quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Futuro promissor

Valor Econômico
Por Luciana Monteiro
08/11/2007


Gerente financeiro de uma empresa na área de limpeza, Luciano Eugenio Silveira, de 38 anos, começou a se familiarizar com o mercado de derivativos há dois meses, quando aprendeu a operar com minicontratos, versão reduzida dos contratos negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). À medida que os ganhos cresciam, a empolgação aumentou e ele passou a arriscar mais. Resultado: quebrou e voltou à estaca zero. Mas ele não se deu por vencido e retomou a aposta no mercado futuro. Mesmo com as perdas, o gerente conseguiu uma rentabilidade da ordem de 128.803% nesses dois meses. E ele hoje está rico? Poderia até ter realmente aumentado seu patrimônio não fosse um detalhe: o dinheiro investido, R$ 150 mil, era fictício e os minicontratos foram negociados no simulador da BM&F.


Silveira é um dos ganhadores bimestrais da competição lançada pela BM&F, em parceria com o Valor, com o objetivo de popularizar o mercado futuro. "Eu me arrisquei bastante no simulador, mas é claro que, se o dinheiro fosse verdadeiro, não arriscaria tanto", diz o gerente financeiro que, apesar do cargo com nome pomposo, não estudou economia, administração ou matemática. Terminou apenas o primeiro grau. "Aprendi com o simulador que não se deve arriscar todo o patrimônio de uma só vez, porque, caso a aposta seja errada, você terá de honrar a dívida."


No ar desde setembro, o simulador conta com 9,6 mil participantes cadastrados e funciona da seguinte maneira: cada investidor recebe uma quantia fictícia de R$ 150 mil para comprar ou vender minicontratos. O acesso é gratuito e qualquer um pode operar. Os participantes não ligados ao mercado financeiro e que obtêm os melhores retornos recebem prêmios. É possível aplicar em mínis de Índice Bovespa, dólar, boi e café. No caso de Silveira, os ganhos vieram com a negociação de minicontratos de índice e de dólar. "Chegava a fazer mais de 50 operações por dia", diz. "Dediquei-me muito ao simulador; chego a passar o dia inteiro negociando."


As premiações serão bimestrais e anual. Os participantes com os cinco melhores rendimentos bimestrais no simulador ganham iPods oferecidos por corretoras parceiras do programa. Além disso, recebem cursos online da BM&F sobre o mercado de derivativos e assinaturas bimestrais do Valor. Já os dez participantes que se destacarem no ano poderão até concorrer a um estágio na BM&F. Os três primeiros receberão laptops, cursos presenciais ou online (a critério do vencedor) e assinatura anual do Valor. Os outros sete terão direito a cursos online e assinaturas semestrais do jornal.


Esta premiação é referente às negociações realizadas em setembro e outubro. Quem quiser participar agora pode concorrer ao prêmio do bimestre novembro e dezembro. Há, ainda, a premiação anual, que englobará o resultado do ano de 2007. Ao final de dezembro, as posições serão zeradas, marcando início de um novo ciclo.


Assim como Silveira, que ficou na 3ª colocação bimestral, a estratégia de Ewerton de Souza Henriques, de 22 anos, foi a negociação de mínis de índice. "São mais voláteis e, portanto, dão maior possibilidade de ganhos", diz ele, que ficou no quarto lugar, com retorno de 73.036%. Estudante do quarto ano de economia da PUC-SP, ele sequer pensava em trabalhar no mercado financeiro antes do simulador. "Sempre pensei em seguir carreira acadêmica e comecei a usar o simulador para colocar a teoria na prática", conta ele, que freqüenta o curso de Derivativos da universidade. Além de fechar vários mínis por dia, a estratégia do estudante era nunca "dormir posicionado", ou seja, encerrava todos os contratos no dia para, na manhã seguinte, começar tudo de novo. Além disso, operou alavancado na maior parte dos pregões.


Outro que se destacou foi o estudante do último ano de física da USP Igor Constantino Hidalmasy Kazakos, de 27 anos, na 5ª colocação com ganhos de 61.795%. Apesar de cursar física, ele sempre gostou do mercado financeiro e pretende trabalhar nessa área. "Informação é primordial para um bom desempenho", diz. Antes de colocar as ordens, o estudante lê jornais e acessa inúmeros sites, além de consultar como fecharam as bolsas asiáticas. Ele também se concentrou na negociação de mínis de índice, assumindo bastante risco, e chegou a fazer 250 operações num dia. "Sempre fui arrojado, mas se o dinheiro fosse do meu próprio bolso, faria uma proteção (hedge) de pelo menos 30%."


O proprietário de uma factoring Glauco Luiz Santiago, de 41 anos, conquistou a liderança com retorno de 228.553% negociando também somente minicontratos de índice. "Montei uma estratégia bastante alavancada, sempre seguindo a tendência do mercado", diz. Segundo ele, diferentemente do mercado à vista, em que o gestor monta uma estratégia e segue à risca, com derivativos o negócio é seguir a tendência dos ativos. "Não adianta ficar 'brigando' com o mercado, ele sempre tem razão."


O número de cadastrados no Simulador, de 9,6 mil em dois meses, superou as expectativas da BM&F, diz Verdi Rosa Monteiro, diretor de projetos de desenvolvimento e fomento de mercado da bolsa. Agora, o trabalho será consolidar esse número, já que as faculdades, foco do programa, entrarão em período de férias.

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