terça-feira, 13 de abril de 2010

Bolsa registra recorde em negociação de ETFs

Valor Econômico

13/04/2010

De São Paulo

O volume negociado com os Exchange Traded Funds (ETFs, fundos de índices que negociam cotas em bolsa) superou pela primeira vez a marca de R$ 80 milhões na BM&FBovespa.

Esses fundos montam suas carteiras de acordo com os índices de mercado, o que faz com que suas cotas sigam de perto a variação dos referenciais. No pregão de sexta-feira, foram negociadas 978,9 mil cotas, num total de 758 negócios, o que somou R$ 84,44 milhões. O recorde anterior havia sido registrado em 21 de janeiro deste ano, no valor de R$ 69 milhões.

Os fundos de índice negociados em bolsa são muito populares no mercado internacional e têm sido o veículo preferido dos estrangeiros para investir nos mercados emergentes. Ao comprar uma cota desses fundos, é como se o investidor estivesse adquirindo um pequeno clone de um indicador, com a vantagem de não precisar adquirir cada papel na quantidade exigida pelo referencial.

Os investidores estrangeiros foram os que mais negociaram os fundos de índice. Segundo dados da BM&FBovespa, esses aplicadores responderam por 46,8% das operações com ETFs realizadas na sexta-feira. Em seguida, ficaram os investidores institucionais, com 38,4%. As instituições financeiras representaram fatia de 10,4%. Já as pessoas físicas, 4,2%. Empresas públicas e privadas somaram 0,2%.

Outra marca histórica foi atingida pelo fundo Papéis Índice Brasil Bovespa (PIBB). A negociação dessas aplicações chegou a R$ 52,19 milhões, com a transação de 522 mil cotas ao preço médio de R$ 99,98. O recorde anterior, no valor de R$ 46,16 milhões, com negociação de 490,9 mil cotas, ao preço médio de R$ 94,05, foi registrado em 19 de dezembro de 2007. Criado pelo BNDES em parceria com o Itaú em julho de 2004, o PIBB reproduz o Índice Brasil 50, composto pelas 50 ações mais negociadas da bolsa ponderadas por seu valor de mercado.

Além do PIBB, são negociados na BM&FBovespa outros seis ETFs: Bova11, que é referenciado no Índice Bovespa; Smal11, que segue o Índice Small Cap; Mila11, que acompanha o desempenho do Índice MidLarge Cap; Brax11, referenciado no IBrX-100; Csmo11, que segue o indicador de Consumo; além do Mobi11, que busca acompanhar a variação do Índice Imobiliário.

Sem contar os negócios com o PIBB, os demais ETFs registraram volume financeiro na sexta-feira de R$ 32,19 milhões (no caso do Bova11), R$ 11,35 mil (Smal11), R$ 4,50 mil (Brax11) e R$ 55,70 mil (Csmo11).

No mês de março, o número de negócios realizados com os ETFs registrou alta ante fevereiro. Foram realizados 12.428 negócios - acima dos 9.762 de fevereiro. O volume financeiro registrado pelos sete fundos de índices chegou a R$ 582,54 milhões ante R$ 445,89 milhões no mês anterior. (LM)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Com alta da Selic, rentabilidade volta a melhorar

Folha de São Paulo

12/04/2010

DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado trabalha com a expectativa de que a taxa básica Selic começará a ser elevada a partir da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do mês. Hoje em 8,75% ao ano, a Selic deve chegar, segundo as projeções dos bancos, a pelo menos 11,25% no fim de 2010.

Para os fundos DI, tal movimento irá representar a recuperação de parte de sua atratividade perdida.

No fim de 2002, a taxa básica Selic alcançou 22%. Naquele ano, os fundos DI respondiam por praticamente o dobro de sua representatividade atual, chegando a deter 25% do total do mercado. Hoje são 13,32%.

Esse movimento demonstra que, nos momentos de juros mais elevados, os investidores ficam mais dispostos a aplicar nos fundos DI.

"Trabalho com a taxa Selic a 11,75% no fim do ano. Sem dúvida, o investidor de DI vai sentir uma melhora na rentabilidade", diz Aquiles Mosca, estrategista do Santander Asset.

A divulgação do resultado do IPCA de março -índice de preços que serve para monitorar a meta de inflação-, que ficou em 0,52%, acima das projeções, fortaleceu o cenário de alta dos juros. Se a inflação ameaça a meta do governo, que é de 4,5%, o Copom eleva os juros para evitar o descontrole de preços.

O resultado de março fez com que o IPCA acumulado em 12 meses alcançasse 5,17%, maior percentual desde maio de 2009. Além da pressão acumulada, março representou o quinto mês de elevação do índice, que está, desde janeiro, acima do centro da meta.

"A alta da inflação no primeiro trimestre tem componentes pontuais, como o impacto de problemas climáticos sobre alguns preços, mas tem também pressões importantes derivadas do aquecimento da demanda doméstica", afirmou, em relatório, Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra. Para ela, o IPCA deve registrar alta de 5,3% neste ano. Ou seja, vai ficar acima do centro da meta do governo.

Para Eduardo Otero, economista da UM Investimentos, caso os indicadores de inflação corrente e as expectativas do mercado para 2011 piorem até a reunião do Copom, a taxa Selic deve ser elevada neste mês em 0,75 ponto percentual. (FV)

Cenário bom para dividendos

Jornal da Tarde

12/04/2010

Distribuição de lucros pelas empresas foi magra em 2009 mas, para este ano, a perspectiva é boa

Paulo Darcie

Muitos investidores novatos no mercado de ações não sabem que há outra forma de lucrar, além da mais conhecida, por meio da valorização dos papéis e sua posterior venda: formar uma carteira que renda dividendos.

