sexta-feira, 9 de abril de 2010

Os ricos também choram

EUA: Só em fevereiro, mais de 300 imóveis milionários foram a leilão

Dívidas ameaçam casas de ricaços americanos


 

Craig Karmin e James Hagerty, The Wall Street Journal

09/04/2010

Os ricos e famosos dos Estados Unidos têm agora algo em comum com centenas de milhares de americanos das classes média e baixa: o banco está prestes a confiscar a casa deles.

Casas com financiamentos de US$ 5 milhões ou mais devem apresentar um forte aumento nas ações de execução judicial este ano, segundo um estudo da RealtyTrac para o Wall Street Journal.

Esta semana, uma mansão Tudor em Los Angeles que pertence ao astro do cinema Nicolas Cage foi colocada em leilão e revertida para o banco. Na quarta-feira, Richard Fuscone, que já foi diretor de América Latina da Merrill Lynch, declarou concordata pessoal, impedindo um leilão que havia sido programado esta semana de sua mansão de 6 hectares em Westchester, no Estado de Nova York. No mês passado, um apartamento em Manhattan do produtor italiano de cinema Vittorio Cecchi Gori foi vendido num leilão de retomada judicial por US$ 33,2 milhões.

Só em fevereiro, 352 casas nessa categoria estavam programadas para ir a leilão na etapa imediatamente anterior à tomada pelo banco. É o maior número mensal das chamadas "notificações de venda" desde que a crise financeira começou. Em 2009 todo foram 1.312 notificações dessas.

Economistas dizem que os super-ricos estão entre os últimos a perder suas casas numa crise hipotecária porque normalmente têm grandes poupanças, melhor acesso a crédito e outros meios de evitar a perda do imóvel. Mas muitos deles trabalham no setor financeiro e em outros setores afetados pela crise e viram sua fortuna encolher com a queda do mercado.

Embora os números sejam modestos em comparação com as retomadas judiciais em outras faixas de renda, eles sugerem a possibilidade de um súbito aumento na tomada pelos bancos das propriedades dos americanos mais ricos. Normalmente metade das notificações de venda resultam na devolução do imóvel aos credores.

Os grandes tomadores de empréstimos têm mais chance de ficar inadimplentes do que as pessoas comuns, segundo dados da First American CoreLogic. O banco de dados de financiamentos dela, que reflete mais de 80% do mercado de crédito imobiliário, inclui 1.700 empréstimos com saldos de US$ 4 milhões ou mais. Sam Khater, um economista da First American, diz que os maiores tomadores podem estar mais propensos a parar de fazer pagamentos quando o preço do imóvel fica igual ou menor o valor da dívida.

Fuscone pôs sua mansão à venda em novembro, pedindo US$ 13,9 milhões. Mas ele não conseguiu encontrar um comprador que pagasse isso. O banco havia programado um leilão ontem da mansão de 1.700 metros quadrados - com duas piscinas, dois elevadores, seis lareiras, onze banheiros e uma garagem para sete carros. Um pedido de concordata pessoal feito quarta congela temporariamente o processo de retomada judicial. Fuscone se negou a comentar.

O fenômeno não é limitado à região de Nova York. Os bancos retomaram casas com financiamentos de US$ 5 milhões ou mais nos Estados da Geórgia, Carolina do Norte e Colorado, informa a RealtyTrac.

Cage havia tentado vender sua propriedade de 1.100 metros quadrados em Bel Air, em Los Angeles, por US$ 35 milhões, mas não conseguiu nenhuma oferta, segundo James Chalke, agente imobiliário que cuidava da oferta. Na quarta, o banco credor pediu US$ 11 milhões no leilão pré-retomada judicial, mas não conseguiu oferta e ficou com o imóvel. O ator também disse que não comentaria.

Um representante de Checchi Gori, produtor de mais de 200 filmes, entre eles "O Carteiro e o Poeta" e "A Vida É Bela", disse que situação financeira dele está melhorando.

Na região de Miami e do Condado de Dade, os três maiores processos de retomada judicial iniciados contra casas nos últimos seis meses envolveram uma casa de 430 metros quadrados nas Ilhas Sunset; uma casa de 784 metros quadrados em Coral Gables; e um apartamento em Miami Beach, segundo Peter Zalewski, um diretor da Condo Vultures. Todos os três tinham hipotecas de US$ 3,5 milhões a US$ 4 milhões.

