sábado, 20 de outubro de 2007

O rumo certo para investir em IPO

É impossível navegar 100% tranqüilo nos lançamentos de ações. Mas pode-se escolher as melhores rotas para o lucro

http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/526/artigo64494-1.htm

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Cheque especial do acionista

Valor Econômico
Por Danilo Fariello
18/10/2007


Os bons ventos que levam a bolsa de valores brasileira para o alto podem muitas vezes pegar alguns investidores desprevenidos, com água na boca para comprar novos papéis, mas sem recursos disponíveis na conta das corretoras para aplicar. Para suprir essa escassez temporária de dinheiro, algumas corretoras oferecem aos clientes, no mercado à vista da Bovespa, a chamada conta margem. Ela é uma espécie de empréstimo das corretoras para os investidores que são pegos de bolsos curtos por motivos eventuais - apesar do prazo de três dias para bancar qualquer compra de ações na Bovespa. Por esse empréstimo, ações em posse do aplicador são dadas como garantia. Dessa forma, os investidores podem alavancar operações e correr mais riscos. O juro cobrado não é baixo - em geral de 4% ao mês, mas pode variar -, porém supre necessidades de curtíssimo prazo.


A Socopa pretende lançar até o fim deste mês um financiamento para a pessoa física comprar ações com garantia nas ações de sua propriedade, informa o diretor Homero Amaral Júnior. Segundo ele, não há valor máximo disponível para a linha de crédito que será concedida pelo Banco Paulista, que controla a Socopa. "Nos Estados Unidos, esse tipo de crédito é muito comum, mas no Brasil ainda não temos uma cultura de alavancar a compra de ações com crédito, principalmente entre as pessoas físicas", afirma. Amaral Júnior não quis revelar as taxas de juros que serão cobradas. "Tudo vai depender das ações que o cliente tiver em carteira."


Segundo a Bovespa, no dia 11, havia um volume de R$ 6,5 milhões emprestado a investidores pela conta margem. Há corretoras que até já divulgam o benefício em publicidade. A MaximaTrade, home broker do Banco Máxima, apresentava na última Expo Money, em São Paulo, a faixa "financie suas operações".


Ainda são poucas as corretoras que oferecem esse serviço, mas isso deve mudar. Com a oferta de ações da Bovespa e, por conseqüência, o aumento de caixa das corretoras, a operação poderá se tornar cada vez mais freqüente, segundo análise de Geraldo Biojone, presidente da Associação Nacional das Corretoras de Valores, Câmbio e Mercadorias (Ancor). "Durante muito tempo, a conta margem ficou de lado, porque não se via muitas facilidades operacionais, mas sinto que já está sendo mais usada."


Com a desmutualização da bolsa - sua abertura de capital -, as corretoras terão mais dinheiro porque faturarão com a venda dos papéis. Assim, poderão se capitalizar para fazer mais empréstimos, prevê Biojone. Atualmente, quem usa a conta margem são, na maioria das vezes, grandes investidores, mas ele conta que, ao conceber a Instrução 51, de 1986, quando fazia parte da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o empréstimo mirava a popularização do mercado. A instrução também regulou o aluguel de ações, revisto posteriormente.


A Bovespa permite o uso de uma lista de 169 papéis, entre ações de primeira e segunda linhas, a serem entregues como garantia para o uso da conta margem. Em geral, as corretoras exigem volume em ações equivalente a 140% do valor emprestado como garantia, o que limita, portanto, a quantia emprestada ao porte do acionista. Ou seja, se o aplicador tem R$ 140 em ações da Petrobras, ele poderia adquirir mais R$ 100 em novas ações, mas deverá depositar mais margem se a Petrobras cair e as ações deixarem de representar 140%.


Como o juro do empréstimo ronda os 4% ao mês, o investidor que usar esses recursos terá de obter ganho acima dessa taxa para ter lucro. Ou seja, se em um mês a ação render apenas 2%, ele terá prejuízo no retorno líquido, porque embolsará os 2% de alta da ação, mas terá de bancar os 4% do empréstimo. Trata-se, portanto, de uma operação de alavancagem que implica em riscos mais elevados do que a simples aquisição de papéis na bolsa.


A Ágora Corretora, maior operadora do sistema home broker da Bovespa, já oferece o serviço. Claudio Pracownik, diretor de operações, diz que a conta margem fideliza os clientes, mantendo-os ainda dentro do ambiente do mercado de capitais quando precisam de recursos. Mas ele alerta que a conta margem é para ser usada apenas por uma restrição instantânea de caixa, com limites. "Os investidores pagam, em geral, o juro equivalente a um dia ou dois apenas", diz.


