sábado, 22 de dezembro de 2007

Mais dinheiro para o penhor

Jornal da Tarde
22/07/2007


Modalidade de empréstimo a juros baixos terá pelo menos R$ 5,4 bilhões em 2008

MARCOS BURGHI,
marcos.burghi@grupoestado.com.br

A Caixa Econômica Federal reservou R$ 5,4 bilhões para empréstimos nas modalidades penhor e micropenhor em 2008. A afirmação é de Fábio Lenza, vice-presidente de Pessoa Física da instituição. Segundo ele, o valor é 12,5% maior que o total de créditos concedidos em 2007, que deve fechar em R$ 4,9 bilhões. No Estado de São Paulo, Lenza estima que o volume de empréstimos chegue R$ 1,2 bilhão, dos quais R$ 24 milhões, 2% do total, na Capital.

Na modalidade penhor, o empréstimo pode ser de até R$ 300, com juros de 2,08% ao mês ou, para valores acima de R$ 300, com juros de 2,85% ao mês.

No micropenhor, a linha é exclusiva a pessoas que não possuem saldo médio em conta corrente ou aplicação financeira acima de R$ 3 mil na Caixa ou acima de R$ 1 mil em outros bancos. O empréstimo é de no máximo R$ 1 mil e os juros são de 1,80% ao mês. Os prazos variam de um mínimo de 30 e máximo de 180 dias.

O interessado deve ir às agências da Caixa levando o bem a ser penhorado - jóias de ouro e prata, relógios e canetas com valor financeiro - além de documento de identidade, CPF e comprovante de endereço. As peças são analisadas na hora, e o cliente pega empréstimos de até 80% do valor de avaliação.

Lenza informou que atualmente há 417 agências da Caixa no País que oferecem o serviço, e outras 30 serão incluídas no grupo em 2008, três na cidade de São Paulo, que passará a contar com 33 agências nas quais a modalidade é oferecida. Para saber quais são, basta dirigir-se a qualquer agência da Caixa ou acessar o site www.caixa.gov.br.

As taxas do penhor estão abaixo das médias de outros gêneros de crédito pessoal apontados na pesquisa de juros de novembro da Associação Nacional dos Executivos de Administração e Finanças (Anefac). De acordo com o levantamento, um empréstimo em financeira tem uma taxa mensal de 11,34%, o cheque especial tem porcentual médio de 7,77% e os empréstimos em bancos ficam em 5,35% ao mês.

A assistente social Marli Taveira, de 45 anos, diz que utiliza o penhor há mais de dez anos. Costuma recorrer ao empréstimo para pagar dívidas. “É uma forma de conseguir crédito sem burocracia”, afirma.

Ela informa que não recorre a jóias de família, prefere empenhar itens pessoais. Recentemente, fez um empréstimo de R$ 300.

Na opinião da atendente de enfermagem Antonia Santos, de 62 anos, o penhor ajuda em “momentos de aperto”. Aposentada, com uma renda mensal de R$ 380, ela diz que utiliza os serviços de penhor há pelo menos cinco anos. “Sempre que preciso trago alguma jóia e faço o empréstimo, às vezes para pagar dívidas, mas também para conseguir um dinheiro extra”, afirma.

A doceira Valmíria Santos, de 45 anos, busca no penhor uma forma de proteger suas jóias, que tem receio de guardar em casa. cliente do penhor há cerca de dez anos, ela diz que, além de proteger o patrimônio, consegue dinheiro que investe no trabalho. “Há dois anos, fiz um empréstimo de R$ 1 mil, que tenho renovado”, fala.

Segundo Fábio Lenza, os empréstimos, que têm valor médio de R$ 600, devem totalizar cerca de 416 mil operações até o final de 2007, volume quase 12% maior que o registrado em 2006, 372 mil operações. De acordo com Lenza, embora outras formas de crédito tenham ganho espaço no mercado, esta modalidade não perderá espaço.

Ele afirma que quem não tem renda formal, mas pode lançar mão de uma jóia ou outro objeto de valor, tem condições de obter crédito na hora.

