sábado, 1 de março de 2008

Carro zero? O negócio é o seminovo

Jornal da Tarde
01/03/2008

A venda de novos está ‘bombando’ e o cliente sai perdendo. Enquanto isso, sobram usados

CHARLISE MORAIS, charlise.morais@grupoestado.com.br

Com as vendas de carros novos batendo sucessivos recordes, esta é a hora de comprar um seminovo (até três anos de uso). As montadoras venderam 185.687 carros no Brasil em fevereiro, número recorde para o mês (leia ao lado). Com isso, está mais difícil negociar uma compra vantajosa de carro novo. Em compensação, os pátios das lojas estão lotados de seminovos, com preços mais baixos .

“Este é o melhor momento para comprar carros seminovos. Há muita oferta e as condições são excelentes”, afirma o diretor da MSantos - agência especializada em varejo automotivo -, Mário Santos. “Os preços desses veículos estão, em média, 20% mais baratos. As concessionárias precisam ‘desovar’ os seminovos e por isso fazem muitas promoções e oferecem facilidades na hora da compra”, diz.

Segundo o consultor automotivo Paulo Roberto Garbossa, outra vantagem é poder comprar um carro melhor equipado. “Um automóvel popular básico, zero-quilômetro, custa em média R$ 25 mil. Com o mesmo valor é possível comprar um carro ano 2005 ou 2006 com motor mais forte e acabamento superior.”

Para quem precisa de crédito também não há grandes diferenças nos juros do mercado. “As taxas e os prazos são os mesmos para usados e novos”, afirma Santos.

Garbossa diz que as eventuais diferenças em taxas são pequenas e não influem na decisão de compra. “Hoje se cobra 1% mensal em um carro zero e 1,2% para um usado, uma diferença que, diluída nas prestações, gera valores muito próximos. E o que conta para o consumidor é saber se a mensalidade cabe no bolso. Se couber, o negócio está fechado”, afirma.

Um pelo outro

O bom momento do mercado de seminovos se deve ao fato de que a maioria das pessoas que compra um carro novo entrega o veículo usado como parte de pagamento. “Eu diria que em 80% dos casos”, diz Garbossa. “Esses carros são comprados por valores menores que o preço de tabela e oferecidos em boas condições de preço.

“A grande procura por carros novos, muitas vezes, faz com que o comprador acabe aceitando um modelo, uma cor ou opcionais que não são exatamente como ele queria. Ou então tem de esperar até 90 dias pela chegada do modelo escolhido”, afirma Garbossa. “E é aí que o seminovo acaba sendo uma opção melhor do que o zero-quilômetro.”

O principal temor de quem compra um carro usado é pegar um veículo com problema mecânico ou de documentação. Mas o mercado já está atento a esse comportamento. “Os veículos já vêm revisados e com garantia de motor e câmbio, além de ter a procedência atestada. Também não geram tantas despesas de documentação, como acontece com o zero”, diz o vendedor da Anhembi Santana, Carlos Alberto Alves.

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