Os usuários mais freqüentes da conta margem são aqueles com maior conhecimento de mercado, que sabem lidar melhor com a alavancagem e o risco mais alto, diz Pracownik. "As pessoas têm de ser muito bem instruídas", diz. Mas, diz ele, tendo ações para oferecer como garantia, não há restrição para qualquer investidor usá-la.


Como agora seu cliente vai poder alavancar as compras, a Socopa lançará um curso pela internet que ensina a proteger sua posição por meio de derivativos, conta Marcos Monteiro de Barros, diretor da Socopa. "Será um curso de verdade, com prova e tudo", afirma Barros.


Para ter o benefício do empréstimo, o investidor tem de assinar um contrato específico sobre o assunto com as corretoras, que o torna ciente de ter de honrar o pagamento do valor emprestado e dos riscos. "Quanto mais maduro o mercado, maior será o uso do artifício", diz o executivo da Ágora.


Para Gabriel Vidigal, gerente de produtos da corretora Ativa, porém, só usa a conta margem o acionista desorganizado ou mal informado, porque o produto é mais caro. Segundo ele, as corretoras oferecem também os contratos a termo, que envolvem o mercado futuro e cobram o juro equivalente ao Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) no período. Esse contrato, porém, é mais complexo e arriscado, pois permite elevar em até cinco vezes o valor investido.


Biojone, da Ancor, diz que o uso da conta margem tende a aumentar em um cenário bom, quando perspectivas positivas indicam ao aplicador que a alta das ações bancará ao menos o custo do empréstimo. (Colaborou Cristiane Perini Lucchesi)

Estudante poderá financiar 100% da mensalidade

Jornal da Tarde 18/10/2007

Projeto de lei foi aprovado ontem no Senado


Os estudantes que não têm condições financeiras para arcar com os custos de uma universidade particular já podem comemorar. O Senado aprovou ontem o Projeto de Lei 5 de 2004 que muda as regras do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) e permite financiar integralmente os estudos - atualmente o limite máximo concedido é de 50%. O crédito também poderá ser usados para custear estudos de mestrado e doutorado, modalidades até então não permitidas pelas regras do Fies.

Os estudantes que têm Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) também poderão utilizar os recursos desse fundo para pagar o financiamento do Fies. Outra mudança positiva é a criação da carência de seis meses, concluído o curso, para começar a quitar o financiamento. Após um ano arcando com parcela igual à que pagava para a instituição de ensino, o ex-aluno poderá dividir o saldo devedor em período equivalente a até duas vezes o tempo em que permaneceu estudando - pelas regras atuais esse tempo é de uma vez e meia. Também foi ampliada a forma de garantia para o empréstimo. Além do fiador, o estudante também poderá oferecer uma fiança, autorização para desconto em folha de pagamento ou ainda a fiança solidária (grupo de até cinco fiadores).

Para estudantes que freqüentarem cursos em áreas carentes de profissionais formados, uma vantagem a mais: a redução nos juros. Hoje são cobrados 3,5% ao ano para cursos de licenciatura, pedagogia, normal superior e cursos superiores de tecnologia. Para esses nada muda. Porém, os demais terão a taxa reduzida dos atuais 6,5% para 5,5%. Nos cursos de mestrado ou doutorado os juros serão 6,5%.

O projeto também obriga universidades e alunos a obterem desempenho mínimo no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) e Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), respectivamente. O projeto segue agora para sanção presidencial para virar lei.

AS MUDANÇAS NO PROGRAMA
Universitário poderá financiar até 100% do curso. Mestrado e doutorado também serão incluídos

A carência para começar a pagar passa a ser de seis meses após o mês seguinte à conclusão do curso

Aluno poderá apresentar como garantia, além do fiador, fiança, autorização para desconto em folha de pagamento ou fiança solidária

Juros caem de 6,5% para 5,5% ao ano

Consignado: juro até 27% menor

Jornal da Tarde 18/10/2007

Limite caiu 9% desde maio do ano passado, porém, bancos fizeram reduções maiores ainda

RODRIGO GALLO, rodrigo.gallo@grupoestado.com.br


O teto dos juros cobrados nas operações de empréstimo consignado para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) já caiu quase 9% desde 31 de maio do ano passado, quando o limite foi estabelecido pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS). Contudo, é possível encontrar reduções nas taxas de até 27,27% nesse mesmo período. Hoje, as instituições financeiras podem praticar taxas de no máximo 2,64% ao mês para a concessão deste tipo de crédito, mas algumas aplicam juros a partir de 0,92% ao mês no caso de empréstimo com prazo de seis meses para pagamento.