COMO FUNCIONAM OS EMPRÉSTIMOS

PENHOR

Empréstimos de até R$ 300, com juros de 2,08% ao mês ou acima, com juros de 2,85% ao mês

MICROPENHOR

Linha exclusiva a pessoas que não possuem saldo médio em
conta corrente ou aplicação financeira acima de R$ 3 mil na Caixa ou superior a R$ 1 mil em outros bancos. O empréstimo é limitado a R$ 1 mil e os juros são de 1,80% ao mês; os prazos para ambos os casos variam de 30 a 180 dias

As taxas do penhor estão abaixo das médias de outros gêneros de crédito pessoal apontados na pesquisa de juros de novembro da Associação Nacional dos Executivos de Administração e Finanças (Anefac). Um empréstimo em financeira tem uma taxa mensal de 11,34%, o cheque especial tem porcentual médio de 7,77% e os empréstimos em bancos ficam em 5,35% ao mês.

Internet se torna a terra dos serviços e produtos grátis

O Estado de São Paulo
22/12/2007

Amparados pela receita com publicidade, sites oferecem de livros eletrônicos a mapas e planilhas

Renato Cruz

A internet está se tornando a terra dos produtos e serviços gratuitos. Para isso, os sites adotam um modelo que é comum na mídia tradicional, em que a gratuidade é sustentada pela venda de espaço publicitário. O avanço tecnológico tem aumentado a capacidade das redes de banda larga, ao mesmo tempo que baixa custos de armazenamento e processamento.

A rede permitiu também que pessoas de todo o mundo colaborassem em projetos coletivos, como a Wikipédia ou o próprio sistema operacional Linux. Também ajudou a tornar mais direta a relação entre artistas e o seu público, que passaram a oferecer sua produção pela rede, muitas vezes com novos tipos de licenças de direito autoral, como o Creative Commons. Sites como YouTube, MySpace e WordPress apagam a divisão entre audiência e autores, permitindo a todos se tornarem produtores de conteúdo.

“O modelo de venda de assinaturas já não faz mais sentido”, disse Alexandre Hohagen, diretor-geral do Google Brasil, acrescentando também que, ao optar pela venda de anúncios, as empresas de tecnologia miram um mercado muito maior que o de licenças de software. No ano passado, o mercado publicitário brasileiro movimentou R$ 17,44 bilhões, segundo o Projeto Inter-Meios. Foi duas vezes e meia maior que o de software, que ficou em R$ 6,97 bilhões, excluindo serviços (número da Associação Brasileira das Empresas de Software). Apesar de os anúncios na internet ainda representarem uma parcela pequena do total das receitas publicitárias - em 2006, foram vendidos R$ 361 milhões em anúncios para a internet no País -, esse é o segmento que mais cresce.

Chris Anderson, autor do livro A Cauda Longa, escreveu na edição especial anual da Economist que 2008 será “o ano do gratuito”. Segundo ele, o modelo dominante atualmente na internet é fazer dinheiro com coisas de graça. Uma parte das empresas imita a estratégia da mídia tradicional, de vender audiência para os anunciantes.

Outra parte segue o que ele chamou de modelo de amostra grátis: “É tão barato oferecer serviços digitais online que não importa se 99% de seus clientes usam a versão grátis de seus serviços, contanto que 1% paguem pela ‘versão premium’. Afinal, 1% de um número grande pode ser também um número grande.”

É possível conseguir livros eletrônicos de graça na internet, em sites como a Biblioteca Virtual do Estudante de Língua Portuguesa e o Projeto Gutenberg. O Apontador e o Google Maps permitem encontrar endereços e traçar rotas. O Skype faz chamadas gratuitas na internet, até mesmo com vídeo. O Joost possibilita criar uma grade personalizada de televisão via rede mundial. O BrOffice oferece uma alternativa ao Microsoft Office, e pode ser baixado de graça pela internet. No Google Docs, não é necessário nem baixar o software: o internauta faz seus textos e suas planilhas direto no navegador de internet.

Mundialmente, existem 1,2 bilhão de usuários de internet. No Brasil, são 40 milhões. Pode parecer pouco, mas a internet brasileira já é maior do que era a internet mundial em 1996. “A internet brasileira incluiu de 6 milhões a 8 milhões de usuários em 2007”, apontou Hohagen.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Tesouro Direto chega a 100 mil investidores

http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL234783-9356,00-TESOURO+DIRETO+CHEGA+A+MIL+INVESTIDORES.html

Houve uma vez um 'Plano Verão'

Jornal da Tarde
20/12/2007


2008 é o último ano para se entrar com ação para reaver perdas com o Plano Verão, de 1989


