sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Crédito fácil abre espaço para compra de automóveis mais caros

Marli Olmos
Valor Econômico
5/10/2007

Os automóveis com motores entre 1.0 e 2.0 atingiram em setembro a mais alta participação desde a criação dos incentivos para os modelos 1.0, os chamados carros populares, em meados dos anos 90. Do total de licenciamentos em setembro, 46,9% estão nessa faixa. Crédito mais fácil e prazos de financiamento mais longos explicam por que o consumidor começa a comprar carros não apenas com motores mais potentes como recheados com mais acessórios.

A indústria comemora o fato de o brasileiro estar gastando mais com o carro zero-quilômetro e, diante de um consumo que supera a cada dia as suas expectativas, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) elevou as projeções para este ano. A entidade reviu a meta anterior de 22% de crescimento no mercado interno e prevê agora 25% mais de vendas, o que somará no total mais de 2,4 milhões de unidades.

O fôlego do mercado doméstico ajudou na revisão dos números de produção, que poderia chegar a um crescimento de 10%, segundo a previsão anterior. Agora a Anfavea fala numa produção 13,4% maior em 2007, o que representa 2,960 milhões de unidades.

Os carros com motores entre 1.0 e 2.0 receberam uma tributação intermediária em 2002. No ano anterior a participação dos modelos com motor 1.0 nas vendas chegou a 71% . A concentração das vendas nessa faixa ocorria porque havia apenas dois tipos de tributação: para modelos populares e todos os demais acima dessa categoria, incluindo os luxuosos.

A nova divisão baixou um pouco os impostos dos carros da faixa intermediária. Isso já serviu para atrair uma parte do consumo para essa categoria. Mas foi nos últimos meses que a mudança tem sido mais nítida.

Num financiamento mais longo, a diferença se dilui. E isso tem sido muito usado como ferramenta de convencimento nas concessionárias. Num plano de 72 meses, a parcela de um Gol 1.0 sai por R$ 631,32 e o mesmo modelo com motor 1.6 fica em R$ 721,58. A conta é feita levando em conta que os dois modelos têm 4 portas e direção hidráulica.

Mas é nos acessórios que os vendedores têm usado mais o seu poder de convencimento. "Com mais R$ 34 por mês você leva o mesmo carro com travas, vidros e espelhos retrovisores com acionamento elétrico e alarme e com apenas mais R$ 60 o carro sai com ar-condicionado", dizia ontem um vendedor para a maioria dos clientes que passaram pela loja. E para completar: "Para instalar um ar-condicionado num carro já em uso você gasta R$ 4 mil.

De janeiro a setembro, a produção de veículos no país somou 2,18 milhões de unidades, 10,6% a mais do que no mesmo período de 2006. Somente no mês passado, as fábricas instaladas no Brasil produziram 252,8 mil veículos, um crescimento de 23,9% na comparação com setembro de 2006.

A indústria registrou o melhor resultado de produção e de vendas para meses de setembro da história. O acumulado do ano também foi o melhor. "Acredito que haverá crescimento em 2008 , mas não a taxas como as que projetamos para este ano", diz o presidente da Anfavea, Jackson Schneider

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