sexta-feira, 30 de abril de 2010

Diante das preocupações, ouro avança

Valor Econômico

30/04/2010

Muitos fundos hedge americanos estão aproveitando para especular com o ouro no mercado internacional. Diante da situação fiscal frágil dos Estados Unidos e do alto endividamento na Europa, nem o dólar nem o euro se mostram interessantes. Com isso, a saída tem sido buscar refúgio no ouro, fazendo com que as cotações do metal lá fora subam.

Por aqui, o metal também brilha. Como o ouro é cotado em dólar, duas variáveis são responsáveis pelo comportamento da commodity no Brasil: a variação da moeda americana e a do próprio metal. O ouro acumula rentabilidade de 12,58% no ano e, em abril, até ontem, de 2,58%. Isso significa que nem mesmo a queda do dólar está conseguindo segurar a valorização do metal.

Aplicar em ouro no Brasil, entretanto, merece alguns cuidados. Para investir na commodity, o investidor pode comprar contratos que representam 250 gramas de ouro na BM&F por meio de uma corretora. Isso significa que ele terá de pagar um percentual de corretagem para comprar os contratos. O metal fica guardado na BM&F ou em um banco cadastrado e o investidor tem de pagar uma taxa de custódia, cobrada mensalmente.

Vale lembrar que os contratos de ouro não têm grande liquidez, ou seja, o investidor pode ter dificuldade em vendê-los quando quiser. É possível também comprar o ouro e levar para a casa, mas é algo que os administradores de investimentos não recomendam, por considerar muito perigoso. Além disso, se o investidor quiser depois vender o ativo, será exigida uma análise de pureza do metal. (LM)

Investidor local já disputa títulos de longo prazo

Valor Econômico

30/04/2010

Lucinda Pinto, de São Paulo

A demanda por títulos públicos prefixados de longo prazo, os preferidos dos investidores estrangeiros, vem ganhando nos últimos meses reforço também dos aplicadores locais. Fundos mútuos, tesourarias e assets brasileiros estão na lista dos que estão levando as chamadas NTN-F (Notas do Tesouro Nacional série F) nos leilões semanais. E também fundos de pensão, que tradicionalmente buscam papéis corrigidos por índices de preço, têm optado por ampliar a presença dos prefixados mais longos em suas carteiras. Diversificação de risco, aposta na estabilidade da inflação nos próximos anos e expectativa de que os juros serão mais baixos no futuro ajudam a explicar esse apetite dos players locais pelos papéis.

Por causa desse interesse dos brasileiros, o estoque de NTN-F com vencimento em 2021 nas mãos do mercado já soma R$ 7,2 bilhões, segundo informações do Tesouro Nacional. É um volume expressivo para um papel com apenas três meses de vida. Para se ter uma ideia, a NTN-F com vencimento em 2017, que era até fevereiro o "benchmark" de dez anos, conta com um estoque de R$ 37 bilhões, volume que representa a soma das ofertas feitas pelo Tesouro desde janeiro de 2007.

Segundo o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Paulo Valle., quando a NTN-F 2017 começou a ser ofertada, era notório o interesse maior dos investidores externos - mais habituados a aplicações de longo prazo -e de fundos de pensão por esse título. Tanto é que, até o início deste ano, cerca de 50% dessas notas estavam nas mãos dos não residentes. Cerca de 35% ficavam com bancos e tesourarias locais, 7% com fundos de pensão e 5% com fundos mútuos.


 

Este ano, entretanto, o Tesouro identificou uma demanda maior partindo de outros investidores brasileiros. E, por isso, quando foi lançada a NTN-F 2021, foram ofertados lotes maiores de papeis, para fazer frente a esse interesse do mercado interno. Assim, apenas 20% dos títulos foram comprados por investidores não residentes. Bancos e tesourarias ficaram com cerca de 60%; fundos de pensão e fundos mútuos têm, respectivamente, 10% e 4%. "O estrangeiro ficou com uma participação menor no volume de NTN-F 2021, não porque esteja comprando menos, mas porque a participação dos locais cresceu", explica Valle.

