcela ou até determinado percentual. Se houve a palavra "até", significa que a fatia pode ser menor em determinados momentos. Há também os gestores que indicam uma banda. O Flexprev V40, do Itaú, por exemplo, aplica de 30% a 49% em renda variável.


Para o investidor, a possibilidade de se mexer no nível de alocação em bolsa é uma variável a mais para ser observada quando se escolher um plano composto, diz Marcelo D'Agosto, do Fortuna. A priori, não há estratégia melhor ou pior, diz Russo, da Fenaprevi. "Mas cabe ao aplicador entender as diferenças dos estilos", completa.


O investidor que optar pela parcela variável em bolsa deposita uma dose a mais de confiança na habilidade do gestor em fazer essas escolhas, diz Ribeiro, da Quórum. No longo prazo - característica natural dos planos de previdência -, essa atuação do gestor pode fazer bastante diferença em relação a um plano que tenha percentual fixo em determinado índice de bolsa. No entanto, alguns consultores defendem que os índices tendem a ter desempenho melhor ao longo do tempo do que a maioria dos gestores que tentam selecionar os melhores papéis. "Acertar o momento certo de entrar e sair é difícil", diz Ribeiro.


Em fevereiro, por exemplo, o gestor que reduziu posições dos planos de previdência em renda variável pode ter perdido parte da recuperação da bolsa, que praticamente zerou as perdas apresentadas em janeiro.


Executivos do mercado lembram, ainda, que a alocação natural dos planos de previdência já é reduzida. A Superintendência de Seguros Privados (Susep) limita a 49% a exposição dos gestores dos PGBL e VGBL em bolsa. Ribeiro, que prefere os fundos com percentual fixo em ações do que variável, lembra ainda que, em geral, os investidores têm parte das aplicações apenas em previdência privada, o que significa que a tolerância a riscos pode ser maior. Segundo o Fortuna, em média, os planos compostos aplicam apenas 25% da carteira total em ações, ou seja, a metade do possível dentro do limite.


A noção de risco já parece bastante difundida entre os participantes, ao menos se comparada há um ano. Segundo o Fortuna, apesar dos resgates nos fundos de ações pelos planos de previdência em fevereiro, a participação da renda variável na carteira dos PGBL e VGBL mais que dobrou em pouco mais de dois anos: subiu de 6% em dezembro de 2005 para 12,5% em fevereiro.


Grande parte desse movimento, segundo o Fortuna, se deve ao recente bom desempenho das ações e, por conseqüência, dos planos com bolsa. De janeiro de 2006 até fevereiro deste ano, os planos puros de renda fixa tiveram uma rentabilidade média de 25,3%, segundo o Fortuna, enquanto os planos com ações avançaram 38,4%. Se considerada a variação ao ano, os planos com ações superaram o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) em 2,6%, enquanto os renda fixa ficaram 2% abaixo.


Os números de retorno dos planos acima, porém, devem ser analisados com cuidado pelo aplicador. O participante não deve ficar avaliando o retorno do PGBL ou VGBL mês a mês, diz Ribeiro. Com essa noção, muitos continuaram a aplicar em planos com ações, mesmo com a instabilidade recente da bolsa. No entanto, o investidor também deve ter noção de que o retorno das ações nos últimos anos pode não continuar nos próximos. Mais do que em outras aplicações, em previdência o investidor deve ter noção de que ganho passado não é garantia de lucro futuro. Ainda mais se esse futuro se referir a décadas

terça-feira, 11 de março de 2008

Livros e jogos para os jovens aprenderem brincando

Jornal da Tarde
11/03/2008


Fazendo o pé de meia
Escrito para crianças entre três e dez anos, o livro conta a história de dois irmãos que são visitados pela fadinha Fortuna, que os ensina conceitos de educação financeira

O pé de meia mágico
Álvaro Modernell
Preço: R$ 14,90
Site: www.edufinanceira.com.br