A inadimplência nas hipotecas começou a aumentar no fim de 2006, sobretudo entre tomadores com os chamados financiamentos subprime, para pessoas com histórico de crédito ruim e alto endividamento em relação à renda.

Nos anos seguintes a inadimplência se espalhou para tomadores de maior renda, especialmente os que conseguiram empréstimos sem documentar sua renda. No fim de 2009, quase 8 milhões de residências, ou 15% das que têm hipotecas, estavam com pagamentos em atraso ou em processo de retomada judicial. Os ricos têm meios de rolar o processo de retomada, às vezes por anos. "É muito difícil para essas pessoas acreditar que tiveram tamanha reversão da fortuna", diz Maggie Navarro, corretora em Pasadena, Califórnia. (Colaborou Nick Timiraos)

Opções para investir na renda fixa

Jornal do Brasil

09/04/2010

Analistas indicam até mesmo os papéis prefixados, que estão pagando 12,75% ao ano

Adriana Diniz

 A perspectiva de aumento da taxa básica de juros (Selic), dos atuais 8,75% ao ano para pelo menos 9,25% ainda em abril, podendo chegar a 12% no final do ano, está fazendo com que aplicações em renda fixa voltem a ser mais atraentes que a poupança.

Entre as opções mais vantajosas do momento, segundo analistas, estão títulos do Tesouro Nacional, fundos de renda fixa e Certificados de Depósito Bancário (CDB) contratos com rendimento preestabecido.

O investidor, no entanto, deve avaliar prazo, rentabilidade e risco antes de apostar em qualquer aplicação.

Segundo o superintendente de alocação de recursos da Corretora Fator, Marcelo Figueiredo, os fundos de renda fixa podem ter até 50% de títulos privados, inclusive de pequenas instituições, com maior risco de falência.

Ele alerta que o investidor deve checar o regulamento, a composição da carteira e o número de cotistas antes de optar por uma aplicação como esta.

A consulta pode ser feita no site da Comissão de Valores Mobiliários (www.cvm.gov.br).

O economista e consultor da Projeção.com, Ricardo Borges, alerta ainda que uma parte do dinheiro aplicado num fundo fica parada, fora de qualquer aplicação, para garantir liquidez de possíveis retiradas, o que muito investidor não sabe e que tem impacto negativo na rentabilidade.

Para Ricardo Borges, uma boa alternativa são os títulos públicos do Tesouro Nacional.

Com a possibilidade de alta da Selic, vários papéis pós-fixados e até prefixados estão com rentabilidade bem atraentes.

O rendimento dos títulos é imbatível. Tem papel prefixado com vencimento em 2013 que está com rendimento de 12,75%. Além disso, são líquidos, seguros e têm taxas administrativas mais baratas que dos fundos explica Borges.

Os títulos públicos podem ser comprados por pessoas físicas, pelo site Tesouro Direto (www.tesouro.fazenda.gov.br) com investimentos a partir de R$ 150. O programa de venda direta foi desenvolvido pelo Tesouro Nacional em parceria com a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), justamente para facilitar e estimular os investimentos nos papéis públicos.

Para investir, é preciso se cadastrar num corretora, que cobra taxas em torno de 0,5%, enquanto as taxas dos fundos estão na média de 0,93%. O site oferece simulações e análise de perfil de cada investimento.

Muita gente não investe porque não sabe que existe ou acha que não vai entender, mas é bem fácil aprender.

O site dá todas as ferramentas, ressalta Borges.

Já os Certificados de Depósito Bancário (CDB) títulos emitidos pelos bancos devem ser avaliados de acordo com o que a instituição financeira está oferecendo. É preciso lembrar ainda que são investimentos de médio e longo prazo, já que muitos não permitem saque antecipado.

De acordo com estudo da Pro Teste (Associação de Consumidores), se o investidor permanecer com o CDB por um período inferior a seis meses, o título deve pagar no mínimo 93% do CDI taxa interbancária baseada na Selic. Caso contrário, devido aos gastos com Imposto de Renda, vale mais a pena investir na poupança. Seguindo a mesma lógica, para investimentos de um ano, CDBs vantajosos devem pagar, no mínimo 90% do CDI; 87% para até dois anos e 85% a partir de dois anos.