Segundo o secretário, a presença do não residente no mercado segue forte e em expansão. Ele diz que hoje há pelo menos dez grandes fundos soberanos comprando NTN-Fs e NTN-Bs (papéis mistos, com uma parte da rentabilidade prefixada e outra atrelada ao IPCA) nos leilões semanais do Tesouro. E os fundos de pensão, que tinham preferência pelas NTN-Bs desde 2003, também começam a ajustar sua meta atuarial, acrescentando o parâmetro puramente prefixado. "Os fundos mais sofisticados estão misturando as duas referências, o que é uma tendência", diz.

Valle considera que o aumento do apetite de investidores por papéis prefixados com vencimentos mais longos reflete o que ele chama de "maturidade do mercado". "O processo gradual de redução de taxa de juros leva o investidor a diversificar e reduz a indexação da economia", explica.

Especialistas concordam que é a aposta em uma taxa de juros mais baixa ao longo do tempo que está levando players a aplicarem em papéis tão longos. "O mercado acredita que, depois desse ciclo de alta de juros que está em curso, as taxas vão voltar a cair. Com isso, é interessante assegurar agora o prêmio que os papéis oferecem", explica o trader de renda fixa do banco Modal, Luiz Eduardo Portella, acrescentando que esse tipo de operação não pode ser feita com contratos futuros de juros (DI), que não têm liquidez para prazos tão longos. "Sem dúvida, esse movimento mostra que o mercado não enxerga risco de mudança na política econômica", conclui.

Paulo Valle diz que o alongamento dos prazos vai continuar. Segundo ele, o Tesouro já identifica no mercado demanda por papéis prefixados com prazo de 30 anos - o que seria uma emissão inédita no Brasil. Mas, até que o volume dos títulos de dez anos ganhe proporção ainda maior, o Tesouro não deverá atender a esse interesse. "Nossa intenção é consolidar uma curva de juros bem definida. Se emitirmos um título de 30 anos, provavelmente vamos diminuir a liquidez do título de 10 anos, e isso afetaria a construção dessa curva", afirma.

A maior diversificação na base dos compradores dos títulos prefixados, segundo Valle, é interessante ao Tesouro, porque reduz os riscos para a gestão da dívida nos períodos de volatilidade. Afinal, a participação de diferentes perfis de investidor pode evitar que haja o que se chama de "efeito manada", que é a corrida dos investidores para uma única direção, distorcendo a taxa paga pelo papel.

Foi o que ocorreu em 2008, quando a crise de liquidez internacional levou investidores estrangeiros a reduzirem exposição em vários ativos pelo mundo, o que incluiu ações e ativos prefixados brasileiros. Por causa disso, a taxa de retorno da NTN-F de 10 anos no mercado secundário, à época, saltou de cerca de 10% ao ano para 18% ao ano. "Era uma taxa que não fazia nenhum sentido", afirma Valle. Hoje, as NTN-Fs longas pagam uma taxa entre 12,50% e 13%.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Fundos populares já são superados pela poupança

 Valor Econômico

 29/04/2010

Apesar de o patrimônio dos fundos de investimento estar se expandindo a olhos vistos - apenas nos três primeiros meses do ano, a captação somou R$ 22,9 bilhões -, as aplicações realizadas pelos pequenos investidores diminuem, perdendo espaço para os segmentos de alta renda, fundos de pensão ou mesmo empresas. Muitas vezes relegados a segundo plano pelos bancos, os fundos populares já são superados pelo saldo das cadernetas de poupança.

Antes da crise, em dezembro de 2007, os fundos dedicados ao varejo somavam R$ 293 bilhões de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Passados mais de dois anos, em março deste ano, as carteiras destinadas aos pequenos investidores regrediram para R$ 282,9 bilhões. No mesmo período, o total investido em fundos cresceu 26,8%, de R$ 1,2 trilhão para R$ 1,5 trilhão. Os recursos aplicados em caderneta de poupança, por sua vez, registraram expansão de quase 40% no período, saltando de R$ 235,261 bilhões em dezembro de 2007 para R$ 327,885 bilhões em março.

Longe das massas

 
 

Luciana Monteiro, de São Paulo

Enquanto os investimentos em fundos voltados para o varejo caem, o patrimônio dos clientes mais abonados, os chamados private, cresce. Em março deste ano, os fundos voltados para a alta renda acumulavam R$ 209 bilhões, 37% mais do que os R$ 152 bilhões de dezembro de 2007.