O menino e a porquinha
Zequinha ganha de presente uma porquinha com o singelo nome de Poupança. No convívio com o bicho, Zequinha descobre a importância das finanças e do hábito de guardar dinheiro. Leitura para crianças entre três e dez anos de idade

Zequinha e a porquinha Poupança
Álvaro Modernell
Preço: R$ 14,90
Site: www.edufinanceira.com.br

Gibi de finanças
O clássico 'Pai rico, pai pobre', sucesso de público em vários países, já virou um clássico da educação financeira. O livro original é indicado para os pais e para os
adolescentes com mais idade, mas há versões para crianças. Uma delas traz os conceitos básicos defendidos pelos autores em forma de história em
quadrinhos

Pai rico, pai pobre
Robert Kiyosaki e Sharon L.
Lechter
Editora Campus-Elsevier
Preço: R$ 43,90
Site: www.campus.com.br

Dicas para os pais
Este é para os adultos. Segundo a educadora Cássia D'Aquino, os pais precisam
estabelecer limites às crianças para evitar o surgimento de adultos mimados. A obra
apresenta um roteiro para educar os jovens a ganhar, poupar, gastar e doar, para que eles tenham uma relação saudável com o dinheiro

Educação financeira
Cássia D'Aquino
Editora Campus-Elsevier
Preço: R$ 39
Site: www.campus.com.br

Sucesso de público
Sozinho, o Banco Imobiliário não vai educar financeiramente um jovem, mas sem dúvida vai transmitir conceitos matemáticos para maiores de oito anos. Sucesso em vários
países, o jogo tem como pano de fundo transações imobiliárias feitas com dinheiro de mentira - mas bem que poderia ser de verdade. Em algumas versões
vendidas no exterior, já são utilizados até cartões de débito na disputa

Banco imobiliário
Estrela
Preço: R$ 79,90
Site: www.estrela.com.br

Versão em Springfield
Se a intenção for despertar o interesse de crianças e adolescentes, uma das opções é a versão dos Simpsons do Banco Imobiliário. Nele, os personagens e as propriedades são os mesmos da série de TV. Há versões do Bob Esponja, da Disney e do Homem-Aranha

Banco imobiliário Simpsons
Estrela
Preço: R$ 99,90
Site: www.estrela.com.br

A vida no tabuleiro
Indicado para maiores de oito anos, o jogo traz para o tabuleiro assuntos como casamento, filhos, carreira e negócios. Para vencer, é preciso planejar corretamente a vida. Em outras versões, os participantes jogam no ambiente da Fenda de Bikini, o endereço do Bob Esponja, ou na cidade de Springfield, terra dos Simpsons

Jogo da vida
Estrela
Preço: R$ 94,90
Site: www.estrela.com.br

Educação desde cedo
É possível ensinar matemática financeira para crianças? Essa é uma das propostas do livro, que mostra como os pais devem orientar seus filhos quando o assunto é dinheiro

Filhos inteligentes enriquecem sozinhos
Gustavo Cerbasi
Editora Gente
Preço: R$ 30
Site: www.editoragente.com.br

Competição na Bolsa
Alunos de escolas particulares e públicas do ensino médio de São Paulo participam,
todos os anos, do Desafio Bovespa. A disputa, organizada pela Bolsa de Valores de São Paulo, reúne professores e alunos e dá prêmios de até R$ 25 mil para as equipes vencedoras. Em uma das etapas, os estudantes investem 'valores virtuais' em
carteiras de ações montadas por eles, dentro da Bolsa. O regulamento completo do Desafio Bovespa está no site www.desafiobovespa.com.br

Mesada ajuda na orientação

Jornal da Tarde
11/03/2008

Valor depende da idade, e criança que recebe o dinheiro deve assumir responsabilidades


Pagar uma mesada ao filho é o mais indicado? E quanto ele deve receber, considerando a idade? Essas dúvidas são bastante comuns entre os pais, que nem sempre conseguem tomar a decisão mais equilibrada.