É possível aplicar a partir de R$ 100. Quem dispõe de valor maior consegue melhores taxas de rendimento, observa o gestor de renda fixa da Prime Corretora, Pedro Breves.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Corretoras amansam o Leão

Valor Econômico

08/04/2010

Por Luciana Monteiro e Alessandra Bellotto, de São Paulo

Para que os investidores em ações não caiam nas garras do Leão, as corretoras estão investindo maciçamente em ferramentas que auxiliem o cliente a recolher o Imposto de Renda (IR) e a preencher a declaração anual. A Receita vem apertando o controle do IR da pessoa física e a fiscalização recai cada vez mais sobre quem aplica em bolsa. Isso está estimulando a procura por consultoria na área e incentivando as corretoras a lançar serviços de orientação fiscal aos investidores de home broker.

Nomes como Icap, Link Investimentos, Ativa, Souza Barros, Um Investimentos e Gradual são exemplos de instituições que colocaram à disposição dos clientes nos últimos meses programas para ajudar no cálculo do IR quando há lucro na venda de ações. A MyCapital, site desenvolvido pela Tema Sistemas, que fornece serviços para a apuração do imposto, vem fechando vários acordos com corretoras.

Alguns investidores acham as corretoras que são responsáveis por recolher o imposto, mas a apuração do tributo deve ser feita pelo próprio investidor e é mensal. Como apurar o tributo não é tarefa das mais fáceis, grande parte das pessoas físicas que movimenta seus papéis na bolsa acaba, simplesmente, não fazendo o recolhimento. E é justamente nesse tipo de serviço que as corretoras viram um filão a fim de fisgar e fidelizar clientes.

Segundo dados da BM&F Bovespa, em março, o mercado acionário contava com 557.936 investidores cadastrados. E o cerco está se fechando para quem não declara os ganhos com ações. Em março, a Receita anunciou que pretende ir atrás de cerca de 8 mil contribuintes pessoas físicas até dezembro. Na mira do Fisco, estão justamente os investidores em ações que não recolhem IR.

A inglesa Icap, por exemplo, lançou no início de março o IR Fácil, um sistema totalmente integrado ao home broker da corretora, o MyCap. A ferramenta calcula automaticamente todas as operações do cliente no mês e possibilita a emissão do Darf (Documento de Arrecadação de Receitas Federais). Além disso, o programa faz a compensação de prejuízos de um mês para o outro. Segundo Paulo Levy, diretor do home broker da Icap, o serviço fez com que o número de contas abertas dobrasse de 25 para 50 por dia. A ferramenta é gratuita, mas está disponível somente para os clientes da chamada conta "Especial" da corretora - com taxa de corretagem de R$ 20 por operação. "Há muita confusão quando o assunto é Imposto de Renda e isso pode ser considerado um gargalo para o crescimento desse mercado", avalia Levy.

No caso da Link Investimentos, um relatório que mostra todas as operações do cliente na corretora passará a ser gratuito para todos os investidores a partir do fim deste mês - hoje o custo é de R$ 50,00 mensais. As ferramentas e serviços ganham cada vez mais posição de destaque na hora de o investidor escolher uma corretora, diz Mônica Saccarelli, gerente de varejo da Link. "A pessoa física que começa a aplicar em bolsa está acostumada com os fundos de investimento, em que o pagamento do imposto de renda é recolhido pelo banco", afirma. "E é por isso que esse tipo de ferramenta tem ganhado tanta importância dos clientes."

Na Ativa, a procura pela calculadora de IR dobrou neste ano em relação ao mesmo período de 2009. Lá, o serviço também custa R$ 50,00 por mês, mas a corretora estuda a possibilidade de oferecê-lo gratuitamente dentro de um pacote de acordo com o número de ordens colocadas pelo investidor, explica Jansen Costa, gerente de negociação eletrônica. Com a ferramenta, o cliente consegue também agregar as operações realizadas em outras instituições, mas esses dados têm de ser digitados um a um pelo cliente. "O próximo passo será fazer com que isso seja automatizado, que o cliente receba o arquivo da outra corretora e o nosso sistema reconheça os dados de forma que as informações já apareçam consolidadas", diz.