O crescimento dos fundos para milionários coincide com a expansão dos negócios das áreas de private banking dos bancos, dos escritórios de aconselhamento financeiro voltados para a alta renda ou mesmo dos gestores de fortunas ("family offices"), diz o consultor de investimentos Marcelo D"Agosto, autor do livro "Como escolher o melhor fundo de investimento". "A situação ideal almejada por muitas instituições é o de uma operação com relativamente poucos clientes, mas com aplicações individuais elevadas."


 

Apesar da expansão geral do setor de fundos, isso não vem acontecendo na área de varejo, diz D"Agosto. Aparentemente, avalia ele, o pequeno investidor tem optado por aplicar em caderneta de poupança ou em CDBs. Com a crise que eclodiu em 2008, muitos investidores deixaram de aplicar em fundos de investimento rumo a aplicações mais conservadoras e, ao que tudo indica, não voltaram mesmo após a recuperação, acredita.

Levantamento do consultor revela que, do total das aplicações do segmento de varejo em fundos, 75% estão investidos em carteiras DI ou de renda fixa, 16% em fundos de ações e 8% em multimercados. "O principal fator para a fase atual de elitização do mercado de fundos é a dificuldade que o investidor encontra para acessar boas carteiras", afirma. "Ao não encontrar fundos DI e de renda fixa que consigam ao menos rivalizar com a caderneta de poupança, os pequenos investidores passaram a simplesmente descartar os fundos." Segundo D"Agosto, os fundos de investimento de varejo representavam 18% do total da poupança financeira do país em 2005, fatia que caiu para 11% agora.

Não há, porém, sinais de migração dos recursos de fundos mais populares para outros tipos de aplicação, ressalta Demósthenes Madureira Pinho Neto, vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Assim, o que estaria ocorrendo é que as novas aplicações de varejo estão indo para outras alternativas. Na visão dele, o pico de patrimônio registrado em 2007 foi motivado também pela forte valorização dos ativos naquele ano.

O executivo observa que, dentro do segmento institucional, que também cresceu, estão os planos de previdência das pessoais físicas, que aparecem em outra categoria porque o cotista é a seguradora. E não é possível fazer a separação desses números. "De qualquer forma, acredito que o que vamos ver ao longo deste ano é um crescimento tímido no varejo", admite Pinho Neto, ressaltando que, além do bom retorno da caderneta de poupança, que rende a variação da Taxa Referencial (TR) mais 6% ao ano livre de imposto, os bancos estão captando recursos com CDBs.

O dinheiro do varejo que saiu de fundos durante a crise ainda não voltou, avalia Ricardo Torres, professor de Finanças da Brazilian Business School. A maior competitividade da caderneta proporcionada pela redução do juro é um argumento forte para esse movimento. "A queda da taxa de juros abaixo de 10%, para os atuais 8,75%, mostrou que as taxas de administração de alguns fundos eram bastante exageradas", diz. Com isso, muitos investidores preferiram a boa e velha caderneta de poupança.

Investir em fundos é algo que demanda tempo e estudo para entender as estratégias da aplicação, além de profissionais qualificados com paciência para tirar as dúvidas dos investidores, afirma o consultor Marcelo D"Agosto. Na dúvida, o investidor busca a caderneta de poupança e o CDB, que são mais fáceis de serem entendidos, diz.

Com alta da Taxa Selic, fundos DI ficam mais rentáveis que poupança

 O Globo


 

29/04/2010


 

Aplicação com taxa de administração até 2% passa a ser mais vantajosa

Bruno Rosa 

Com a elevação dos juros básicos da economia em 0,75 ponto percentual, para 9,5% ao ano, parte dos conservadores fundos DI, cujos papéis são atrelados ao movimento da Selic, ficou mais atraente. De acordo com o economista Gilberto Braga, professor do IbmecRJ, os fundos com taxa de administração de até 2% ganham em rentabilidade da poupança. Antes do aumento, a aplicação só ganhava da caderneta se tivesse uma taxa de administração inferior a 1,5%.

— Mesmo com o aumento dos juros, a poupança continua sendo um atraente investimento.

A maioria dos fundos de investimento tem taxas de administração muito elevadas.

Por isso, é essencial pesquisar esses custos e fazer as contas — lembra Braga.