O consultor financeiro Álvaro Modernell explica que a partir dos três anos a criança já pode receber algumas moedas para comprar pequenas coisas, como balas ou figurinhas. Segundo ele, os valores são baixos e a regularidade não é importante. 'Mas a criança deve ser incentivada a comprar por conta própria, a ir até o caixa da loja para pagar a bala', diz.

Ações simples como essa favorecem a autonomia da criança, que passa a entender o valor dos produtos: para comprar uma bala, é preciso ter dinheiro.

Após os cinco anos, ela já está pronta para receber a primeira semanada. Como a criança ainda entende o mês como um período muito longo, os pagamentos semanais são mais indicados.

O valor, no entanto, depende de critérios subjetivos. Sílvia Lambert, diretora do The Money Camp, curso de educação financeira para crianças e adolescentes, diz que a semanada precisa caber no bolso da família. 'Alguns consultores indicam o valor de R$ 1 para cada ano de vida da criança, mas não concordo com o cálculo. Acho que o valor deve ser conversado.'

A família deve estimar algumas despesas da criança - com figurinhas, balas, sorvetes e gibis, por exemplo - e buscar um valor que seja razoável.

O pagamento da semanada, segundo o consultor Paulo Adriano Freitas Borges, leva à transferência de algumas responsabilidades para o filho. Se o dinheiro da criança serve para comprar gibis, os pais não devem pagar essa despesa por ela. 'Quando os pais começam a dar a semanada, a tendência é que ela acabe antes', diz Borges. 'Mas eles não podem cair na tentação de dar mais dinheiro.'

Com o tempo, o filho passa a organizar melhor seus gastos e a priorizar despesas. Nesta etapa, mais importante que o valor é a regularidade. Se os pais se comprometem a dar aos filhos um valor fixo, todos os sábados, o compromisso deve ser cumprido. 'Não pode haver 'inadimplência'', afirma Modernell. 'Ou a criança vai crescer achando que pode atrasar pagamentos', completa Borges.

Tempo ampliado

Na medida em que vai crescendo, a criança amplia sua percepção do tempo. A semanada pode se transformar em quinzenada e em mesada - o que geralmente ocorre perto dos 12 anos. Os valores, mais uma vez, são calculados conforme as despesas da criança e são acompanhados da transferência de responsabilidades.

Os pais também devem incentivar os filhos a poupar, todos os meses, uma parcela dos ganhos. Borges defende que 30% dos ganhos sejam colocados em um cofrinho ou na poupança. O valor da mesada pode até ser maior, para que a criança tenha folga no orçamento para guardar dinheiro.

A funcionária pública Patrícia Paiva, de 36 anos, paga mesada de R$ 10 para a filha Gabriela, de 7 anos. 'Faço o pagamento, inclusive com recibo preenchido por ela', diverte-se a mãe.

Gabriela recebe ainda uma mesada do pai e costuma colocar uma parcela dos ganhos em um cofrinho. 'Ela até economizou para comprar um aparelho de celular', conta Patrícia.

Aluna da escola Castello Branco, que oferece aulas em parceria com o curso The Money Camp, Gabriela já faz algumas compras por conta própria. 'Ela vai até o caixa da loja, paga e se sente orgulhosa com isso', completa a mãe.

No longo prazo, o jovem adquire conhecimentos matemáticos mais complexos e passa a entender melhor a influência de juros e de prazos de pagamento sobre as finanças. Resta aos pais a função de incentivar a busca de conhecimento e orientar os filhos.


