sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Dívidas: cartão é o maior vilão em SP

Jornal da Tarde


 

18/12/2009

Pesquisa da Associação Comercial mostra que mulheres são as mais endividadas

Luciele Velluto, luciele.velluto@grupoestado.com.br


 

O cartão de crédito é o maior vilão do endividamento dos paulistanos e as mulheres são as que mais estão "penduradas" nas dívidas. É o que revela pesquisa feita pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) realizada no mês passado. As mulheres são as mais endividados - 57,1% das entrevistadas disseram estar com alto grau de endividamento e apontam o dinheiro de plástico como o culpado.

De acordo com o levantamento, entre as mulheres que estão com contas em atraso, 37% não conseguiram pagar a fatura do cartão de crédito do mês, aparecendo como a principal causa de descontrole financeiro. Para os homens o cartão também aparece em primeiro lugar entre as causas de dívidas, mas em menor proporção, com 23,3% dos entrevistados endividados.

O presidente da ACSP, Alencar Burti, acredita que o brasileiro não sabe usar o cartão de crédito. "As pessoas ainda precisam se ajustar a esse meio de pagamento. O cartão é com carro sem freio em uma ladeira. Quando a pessoa quiser frear, já bateu."

Para Burti, falta ao brasileiro educação e cultura para o crédito fácil. "É diferente o cheque do cartão. Mas o controle tem de ser o mesmo para não cair no rotativo e pagar juros altos", explica.

O dirigente acredita que a pesquisa também mostra que o maior grau de endividamento das mulheres ocorre por causa do avanço da posição de líder da casa por elas, que muitas vezes são responsáveis pelas compras e manutenção do lar. No entanto, a maioria dos homens (85,6%) e das mulheres (92,2%) acredita que suas famílias se encontrarão em situação financeira melhor daqui a um ano, o que mostra alto nível de otimismo do consumidor.

Dívida mais barata

No caso de ficar endividado com o cartão de crédito, a melhor saída para se livrar dessa pendência financeira é buscar um crédito mais barato, com o consignado ou o pessoal, para quitar o valor devido. "O juros do cartão de crédito está em 10% a 12%. Com um crédito de juros menor - deve se excluir o cheque especial, que também tem juros alto - a pessoa pode pagar o que deve e pagar menos pelo empréstimo", diz Alcides Leite, professor de Economia da Trevisan Escola de Negócios.

O professor do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), Ricardo Humberto Rocha, defende que o cartão de crédito só deve ser usado pelas famílias de menor renda em caso de necessidade, como gastos em saúde que estão fora do orçamento.

Para famílias de maior renda, o cartão pode ser usado como aliado se o consumidor for organizado e disciplinado. "Ele pode programar para que o pagamento seja feito no melhor dia apropriado e até deixar o dinheiro render jogando as contas para o próximo mês. Mesmo assim, é preciso cuidado porque haverá contas no futuro", comenta o professor.

SAINDO DA CRISE
Para quem já está endividado com o cartão de crédito, a dica dos especialistas é procurar um crédito com juros menores, como consignado ou empréstimo pessoal, para quitar o valor devido a empresa do plástico. Com juros menores, a conta sairá menor no final
Pagar o valor mínimo não ajuda a abater a dívida integral. Apenas aumenta o tamanho do problema

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Educação financeira poderá ser disciplina em escolas públicas

Valor Econômico

Por Rafael Rosas, do Rio
17/12/2009

O governo brasileiro e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acreditam que até 1.650 escolas de ensino médio do país poderão adotar, em 2010, a disciplina de educação financeira. O projeto, que conta com o apoio da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), está em estudo desde 2007 e será avaliado anualmente a fim de mensurar os efeitos das aulas não só nos alunos, mas nos núcleos familiares.

No ano que vem, um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá criar dois comitês que coordenarão o sistema de educação financeira do país, um voltado para a estrutura organizacional e outro voltado para o apoio pedagógico.

O superintendente de proteção e orientação aos investidores da CVM, José Alexandre Vasco, afirmou que a definição das escolas que adotarão a disciplina sairá no começo de 2010. Segundo ele, 150 escolas públicas serão escolhidas a partir do "Mais Educação", programa do Ministério da Educação que amplia o tempo dos alunos na escola. Outros 300 colégios serão escolhidos entre os que têm parceria com o Instituto Unibanco, que será o responsável pelas aulas de educação financeira nessas unidades.