Especialistas em finanças pessoais ressaltam ainda que o investidor deve ficar atento ao tempo da aplicação. Se o saque for feito em 180 dias, a alíquota de Imposto de Renda (IR) sobre o ganho é de 22,5%.

Já na poupança, lembram, não há taxa de administração nem incidência de IR.

— Se o investidor aplica R$ 10 mil em um fundo DI com taxa de administração de 3% ao ano, e faz o resgate em 12 meses, o valor líquido será de R$ 10.497,20. Já na poupança, o ganho fica em R$ 10.648,5. Só há ganho no fundo DI se a taxa de administração for menor de 2% — completa Braga.

Além de DIs, há opções em CDBs e Tesouro Nacional 

Os economistas ressaltam ainda que o investidor pode olhar para outras aplicações pós-fixadas, como os títulos do Tesouro Nacional atrelados aos juros e os CDBs (Certificados de Depósito Bancários). Segundo Francisco Costa, sócio da Capital Investimentos, esses papéis vão apresentar melhores remunerações em relação aos fundos de renda fixa, que contêm papéis prefixados: — Como o mercado já esperava uma alta nos juros, os papéis prefixados já haviam embutido esse juro maior. A questão é que, se a Selic viesse maior em relação à aposta desses papéis, o investidor sairia perdendo, pois teria um título que rende menos do que o do mercado. Por isso, os fundos de renda fixa são mais arriscados — afirma Costa.

Entre as diferentes aplicações pós-fixadas, como os CDBs, o investidor deve ficar atento aos critérios de venda do certificado antes do previsto.

Há vários tipos de papéis, com vencimentos distintos.

Por isso, o cliente deve checar com o gerente do banco qual é a regra de saída antes do vencimento. Além disso, no caso de títulos do Tesouro, é preciso calcular se a taxa de corretagem compensa entrar na aplicação.

— Para ter uma benefício do IR, de 15% sobre o ganho, tem que ficar dois anos. No Brasil, é muito incerto e arriscado ficar com um título do governo atrelado aos juros por 24 meses. E, nesse caso, se o cenário mudar no meio do caminho, o pequeno investidor pode sair perdendo ao ter de vender pelo preço de mercado e não conseguir uma taxa interessante — aponta o administrador de investimentos Fábio Colombo.

A poupança vai continuar valorizando, já que os juros são usados para o cálculo da Taxa Referencial (TR), que compõe parte da remuneração da caderneta.

— Para valores pequenos, a poupança vale a pena e é a melhor aplicação. Nesses quatro meses, com a inflação em alta, todos os investimentos perderam para a inflação — afirma Colombo.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Educação financeira e a arte de presentear

José Pastore - O Estado de S.Paulo

27/04/2010


Uma pesquisa realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mostrou que uma boa parte dos brasileiros busca maximizar sua satisfação no presente em detrimento da segurança no futuro. Muitos são os que se endividam sem cuidados, pouco avaliando as consequências para o dia de amanhã.


O consumo é a mola do desenvolvimento, sem dúvida. Mas o consumo sem planos desorganiza as finanças individuais e cria problemas de longo prazo.

Os diversos programas de educação financeira hoje existentes, de forma presencial ou eletrônica (há vários sites nesse campo), visam a formar a necessária disciplina para o uso consciente do dinheiro.

Os seus impactos vão além dos benefícios na área econômica. Eles contribuem para a formação de valores e condutas de grande valia para se enfrentar a realidade da vida. Faço um paralelo com a importância do presentear com critério.

Para a criança que é presenteada com parcimônia, o brinquedo recebido tem um significado afetivo. Ela se agarra a ele, tem ciúme e trata-o com todo carinho. Para a que recebe brinquedos em profusão, ao contrário, predomina a indiferença. Nenhum deles desperta o seu afeto. E, em muitos casos, nem dá tempo. A chegada de um é logo atropelada pela chegada de outro. A dispersão é inevitável. Consequência? Quem não tem apego ao que possui não aprende a lutar pelo que deseja possuir.

Como bem descreve o sociólogo Marcel Maus, presentear é um ato cheio de nuances e de muitos significados. As pessoas presenteiam por vários motivos. Muitas o fazem por amor e amizade. Outras, para cumprir a obrigação de retribuir. Há ainda as que se guiam por puro interesse, podendo chegar até ao suborno e à corrupção. Entram na lista também as que se especializam nos "presentes de grego" ? os que vão carregados de maldade.