Trata-se da divisão, entre os acionistas, do lucro obtido pela empresa . Em 2009, empresas listadas na BM&FBovespa repartiram entre acionistas R$ 66,93 bilhões, ante R$ 64,04 bilhões em 2008.

Os dividendos, porém, poderiam ter sido melhores, diz o professor de economia da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Tarcísio Souza Santos. "Em geral, não foi um ano de bons lucros, muitas empresas distribuíram pouco para formar caixa."
As perspectivas para 2010, no entanto, são mais otimistas. "Com a recuperação das empresas nesse ano, os dividendos devem ser significativamente maiores", diz o professor de finanças da Faculdade de Administração da USP, Rafael Paschoarelli.

As empresas listadas na BM&F Bovespa são, por lei, obrigadas a dividir entre seus acionistas ao menos 25% do lucro anual. A fatia é definida pelo estatuto da empresa. De acordo com o professor da Faap, o montante depende do estágio de desenvolvimento que a empresa se encontra e de sua política. "Empresas mais novas, em geral, reinvestem o lucro em projetos de expansão", explica. "Empresas já consolidadas, que não têm necessidade de grandes investimentos, podem dividir uma parcela maior dos lucros."

Por isso, explica o analista sênior da Corretora Tov, Julio Mora, as empresas de serviços, principalmente as de geração de energia, são boas pagadoras. "As carteiras de dividendos são compostas praticamente de elétricas. Elas chegam a repartir mais de 90% dos lucros", afirma.

Há casos, porém, como de Petrobrás e Vale, que, apesar de serem sólidas, e até mesmo terem papéis muito valorizados, precisam investir muito em expansão, por isso não destinam grandes porcentuais de seus lucros para os seus acionistas.

Mesada

O pagamento pode ser feito a cada ano ou em intervalos menores, conforme estipulado no estatuto da empresa. Na montagem de suas carteiras, diz o professor Paschoarelli, da USP, investidores procuram ações que paguem dividendos em diferentes meses do ano, assim garantem uma renda mensal. "Bancos como Bradesco e Itaú Unibanco pagam bem e mensalmente", conta ele.

Mas o sucesso do investimento, no entanto, depende também do preço da ação: uma vez que o dividendo é fixo por papel, quanto mais ações tiver, mais ele recebe. Ações caras, neste caso, podem não ser bom negócio para o pequeno investidor, aconselha o analista sênior da Tov, Julio Mora.

"É recomendado que os iniciantes não foquem seus investimentos especificamente em dividendos, mas sim em empresas com bom fundamento, potencial de valorização das ações e, como consequência, ele acaba aproveitando os dividendos", diz Mora.

Ganho com operação é considerado não tributável

O capital obtido com dividendos, para fins fiscais, é considerado rendimento não tributável. "Trata-se da divisão do lucro líquido, que foi feita depois da empresa ter deduzido os impostos, por isso é isento de tributação", afirma Sebastião Gonçalves, do Conselho Regional de Contabilidade

Além dos dividendos, as empresas de capital aberto podem optar por dividir seus lucros na forma de juros sobre capital próprio. Em tese, trata-se da recompensa que o financiador externo - no caso o acionista - recebe por assumir o custo de oportunidade do negócio, e é deduzido como despesa financeira da empresa, portanto, tributada na fonte.

Para o acionista, a única diferença está no preenchimento da declaração do Imposto de Renda: os juros sobre o capital próprio são incluídos como rendimentos tributados exclusivamente na fonte, e o valor recebido deve aparecer no campo específico para isso. Somados, juros e dividendos são isentos até R$ 40 mil por ano.

Toda atenção é pouca na hora da escolha

Ao escolher ações visando lucro com os dividendos, o investidor não deve olhar apenas o montante distribuído pela companhia. "O valor que o acionista recebe por cada papel é fixo, determinado depois de calculado o lucro líquido da empresa", explica a analista chefe da corretora Spinelli, Kelly Trentin. No ano passado, segundo levantamento feito pelo Instituto Assaf, foi pago, em média, R$ 1,28 por ação no País, valor 52% superior ao de 2008.

Uma vez conhecido o preço das ações e o dividendo pago por cada uma delas, calcula-se o índice chamado divdend yield (DY), que reflete qual o porcentual do papel pago como provento. Por exemplo, caso uma ação custe R$ 10 e receba R$ 1, seu DY será de 10%. O índice serve de ferramenta na busca por boas oportunidades. "Ele é calculado depois da divisão dos lucros, serve para orientação", diz Kelly. Nesse indicador se destacam as elétricas, exemplo dos papéis preferenciais da Eletropaulo, que tiveram DY de 17,52% em 2009.

Outro ponto a ser observado é o tipo da ação: uma mesma empresa pode ter ordinárias (ON) ou preferenciais (PN). Segundo as regras da Bovespa, as ON dão ao seu proprietário o direito de voto nas assembleias da corporação, enquanto as PN não dão. "Por isso ela tem preferência na divisão dos lucros", explica o professor de finanças da Faculdade de Administração da USP, Rafael Paschoarelli. Pelas regras, os donos de PNs devem ter ao menos uma das vantagens: receber, por cada papel, valor 10% maior do que o atribuído à ON ou receber DY mínimo de 3% do valor líquido da ação.

Segundo os especialistas, as PN são melhores pagadoras, mas não se trata de uma regra, pois este ganho dependerá da diferença de preço entre ON e PN, além da quantidade de cada um dos tipos de papéis no mercado. "Há ainda empresas do Novo Mercado, que não emitem PN", ressalta Kelly.

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