Em janeiro de 1989, duas questões mobilizavam a opinião pública brasileira: na novela da TV Globo O Salvador da Pátria, o deputado federal Severo Toledo Blanco (Francisco Cuoco) tentava salvar sua carreira política com artimanhas para esconder a todo custo o seu adultério com a jovem Marlene (Tássia Camargo), envolvendo o lavrador Sassá Mutema (Lima Duarte); e, na ‘vida real’, o então ministro da Fazenda do Governo José Sarney, Maílson da Nóbrega, desembrulhava o Plano Verão, com um decreto-lei que modificava o índice de rendimento das cadernetas de poupança, aliado a um congelamento dos preços e salários, a criação de uma nova moeda - o Cruzado Novo - e a extinção da correção monetária, o que gerou desajustes às cadernetas, com perdas que chegaram a mais de 20%.

Quase 20 anos depois, na vida real, um senador tenta limpar a sujeira provocada pela descoberta de seu caso de adultério com uma jornalista e outras falcatruas. E também pode chegar ao fim a novela dos efeitos nocivos daquele plano econômico nas suas finanças - se você tinha dinheiro em caderneta de poupança naquele período -, pois encerra-se em 31 de dezembro de 2008 o prazo para entrar com ação na Justiça e reaver as perdas com o Plano Verão.

E não seria uma mão-de-obra à toa. Segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, o Idec, quem tinha Cz$ 1 mil (mil cruzados) na poupança naquele período pode ter algo em torno de R$ 25 mil para receber, considerando-se a correção da época. Têm direito a entrar com ação aqueles que tinham cadernetas entre janeiro e fevereiro de 1989 com data de ‘aniversário’ entre os dias 1º e 15 de cada mês.

A ação pode ser feita nos juizados especiais Civil (JEC) ou Federal (JEF) - nesse último, se as perdas foram com cadernetas de poupança da Caixa Econômica Federal. Nos juizados, a resolução do caso ocorre, em média, de quatro a seis meses, podendo ser agilizada por meio de juizados-escola .


ONDE IR À JUSTIÇA

CENTRO

Anexo I - FMU, Rua Taguá, 106, telefone 3208-5765, de segunda a sexta, das 13h às 19h

Anexo II - Mackenzie, Rua da Consolação, 993, 3256-6334, segunda a sexta, das 13h às 19h

Anexo III - São Judas, Rua Marcial, 115, 6099-1954, segunda a sexta, das 13h às 19h

Anexo IV - Unib, Alameda dos Maracatins, 1.093, 5096-3465, segunda a sexta, das 13h às 19h

Anexo V - Faap, Rua Itápolis, 389, 3662-7556, segunda a sexta, das 13h às 19h

Anexo VI - Fadisp, Avenida Rebouças, 1.384, 3085-6706, segunda a sexta, das 12h às 19h

Anexo VII - PUC, Rua João Ramalho, 295, 3675-5438, segunda a sexta, das 13h às 19h

IPIRANGA

Anexo Universidade São Marcos, Rua Gama Lobo, 465, 6163-4670, segunda a sexta, das 9h às 17h

ITAQUERA/GUAIANASES

Anexo Unicastelo, Rua Heitor, 229, 6944-0699, segunda a sexta, das 9h às 17h

LAPA

Anexo Unip, Avenida Santa Marina, 950, 3613-7033, segunda a sexta, das 13h às 19h

SANTANA

Anexo Uniban, Rua Maria Cândida, 1.813, 6967-9030, segunda a sexta, das 13h às 18h

SANTO AMARO

Anexo I - Unisa, Rua Com. Elias Zarzur, 75, 2141-8958, segunda a sexta, das 12h às 18h

Anexo II - Unip, Rua da Paz, 769, 5181-1949, segunda a sexta, das 12h às 18h

TATUAPÉ

Anexo Unicid, Rua Melo Peixoto, 1.243, 2178-1379, segunda a sexta, das 9h às 16h

O leão, o bolso e a previdência

Valor Econômico
Por Danilo Fariello, de São Paulo
20/12/2007



Termina dia 28 o prazo para trabalhadores com carteira assinada que declaram pelo formulário completo investirem em planos de previdência privada e abaterem a aplicação do imposto referente à renda de 2007. Quem tem renda anual de R$ 100 mil pode reduzir em até R$ 3,3 mil o valor a ser pago no próximo ano à Receita Federal. O drible no imposto está disponível aos investidores que aplicarem em Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL), plano tradicional ou Fapi, e vale até o limite de 12% da renda.


