quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Na financeira é mais caro

Jornal da Tarde 14/11/2007

Diferença para os juros cobrados de aposentados nos bancos pode chegar a 187%

RODRIGO GALLO,
rodrigo.gallo@grupoestado.com.br

Os aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que fazem empréstimos consignados nas financeiras pagam juros até 187% mais caros do que quem toma crédito nos bancos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. A diferença se dá por uma razão simples: as financeiras oferecem inúmeras facilidades para conquistar clientes com renda mais baixa, que têm dificuldades para conseguir dinheiro nas instituições financeiras convencionais. Porém, essas empresas compensam a falta de burocracia na hora de conceder o crédito com taxas mais ‘salgadas’.

A maior diferença entre os juros está nas operações com prazo de seis meses. A taxa mais barata é a da Caixa Econômica, que cobra 0,92% ao mês. A mais cara é praticada pelas financeiras Cacique e PanAmericano: 2,64% - este, aliás, é o limite máximo dos juros estabelecido pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS). Essa diferença é de exatamente 186,95%, segundo o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira.

Na ponta do lápis, o gasto final com o empréstimo cresce consideravelmente. Um aposentado que toma R$ 2 mil na Caixa para quitar em seis meses (juros de 0,92% ao mês) vai pagar seis parcelas de R$ 344,15, ou seja, vai gastar R$ 2.064,90, no total. Por outro lado, uma operação com o mesmo valor e prazo gastaria bem mais no PanAmericano: seis prestações de R$ 364,80, que dá R$ 2.188,80.

A diferença entre os juros cai gradativamente nos empréstimos com prazos maiores. Em uma operação de 24 meses, por exemplo, a taxa mais baixa é 2,16% (Caixa e Banco do Brasil) e a mais alta é 2,64% (cobrada por diversas instituições financeiras), ou seja, apenas 22,2% maiores (veja quadro). No caso dos empréstimos de 36 meses, a taxa mais cara é 2,64% e a mais barata é 2,30%: uma diferença de 14,78%.

Mesmo assim, o vice-presidente da Anefac calcula que o empréstimo fica muito mais caro. “Num empréstimo de R$ 2 mil em três anos, com juros de 2,30%, o consumidor paga parcelas de R$ 82,30, que dá R$ 2.962,80. Com a taxa em 2,64%, seriam 36 vezes de R$ 86,75, com um custo final de R$ 3.123.”

Exceções

Antes de fazer qualquer empréstimo, o Procon recomenda pesquisar as opções do mercado com atenção e ler atentamente o contrato.

Isso porque os consumidores devem prestar atenção em um detalhe: nem sempre o grande banco cobra mais barato do que as pequenas financeiras. Em alguns casos, a situação é inversa. Vale, nestes casos, verificar as tabelas para não pagar caro demais pelo empréstimo.

Apesar das diferenças, o matemático financeiro José Dutra Sobrinho garante que o crédito consignado é ainda a melhor alternativa para aposentados e pensionistas da Previdência Social. “Como a prestação é abatida diretamente do benefício, o risco de inadimplência é mais baixo e, por isso, os juros são menores”, explicou. E confirma onde estão as taxas mais altas. “Deve-se evitar os empréstimos de financeiras, que costumam cobrar mais caro. Eles concedem crédito até para quem tem nome sujo, sem exigir muitos documentos, mas cobram taxas mais altas.”

Nenhum comentário:

Locations of visitors to this page