A técnica de planejamento e gestão educacional do Ministério da Educação, Alzira Silva, acredita que outros 1.200 colégios públicos e particulares de todo o país poderão optar por oferecer aulas ligadas às finanças dentro de um universo de 5 mil unidades aptas a entrar no processo, cujo cadastro vai até 20 de dezembro.

A iniciativa conta no Brasil com a organização do Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização (Coremec), formado por CVM, Banco Central, Secretaria de Previdência Complementar (SPC) e Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Enquanto a CVM será a responsável por coordenar a adoção da disciplina nos colégios, o BC será encarregado de organizar a iniciativa para adultos. Nesse sentido, as primeiras turmas serão dedicadas, a partir de março, ao ensino nas Forças Armadas, enquanto se estuda também a ampliação da iniciativa para os beneficiários do Bolsa Família.

"A ideia é ampliar produtos para o beneficiário do Bolsa Família, como a abertura de conta simplificada, mas a medida ainda está em negociação", frisou Sérgio Lima, consultor do presidência do BC.

A partir de meados do ano que vem, as aulas poderão ser estendidas às escolas de nível fundamental com base nos resultados obtidos no primeiro semestre nas escolas de nível médio, afirma Vasco, da CVM. De acordo com ele, a avaliação anual nas escolas poderá custar cerca de US$ 800 mil, gasto que terá financiamento apoiado, em parte, pelo Banco Mundial.

Para Aart de Geus, vice-secretário geral da OCDE, a melhor avaliação do programa será feita em 2012, quando os estudantes de 15 anos farão o Programme for International Student Assessment (Pisa), que avaliará alunos de todo o mundo, com ênfase em matemática, com questões de educação financeira na prova. Segundo ele, o nível de conhecimento no Brasil é relativamente baixo quando comparado aos países da OCDE.

De Geus citou o estudo apresentado por Vasco que aponta que 82% dos brasileiros não sabem quais os juros pagos quando entram em um financiamento ou que 87% das famílias do país não poupam para o futuro. "Mas o Brasil conseguiu coordenar suas instituições para desenvolver o programa (de educação financeira), o que parece fácil, mas não. Muitos países não conseguem", frisou De Geus.

Usar parte do FGTS pode ser bom negócio. Mas é preciso cautela

 O Estado de São Paulo

17/12/2009

Especialistas alertam que retorno em infraestrutura não será o mesmo obtido com Vale e Petrobrás

Renée Pereira

A possibilidade de investir parte do saldo do Fundo de Garantia (FGTS) tem se mostrado um ótimo negócio para o trabalhador. Isso porque a remuneração do FGTS nos últimos anos tem ficado abaixo até mesmo da inflação. Por isso, especialistas acreditam que a alternativa aberta esta semana pelo governo de permitir a aplicação de até 30% do FGTS em cotas do FI-FGTS (um fundo que aplica em projetos de infraestrutura) terá uma grande demanda.

Mas não se deve esperar a mesma remuneração dos investimentos feitos em ações da Vale e da Petrobrás, destaca o advogado Flávio Porta, do escritório Libertuci Advogados Associados. Ele calcula que quem aplicou em ações da Petrobrás ganhou 13 vezes mais que a remuneração do fundo entre 10 de agosto de 2000 e 10 de dezembro de 2009 - 892,22% contra 61,29%. Já na Vale, o ganho foi de 988,2%, ante 49,33% do fundo, entre 10 de abril de 2002 e 10 de dezembro de 2009.

No caso do FI-FGTS, a remuneração nos últimos 14 meses foi de 11,7%. Embora distante dos resultados em ações, os números se mostram vantajosos. Além de poder ganhar mais, ele estará diversificando a carteira de investimentos, afirma o professor do Instituto de Ensino e Pesquisa, Alexandre Chaia.

Ele destaca, porém, que cada um precisa avaliar seus objetivos. "No longo prazo, o investimento tende a ser vantajoso. Mas, para quem está perto da aposentadoria, pode não ser um bom negócio." De acordo com a regra estipulada pelo governo, o dinheiro terá de ficar aplicado no FI-FGTS durante, pelo menos, 12 meses.