A vantagem fiscal permite que o participante deixe de recolher imposto sobre o valor que foi aplicado em um desses planos, para pagá-lo apenas no momento do resgate. Em alguns anos, o benefício dessa dedução cresce bastante, à medida que o participante lucra em cima do dinheiro que teria como destino imediato os cofres do governo. Em apenas oito anos de isenção, considerando o limite de 12% da renda, seria como se o trabalhador deixasse de recolher IR em um deles.


A vantagem é ainda maior para trabalhadores que contribuem para a previdência com recursos descontados em folha. Isso ocorre porque, no ato do pagamento do salário, a empresa já considera a contribuição do imposto de renda na base de cálculo para o imposto de renda retido na fonte. Aos que recolhem de maneira autônoma, a vantagem da dedução será percebida apenas na declaração anual.


Mas investir além do teto de 12% da renda ou sem contar com a possibilidade de diferir o imposto na declaração - não ter carteira assinada ou não declarar no formulário completo - é um péssimo negócio. O valor resgatado no PGBL será considerado como renda, para efeitos tributários. Sem diferir o valor aplicado, o participante pagará, portanto, duas vezes imposto de renda sobre esses valores. Para esse dinheiro, melhor opção seria aplicar em um Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL).


Além de prorrogar o pagamento de 27,5% sobre a parcela da renda depositada no PGBL - o mais popular dos planos com isenção -, desde 2005 os participantes também podem literalmente reduzir o imposto. Pela tabela regressiva, a alíquota decresce de 35%, para resgates em até dois anos após a contribuição, para apenas 10% em períodos de dez anos. "Assim, é possível efetivamente pagar menos imposto", explica Marco Antonio Rossi, vice-presidente da Federação Nacional da Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) e responsável pelo setor na Bradesco Seguros. "Vimos muitos investidores aplicando pela tabela regressiva este ano."


O benefício do diferimento do imposto fica cada vez mais atraente quanto mais cai a inflação brasileira e, portanto, o juro nominal das aplicações fica mais próximo do ganho real, diz Renato Russo, vice-presidente de Previdência da SulAmérica. Isso ocorre porque, no PGBL, não se paga o imposto de renda com base no rendimento, como nos fundos de investimento, e a tributação paga no resgate é compensada pela isenção no ano da aplicação, diz ele. Vale lembrar, porém, que sobre os resgates do PGBL incide IR como se fosse renda, pelas tabelas progressiva ou regressiva. Mas, como o ganho sobe com menos inflação, o benefício da prorrogação aumenta, diz.


Os depósitos em planos de previdência para menores também podem permitir o adiamento do imposto de renda. Aplicações em nome de menores de 16 anos declarados como dependentes podem ser abatidas na renda anual. Se tiver mais de 16 anos, ele deverá pagar INSS para permitir a dedução, além de ser dependente. A aplicação para menores ganhou força este ano. Segundo a Fenaprevi, o volume de depósitos em previdência para crianças e adolescentes é o que mais cresceu, 68,6%, para R$ 1,4 bilhão.


Em 2007, o setor de previdência foi marcado principalmente pela maior preocupação dos investidores com a rentabilidade dos planos em que aplicam. Além do benefício fiscal, no caso do PGBL e do Fapi, também se olha agora para o conteúdo das carteiras e as taxas cobradas, diz Eduardo Franco, responsável por previdência na Real Tokio Marine. As taxas, que costumam ser mais elevadas do que em outras aplicações do mercado, podem consumir boa parte das vantagens tributárias. "Mas os novos planos são lançados com mais parcela em ações e taxas menores", diz ele. Em muitos planos novos neste ano, por exemplo, os participantes também passaram a contar com a vantagem da taxa de carregamento decrescente com o tempo e cobrada nos resgates, chegando a zero. Antes, a cobrança era comum na aplicação.


Tradicionalmente em dezembro, a captação da previdência dobra, não apenas pelo fim do prazo para dedução de IR, mas também pela maior disponibilidade de recursos dos participantes. Vale lembrar que é neste período que o comércio mais se agita e é pago o 13º salário aos profissionais contratados com carteira assinada. Neste ano, houve ainda um aumento da renda média da população e do número de trabalhadores com carteira assinada pelo crescimeno econômico. Nessa onda, as seguradoras também incrementam suas campanhas publicitárias sobre previdência.