Não podemos esquecer os que presenteiam por remorso. Para os pais ausentes em casa e que amargam um incômodo sentimento de culpa, o presentear compulsivo parece-lhes funcionar como um bálsamo capaz de comprar a felicidade do filho pelo resto da vida.

Ledo engano. O excesso de presentes sem contrapartida de esforço sinaliza para a criança uma realidade que não existe. Presentear com austeridade, isso sim, tem importantes implicações para as condutas futuras das crianças. Aprender a administrar a escassez na infância é fundamental para a criança desenvolver o necessário espírito de luta na vida adulta. Isso vale tanto para a poupança no campo econômico como para a reputação no campo social.

Ao subtraírem das crianças a noção de escassez, tratando-as como celebridades, os pais que assim procedem criam filhos que desconhecem o valor das vitórias pessoais e da necessidade de fazer tudo bem-feito para vencer nas carreiras e nas profissões.

A ética do trabalho não vem por acaso. Ela depende de um longo cultivo da virtude e da excelência. Por isso, ensinar a esperar e a postergar gratificações é preparar as crianças para enfrentarem com sucesso os desafios da vida de adulto. Praticar a disciplina no dia de hoje é a chave para se chegar à segurança no dia de amanhã. É assim que se forma a cultura da parcimônia.

Planejar o orçamento, valorizar o dinheiro, pesquisar as ofertas, barganhar antes de comprar, cuidar do que é comprado, substituir apenas o necessário ? são hábitos que se apreendem com bons exemplos e algum treino. Condicionar as gratificações ao esforço realizado e premiar com base no mérito constituem um caminho frutífero para formar hábitos de grande valia na vida prática.

Em outras palavras, a educação financeira, que leva as pessoas a usar o dinheiro de forma engenhosa e racional, tem reflexos que vão muito além da mera capacidade de acumular bens materiais. Ela contribui para difundir os valores da moderação nas gerações futuras. Por isso, faz todo o sentido incluir essa atividade na educação das crianças. Como tudo na vida, o que conta não é consumir muito, mas consumir bem.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Poupar por conta própria para o futuro

Jornal da Tarde

26/04/2010

Especialista dão opções para quem quer se aposentar sem depender da previdência social

A modalidade de previdência privada têm crescido exponencialmente no Brasil. Mas, segundo especialistas em finanças pessoais, não é a única forma de planejar a aposentadoria. Há alternativas que permitem ao investidor gerir o próprio dinheiro. Alguns cálculos revelam que essas opções podem até resultar em rendimentos maiores que os da previdência
A liberdade de movimentar o dinheiro, o que possibilita ao investidor aproveitar as bonanças do mercado no decorrer do tempo, é o grande diferencial entre a elaboração de uma carteira para a aposentadoria e a tradicional previdência. Além disso, com a alternativa para o planejamento, o cliente fica livre de taxas de administração, de carregamento e de saída cobradas pelos bancos.
“São muitas taxas num plano de previdência. Esses custos, a longo prazo, reduzem o rendimento”, diz Otto Nogami, professor de finanças do Insper (ex-Ibmec).
Carteiras que mesclam renda fixa com variável são a alternativa mais recomendada por especialistas. Para Rodrigo Menon, da Beta Advisor, “a regra é diversificar”. Ele recomenda a um investidor com, no mínimo, 15 anos para se aposentar aplicar: 25% em ações; 20% em títulos atrelados à inflação; 20% em títulos prefixados e 25% em DI (que segue as taxas de juros pós-fixadas).
Os mais velhos, próximos da aposentadoria, devem manter 15% em ações e adicionar 10% em DI, segundo o especialista. “Essas são recomendações a investidores padrão, ou seja, com perfil moderado”, observa Menon.
Décio Pecequilo, operador sênior da TOV Corretora, é mais arrojado e diz que jovens podem ter 80% ou até 100% em ações. “Eu, por exemplo, acumulei patrimônio somente com investimentos nesses papéis”, diz.
Para o professor do Insper, porém, independentemente da idade, quem planeja a aposentadoria deve manter 50% dos investimentos em títulos públicos ou CDB. Nas contas dele, 30% ficariam em bolsa e os 20% restantes, na poupança ou em fundos DI. A ideia, diz ele, é que o investidor desloque os recursos caso haja uma boa oportunidade no mercado.
“Mas, atenção, em todos os quesitos, sobretudo na bolsa, o investidor precisa conhecer bem o produto”, aconselha o professor.
Os especialistas frisam que planejar a aposentadoria fora da previdência é só para quem é disciplinado com o orçamento. “Caso contrário, é melhor manter o dinheiro no piloto automático da previdência”, diz Menon. “Investir em ações precisa de acompanhamento e atenção”, completa Pecequilo.
Comprar imóveis para locar pode ser outra alternativa. “Aluguéis servem como complemento de renda”, diz Menon. Os mais indicados são os imóveis comerciais, com maior potencial de retorno.
Segundo Nogami, do Insper, o investidor que optar o caminho próprio não terá os benefícios fiscais concedidos nos planos de previdência. Roberta Scrivano
DICAS
1Quanto antes começar a poupar, melhor
2 Não ter um portfólio 100% conservador ou totalmente arriscado
3Montar carteira mesclando renda variável com renda fixa.
Porcentuais variam conforme
idade e perfil do investidor
4As blue chips (ações mais importantes da Bovespa) são bastante recomendadas para investimentos de longo prazo
5Jovens podem arriscar mais, ou seja, aportar 80% ou mais da carteira em ações, Os outros 20% podem ser mantidos na poupança
6Para os mais velhos, que estão mais próximos da aposentadoria, o ideal é manter uma carteira mais conservadora, com 20% em ações e 80% em renda fixa