Outro alerta dado pelos especialistas refere-se aos riscos. O fundo vai investir em um projeto ou empresa do setor de infraestrutura, como energia e transporte. Portanto, os ganhos do trabalhador estarão associados ao sucesso do empreendimento. "É a mesma lógica de investir no papel de uma empresa. O ganho está vinculado aos lucros que a companhia tiver", diz Chaia. "Por isso, é preciso estar ciente que você pode ganhar, perder da inflação ou perder parte do capital investido", completa Porta.

Mas, como as previsões em relação à economia são positivas, haverá uma demanda grande por infraestrutura. Os aportes dos trabalhadores estarão limitados a um montante de R$ 2 bilhões. Caso a demanda supere esse valor, haverá rateio entre os participantes, nos mesmos moldes daquele que ocorreu na compra das ações da Petrobrás e Vale.




PRINCIPAIS DÚVIDAS

Como será o investimento?
O trabalhador vai comprar cotas do FI-FGTS. Inicialmente serão investidos R$ 2 bilhões

Quanto do FGTS poderá ser investido no novo fundo?
Até 30% do saldo da conta do FGTS

A aplicação pode superar os 30% do saldo do FGTS?
Na realidade, pode até ser inferior, pois se a demanda superar os R$ 2 bilhões haverá rateio proporcional entre os trabalhadores

Onde serão aplicados os recursos?
Em obras do nos setores de energia, rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e saneamento

Qual será o rendimento do novo fundo?

Ainda não dá para saber, mas, segundo o governo, uma carteira hipotética projetada para o FI-FGTS apresenta uma rentabilidade em torno de 9%, mais a TR

Há riscos para o trabalhador?
Sim. É uma aplicação financeira como outra qualquer e não tem, como o FGTS, a garantia de rendimento de 3% mais TR

A partir de quando poderá ser feita a aplicação?
Entre março e abril deve ocorrer a primeira oferta pública, pois a operação ainda depende de aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

O trabalhador poderá sacar a qualquer momento?
Não. Feita a aplicação, precisará permanecer 12 meses no fundo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O investidor busca formas de proteção

Valor Econômico

16/12/2009

Daniele Camba

Ao mesmo tempo que o Índice Bovespa alegra os investidores ao rondar os 70 mil pontos, aumentam as preocupações sobre uma possível correção de preços no curto prazo. O raciocínio é o seguinte: quanto mais a bolsa sobe, maiores são as chances de uma "barrigada" nesse processo de valorização, o que faz todo sentido se cogitar. Se o Ibovespa já subiu 84,58% no ano, ele pode perfeitamente voltar alguns pontos percentuais. Com o temor de que isso ocorra, os investidores estão buscando formas de proteger suas carteiras de ações de solavancos de curto prazo. Entre elas estão as opções de venda sobre Ibovespa futuro, negociado na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Quem compra opções de venda de Ibovespa futuro tem o direito de vender a cesta do índice pelo preço combinado. Isso parece bom negócio quando existe a expectativa de queda das ações, uma vez que quem comprou essas opções poderá vender o Ibovespa por um preço (no caso do índice, por uma pontuação) maior combinado anteriormente.

A Link Investimentos - uma corretora bastante atuante tanto em pessoa física quanto em institucionais - vem percebendo um aumento na procura por opções de venda desde a semana passada. Segundo o chefe da área comercial de ações da Link, Adriano Yamamoto, cresceu muito, principalmente, a procura por informações sobre as opções de venda. "Os investidores estão ligando para saber como funcionam essas opções, como fazê-las e quais os custos", explica Yamamoto.

Ele explica que essa procura vem ocorrendo tanto por parte de pessoas físicas quanto de grandes investidores institucionais, como gestoras de recursos e fundos de pensão. Apesar de esse movimento estar bem no começo, ele é um importante sinal de que os investidores estão buscando formas de se proteger de futuras quedas. "Essas opções são uma espécie de seguro contra uma correção de preços", diz o executivo da Link.

Além da grande valorização da bolsa em 2009, o fato de estarmos no fim do ano justifica ainda mais a escolha por essa espécie de seguro, afirma o diretor de renda variável da Link, Frederico Meinberg. Como existe o tradicional rali de fim de ano, muitas ações sobem de forma exagerada, inclusive papéis com pouquíssima liquidez (as "small caps"), algumas até sem fundamento para tal alta. "Quando essa euforia de fim de ano terminar, muitas dessas ações podem cair bem, portanto, vale a pena fazer algum tipo de proteção", diz Meinberg.