VALORES PAGOS

Aos três anos, a criança já pode receber algumas moedas e ser incentivada a colocá-las no cofrinho. Compras pequenas são feitas, mas a maior parte das despesas ainda são pagas pelos pais

Após os cinco anos, os pais podem adotar a semanada. O valor vai depender das despesas que serão transferidas para a criança. Se ela compra balas e gibis, por exemplo, a semanada vai cobrir essas despesas. É aconselhável deixar uma folga no orçamento, para que ela possa poupar uma parcela todas as semanas

A poupança, porém, precisa ter um objetivo. A criança que deseja comprar brinquedos mais caros deve ser incentivada a guardar dinheiro para isso. Com o tempo, cria-se o hábito

Quando a noção de tempo se amplia, a criança pode passar a receber uma mesada. Nessa
fase, ela controla melhor os gastos e consegue guardar dinheiro até o fim do mês.
Geralmente, isso ocorre na pré-adolescência, por volta dos 12 anos

Os pais não podem atrasar o pagamento. Se o dia combinado é o sábado, a criança deve
receber o que foi acertado. Assim, ela começará a entender a dinâmica dos pagamentos e, mais importante ainda, terá um bom exemplo. A mensagem transmitida é a de que as contas devem ser pagas em dia

Quando a criança gasta toda a mesada, os pais não devem dar mais dinheiro. É uma questão de educação. O filho precisa ser levado a equilibrar seus gastos e a fazer escolhas. Quem gasta tudo hoje, fica sem nada amanhã

O filho também precisa entender que nem todos os produtos são acessíveis. Os mais caros só podem ser comprados com o tempo, por meio de uma poupança regular. Essa noção surge na infância

Educação financeira vem de casa

Jornal da Tarde
11/03/2008


Exemplo dos pais e orientação já na infância transformam jovens em adultos responsáveis

Fabrício de Castro, fabricio.castro@grupoestado.com.br


Parece exagero, mas o cofrinho de moedas em forma de porquinho exerce uma função importante na educação do seu filho. Segundo especialistas em finanças, uma criança que aprende, desde cedo, a ser responsável com o dinheiro acaba se transformando em um adulto equilibrado. Nesse processo, é fundamental que os pais dêem o exemplo.

Em casa, eles devem aproveitar as situações do dia-a-dia para transmitir conceitos de educação financeira aos filhos. 'As primeiras conversas são informais', explica o consultor Paulo Adriano Freitas Borges. 'A referência é o comportamento dos pais, antes mesmo de a criança saber o que é cartão de crédito e juros.'

Para o consultor Álvaro Modernell, tudo começa na administração das ansiedades. 'A criança não pode ficar mal acostumada. Se ela chora porque quer um brinquedo, é preciso demonstrar a diferença entre o querer e o poder.'

Modernell lembra que, aos dois anos, a criança testa os limites dos pais. O choro é uma arma para ela conseguir o que deseja. 'Os pais não podem dar tudo, porque, quando a criança ficar adulta, ela não vai mais chorar. Mas sim fazer dívidas no cartão de crédito e no cheque especial', alerta.

Para dar o exemplo, os pais precisam ter uma vida financeira controlada. Além disso, eles devem estimular a poupança desde cedo. Aqui entra em cena o cofre em forma de porquinho. 'É importante levar a criança a guardar dinheiro, mas sempre com um objetivo', defende o consultor financeiro Gustavo Cerbasi, autor do livro Filhos inteligentes enriquecem sozinhos . 'Poupança sem propósito cria um adulto mesquinho.'

A bicicleta, a boneca ou o videogame de última geração pode servir de motivo para a poupança.

Muitos casais que estão na faixa entre os 25e os 45 anos têm dificuldades para impor esses limites e transmitir conceitos de responsabilidade. 'Isso ocorre porque essas pessoas viveram o período inflacionário e perderam a referência do que é poupar para o futuro', afirma Cerbasi.

Com a inflação alta, lembra o consultor, ninguém sabia ao certo quanto guardar todo mês para comprar algo após três anos. Agora, a situação é diferente.

Juntos, pais e filhos podem planejar o futuro. Na casa do empresário Luís Alberto Biroli, de 33 anos, é assim. 'Tudo começou em setembro de 2006, quando decidi fazer uma economia para meus filhos', diz.