A Um Investimento oferece a ferramenta desde maio do ano passado, mas só em dezembro notou um aumento na demanda por parte do cliente. "Com a aproximação da data de entrega da declaração anual de Imposto de Renda, as adesões ao serviço vêm crescendo 20% ao mês", conta José Luiz Martins, gerente de negociações eletrônicas da corretora. O número de usuários, contudo, ainda é pequeno em relação à base de clientes. A Um.IR, como foi chamada a ferramenta na corretora, é fruto de parceria com a Tema Sistemas.

O serviço permite ao cliente acompanhar a evolução de sua carteira, saber se teve lucro ou prejuízo nas transações, gerar o Darf e compensar perdas com outras operações nos meses seguintes. O sistema emite relatórios mensais e também faz a consolidação anual para o preenchimento da declaração de IR. O custo do serviço é de R$ 50 por mês.

A Souza Barros estreou o serviço nesta semana. Assim como as demais, sentiu a necessidade de oferecer um suporte para o cliente que ainda tem muitas dúvidas sobre o tema. "Nesta época, nossas mesas de operação ficam sobrecarregadas de clientes querendo tirar dúvidas sobre o IR", conta Daniel Garcia, gerente de operações do homebroker da Souza Barros. A corretora é outra que recorreu ao site Mycapital. "Esperamos facilitar a vida do cliente, uma vez que a ferramenta é integrada ao home broker", diz.

O serviço custa R$ 50 por mês. Garcia afirma que os clientes que fizerem a adesão até 30 de abril (último dia para entregar a declaração de IR) ganharão o histórico de movimentação desde o início de 2009. Para ter acesso às transações de anos anteriores, o custo será de R$ 300 por ano.

Mas por que só agora esse serviço vem sendo oferecido? O que tem feito as corretoras a aderirem à ferramenta é a possibilidade de transferir a responsabilidade da apuração do imposto a alguém especializado, atuando apenas como intermediário e integrando a ferramenta ao home broker, explica Erickson Fonseca, diretor da Tema. "Quando recorrem a sistemas próprios, as corretoras têm o ônus de atualizar o sistema e a responsabilidade pela informação."

A Tema já fechou contrato com oito corretoras e quatro delas - Ativa, Um Investimentos, Souza Barros e Icap - já integraram a ferramenta ao seu sistema de home broker, conta o diretor da empresa, Nilson Francisco Gomes. "Queremos dobrar esse número até o fim de 2010", diz.

A Gradual lançou um portal exclusivamente com informações sobre o recolhimento do imposto em investimentos. No site, o internauta tem informações sobre como fazer a declaração anual, informar os rendimentos provenientes da venda de ações, opções e mercado futuro e preencher o Darf. A Ágora também já anunciou que lançará em breve um software para o cálculo do imposto.

Poupança perde recursos para renda fixa


 

Jornal do Brasil

08/04/2010

Caderneta tem queda de captação pela metade em março. Fundos e CDB atraem investidores

Adriana Diniz

A poupança registrou queda de cerca de 50% na captação líquida (depósitos menos retiradas) em março, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. O resultado foi de R$ 538 milhões, ante R$ 1,089 bilhão em fevereiro. O principal motivo, segundo analistas, seria a fuga de investidores para aplicações em fundos de renda fixa, que cobram as menores taxas de administração do mercado, e para o Certificado de Depósito Bancário (CDB), contrato com remuneração preestabelecida pelos bancos.

As instituições estão pagando taxas mais atraentes no CDB desde o aumento do depósito compulsório garantia concedida ao Banco Central. A remuneração chega a 120% do CDI (taxa interbancária baseada na Selic). Além disso, o retorno deve ser impulsionado pela expectativa de aumento da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 8,75%, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 27 e 28 de abril.

Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que, em março, os fundos de renda fixa tiveram captação líquida de R$ 6,35 bilhões, classificação que inclui aplicações em CDB. Segundo a entidade, a taxa de administração média dos fundos de renda fixa é a menor do mercado, de 0,9% ao ano, seguida da dos fundos DI, de 0,93% ao ano. Além disso, muitos fundos investem parte dos recursos em CDB.

Segundo Bernardo Moneró, analista da SLW, o CDB com Depósito à Prazo com Garantia Especial do Fundo Garantidor de Crédito (DPGE), tem rentabilidade maior e vem sendo oferecido de forma cada vez mais agressiva pelos bancos, com o objetivo de compensar o aumento dos compulsórios e gerar caixa para os bancos.

