quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Um dia é princesa e no outro vira sapo

Valor Econômico
Daniele Camba
04/10/2007




A princesinha da bolsa virou sapo. Essa era a sensação dos investidores ontem com relação à Vale do Rio Doce. Depois de dar muitas alegrias, como uma das maiores responsáveis pela grande recuperação da Bovespa no último mês, as ações da mineradora levaram uma chacoalhada daquelas no pregão. As ordinárias (ON, sem direito a voto) caíram 7,53% e as preferenciais (PN, sem direito a voto) série A, 7,76%. Sem contar a desvalorização de 8,22% das PNs da Bradespar, que controla a companhia. Dada a grande participação dos papéis no Índice Bovespa, eles influenciam o indicador na alegria e na tristeza. Foi o que aconteceu. O índice sucumbiu e fechou em queda de 3,09%, aos 60.098 pontos. As ações da mineradora caíram e com volume de negócios considerável, o que é pior. As PNAs movimentaram nada menos que R$ 1,4 bilhão e as ONs, R$ 389 milhões. Juntas elas representaram 21,5% do giro do dia na bolsa, que atingiu R$ 8,3 bilhões.



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Mineradora cai 7% e Ibovespa vai a reboque
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A notícia de que o banco JP Morgan rebaixou a recomendação para as ações da Vale de acima da média do mercado ("overweight") para a média do mercado (neutro) influenciou no movimento de venda dos papéis. Para o banco, a valorização recente das ações reflete um reajuste entre 35% e 55% do minério de ferro para 2008, acima dos 25% previsto pelo próprio JP Morgan. Esse banho de água fria era o que os investidores precisavam para se desfazer das ações da mineradora, embolsando altos ganhos, e ir em busca de papéis que ainda não subiram tanto. Esse movimento já pôde ser observado na terça-feira, quando as PNAs caíram 1,5%.







"A Vale virou o papel do momento e roubou a atenção de todas as outras ações, chegando a subir mais de 100% no ano e seria razoável supor que em algum momento a festa iria acabar", diz o chefe de análise da CMA, Luiz Francisco Rogé Ferreira. Ele lembra que a valorização da mineradora praticamente carregou nas costas a alta recente do Ibovespa. Portanto, se esses papéis não subirem mais, vários outros terão de se valorizar para continuar puxando o índice. Entre eles, os da Petrobras que também são importantes dentro do indicador e no ano sobem apenas 21%. Com a queda, a Vale perdeu o posto de maior empresa da bolsa que havia roubado recentemente da petrolífera. Ontem, o valor de mercado (cotação do papel multiplicada pela quantidade de ações) da mineradora era de R$ 277,2 bilhões, em comparação aos R$ 282,5 bilhões da estatal.


Fim da festa?


A queda acentuada da bolsa levantou a lebre: será que a euforia chegou ao fim? "É um processo natural de realização de lucros, mas que não deve interromper a tendência de alta", diz o analista da Prosper Gestão de Recursos Gustavo Barbeito. Há quem discorde. "O mercado se abraçou à tese da queda do juro nos EUA e esqueceu que se a economia americana desaquecer muito as empresas do mundo inteiro serão afetadas e bolsa é formada por companhias", lembra o sócio da Plenus Gestão de Recursos e chefe do departamento de finanças da ESPM-RJ, Alexandre Espírito Santo.


Daniele Camba é repórter de Investimentos


E-mail: daniele.camba@valor.com.br

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