Neste ano, até outubro, segundo balanço da Fenaprevi divulgado ontem, foram depositados em planos de previdência R$ 21,4 bilhões, que significa crescimento de 24% em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, apesar do benefício fiscal, a captação do PGBL tem diminuído ligeiramente. Caiu a R$ 3,4 bilhões no mesmo período. A vedete do setor é o VGBL, que captou R$ 15,3 bilhões, com crescimento de 34% em relação a 2006.


Se a previsão da Fenaprevi se confirmar e a captação de dezembro for o dobro da média mensal do ano, o volume de depósitos no setor deverá superar R$ 26 milhões. Ainda segundo a Fenaprevi, em outubro, o volume de reservas da previdência privada chegou ao recorde de R$ 114,9 bilhões, 26% superior à marca de outubro passado. "A cada ano, mais pessoas entendem a necessidade de fazer um plano de previdência privada para se preservar no futuro", diz Rossi.


Se o trabalhador deixar escapar o prazo do fim do ano para investir em previdência e diferir o IR, perderá o direito do abatimento sobre os valores recebidos este ano

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Loucas por derivativos

Valor Econômico
Por Adriana Cotias, de São Paulo
19/12/2007



Aos 64 anos, a empresária Therezinha Ramos opera com desenvoltura os contratos de boi gordo a fim de garantir preços para o pequeno rebanho que mantém numa fazenda em Minas Gerais. A advogada Andréa Souza Santos, de 29 anos, encontrou recentemente uma segunda ocupação, a de corretora de imóveis, com a intenção única de incrementar as aplicações em opções de Vale e Petrobras e em mínis de Ibovespa. Quer ser investidora profissional e integrar a lista de milionários brasileiros num prazo de 8 a 10 anos. Já a gerente comercial Alexandra Euzébio, de 32 anos, faz compra e venda diária de Ibovespa futuro para amplificar os ganhos mensais da sua carteira de ações. No começo do ano, ela quebrou a cara no mercado de opções, mas encarou o prejuízo como um "investimento em educação".


Essas investidoras mostram uma face diferente da popularização dos mercados de futuros no Brasil. Num ambiente árido, ainda dominado pelo público masculino, elas têm avançado progressivamente e vêm imprimindo um estilo todo particular de operar. "As mulheres são imediatistas, cobram mais por resultados e têm uma certa tendência a querer controlar, já vêm com uma opinião formada, não é fácil direcioná-las", diz o assessor de clientes da corretora Terra Futuros Paulo De Mingo, que, recentemente, fez uma apresentação sobre derivativos no Clube Paulistano, em São Paulo, para uma platéia de 51 pessoas - 48 mulheres. "Mas quando perdem dinheiro, elas são as primeiras a dar a volta por cima, querem recuperar, enquanto os homens levam mais tempo se lamentando."


A gerente comercial Alexandra sabe bem o que é ver o dinheiro escoar pelo ralo na alavancagem com derivativos. Em fevereiro, ela adquiriu opções de compra (direito de adquirir o ativo a um determinado preço numa data futura) de Petrobras, que simplesmente viraram pó quando a bolsa chinesa despencou e a crise das hipotecas americanas de alto risco dava os seus primeiros soluços. Da má experiência, que resultou num rombo de R$ 6 mil, Alexandra diz ter aprendido duas lições: "Aprendi a escutar e agir conforme a orientação do analista e jamais ter apego ao papel, calculando e seguindo à risca o percentual que posso aceitar perder, caso contrário, o prejuízo é de 100%", diz.


Desde então, Alexandra deixou as opções de lado e passou a operar os mínis contratos de Ibovespa na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Não se trata, porém, de uma estratégia para proteger a carteira à vista, formada por papéis como Banco do Brasil, Gerdau Metalúrgica, BM&F e Vale. O que a investidora quer, comprando e vendendo índice futuro diariamente, é um tostão a mais no fim do mês. E pensar que, há dois anos, todo seu dinheiro estava num fundo de renda fixa. Hoje, está tudo em ações e derivativos.


Diversificação também não é o forte da advogada Andréa, que começou a aplicar em ações há dois anos, descobriu as opções há pouco mais de um e, em maio, passou a operar os mínis de Ibovespa no "day trade". Com pouco capital para investir, ela aplica em opções de Vale e Petrobras apenas três vezes por ano, nos meses em que os gráficos indicam haver, historicamente, tendência de alta para os papéis. "Descobrindo a série mais líquida, que subirá primeiro, é possível ganhar 1.000% em cada opção", diz. Em novembro, particularmente, as suas opções de Petrobras ganharam o empurrão da descoberta do Campo de Tupi pela estatal, inflando a conta para 2.500%.