Vantagens A aplicação é bem mais vantajosa que a poupança. Não tem taxa administrativa e rende entre 107% e 120% do CDI, que pode levar a um rendimento de 9,89% ao ano, sem considerar qualquer aumento dos juros. Já a poupança tem rentabilidade de pouco mais de 6% ao ano explica Moneró.

Segundo o analista, há ainda outra vantagem para grandes investidores: enquanto na poupança o governo garante saldos até R$ 60 mil, no CDB com DPGE, a garantia é para aplicações é de até R$ 20 milhões.

Segundo o analista de da Mercatto Investimentos, Paulo Veiga, o CDB não é tão atrativo para o pequeno investidor, por conta da falta de liquidez, já que as aplicações só podem ser resgatadas em prazos de um, dois ou cinco anos. Mas, segundo ele, apesar de um grande número de poupadores com aplicações modestas, grande parte dos recursos da poupança está concentrado nas mãos de grandes investidores, que mudam de investimentos de acordo com a melhor proposta de rentabilidade.

O grande investidor sabe fazer conta. Então, começa a perceber que é mais vantajoso aplicar em CDB. Quando este investidor migra da poupança para outro investimento faz toda a diferença na captação líquida ressalta Veiga.

Segundo o analista, a perda de captação da poupança é uma tendência que deverá ser alavancada pelos aumentos de juros previstos para este ano.

As retiradas da poupança em março foram as maiores dos últimos três meses: R$ 95,975 bilhões frente R$ 79,518 bilhões em fevereiro. Os depósitos totais da poupança somaram R$ 96,513 bilhões em março, o maior volume desde dezembro de 2009 (R$ 112,23 bilhões).

Para o especialista em finanças, Luiz Carlos Ewald, muitos investidores esperavam aumento da Selic na reunião do Copom de março e aproveitaram para sacar seus investimentos na data de vencimento da aplicação, para não perder rentabilidade.

As pessoas retiraram o dinheiro da poupança, na expectativa de aplicar em investimentos medidos pela Selic. Mas como a alta da taxa de juros não veio, boa parte do dinheiro retornou para a poupança, o que explicaria a alta nos depósitos destaca Ewald.

Segundo Bernardo Moneró, se confirmada a alta da Selic para 9,25%, na reunião do Copom deste mês, uma aplicação CDB com DPGE pode passar de 11% ao ano, quase o dobro do rende a poupança hoje.

Saldo no trimestre Quando comparado com o desempenho de março de 2009, o resultado da poupança de agora foi melhor, já que no auge da crise houve uma saída líquida de R$ 846,803 milhões. Segundo o BC, o saldo da poupança no mês passado foi de R$ 327,885 bilhões, ante R$ 274,69 bilhões em março de 2009. No primeiro trimestre de 2010, o saldo é de R$ 4,246 bilhões o maior desde 1997 (R$ 4,643 bilhões).

Para o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas Silvio Sales parte da retirada da caderneta deve-se ao endividamento maior, típico dos meses de março e abril. As pessoas fazem muitas compras parceladas em dezembro e ainda têm os gastos de fim e início de ano com impostos, mensalidade e material escolar. Acabam se enrolando e precisam retirar dinheiro de aplicações para honrar dívidas e pagamentos extras, observa.

As pessoas saíram da poupança para receber a taxa Selic Luiz Carlos Ewald especialista em finanças O CDB pode levar a um rendimento de 9,89% ao ano Bernardo Moneró analista da SLW

terça-feira, 6 de abril de 2010

Aposentadoria mais distante

Perspectiva de vida maior deve obrigar investidor em previdência a aumentar as contribuições ou adiar o benefício.


 

Por Alessandra Bellotto, de São Paulo


 

Valor Econômico
06/04/2010

Elevar o volume de contribuição ou adiar a data da aposentadoria. Essas são as alternativas para quem fizer um plano de previdência aberta usando a nova tábua de sobrevivência desenvolvida para o Brasil. Quem já tem plano contratado pela tábua antiga deve mantê-lo, recomenda a consultora sênior de previdência da Mercer no Brasil, Carolina Wanderley. Isso porque os novos cálculos incorporam um aumento na expectativa de vida do brasileiro que tem previdência privada. Mais anos de vida significam que o volume de reservas necessário hoje para alcançar determinada renda vitalícia deixe de ser suficiente na nova estimativa.

