quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Juros sobem com incerteza

Valor Econômico
1/8/2007


A instabilidade dos mercados trouxe boas oportunidades em alguns papéis do Tesouro Direto - sistema de negociação via internet de títulos públicos federais. As taxas de muitos títulos aumentaram, oferecendo novamente prêmios interessantes.
Nos títulos prefixados, as LTNs com vencimento em julho de 2009, por exemplo, pagavam 11,07% ao ano ontem, depois de terem chegado a pagar 10,41% em 4 de junho. Já os papéis indexados à inflação do IPCA, a NTN-B Principal, que paga juros somente no final, ofereciam ontem 6,30% para o vencimento de agosto de 2024. O papel chegou a oferecer 5,81% em 25 de maio.
Olhando o papel prefixado, uma taxa de 11,07% até 2009 pode ser interessante para o investidor que acredita que o governo vai continuar baixando os juros, explica Márcio Ezequiel, da corretora Ágora. Hoje, os juros da Selic estão em 11,50% ao ano e o mercado prevê pelo menos mais dois cortes de 0,25 ponto percentual. Se vier um corte maior, o investidor terá um ganho superior à Selic até 2009. "Mas isso depende do que o investidor pretende, se ele for conservador e quiser mais preservar o capital, pode optar por um papel indexado à inflação, que o protege em caso da situação sair de controle", explica ele. Nesse caso, ele recomenda papéis em IPCA mais longos, para aproveitar as taxas, ou seja, NTN-B, que pagam juro semestral, ou NTN-B Principal. O investidor pode ainda fazer uma mistura com uma parte do capital em pré e outra em pós, diluindo o risco.
O mercado de renda fixa começa a ter prêmios razoáveis, explica Alexandre Matias, diretor de renda fixa da Unibanco Asset Management (UAM). "Houve uma mudança de cenário que avaliamos que não seja definitiva, mas afeta a liquidez e isso traz prêmio para a curva de juros", diz. Mas dizer que o mercado tem prêmio não quer dizer que as taxas podem subir mais, alerta ele. Por isso, o que a UAM está fazendo é aumentar um pouco o risco, com cuidado.
Matias acha que a forte volatilidade do mercado torna a aplicação direta em papéis federais mais arriscada para a pessoa física. "O juro da NTN-B de dois anos hoje é atraente, mas pode ficar ainda mais em duas semanas", diz. Matias acha que a turbulência não deve levar o Banco Central a rever a tendência de queda dos juros. Isso aconteceria, acredita, apenas se o dólar subisse demais e pressionasse a inflação. "Estávamos em abril com o dólar a R$ 2,06 e, se ele voltar para isso, o impacto ainda é residual, mas isso parece distante", diz ele, que continua trabalhando com a moeda americana fechando o ano em R$ 1,95. Por isso, ele mantém a estimativa de Selic a 10,75% no fim deste ano. Matias não descarta, porém, a possibilidade de o dólar ter uma alta mais forte em algum momento. "O câmbio não acompanhou a alta do risco-Brasil e não acredito que isso vá acontecer, mas há esse risco", diz ele, que não recomenda a moeda como opção de investimento.
Para o investidor que quer diversificar, uma alternativa pode ser os fundos multimercados, que procuram tirar proveito desses movimentos de turbulência de maneira mais agressiva e têm gestores especializados para avaliar as melhores opções em juros, bolsa e dólar. Para os mais conservadores, a opção pode ser os fundos de renda fixa, onde o gestor se encarrega de escolher a hora de comprar os papéis prefixados e, com isso, dilui o risco. (AP)

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