Pai de Ana Carolina, de 10 anos, Gabriel, 8, e Luigi, 5, Biroli passou a investir, no nome dos filhos, em um fundo de ações. 'Não tinha a mínima noção de como aplicar na Bolsa, mas me informei a respeito', conta.

O fundo escolhido reúne apenas menores de 16 anos. Para Biroli, o investimento foi importante para criar disciplina. 'A Ana Carolina, que é mais velha, já sabe acompanhar o saldo. E o Gabriel criou uma noção mais clara do que é caro e do que é barato', afirma o pai.

Biroli também paga um valor mensal para um deles. 'Quando o Gabriel reclama que não consegue comprar algo, porque é muito caro, eu lembro que ele tem o dinheiro do fundo. E pergunto: vale a pena?' Apesar de jovem, Gabriel vai aprendendo a decidir .

Banco: tarifa varia até 160%

Jornal da Tarde
11/03/2008


Diferença foi encontrada na renovação do cadastro de conta. Saída para economizar é contratar pacote

Rodrigo Gallo, rodrigo.gallo@grupoestado.com.br


O valor das tarifas bancárias cobradas de forma avulsa nos dez maiores bancos do País pode variar até 160%, segundo informações da Fundação Procon de São Paulo. A entidade divulgou ontem pesquisa na qual mostra que os consumidores devem procurar muito bem antes de escolher a instituição financeira. Além disso, a recomendação é para se optar por pacotes de tarifas, pois o custo cai, a menos que se extrapole seus limites.

A maior diferença encontrada pelo Procon refere-se à tarifa do serviço de renovação do cadastro da conta corrente especial. Bradesco, Caixa Econômica Federal e Nossa Caixa cobram R$ 15 dos clientes, enquanto no Safra custa R$ 39, ou seja, um preço160% maior.

De acordo com o assistente de direção do Procon de São Paulo, Diógenes Donizete, esses valores foram obtidos diretamente nas agências bancárias. Técnicos da entidade visitaram as instituições financeiras e obtiveram a relação de tarifas com os gerentes, na maior parte dos casos. “Percebemos que há uma grande diversidade de preço para um mesmo produto ou serviço de banco para banco.”

Para uma operação aparentemente simples, o envio de talão de cheques pelos Correios, o HSBC, o Real e o Unibanco não cobram nada. Porém, os clientes que optarem por esse serviço devem desembolsar R$ 6 na Caixa e no Itaú.

Um saque no caixa eletrônico ou nos terminais de auto-atendimento pode custar até R$ 1,40 ao consumidor, caso ele exceda o limite. No Safra, por exemplo, esse valor é cobrado para quem utilizar mais de quatro operações deste tipo por mês. “Como não há controle de preços, cada instituição financeira tem sua própria política de tarifas”, afirmou Donizete.

Para fugir destas tarifas, o Procon sugere aos consumidores contratarem um pacote ou cesta preestabelecida, que costuma custar menos. No entanto, há uma série de produtos à disposição das pessoas em cada banco. Por conta disso, é necessário avaliar cuidadosamente as opções e escolher aquela que mais se enquadra no perfil do correntista.

Ainda assim, o simples fato de contratar um pacote não significa que o cliente vá gastar menos. É preciso fazer um planejamento criterioso para não ultrapassar o limite de operações e serviços estabelecidos no contrato.