A lógica é que, se as pessoas estão vivendo mais, vão precisar acumular mais recursos, destaca Carolina. Um estudo da Mercer aponta que um homem que pretende se aposentar aos 60 anos com uma renda vitalícia de R$ 2,7 mil por mês precisa juntar R$ 500 mil em reservas se a tábua adotada for a antiga AT 83 e a taxa de juros real oferecida pela seguradora for de 3% ao ano. Se a tábua for a AT 2000, que começou a ser usada em 2001, as reservas teriam de somar R$ 545 mil. Pela nova tábua, para manter o benefício de R$ 2,7 mil, esse mesmo homem terá de acumularR$ 560 mil. Caso contrário, terá de se contentar com uma renda de R$ 2,4 mil na aposentadoria.

A tábua biométrica é um cálculo que aponta a expectativa de vida e mortalidade de uma população. As seguradoras no Brasil vinham usando como referência tábuas americanas para estimar tanto o tempo de vida dos participantes de seus planos de previdência como a taxa de mortalidade de quem contratasse seus seguros de vida. Além de ser uma realidade completamente diferente da brasileira, a série AT de tábuas estava desatualizada - os números nas siglas referem-se ao ano em que cada uma delas foi elaborada.

A nova tábua, denominada Experiência do Mercado Segurador Brasileiro (BR-EMS), é a primeira desenvolvida com base no histórico de mortalidade e sobrevivência dos participantes dos segmentos de seguros de pessoas e de previdência complementar no país.

Na visão do presidente da comissão atuarial da Federação Nacional de Previdência e Vida (Fenaprevi), Jair Lacerda, o impacto da adoção da nova tábua será pequeno. Ele conta que as seguradoras, ao adotarem a AT 2000, já incorporaram um aumento de 10% na expectativa de vida do brasileiro com plano de previdência, apesar de ainda não terem dados da realidade local. "O mercado passou a usar o que ficou conhecida como AT 2000 suavizada", diz Lacerda, que também é diretor executivo da Bradesco Vida e Previdência. Com isso, a diferença para a nova tábua é de meses de contribuições.

No caso de homens, Lacerda diz que, se ele contribuir com mais dois meses, conseguirá manter a renda estimada pela AT 2000 suavizada na conversão do plano de previdência no momento da aposentadoria. Já a mulher vai ter de adiar um pouco mais a aposentadoria. Para manter a renda, serão necessários seis meses adicionais de contribuição.

Lacerda destaca a importância do uso da nova ferramenta para deixar o mercado de previdência mais equilibrado, próximo da realidade. Ele argumenta que a seguradora é obrigada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) a fazer provisões para todos os seus planos que usam tábuas desatualizadas. "Isso significa usar parte do resultado da empresa para provisões", diz. E seguradoras em dificuldades repre- sentam um risco para esse segmento, em que solidez é importante dado o longuíssmo prazo da aplicação. "Uma relação mais justa, com preços equilibrados, minimiza o risco de no futuro a seguradora não conseguir entregar o que prometeu", argumenta o executivo.

Apesar de o risco para a seguradora ter ficado menor, conforme destaca Carolina, da Mercer, o custo de um plano de previdência não deve cair com a nova tábua. Hoje, o grande argumento das seguradoras para defender taxas mais altas dos planos, tanto de carregamento quanto de administração, é o risco atuarial assumido pela empresa de converter no futuro o plano em renda vitalícia.

Na visão de João Batista Mendes Angelo, superintendente de produtos da Brasilprev, a queda não deve acontecer no curto prazo. Especialmente porque não há um mercado maduro de renda no Brasil, poucas pessoas optam pela renda vitalícia, preferindo sacar os recursos. E as seguradoras já levam isso em conta na hora de colocar o preço. "No longo prazo, podemos até ter uma redução, mas mais por conta do crescimento do patrimônio sob gestão, o que dilui os custos de administrar um fundo, permitindo reduzir as taxas", diz.