Empolgada com essas cifras, Andréa virou recentemente corretora de imóveis. "Tudo que eu ganho na rua eu ponho na bolsa." Sua ambição é viver do mercado. Para tanto, ela já descobriu que não poderá descuidar da tela do pregão da BM&F. "Uma vez sai para almoçar e o Ibovespa oscilou mais de mil pontos, agora não corro mais esse risco e, quando estou operando, como na frente do computador."


De 2004 para cá, o Brasil viveu uma primeira onda de popularização do mercado de ações e agora é a vez dos derivativos, aposta o diretor da Terra Futuros, Ricardo Brasil. "Nos Estados Unidos, os futuros são mais negociados pelas pessoas físicas do que as próprias ações", diz. O que se observa é que esses instrumentos estão virando opção de diversificação para o pequeno aplicador também por aqui, completa.


Após a proliferação das ofertas públicas iniciais (IPO em inglês) de ações, é que natural que o investidor veja nos mínis contratos negociados na BM&F uma alternativa ao mercado à vista, diz o diretor da Interfloat Ricardo Lombardi de Barros. "É só ver a evolução do número de pessoas físicas na CBLC (eram 328 mil em novembro)", diz. "É razoável supor que uma boa porcentagem desse público comece a operar os derivativos, com o objetivo de obter um adicional de rentabilidade ou para proteger algum ativo."


É justamente para garantir um valor médio de venda para o gado que cria em Minas que a empresária Therezinha começou a negociar contratos de boi gordo na BM&F. Como tem por hábito se desfazer de algumas cabeças em outubro - época de seca, em que os preços geralmente sobem -, ela busca compensar nos derivativos aquilo que eventualmente perderia no mercado físico se essa tendência não se confirmar. "Se tenho um contrato a R$ 75,00 e o preço cai para R$ 70,00, fecho a posição antes do vencimento e ganho R$ 5,00 por arroba na BM&F", diz.


Therezinha já sentiu na pele, entretanto, o dissabor de ser uma pequena investidora no meio dos grandes. "O mercado de boi é regido pelos frigoríficos, não dá para apostar contra eles", diz. Por isso, independentemente de ter ou não o rebanho, ela opera comprando e vendendo contratos para tentar acertar a mão. "Se acho caro e resolvo vender, mas eles estão comprando, é perda na certa." Pior ainda quando a briga é entre bancos de um lado e os frigoríficos de outro, acrescenta. "Não dá para bobear, não tiro o olho da tela, sob o risco de sobrar um grande prejuízo para o dia seguinte."


Lidar com riscos, aliás, é o forte da empresária, que tem como atividade principal a fabricação de câmeras de segurança que transmitem imagens a longas distâncias. Por considerar o mercado de derivativos muito especulativo, ela empenha apenas uma pequena parte do patrimônio nesse tipo de negociação. "É preciso saber quanto você agüenta perder", ensina. "Da mesma forma que se ganha num dia e vem a animação, no outro a história pode ser diferente."

Você pode conseguir um desconto

Jornal da Tarde
19/12/2007


O JT foi às lojas e testou o quanto o varejo está disposto a conceder de abatimento. O Extra , por exemplo, tirou 7,89% sobre o valor à vista em um toca-DVD

CHARLISE MORAIS, charlise.morais@grupoestado.com.br


O hábito de pechinchar pode trazer excelentes resultados para os consumidores. Mesmo nesta época de fim de ano, com as lojas cheias, quem despende algum tempo negociando pode obter mais descontos do que aqueles anunciados pelas lojas para o pagamento das compras à vista. O Jornal da Tarde saiu às ruas ontem para conferir se vale mais a pena comprar parcelado ou à vista e, com um pouco de insistência, conseguiu até 7,89% de desconto, além dos 16,66% concedidos pela loja - para a compra de um aparelho de DVD no Extra.

A reportagem visitou algumas lojas e, sem se identificar, pesquisou quatro itens: geladeira, notebook, televisor e aparelho de DVD, de mesma marca e especificação ou um produto similar de outra marca. Além da opção do preço a prazo, também foi pesquisado o preço à vista para todos os itens. Depois, foi necessário um pouco de insistência para barganhar mais algum desconto para o pagamento no ato.

