sábado, 17 de novembro de 2007

Ceia 20% mais barata

Jornal da Tarde 17/11/2007

RODRIGO GALLO, rodrigo.gallo@grupoestado.com.br

Os produtos alimentícios importados para o Natal estão custando até 20% menos neste ano. Isso significa que o consumidor vai ter gastos reduzidos na hora de comprar vinhos, azeites e outros itens para a ceia. O motivo para a queda, segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas), é a baixa do dólar, que já sofreu uma redução acumulada de18,36% desde janeiro.

De acordo com o presidente da Apas, Sussumo Honda, toda a queda na cotação da moeda norte-americana já está sendo repassada para os consumidores nos últimos meses. No acumulado desde o Natal passado, alguns produtos já podem ser encontrados nas gôndolas dos mercados por preços bem mais em conta.

Segundo a Apas, o corte será sentido principalmente no caso das bebidas, como vinho e champanhe. Porém, até mesmo os produtos nacionais estão mais baratos, por conta da concorrência. “Quando o produto importado fica mais barato, o nacional tende a acompanhar a queda, pois as empresas não querem perder espaço para os concorrentes estrangeiros e também mexem nas tabelas”, explicou Honda.

Por causa da oscilação dos preços, a tradicional dica do Procon ainda é o melhor caminho para economizar: o ideal é fazer uma cotação de valores em pelo menos três supermercados diferentes para optar pelo local mais em conta.

Para aproveitar melhor o corte dos preços, o economista Luís Carlos Ewald, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e autor do livro Sobrou Dinheiro!, aconselha os consumidores a preparar uma lista prévia com os itens que serão comprados para as ceias de Natal e ano novo, para não levar produtos desnecessários. O ideal, segundo ele, é ir aos mercados entre terça e quinta-feira, e aos domingos, quando há mais promoções.

O professor universitário Rui Milanese, 56 anos, e a esposa Rita, 58 anos, já estão preparando a lista de compras para as festas de fim de ano. Dentre os itens já selecionados, estão bebidas importadas. “Um bom vinho português ainda custa mais caro do que um equivalente nacional, embora os preços realmente estejam em queda”, admitiu Milanese. “Mas realmente prefiro gastar mais e comprar uma garrafa estrangeira, pois o custo benefício compensa”, revelou.

Segundo as redes de supermercados, as lojas costumam registrar um grande aumento no volume de vendas a partir da primeira semana de dezembro.

Produtos populares

Não são apenas os alimentos importados que devem atrair a preferência dos consumidores neste Natal. A expectativa é de que os produtos populares estrangeiros vendidos por R$ 1,99 alcancem um crescimento de até 10% na comparação com o ano passado.

Segundo a Associação Brasileira de Importadores de Produtos Populares (Abipp), os comerciantes importaram cerca de 50 milhões de unidades para este Natal - o que dá uma diversidade de aproximadamente cinco mil itens disponíveis nas prateleiras.

De acordo com a Abipp, o período de Natal representa 40% do faturamento de todo o setor de produtos populares. Com o possível crescimento de 10% nas vendas dos importados de R$ 1,99 este ano, o lucro dos empresários pode chegar a R$ 12 bilhões em 2007.

Vendas online

Quem também deve faturar alto neste ano são os comerciantes que trabalham com vendas pela internet. A WEBTraffic prevê que o comércio online brasileiro deve crescer 45% neste Natal, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2006, o faturamento do setor foi de aproximadamente R$ 700 milhões - agora, as empresas prevêem que o lucro pode atingir a marca recorde de R$ 1 bilhão, caso as previsões realmente se comprovem.

Um dos motivos apontados pela WEBTraffic para o crescimento das vendas é o conjunto de facilidades concedidas aos consumidores neste ano, como aumento dos prazos de pagamento, queda das taxas juros do parcelamento e redução no preço dos itens importados.

Por conta disso, a empresa estima que os artigos preferidos como presente neste Natal serão os eletroeletrônicos, como computadores, notebooks, videogames portáteis, além de tocadores de MP3 e televisores de plasma e LCD.

2 PERGUNTAS PARA EUGÊNIO FOGANHOLO, DIRETOR DA MIXXER CONSULTORIA

De acordo com a Apas, os produtos importados da ceia de Natal, como vinho e champanhe, estão custando cerca de 20% menos em relação ao ano passado. O senhor considera que, por causa disso, os supermercados também estão colocando mais produtos estrangeiros nas prateleiras?

Nos últimos anos, principalmente por causa da queda na cotação do dólar e do crescimento da renda média dos trabalhadores, aumentou muito a importância dos produtos alimentícios importados nos supermercados. A oferta desses itens certamente cresceu bastante e os próprios consumidores têm buscado esses artigos como opção de compra, pois os preços estão bem competitivos. Além disso, são alimentos e bebidas bastante consumidos nas festas de fim de ano, o que ajuda a aumentar a procura. Porém, mesmo com o crescimento da importância desses produtos, ainda não é uma realidade tão expressiva pois os itens nacionais continuam sendo a maioria dos disponíveis nas prateleiras dos mercados. Mas de qualquer forma alguns itens, como vinhos e queijos, estão ficando cada vez mais atrativos para os compradores por conta dos preços acessíveis e a qualidade alta. E a demanda pelos importados tende a crescer gradativamente no varejo brasileiro.

A queda do preço dos importados pode causar reflexo no valor dos produtos nacionais?

Sim, a queda no custo dos importados causa reflexos nos preços nacionais também. Com a redução no preço dos produtos estrangeiros a tendência é de que haja cada vez mais competitividade com os itens brasileiros também. O motivo é que a indústria nacional de alimentos tende a investir cada vez mais em qualidade dos produtos, para ter mais força na hora de competir com os importados na preferência dos clientes. Essa disputa também acaba se estendendo para o preço final ao consumidor, para não perder espaço.

Nenhum comentário:

Locations of visitors to this page