domingo, 12 de agosto de 2007

Parcela "eterna" tende a se juntar à nova

Folha de São Paulo de 12/08/2007

Emendar financiamentos compromete orçamento por mais tempo; Banco VW cobra intermediária anual

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Puxada pelo aumento da oferta de financiamentos, a indústria automobilística registrou, em julho, um aumento de 9,4% nas vendas de veículos novos em comparação com junho, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).O total acumulado de vendas no ano chega a 1,3 milhão de unidades -ou 26,6% a mais do que no mesmo período de 2006. Nesse cenário favorável, também a produção avançou: o mercado interno tem compensado a queda das exportações, causada pelo dólar barato.Aproveitando-se do cenário econômico sem sobressaltos, as financeiras oferecem grande flexibilidade de negociação -o que aumenta a tentação de fechar negócio. Mas é preciso sempre ter em mente que, quanto menores as parcelas e mais longo o prazo de parcelamento, maior o preço final.No primeiro semestre deste ano, o plano médio de financiamento, pelos dados da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), foi de 41 meses -em 2005, eram 36 meses. Mas a maioria das instituições já oferece planos de 60, 72 e até 84 meses, caso do recém-lançado financiamento da Ford.Com o parcelamento altamente estendido, os braços financeiros das montadoras atraem os consumidores não apenas com as parcelas baixas mas também com a expectativa de, antes mesmo de quitar as prestações, poder entrar em um novo financiamento de um carro zero-quilômetro."O cliente não precisa esperar os 84 meses para trocar o carro. Ele pode negociar a troca por um modelo novo antes desse prazo, mantendo sempre um Ford zero na garagem", diz Ivan Nakano, gerente de marketing de varejo da fábrica.Juros contraPara o economista Fabiano Calil, isso nem sempre é um bom negócio: "Os juros sempre estão contra você. Se já está comprometido com um financiamento, o melhor é tentar quitar o quanto antes as parcelas. Entrar em outro apenas manterá seu orçamento amarrado por mais tempo".Por isso, de acordo com Calil, planejador financeiro pessoal com a chancela internacional CFP, concedida no país pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros, a paciência pode ser uma grande aliada na compra de um carro -à vista.O economista faz uma comparação com o financiamento de um Ka em 84 parcelas mensais de R$ 468,71, mais entrada de R$ 1.000. "Se fizermos um depósito inicial de R$ 1.000 e aplicarmos R$ 468,71 mensalmente na poupança, um investimento bem conservador, em 40 meses teremos o dinheiro suficiente para comprar o carro zero pela tabela de hoje."Calil vai mais longe: se for poupado o valor da parcela pelos outros 44 meses, o motorista vai ter guardado R$ 23,7 mil -e um Ka com menos de quatro anos de uso. "Pense se pode esperar quatro anos para comprar um carro."Outro problema são as prestações intermediárias. No financiamento de um Gol 1.0 por cinco anos, o Banco Volkswagen substitui, todo mês de dezembro, a parcela de R$ 299 por uma intermediária de R$ 2.181,47. (CELSO DE CAMPOS JR.)

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