quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O investidor busca formas de proteção

Valor Econômico

16/12/2009

Daniele Camba

Ao mesmo tempo que o Índice Bovespa alegra os investidores ao rondar os 70 mil pontos, aumentam as preocupações sobre uma possível correção de preços no curto prazo. O raciocínio é o seguinte: quanto mais a bolsa sobe, maiores são as chances de uma "barrigada" nesse processo de valorização, o que faz todo sentido se cogitar. Se o Ibovespa já subiu 84,58% no ano, ele pode perfeitamente voltar alguns pontos percentuais. Com o temor de que isso ocorra, os investidores estão buscando formas de proteger suas carteiras de ações de solavancos de curto prazo. Entre elas estão as opções de venda sobre Ibovespa futuro, negociado na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Quem compra opções de venda de Ibovespa futuro tem o direito de vender a cesta do índice pelo preço combinado. Isso parece bom negócio quando existe a expectativa de queda das ações, uma vez que quem comprou essas opções poderá vender o Ibovespa por um preço (no caso do índice, por uma pontuação) maior combinado anteriormente.

A Link Investimentos - uma corretora bastante atuante tanto em pessoa física quanto em institucionais - vem percebendo um aumento na procura por opções de venda desde a semana passada. Segundo o chefe da área comercial de ações da Link, Adriano Yamamoto, cresceu muito, principalmente, a procura por informações sobre as opções de venda. "Os investidores estão ligando para saber como funcionam essas opções, como fazê-las e quais os custos", explica Yamamoto.

Ele explica que essa procura vem ocorrendo tanto por parte de pessoas físicas quanto de grandes investidores institucionais, como gestoras de recursos e fundos de pensão. Apesar de esse movimento estar bem no começo, ele é um importante sinal de que os investidores estão buscando formas de se proteger de futuras quedas. "Essas opções são uma espécie de seguro contra uma correção de preços", diz o executivo da Link.

Além da grande valorização da bolsa em 2009, o fato de estarmos no fim do ano justifica ainda mais a escolha por essa espécie de seguro, afirma o diretor de renda variável da Link, Frederico Meinberg. Como existe o tradicional rali de fim de ano, muitas ações sobem de forma exagerada, inclusive papéis com pouquíssima liquidez (as "small caps"), algumas até sem fundamento para tal alta. "Quando essa euforia de fim de ano terminar, muitas dessas ações podem cair bem, portanto, vale a pena fazer algum tipo de proteção", diz Meinberg.

Apesar da procura estar no começo, já é possivel perceber um aumento no volume financeiro das opções de venda de Ibovespa futuro. No dia 4 deste mês, por exemplo, o volume de negócios com esses papéis foi de apenas R$ 519 mil. Já no dia 10, subiu para R$ 3,7 milhões e, no dia seguinte, para R$ 4,3 milhões . Vale destacar que hoje ocorre o vencimento de índice futuro e os negócios costumam ganhar força nos dias anteriores.

Outras alternativas

As opções de Ibovespa podem ser uma forma de proteção, mas há várias ressalvas para as pessoas físicas. Primeiro porque são mais caras do que as opções de ações - o prêmio delas pode custar mais de R$ 1 mil, enquanto as opções de ações, muita vezes, valem alguns centavos. Além disso, possuem baixíssima liquidez. Segundo o sócio da InvestCerto Consultoria Financeira e de Investimentos, Luiz Francisco Rogé Ferreira, vender as ações que o investidor possui e comprar uma opção de compra dos mesmos papéis (ter o direito de comprar o papel) podem ser uma forma mais fácil e mais barata de se proteger das quedas. "Se a bolsa cair, o investidor já se desfez do papel antes e ele não exerce o direito de comprá-lo novamente", explica Rogé. "Já se o mercado subir, ele consegue comprá-lo de volta por um preço abaixo do que está no mercado", completa ele. Num dia de baixo volume, o Ibovespa ontem fechou em leve queda de 0,06%, aos 69.310 pontos.

Daniele Camba é repórter de Investimentos

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