Cresce procura por título atrelado à inflação

Folha de São Paulo

24/04/2010

NTNs-B lideram as aplicações do Tesouro Direto em março, com 43,5% do total negociado; além do IPCA, papel rende juros

Analistas alertam para o fato de papéis terem prazo de vencimento longo e que resgatá-los antes pode reduzir os rendimentos

DA REPORTAGEM LOCAL

O atual cenário de inflação em alta e a expectativa de elevação das taxas de juros têm feito o investidor procurar com maior apetite os títulos públicos que se beneficiam das duas pontas. Chamados de NTNs-B, esses títulos pagam uma taxa de juros e a variação do IPCA e têm conquistado cada vez mais o interesse do aplicador.
Em março, as NTNs-B (Notas do Tesouro Nacional - série B) responderam por 43,5% do total negociado e foi o papel mais vendido no Tesouro Direto no período. No primeiro bimestre do ano, esses títulos responderam por 34,38% do total.
Quem comprou esses títulos conseguiu se beneficiar da alta do IPCA e da expectativa de elevação dos juros. No primeiro trimestre deste ano, o IPCA acumulou elevação de 2,06% -a maior taxa registrada para o período desde 2003.
As taxas oferecidas pela NTN-B, que são somadas à variação dos preços, têm subido a cada leilão. Neste mês, a NTN-B com vencimento em 2015 pagou taxa de 6,40% ao ano no dia 1º. Já no leilão do último dia 22, a taxa paga alcançou 6,83%.
Aquiles Mosca, estrategista do Santander Asset Management, diz que "os papéis atrelados ao IPCA já vinham antecipando o cenário atual e têm mostrado retornos interessantes nos últimos meses". Mas, pondera, "para quem ainda não adquiriu esses títulos, é importante pensar que devem apenas se destacar novamente, em termos de rentabilidade, se a inflação seguir se acelerando".
Um dos pontos negativos desses títulos públicos é o fato de costumarem ter prazos de vencimentos bastante longos. A NTN-B tem vencimentos que chegam a 2035.
"Como são papéis que normalmente têm vencimentos longos, aconselho o investidor a nunca colocar mais do que 20% de suas economias neles. Desfazer-se de um título antes do vencimento pode significar retorno menor que o esperado", diz o administrador de investimentos Fabio Colombo.
Além da NTN-B, o governo negocia outros títulos, com características diferentes, por meio do Tesouro Direto. Sistema de negociação de títulos públicos federais por meio da internet, o Tesouro Direto começou a funcionar no início de 2002. Ao criar esse sistema, o governo tinha por objetivo alcançar a pessoa física com a venda de títulos públicos.
O número de pessoas que investem via Tesouro Direto tem crescido a cada ano. De 34.413 pessoas registradas em 2005, o número de cadastrados saltou para 183.514 em março deste ano. Todavia, apesar do aumento significativo, a cifra ainda não é tão expressiva. Para efeito de comparação, na Bolsa de Valores há 557.936 pessoas físicas cadastradas. Nos fundos de investimento, são mais de 10 milhões de aplicadores.

