segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Fundo que cobra menos taxa rende mais

FABRICIO VIEIRA
Folha de S. Paulo
25/2/2008


Estudo aponta que fundos de ação que cobram menos para administrar recursos são os que rendem os maiores ganhos

Essa categoria de aplicação geralmente exige grandes somas dos investidores e tem custos menores de administração

As turbulências que têm sacudido o mercado financeiro desde o segundo semestre do ano passado não serviram apenas para o investidor testar seu sangue-frio: também foram interessantes para que as habilidades dos gestores fossem colocadas à prova. Especialmente quando se pensa em fundos de ações, as decisões de investimentos dos gestores são decisivas para fazer a diferença em um momento de crise.
Estudo feito pelo Centro de Estudos em Finanças da FGV, à pedido da Folha, mostrou que as rentabilidades médias de cada subtipo de fundo de ação nesse período de crise mais aguda variou bastante. Além disso, apontou que os fundos com menores taxas de administração (até 2%) foram mais rentáveis que os que cobram taxas maiores (acima dos 2%). Foi sempre considerado o período que vai de 30 de junho de 2007 a 31 de janeiro de 2008.
A taxa de administração é um valor que os investidores pagam ao administrador de sua aplicação. Essa taxa é uma forma de remunerar os gestores por seu serviço e são fixadas, livremente, pelas instituições financeiras.
Os fundos IBX ativo -nos quais os gestores podem escolher entre as cem ações mais líquidas da Bolsa- apontam bem essas diferenças. Para os fundos que cobram taxas menores, a rentabilidade média no período ficou em 12,14%. Já aqueles com taxas de administração mais elevadas, o retorno ficou em 4,56%.
Um outro exemplo pode ser dado pelos fundos do tipo Ibovespa ativo com alavancagem. Para os de taxa mais baixa, o retorno no período ficou em 4,98%; os com taxas mais altas deram rentabilidade de 2,04%.
"Encontramos alguns fundos que cobram taxa de administração na faixa de 2% que fazem a diferença, se mostram como os melhores do mercado", diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
O levantamento considerou 280 fundos de investimento em ações, de diferentes subtipos, com taxas de administração que variam de 0,4% a 6%.
É claro que o resultado do fundo que uma pessoa decidir aplicar vai variar bastante, dependendo da instituição financeira escolhida, do perfil do produto e das ações do gestor.

Gestão ativa
Dentre os fundos de ações, há aqueles que são mais ativos, nos quais os gestores "caçam" mais as oportunidades oferecidas pelo mercado acionário. Outros, são mais passivos, muitas vezes indexados a índices como o Ibovespa -principal referência da Bolsa, que acompanha as 64 ações mais negociadas. Esses encontram maiores dificuldades de se diferenciarem, ficando mais ligados às oscilações da Bolsa.
Dessa forma, não é exagero imaginar que o investidor, ao pagar uma taxa de administração mais elevada, espere que seu gestor seja mais ativo. Mas não é bem assim que as coisas ocorrem.
"Uma taxa de administração maior não significa que o fundo conseguirá retornos melhores aos aplicadores. O que vemos muitas vezes ocorrer no mercado são fundos de varejo, com taxas elevadas, de 4%, por exemplo, e que são menos ativos, dando retornos menos atraentes", diz Eid Júnior.
Para uma instituição financeira, muitas vezes é interessante cobrar taxas menores de grandes clientes para atrair a elite dos investidores. São fundos que geralmente exigem grande quantias para ingresso. Pode-se imaginar a situação de um fundo que conta com poucos grandes aplicadores, dez por exemplo. E outro de varejo, com 10 mil aplicadores. No caso do primeiro exemplo, a instituição conseguiria inclusive custos menores, até para coisas simples como enviar o extrato.

Riscos
Uma diferença grande mostrada no estudo foram para os fundos chamados "long and short". Esse tipo, que apenas entrou na catalogação da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) em 2006, engloba fundos que fazem operações ligadas ao mercado de renda variável, mas apoiadas em estratégias complexas, que incluem, além do pregão à vista da Bolsa, o mercado futuro.
Nessa categoria, os fundos com baixa taxa de administração renderam 4,09%. Os de taxas elevadas tiveram depreciação de 0,62%.

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