A nova tábua será atualizada a cada cinco anos, o que abre espaço para as seguradoras ajustarem seus planos em operação. Carolina, da Mercer, destaca que ficará mais difícil para o investidor se planejar. Lacerda, da Fenaprevi, diz que isso não será um problema, já que não se espera mudanças demográficas tão significativas que alterem a tábua.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Poupança se firma como opção ao investidor

Folha de São Paulo

05/04/2010

Conservadora e competitiva em relação a vários fundos, caderneta ganha espaço como instrumento de diversificação de aplicações

Patamar menor dos juros na economia aumentou a atratividade da poupança, que atrai mais depósitos de investidores de alta renda


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de perder da inflação por sucessivos anos, a poupança finalmente se tornou um investimento de retorno competitivo. Embora a caderneta também seja procurada pelos grandes investidores, nela os pequenos acabam encontrando uma das suas melhores opções para investimento.
Mesmo com a taxa básica de juros da economia, a Selic, em seu menor valor desde a estabilização da moeda, poucos fundos de investimento conservadores conseguem superar o rendimento da poupança. A taxa, determinada pelo Banco Central, está em 8,75% ao ano.
No Brasil dos juros baixos e das taxas de administração altas, a poupança virou um instrumento de diversificação de investimentos também para aqueles com perfil mais arrojado e acesso a fundos com taxas competitivas. Nesse caso, a estratégia é deixar uma parte dos recursos na conservadora poupança, conseguindo, dessa maneira, "garantir" algum rendimento, e se arriscar com um percentual dos recursos disponíveis na Bolsa de Valores.
Prova de que esse caminho tem sido mais seguido é que, no ano passado, aumentou em 30% a participação na poupança de investidores com depósitos de mais de R$ 1 milhão, segundo o BC. O número de milionários da poupança saltou de 3.822 para 4.980, enquanto o volume de depósitos acima de R$ 1 milhão passou de R$ 14,9 bilhões para R$ 19,8 bilhões entre 2008 e 2009.

Mudanças
No ano passado, o governo Luiz Inácio Lula da Silva tentou duas vezes mexer na poupança, cuja atratividade ameaçava a indústria de fundos, mas acabou desistindo.
Quando os juros básicos sobem, a poupança, que tem retorno atrelado à taxa Selic, fica mais interessante. Alguns tipos de fundo de investimento também são beneficiados pela elevação dos juros, mas pagam taxa de administração e imposto de renda.
A ideia do governo era passar a taxar cadernetas com saldo acima de R$ 50 mil. No entanto, segundo analistas, como não houve a temida migração em massa dos aplicadores, esse projeto foi deixado de lado.
"Acabou não ocorrendo a mudança. Mas poucos ficam de olho na taxa de administração dos fundos. Por enquanto, a diferença não é tão grande, mas, se os juros caíssem mais, isso ficaria mais evidente. Agora, porém, diria que os juros estão na iminência de subir. Quando isso acontecer, a situação dos fundos melhora um pouco", diz Marcia Dessen, consultora de finanças pessoais.
Os especialistas esperam que o comitê de política monetária do BC aumente os juros básicos já na sua próxima reunião, que acontece neste mês.
Segundo o administrador de investimentos Fabio Colombo, dificilmente os fundos com taxa de administração acima de 2% conseguem bater a poupança, independentemente da alíquota de Imposto de Renda.
Ele estima que os fundos com taxa de administração entre 1% e 1,5% empatam com a poupança no caso de resgate em menos de seis meses, quando o Imposto de Renda a pagar é de 22,5%. Para resgate em período superior a dois anos, a taxa de administração de equilíbrio está entre 1,5% e 2%.
Colombo afirma que, para concorrer melhor com a poupança, os fundos de investimento DI e de renda fixa passaram a aplicar um pequeno percentual do patrimônio em títulos de empresas, que têm rendimento e risco maiores.
"Alguns fundos conseguiram elevar os ganhos para até 110% do CDI. Mas o aplicador não sabe disso nem do risco que está correndo. Se alguma empresa tiver problema, ele pode perder bastante", afirma.
Para Dessen, mesmo quando o fundo tem taxa de administração baixa e rende acima da poupança, a diferença é muito pequena aos olhos do investidor para justificar uma série de avaliações e decisões. "Se a diferença de retorno fosse de 0,5 ponto percentual, talvez justificasse esse estudo que ele tem de fazer para correr um risco um pouco maior. A pessoa que investe em poupança só olha para o banco e acabou. Para quem aplica menos de R$ 60 mil, com limite de cobertura do Fundo Garantidor de Crédito, a poupança é o melhor dos mundos", afirma.

Locations of visitors to this page