Pequenas economias
A participação dos investidores que aplicam quantidades menores de recursos no Tesouro tem crescido. Neste ano, as operações que envolvem até R$ 1.000 em investimento responderam por 22,5% do total e ficaram atrás apenas de grandes operações entre R$ 50 mil e R$ 100 mil, que representaram 22,7% do total no período.
O esperado aumento da taxa básica deve favorecer o crescimento de outro título, a LFT (Letra Financeira do Tesouro), que é indexada à variação da Selic. O papel tem sido o menos procurado do Tesouro nos últimos meses -reflexo do baixo nível atual da taxa básica de juros. Em março, respondeu por apenas 16,8% do total das vendas realizadas pelo Tesouro.
(FABRICIO VIEIRA)

Venda de ações acima de R$ 20 mil por mês pode pagar IR

Folha de São Paulo

26/04/2010

Se operação superar limite e houver ganho ao investidor, taxação é de 15%; lucro com venda abaixo do limite é isento

Corretoras criam sistemas para ajudar clientes, pois muitos desconhecem as regras e acabam tendo problemas com a Receita

MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

O contribuinte que negocia ações em Bolsa poderá ter de pagar IR. O pagamento (ou não) depende de haver ganho (ou perda) sobre a venda.
Pelas regras do fisco, quem vender mais de R$ 20 mil em ações em um mês terá de calcular se teve ganho ou perda. Em caso de ganho com a venda, será preciso pagar 15% do ganho à Receita (no caso de operações "day-trade", ou seja, compra e venda no mesmo dia, o imposto é de 20%). O pagamento tem de ser feito até o último dia útil do mês seguinte ao da venda.
Se alguém vende, por exemplo, por R$ 21 mil um lote de ações (pode ser de uma ou mais empresas) que custou R$ 17 mil, teve ganho de R$ 4.000. Sobre ele terá de recolher 15%, ou R$ 600, por meio de Darf com o código 6015, segundo Rogério Bezerra Ramos, consultor de IR da IOB.
Se a mesma venda foi feita com um lote de ações que custou R$ 23 mil, não há ganho. Nesse caso, houve perda de R$ 2.000 e não há imposto a pagar. A perda será compensada com ganhos em vendas no mês seguinte (ou meses seguintes).
Um lote que custou R$ 16 mil e que foi vendido por R$ 19 mil também não pagará nada. Nesse caso, embora haja ganho de R$ 3.000, ele é isento porque a venda não alcançou R$ 20 mil. Assim, na declaração, esses R$ 3.000 serão lançados na linha 04 (dentro da subtela - linha A) da ficha Rendimentos isentos e não tributáveis, diz Ramos. Se fez 12 dessas vendas por ano, lançaria R$ 36 mil.
O contribuinte que obteve ganho em um ou mais meses do ano terá de preencher a ficha Renda Variável que está dentro do programa da declaração.

Atenção evita perda
Com a popularização das aplicações na Bolsa e a maior fiscalização da Receita, algumas das principais corretoras do país decidiram criar sistemas para ajudar os clientes a pagar o imposto. Isso vem sendo feito porque muitos investidores desconhecem as regras e, na hora de prestar contas ao fisco, acabam tendo problemas.
O desconhecimento das regras pode tanto levar a declaração à malha fina como também fazer o contribuinte perder dinheiro. Um exemplo: um contribuinte compra lote de ações por R$ 10 mil e vende, meses depois, por R$ 21 mil. O ganho de capital é de R$ 11 mil. Como vendeu mais de R$ 20 mil, terá de pagar R$ 1.650 (15% sobre os R$ 11 mil). Se tivesse vendido só R$ 15 mil num mês e R$ 6.000 no outro, não pagaria nada e ainda teria ganho de R$ 11 mil.
Nos últimos anos, a Receita passou a apertar o cerco aos investidores. Para isso, foi criado o recolhimento na fonte de 0,005% sobre todas as transações com ações (esse imposto é pago independentemente de o valor ser superior ou não a R$ 20 mil e de o contribuinte ter ganho ou perda). Como as corretoras informam a retenção à Receita, é preciso ficar atento na hora de negociar e declarar ações para não ser surpreendido pelo fisco.