Donizete orienta que as pessoas devem colocar no papel o quanto consomem de cada serviço por mês, como saques e extratos, e verificar se realmente é necessário fazê-los tantas vezes. “Se o pacote prevê um extrato gratuito por semana, não há motivos para consultar mais de um”, disse. Certos serviços também podem ser acessados gratuitamente pela internet.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) não se manifestou sobre o levantamento do Procon. A única instituição financeira que comentou o estudo foi o HSBC, que informou “estar de acordo com os resultados da pesquisa”.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Estouro da bolsa dificulta declaração

Rosangela Dolis
O Estado de S. Paulo
10/3/2008


Número de pessoas que investiu em ações dobrou em 2007 e dúvidas de como declarar essas compras também

O engenheiro civil Jorge Manuel Fonseca Beco já vinha aplicando em ações desde 2004, mas todos os anos, na hora de fazer a declaração anual, sentia-se inseguro. "Como eram movimentos esporádicos, eu perguntava aqui, lia ali, e fazia o preenchimento." No fim do ano passado, ele resolveu ousar no campo do day-trade, operação mais complexa de compra e venda de ações no mesmo dia. Em fevereiro, com a proximidade do período de entrega da declaração de 2008, ele se preocupou: não tinha a mínima idéia de como informar as novas operações. Foi aí que abriu mão de uma manhã livre de sábado e foi fazer um curso sobre como declarar ações.

A forma de declarar ações é motivo de dúvidas de muitos investidores. Somente em 2007, com o sucesso da Bolsa, o número de pessoas físicas cadastradas nesse mercado mais que dobrou - saiu de 224.536 em dezembro de 2006 para 456.557 em dezembro de 2007. O simples fato de ter adquirido ações em 2007 torna a entrega de declaração obrigatória.

Mauro Calil, agente autônomo de investimento e orientador do Instituto Nacional dos Investidores (INI), conta que a procura pelo curso aumentou na carona do estouro da Bolsa em 2007. Os próximos serão nos dias 15 de março e 12 de abril. O preço é de R$ 200 (R$ 140 para associados). Inscrições: telefone 11-5093-6449 ou e-mail eventos@calilecalil.com.br.

Edino Garcia, coordenador editorial de Imposto de Renda da IOB, explica que o o estoque de ações em 31/12/2007 vai na ficha de Bens; os ganhos tributáveis, na ficha de Rendimentos de Tributação Exclusiva; e os ganhos isentos, na ficha de Rendimentos Isentos. "Basicamente, o declarante deve discriminar que possui tantas ações da empresa X, data e valor de aquisição e total", diz Garcia.

Segundo Sebastião Luiz Gonçalves dos Santos, conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRC), na declaração de bens, a Receita quer verificar apenas um histórico do estoque de ações do declarante. "E cada contribuinte pode dar esse histórico a seu modo, papel por papel, ou todos os papéis juntos."

Estoque de ações inferior a R$ 1 mil não precisa constar da declaração de bens e direitos. É preciso dar baixa das ações vendidas em 2007 no histórico da declaração de Bens.

Apenas os ganhos no mercado à vista decorrentes de vendas de valor inferior a R$ 20 mil por mês estão isentos, desde que não obtidos em operações day-trade. O lucro isento deve ser informado na ficha de Rendimentos Isentos e Não Tributáveis pela soma anual.

Os demais ganhos com ações são tributáveis e devem ser informados na ficha de Rendimentos de Tributação Exclusiva, por meio do demonstrativo de Renda Variável (ler ao lado). Os prejuízos acumulados até um dado mês podem ser abatidos do lucro em meses seguintes, mesmo que vire o ano.

O imposto sobre lucro com ações deve ser recolhido ao longo do ano, no último dia útil do mês seguinte ao da obtenção do lucro. No mercado comum (não day-trade), a alíquota é de 15% sobre o ganho. No day trade, é de 20%. Há retenção de imposto na fonte de 0,05% no mercado comum e de 1% no day trade.

"Esse é o chamado dedo-duro", explica Calil. "Com essa retenção na fonte pelas instituição financeira, a Receita já marca que o investidor terá de comparecer com o restante do imposto no vencimento."

"Ações exigem que o investidor faça um controle muito detalhado de suas operações, mês a mês, numa planilha, para apuração de ganhos ou prejuízos e recolhimento de imposto a cada período", orienta Santos.
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