Quando o CNPS determinou o teto dos juros, o índice foi limitado em 2,9%. Porém, com as reduções da Selic (a taxa básica da economia), esse porcentual sofreu novos cortes nos últimos meses até alcançar o patamar atual. O Conselho deve se reunir na última quarta-feira de outubro para discutir a questão novamente. É possível que o teto seja reduzido para 2,60%. “Como a Selic baixou muito neste ano, é justo que os juros do consignado também caiam”, reivindicou o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas, João Batista Inocentini.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, concorda que há espaço para novos cortes das taxas do consignado. “A Caixa Econômica Federal cobra 0,92% de juros para empréstimos de até seis meses e ainda assim tem lucro. Sendo assim, é possível reduzir a taxa em todas as instituições.”

Em 31 de maio do ano passado, quando o teto do consignado foi adotado pelo CNPS, o banco PanAmericano cobrava juros de 3,63% nos empréstimos para aposentados com prazo de 24 meses. Ontem, a mesma instituição financeira praticava taxas de 2,64%, segundo levantamento do Ministério da Previdência - uma redução de justamente 27,27%. Em operações com o mesmo prazo, porém, o índice mais baixo é aplicado pelo Banco do Brasil e pela Caixa: 2,16%.

Embora a criação do teto para o empréstimo consignado não tenha resolvido todos os problemas de crédito, Inocentini acredita que foi um grande avanço para os segurados do INSS. “Com a criação do teto, caiu o número de reclamações quanto às taxas, pois muitas pessoas acabavam pagando juros altos demais e, em pouco tempo, eram obrigadas a refinanciar a dívida, o que as deixava cada vez mais ‘enroladas’.”

O economista Roberto Luís Troster argumenta que a disputa pelos clientes também tem feito as empresas baixarem cada vez mais os juros para oferecer opções mais baratas aos aposentados. Ontem, a Caixa anunciou reduções em taxas para pessoas físicas e jurídicas, mas não alterou o índice do consignado dos aposentados(leia ao lado).

Copom mantém Selic

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu ontem manter a Selic em 11,25% ao ano, sem viés. Assim como na última decisão, o placar foi unânime.

A decisão interrompe uma seqüência de 18 cortes, iniciada em setembro de 2005, quando a taxa caiu de 19,75% para 19,50%. No período, a taxa foi reduzida em 8,5 pontos porcentuais. Em 2007, a queda acumulada é de dois pontos porcentuais. A última vez que o Copom manteve o juro estável foi em agosto de 2005, quando permaneceu em 19,75% pela quarta vez seguida.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Receitas para ficar rico

Especialistas ensinam a acumular dinheiro. Entre as dicas está abrir o próprio negócio. Conheça também seis histórias de quem enriqueceu com trabalho duro, senso de oportunidade e poupança

http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/1981/artigo63995-1.htm

Celular: descubra seu perfil e poupe

Jornal da Tarde 16/10/2007

MARCOS BURGHI, marcos.burghi@grupoestado.com.br

Levantamento realizado pela Associação Pro Teste, organização de defesa do consumidor, mostra que o usuário de telefone celular de plano pós-pago, em São Paulo, pode economizar até 24,09% apenas conhecendo bem seus hábitos de utilização do serviço.

De acordo com Maria Inês Dolci, diretora da Pro Teste, a pesquisa - divulgada ontem e que está na edição de outubro da revista da instituição - analisou 877 opções de planos em oito Estados, além de São Paulo (Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina), e no Distrito Federal. Para realização do levantamento, foram definidos três tipos de usuários (leia quadro nesta página), baseados nas médias de consumo dos sócios da Pro Teste. A definição levou em conta, entre outros detalhes, os horários das ligações, tipo de aparelho de destino, se móvel ou fixo, e se a maioria das chamadas é local ou interurbana.

No caso do perfil 1, alguém que utilize o telefone em torno de 90 minutos no mês, com 80% das ligações em horário comercial, os planos mais indicados, com melhores preços encontrados, segundo o levantamento, foram o Super Controle 79, da Claro, por R$ 81,90 mensais, o Tim Brasil 60, a R$ 80,70 por mês, o Estilo 50, da CTBC, a R$ 66,21 e o Escolha 50 mais Locais, da Vivo, a R$ 66. A diferença entre o mais caro (Claro) e o mais barato (Vivo) é de 24,09%. No Estado de São Paulo foram analisados 94 planos de telefonia celular.

Na hora da escolha

Para Cristiane Souza, coordenadora de Estudos e Mercados da Pro Teste, antes de fazer a opção por um plano de telefone celular, o consumidor deve definir seu perfil de usuário a fim de que gaste apenas o necessário. Segundo ela, é preciso listar a quantidade de chamadas no mês, e a quantidade de ligações locais e interurbanas, bem como se são dentro ou fora da área de concessão da operadora escolhida.