No hipermercado Extra, o desconto entre o preço parcelado e o à vista é de 16,66% para os quatro produtos. Mas, com a negociação foi possível baixar ainda mais o valor. No caso da geladeira, o preço ficou 3,26% mais barato que o valor à vista, o notebook teve desconto de 3,96%, o televisor, 4,99% e o DVD, 7,89%. Na comparação com o preço à prazo do DVD com os dois descontos conseguidos (16,66% mais os 7,89%), a diferença é de R$ 127,20, ou 23,24%.

Nas Casas Bahia, não há diferença entre o valor parcelado em até dez vezes no cartão de crédito - os planos para pagamento no carnê têm acréscimo - e o preço à vista. Mesmo com muita insistência, o máximo que a reportagem conseguiu foi um desconto de 1,81% para a compra da geladeira, que passou de R$ 1.599 para R$ 1.570. Os demais itens, de acordo com o vendedor, já estão com preços promocionais e não há mais margem para descontos. A única exceção, proposta pelo vendedor foi de tentar baixar de R$ 10 a R$ 15 na TV e no DVD, se a compra toda (dos quatro produtos) fosse feita na loja. O vendedor também se comprometeu a cobrir a oferta e “tentar chegar no preço” do concorrente, caso fosse apresentada uma proposta por escrito de outra loja.

Na Fast Shop não houve oportunidade para negociar um desconto maior, além do já concedido. Nem mesmo falando com o gerente. O vendedor afirmou que o preço à vista que nos foi informado já é a menor margem que ele oferecia para cada um dos itens.

Vantagem

Especialistas em finanças afirmam que as compras à vista são mais vantajosas. Para alguns produtos, de maior valor agregado, como eletroeletrônicos e eletrodomésticos, os descontos valem à pena. Mas no caso de vestuário não. Nas lojas Hering e Luigi Bertolli não há nenhum desconto para pagamento à vista. Em ambos os casos, o parcelamento é a melhor opção. “Nem chorando muito”, disse a vendedora da Luigi Bertolli.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Monte a ceia sem ficar no vermelho

Jornal da Tarde
18/12/2007


Gastos com alimentos crescem no fim do ano, mas é possível comer bem sem estourar o orçamento

Fabrício de Castro, fabricio.castro@grupoestado.com.br

Se você ainda não comprou todos os produtos para a ceia de Natal ou para o ano-novo, ainda tem uma boa chance de aproveitar o que o comércio de São Paulo tem de melhor: a variedade. Itens típicos do fim de ano, como peru, bacalhau, frutas secas e vinhos, podem ser encontrados em supermercados e mercados municipais a preços competitivos. Quem sabe procurar, paga mais barato.

Nos supermercados da capital, a diferença de preços do quilo do chester chega a 6,82%, enquanto a variação do quilo do peru temperado é de 15,87%, de acordo com levantamento feito pelo Seu Dinheiro na última semana.

Já os boxes do Mercado Municipal Paulistano, no centro da cidade, oferecem preços mais baixos principalmente para quem busca frutas, peixes, queijos e bebidas . Na semana passada, a professora de gastronomia Cláudia Fortes, de 47 anos, estava no Mercadão para conferir as opções. 'Acho o lugar imperdível', disse Cláudia. 'Sou do Rio de Janeiro e esta é a primeira vez que visito o Mercado Municipal, mas estou adorando.'

Com sacolas de cogumelos e ervas nas mãos, ela destacou os valores cobrados. 'Estou achando os preços baixos e a variedade de alimentos muito grande.'

Para Walter Franco, economista da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), a concorrência no varejo favorece o consumidor. 'A disputa entre os mercados é muito grande. E a pessoa deve utilizar isso a seu favor.'

Walter afirma que, neste fim de ano, três fatores econômicos favorecem o consumo: a queda do desemprego, o aumento da renda média do trabalhador e o acirramento da concorrência entre os supermercados. 'Mas isso não é motivo para cair no consumismo', alerta.

O mais importante é escolher as mercadorias certas, sem pressionar o orçamento. Em São Paulo, o Procon aconselha o consumidor a preparar uma lista prévia, com a relação de carnes, frutas, queijos e bebidas. 'Isso evita a compra por impulso', explica Valéria Rodrigues Garcia, diretora de estudos e pesquisas do Procon-SP.