Apesar da procura estar no começo, já é possivel perceber um aumento no volume financeiro das opções de venda de Ibovespa futuro. No dia 4 deste mês, por exemplo, o volume de negócios com esses papéis foi de apenas R$ 519 mil. Já no dia 10, subiu para R$ 3,7 milhões e, no dia seguinte, para R$ 4,3 milhões . Vale destacar que hoje ocorre o vencimento de índice futuro e os negócios costumam ganhar força nos dias anteriores.

Outras alternativas

As opções de Ibovespa podem ser uma forma de proteção, mas há várias ressalvas para as pessoas físicas. Primeiro porque são mais caras do que as opções de ações - o prêmio delas pode custar mais de R$ 1 mil, enquanto as opções de ações, muita vezes, valem alguns centavos. Além disso, possuem baixíssima liquidez. Segundo o sócio da InvestCerto Consultoria Financeira e de Investimentos, Luiz Francisco Rogé Ferreira, vender as ações que o investidor possui e comprar uma opção de compra dos mesmos papéis (ter o direito de comprar o papel) podem ser uma forma mais fácil e mais barata de se proteger das quedas. "Se a bolsa cair, o investidor já se desfez do papel antes e ele não exerce o direito de comprá-lo novamente", explica Rogé. "Já se o mercado subir, ele consegue comprá-lo de volta por um preço abaixo do que está no mercado", completa ele. Num dia de baixo volume, o Ibovespa ontem fechou em leve queda de 0,06%, aos 69.310 pontos.

Daniele Camba é repórter de Investimentos

Trabalhador vai poder aplicar FGTS em fundo

O Estado de São Paulo

16/12/2009

Os trabalhadores poderão investir 30% do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) no FI-FGTS, que é um fundo de investimento em infraestrutura administrado pela Caixa Econômica Federal. O limite global de investimento, aprovado ontem pelo Conselho Curador do FGTS, é de R$ 2 bilhões para garantir a saúde financeira do FGTS.

Nos últimos 14 meses, o FI-FGTS teve rentabilidade de 11,7%, bem acima do ganho proporcionado pelo FGTS , de apenas a Taxa Referencial (TR) mais 3% ao ano. Portanto, a aplicação pode ser vantajosa para o trabalhador. Mas a aplicação não terá garantia de rentabilidade e o trabalhador corre o risco de perder o recurso.

A operação ainda depende de aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A expectativa do ministro do Trabalho, Carlos Lupi , é de que isso ocorra entre os meses de março e abril. Pelas regras acatadas ontem pelo Conselho Curador, a Caixa realizará uma oferta pública para compra de cotas de um Fundo de Investimentos em Contas (FIC) para aquisição de participação do FI-FGTS. Os interessados deverão manifestar o interesse ao banco - modelo semelhante à operação que autorizou os trabalhadores a aplicarem o FGTS em ações da Petrobrás e da Vale.

Para garantir a presença de quem tem contas com valores baixos no FGTS, o vice-presidente de Fundos de Governo da Caixa, Welligton Moreira Franco, disse que se a demanda ultrapassar R$ 2 bilhões haverá regras de rateio. "O valor de R$ 2 bilhões é uma trava. Se houver uma procura grande vai haver rateio para que todos possam participar", afirmou.

Lupi acrescentou que, em uma segunda etapa, o valor de aplicação dos trabalhadores no FI-FGTS poderá ser ampliado e chegar a R$ 5 bilhões. Os trabalhadores que aplicarem o FGTS estão obrigados a manter o investimento por 12 meses. "Esse prazo existe porque não estamos falando de investimento em bolsa, que você entra hoje e sai amanhã", frisou Lupi. Caso o investidor queira sair, terá de fazer uma comunicação à Caixa.

Mas as regras de saque serão as mesmas que valem para o FGTS - o saque só é liberado quando a pessoa é demitida ou se aposenta. Em caso de desastres ambientais, a pessoa está autorizada a retirar do FGTS até R$ 4,6 mil. O investimento também pode ser sacado para a compra da casa própria.

Moreira Franco alertou que o trabalhador precisa estar consciente de que é um investimento de risco. Ressaltou, no entanto, que os recursos do FI-FGTS são destinados para investimentos em áreas como energia elétrica e transportes, onde há elevada demanda por recursos e alta rentabilidade.

Ainda ontem, o Conselho Curador do FGTS aprovou um novo aporte direto de R$ 5 bilhões no FI-FGTS. É o quarto nesse mesmo valor.

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