quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Com turbulência, Bolsa perde para a renda fixa em julho

Folha de São Paulo de 01/08/2007

Bovespa encerra mês com baixa de 0,39%; CDBs (+0,95%) e fundos DI (+0,91%) lideram

Desde fevereiro, mercado acionário não rendia menos que aplicações atreladas a juros; mas, em 12 meses, valorização ainda é de 46,1%

FABRICIO VIEIRADA

REPORTAGEM LOCAL

As quedas sofridas na semana passada fizeram com que a Bovespa perdesse em retorno no mês para aplicações atreladas aos juros, o que não ocorria desde fevereiro. Em julho, o índice Ibovespa -o principal da Bolsa paulista- terminou com recuo de 0,39%. Os CDBs e os fundos DI foram as melhores opções de julho e deram retorno médio mensal de 0,95% e 0,91%, respectivamente.Os fundos de renda fixa, a maior categoria do mercado, subiram 0,88% no mês recém-encerrado.Com a baixa mensal, a Bolsa de Valores de São Paulo teve desempenho inferior até mesmo ao da caderneta de poupança, que pagou 0,65%.A última semana de julho foi ruim para os mercados acionários nas principais praças financeiras do mundo, devido a uma onda de pessimismo e temor em relação à crise que assola o mercado de crédito imobiliário norte-americano. O medo é que essa crise se espalhe por outros segmentos, afetando o desempenho da maior economia do mundo. Com esses temores, a ordem que prevalece é a de vender ações."Mas, se pensarmos na Bovespa de um ano para cá, tem uma gordura muito grande, uma alta bastante forte acumulada", afirma Pedro Paulo Silveira, economista da Grau Gestão de Ativos.Alta em 12 mesesEm 12 meses, a Bovespa se mostra imbatível, com valorização acumulada de 46,1%. Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) deram rentabilidade em torno de 12,6% no período, e os fundos DI, de 12,3%.Mesmo com as perdas sofridas pela Bolsa, um dos destaques de julho foram os fundos FGTS, que chegaram ao fim do mês com ganhos expressivos. Os fundos FGTS/Vale do Rio Doce registravam alta de 5,28% no último dia 27. E os fundos FGTS/Petrobras tinham valorização de 3,75% no período.O dólar, apesar do mercado mais tenso, encerrou o mês passado com queda de 2,38%, vendido a R$ 1,883.Se o mercado não tivesse sido afetado pela realização de lucros da última semana, a Bolsa paulista tinha tudo para liderar os ganhos mensais, como tem ocorrido desde março.No dia 23, a Bovespa acumulava valorização de 6,7% no mês. Foi aí que a rentabilidade do mercado acionário começou a ser engolida pelo vendaval que abalou as Bolsas mundiais."O mercado imobiliário americano vem dando alertas de que passa por dificuldades há algum tempo. E até há pouco os mercados financeiros vinham resistindo à contaminação", afirma Silveira.DiversificaçãoQuem também teve um mês fraco foram os fundos multimercados com renda variável. Esse tipo de aplicação financeira tem ganhado cada vez mais o interesse dos investidores. A sua particularidade é a de poder montar carteiras bem variadas, mesclando papéis que pagam taxas de juros e ações. Em julho, até o dia 27, os multimercados com renda variável apontavam uma queda mensal de 0,29%.Uma notícia relevante para os investidores em julho foi a mudança anunciada pelo Banco Central em um dos componentes de cálculo do rendimento da poupança. Os efeitos dessa mudança, que tornará a rentabilidade da poupança mais atraente, só serão sentidos mais para o fim do ano.Dúvidas à frenteOs investidores têm de enfrentar agora um cenário mais turbulento na hora de alocar suas economias. Vender ações nos momentos de baixas mais fortes significa aceitar as quedas que os papéis sofreram. Por isso, analistas sempre aconselham que a Bolsa deve ser encarada como uma aplicação de longo prazo. Dessa forma, crescem as chances de quedas como as sofridas nos últimos dias serem revertidas."Em agosto, seguimos dependentes do desdobramento da crise do mercado imobiliário americano, além de notícias e indicadores de crescimento e inflação dos EUA e China. Se os dados continuarem a indicar piora do mercado imobiliário, as Bolsas devem seguir em queda", diz Fábio Colombo, administrador de investimentos."Após as fortes altas dos últimos anos e meses, as Bolsas ao redor do mundo ainda estão em patamares muito elevados, o que amplia a possibilidade de uma correção mais forte nos preços das ações", completa Colombo.

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