Quem mora perto de vários mercados deve pesquisar preços em pelo menos dois lugares. 'Os itens que mais pesam na ceia, como carnes, nozes e queijos, precisam ser comparados', afirma o economista Marcos Crivelaro, da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap).

É importante buscar as promoções e não cair na armadilha de itens simbólicos como o peru de Natal. Segundo Crivelaro, os supermercados cobram preços mais baixos por alguns produtos apenas co mo estratégia para atrair o consumidor.

Para muitas famílias, 'economizar na comida' é um tabu, principalmente no fim de ano. Mas a renda adicional trazida principalmente pelo 13º salário não deve ser motivo para desperdícios. 'Lembre-se do IPTU, do IPVA e da matrícula dos filhos no ano que vem', diz Valéria.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Tesouro Direto é boa opção conservadora

MARIA CRISTINA FRIAS
Folha de S. Paulo
17/12/2007


Investimento pode ser feito sem intermediação de instituição financeira; rentabilidade acumulada em 12 meses é de 15,12%

Títulos com vencimento superior a 720 dias pagam a menor alíquota de Imposto de Renda, de 15%, de acordo com tabela regressiva

Com o cenário de desaceleração do crescimento econômico global, de instabilidade do mercado financeiro e da possibilidade de interrupção da queda de juros por um bom tempo, investidores devem considerar aplicações mais conservadoras, ao menos para uma parte de suas economias.
Para quem quiser escapar das taxas de administração cobradas pelos fundos de investimentos, a aplicação pelo Tesouro Direto é uma alternativa. A rentabilidade do investimento tem sido maior que nos fundos de renda fixa de baixo risco, sem alavancagem, porque o custo é menor, na maior parte das corretoras de valores.
A rentabilidade geral acumulada de títulos públicos em 12 meses é de 15,12%, de acordo com IMA (Índices de Mercado Andima). O IMA-Geral é o resultado da ponderação das variações de cada índice, dentre eles o IMA-C, de títulos atrelados ao IGP-M (NTN-C), que nos últimos 360 dias registrou alta de 29,95%.
A rentabilidade média de fundos de investimentos em 12 meses nas categorias curto prazo, referenciado DI e renda fixa foi de 11,62%, 11,65% e 12,08% respectivamente, segundo a Anbid (Associação Nacional de Bancos de Investimento).

Papéis
Um exemplo de título público, a NTN-B Principal (Nota do Tesouro Nacional, série B), com vencimento em 2015, oferece 7,57% de juros ao ano, além da correção pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
No curto prazo, conforme o nervosismo do mercado, as taxas podem oscilar. Mas no vencimento do papel, o investidor receberá o valor previsto inicialmente, na compra do título.

Como funciona
Pelo Tesouro Direto, o investidor aplica em títulos do governo federal, diretamente pela internet, sem intermediação de uma instituição financeira, diferentemente do que ocorre nos fundos, em que há um gestor que escolhe os papéis e faz o investimento.
Em muitas corretoras, as taxas para aplicação no Tesouro Direto são muito menores do que as taxas cobradas nos fundos de investimentos. Daí a vantagem da aplicação no Tesouro Direto.
Se o investidor precisar do dinheiro antes do vencimento do papel, o Tesouro Nacional se compromete a recomprá-lo. A recompra ocorre semanalmente, porém, a valor de mercado.

Custo
Sempre que possível, o investidor deve comprar títulos com vencimento superior a 720 dias para pagar a menor alíquota de Imposto de Renda, de 15%, de acordo com a tabela regressiva.
O aplicador deve comparar as taxas cobradas pelas corretoras. O site do Tesouro Direto publica um ranking com as instituições que cobram os menores valores. A corretora Socopa não cobra nada pelo serviço.
Das 33 corretoras do ranking com custos mais baixos, apenas quatro instituições são ligadas a bancos: HSBC, que cobra 0,30% ao ano; o Unibanco, cuja tarifa é de 0,35%; além de ABN Amro Real e da Caixa Econômica Federal, com 0,40%.
Os maiores bancos privados brasileiros, Bradesco e Itaú, não entram no ranking. Cobram taxa de 4% que inviabiliza a aplicação no Tesouro Direto, criado para possibilitar ao pequeno investidor o acesso a títulos públicos a um custo baixo.
Há ainda uma taxa fixa de 0,40% ao ano para a CBLC (Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia).
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