domingo, 27 de março de 2011

Rendimento do CDB pode ser inferior ao da caderneta de poupança


27/03/2011

Bancos diferenciam os valores aplicados e pagam menos aos pequenos investidores

Fábio Monteiro

Várias instituições financeiras definem o Certificado de Depósito Bancário (CDB) — título emitido pelos bancos que tem o objetivo de captar recursos para serem empregados na concessão de empréstimos e financiamentos — como uma das aplicações mais seguras entre as opções existentes no mercado. Mas a operação requer atenção do cliente a detalhes que, se não observados, podem acabar com a atratividade do investimento, resultando em rendimentos inferiores aos de outras modalidades, como a caderneta de poupança.
O cliente que optar pela contratação de CDB deve, antes de mais nada, analisar se a modalidade é a mais compatível com o atual momento econômico. O volume a ser investido é fundamental para determinar o sucesso da aplicação. Segundo especialistas, valores inferiores a R$ 100 mil têm rendimento menor do que as alternativas de renda fixa.
O educador financeiro Álvaro Modernell lembra que o CDB, como toda aplicação muito segura, possui baixa rentabilidade. Apesar disso, ele pode ser interessante para quem tiver capital e disposição para negociar. “É bom que o cliente nunca aceite a primeira oferta, principalmente se estiver investindo uma grande quantia”, avalia.
Na análise de Modernell, o resgate antes do tempo contratado junto ao banco também não é interessante e, por isso, é bom que o cliente não crie expectativas a curto prazo com relação ao dinheiro. “Quanto maior o prazo estabelecido para receber os dividendos, melhor. Algumas pessoas contratam um CDB de curto prazo para receber logo o dinheiro e, em seguida, firmam novo contrato. Mas fazer isso é perder dinheiro, pois cada renovação gera juros menos vantajosos”, afirma. Para o educador financeiro, o ideal é que, caso o dinheiro seja destinado exclusivamente a investimentos, o poupador feche um contrato com prazo mais longo, que terá rendimentos melhores que aqueles com renovação constante.
Custo
Para as instituições bancárias, o custo operacional de quem está investindo R$ 3 mil ou R$ 300 mil é o mesmo. Por isso, a disposição com as pessoas que aplicam mais recursos tende a ser maior. “É importante que o consumidor entenda que o banco precisa do dinheiro e vai ter gastos na operação. Com isso em mente, o cliente pode focar suas energias em barganhar opções interessantes durante a negociação”, explica Modernell.
O consultor em finanças Alexandre Lignos explica que estudar as diversas opções e as expectativas pessoais é um ótimo passo antes de decidir qual caminho deve ser seguido. “O investidor precisa fazer uma autoavaliação para saber o que espera da aplicação. Quem tem muito dinheiro e uma postura mais agressiva nos negócios com certeza vai ficar insatisfeito”, destaca. Lignos afirma que até o horário da negociação pode ser relevante. “Pela manhã, os bancos procuram captar recursos para repassarem ao longo do dia. Então, a chance de conseguir melhores taxas são maiores”, explica.
Lignos ainda destaca que estudar a saúde financeira da instituição na qual o CDB é contratado pode ser uma medida de segurança bastante válida. “É muito bom para o cliente quando ele consegue negociar boas taxas. Mas se o banco pagar um valor alto demais, muito fora do padrão de mercado, isso pode significar que a instituição está precisando de recursos, tornando a operação um pouco arriscada. Isso pode acontecer principalmente com bancos menores”, revela. Para o consultor, apesar de o risco ser baixo, a aplicação precisa ser acompanhada com seriedade. “Investimento não é para tentar a sorte, é para crescer financeiramente”, comenta.
Escolha
Basicamente, existem duas opções de contratação do título: com rendimentos pré-fixados ou pós-fixados. A escolha deve levar em conta a conjuntura econômica do momento. Se a taxa básica de juros (Selic) está estagnada ou com tendência de queda, a opção mais adequada é fechar o valor do rendimento no ato da contratação. Já em um cenário com alta de juros, fica mais interessante contratar a modalidade no pós-fixado, quando o pagamento é feito de acordo com a taxa Selic referente ao dia do vencimento do título. Atualmente, a tendência da taxa básica de juros é de alta.

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