Alta dos juros deve beneficiar fundos DI

Folha de São Paulo

26/04/2010

Modalidade que acompanha Selic é a que menos deu retorno e a que mais sofreu saques no ano; BC decide taxa nesta semana

Para analista, investidor deve aguardar ao menos duas elevações dos juros para então decidir se muda de aplicação

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A semana deve marcar o início do ciclo de elevações da taxa básica Selic, que a levará a rondar os 11,50% no fim do ano. Ao menos é o que projeta o mercado. Nesse cenário, as aplicações que seguem os juros vão começar a recuperar a rentabilidade perdida desde o início de 2009, quando a taxa básica da economia brasileira passou a ser reduzida pelo Banco Central.
Em tese, os fundos DI e outras aplicações com taxas pós-fixadas serão os maiores beneficiados. Isso ocorre porque tais investimentos acompanham com maior proximidade as oscilações da taxa Selic, que hoje está em 8,75% anuais.
No sentido contrário, aplicar em ações tende a ser menos atraente com a alta dos juros.
No acumulado do ano, os fundos DI estão na lanterna, com rentabilidade média de 2,46%, até o dia 20. Seu concorrente direto, a renda fixa, tem retorno de 3,16% no período. Apesar de os dois tipos de fundo seguirem os juros, eles têm características diferentes.
"Os fundos DI estão atrás em termos de rentabilidade no ano, o que tem motivado muitos saques. Mas daqui a uns dois meses, considerando que os juros realmente comecem a ser elevados agora, devem começar a atrair mais os investidores com os retornos crescentes", afirma Mauro Calil, do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil & Calil.
Levantamento da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) mostra que os fundos DI são os que mais perderam aplicações neste ano, com saída líquida de R$ 2,95 bilhões. Já a renda fixa recebeu R$ 28,76 bilhões no período.
O fundo DI tem em sua carteira principalmente títulos públicos que seguem a Selic. Dessa forma, sofrerá o impacto direto da alta da taxa básica. Já as carteiras dos fundos de renda fixa têm uma liberdade maior para serem formadas, carregando uma variedade de papéis públicos e privados -o que explica sua melhor performance até o momento no ano.
Entre as outras aplicações que pagam juros, o atual cenário promete ser menos favorável à poupança, que vai perder a atratividade que conquistara em 2009 (leia ao lado). No caso do Tesouro Direto, vai depender do tipo de título que o investidor decidir comprar.
Outra categoria que paga juros é o CDB (Certificado de Depósito Bancário). Emitido pelos bancos, o CDB paga taxas diferentes dependendo da instituição que o negocia. Devido à liberdade de que dispõem, os bancos oferecem as taxas que acharem justas. Nos períodos em que desejam atrair os clientes para esse tipo de aplicação, os bancos elevam o juro oferecido -como ocorreu em 2008.

Disputa
"Até que haja ao menos uns dois aumentos da Selic, que permitam que os fundos voltem a pagar taxa em torno de 1% ao mês, os investidores não devem ficar ansiosos para migrar de uma aplicação à outra", avalia Aquiles Mosca, estrategista de investimentos do Santander Asset Management. Mosca também afirma que, devido à maior liberdade para os gestores formarem as carteiras dos fundos de renda fixa, eles podem buscar alternativas para driblar o ganho potencial do DI. "O gestor pode manter o retorno da renda fixa interessante, concorrendo com o DI, se assim desejar", afirmou.
A renda fixa costuma ser conhecida como aplicação prefixada -ou seja, tem suas taxas definidas no momento em que a aplicação é feita. Mas essa aplicação tem maleabilidade para ter parte da sua carteira composta por papéis pós-fixados, que vão ganhar daqui para a frente com a alta da Selic.
Isso significa que, se a princípio será o DI que vai ganhar com a alta do juro, a renda fixa poderá não ficar para trás, dependendo da atuação do gestor.

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