quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Ano começa com gestores ampliando ganho com risco

Valor Econômico

Por Angelo Pavini, de São Paulo
14/01/2010

O ano começou bem para as aplicações de risco, especialmente para os fundos de ações, que lideram em rentabilidade até dia 8 de janeiro, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). Os multimercados também apresentam ganho acima do referencial dos juros de mercado, o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), que subiu 0,16% no período. O pior desempenho segue com as carteiras cambiais, que sofrem diante do fortalecimento do real.

Os ganhos acabaram atraindo recursos para os fundos de ações, que começaram o ano com captação de R$ 346 milhões até dia 8. Os fundos ativos que buscam superar o Índice Brasil (IBrX) receberam a maior parte dos recursos, com R$ 204 milhões, enquanto os que têm como referencial o Ibovespa captaram um pouco menos, apesar de apresentarem a maior rentabilidade média no período - 3,01%, para 2,44% do Ibovespa. Esse desempenho, porém, pode variar bastante de acordo com a carteira de cada fundo. Por isso é importante que o investidor confira como está o seu gestor.

 

 

Nos multimercados, o começo de ano foi de resgates, apesar do bom rendimento. A categoria como um todo perdeu R$ 4,4 bilhões, a maior parte em carteiras multiestratégia - que misturam vários modelos de aplicação - e em juros e moedas. Apesar disso, os aplicadores das duas categorias não têm do que reclamar: os multiestratégia acumulam retorno médio de 0,45% até dia 8 e os juros e moedas, 0,31%. Os fundos de arbitragem, ou long/short, também foram destaque, com ganho de 0,79%.

Os gestores começaram o ano aumentando as aplicações de risco, mas sem exageros, afirma Alexandre Silvério, superintendente de fundos multimercados e de renda variável da Santander Asset Management. "Não estão assumindo tanto risco como antes da crise, mas vemos multimercados com mais disposição de aplicar em bolsa, por exemplo", diz.

Na renda fixa, as apostas também existem, apesar da dificuldade em definir um cenário para a taxa de juros brasileira nos próximos meses. "O que dá para ver é que, nos prazos médios, os juros dos papéis embutem um prêmio interessante", diz ele. Na segunda-feira, por exemplo, a taxa para janeiro de 2011 era de 12,67%, quase 4 pontos percentuais acima dos juros atuais, de 8,75%. "É um prêmio pelo risco político e pelo risco de a atividade ser mais forte que a esperada e obrigar o Banco Central a puxar mais os juros", diz.

No prazo mais curto, o risco é maior pela incerteza sobre quando o BC vai começar a subir os juros. Já na mais longa, o risco é o novo governo. "Os candidatos dizem que os pilares da economia - a disciplina fiscal, o controle da inflação - não vão mudar, mas a questão são os detalhes de como esses assuntos serão tratados pelos candidatos", diz Silvério. Ele trabalha com o BC começando a subir os juros em abril, 0,5 ponto percentual ao mês, até atingir 11,75% ao ano.

Os investidores preferiram até agora a segurança dos fundos DI, que acompanham a alta dos juros. As carteiras receberam R$ 2,173 bilhão, mais que o dobro dos renda fixa, apesar do rendimento menor - 0,17% nos DI para 0,21% dos fundos que podem aplicar em papéis prefixados.

Nenhum comentário:

Locations of visitors to this page