O passo seguinte, informa Cristiane, é dividir a quantidade de ligações de acordo com os destinos, se para aparelho fixo, celulares da mesma operadora ou de outra operadora. Depois, ela recomenda, é fundamental estimar o tempo de duração das ligações, e os horários em que são realizadas, se no horário comercial, de segunda a sábado, das 8h às 20h, ou no chamado horário reduzido, entre às 21h às 7h, de segunda a sábado, e em quaisquer momentos dos domingos e dos feriados.

A Pro Teste mantém em seu site (www.proteste.org.br) um simulador que, a partir de dados informados pelos usuários, mostra o plano mais indicado pela pesquisa.

Quem quiser também pode encontrar na página a íntegra da pesquisa e os demais planos considerados em São Paulo e demais pontos do País incluídos no levantamento.

OS PERFIS AVALIADOS

PERFIL 1

Usuários que fazem 80% das ligações em horário normal (das 8h às 20h) de segunda a sábado, metade para celulares da mesma operadora, 25% para aparelhos de outras operadoras e 25% para fixos, com duração média de 2 minutos a chamada

PERFIL 2

Para quem realiza 80% das ligações em horário normal, 50% para celulares da mesma operadora, 25% para telefones fixos e 25% para celulares da mesma operadora, 15% interurbanos para o mesmo estado e 10% para Estados diferentes, com duração média de dois minutos a chamada

PERFIL 3

Para quem realiza metade das ligações em horário comercial, 40% para celulares da mesma operadora, 30% para telefones fixos e 30% para celulares de outra operadora, com duração média de cinco minutos por chamada

Aquém do limite

Valor Econômico
Por Danilo Fariello
16/10/2007



A procura pelos planos de previdência com ações acelerou ao longo deste ano, com cada vez mais investidores dispostos a encarar a renda variável. Porém, a maior parte das aplicações com bolsa ainda mantém um pé no freio quando o assunto é risco. Comparada à variação do Índice Bovespa, a rentabilidade dos planos multimercados e balanceados - idênticos em perfil de aplicação, pois ambos podem ter até 49% do patrimônio em bolsa - mostra que essas carteiras estão muito mais conservadoras que o limite permitido.


Segundo dados do site financeiro Fortuna, no ano, até agosto, os multimercados renderam em média 15,85% e os balanceados, 12,93%, enquanto, no mesmo período, os fundos de renda fixa voltados para a previdência avançaram 8,81% e o Ibovespa subiu 35,96%. Essa rentabilidade dos planos mistos (multimercados e balanceados) muito mais próxima dos juros do que da bolsa indica o baixo grau de exposição ao mercado acionário pelos planos. Se o total de 49% do patrimônio desses fundos fosse realmente aplicado em bolsa, a rentabilidade das aplicações giraria em torno de 22% no ano.


Os planos mistos ocupam, atualmente, quase 15% do mercado de previdência, de acordo com o levantamento do Fortuna. O percentual apresenta crescimento expressivo, já que há cerca de um ano essa mesma parcela rondava os 5%. No entanto, segundo estimativa de Marcelo D'Agosto, sócio do Fortuna, esses planos mistos têm em média apenas 20% do total do patrimônio aplicado em ações. Esse resultado leva em conta a oscilação dos planos e a comparação da rentabilidade dos juros e das ações. Desses resultados, conclui-se que apenas 3% de todo o patrimônio aplicado em Planos Geradores de Benefícios Livres (PGBLs) e Vida Geradores de Benefícios Livres (VGBLs) estão efetivamente investidos em bolsa, avalia o Fortuna.


Existem, basicamente, dois motivos para o comedimento dos planos mistos em aplicar em ações. O primeiro seria o cuidado do próprio investidor, que ainda prefere aplicar em planos com limites inferiores ao teto de 49% quando resolve migrar para os planos mistos. O investidor já quer ações para o longo prazo, mas ainda não quer muito, avalia Luciano Snel, diretor de produtos da Icatu Hartford, que acredita que este seja um momento de transição no setor. "Muitas pessoas nunca tiveram exposição a ações e agora começam a arriscar um pouco mais."


Entre os planos de previdência, há normalmente um cardápio oferecido pelas seguradoras com mais ou menos ações em carteira e poucos optam pelo limite máximo, diz Marco Antonio Rossi, vice-presidente da Federação Nacional da Previdência Privada (Fenaprevi) e responsável pelo setor na Bradesco Seguros. Ele lembra ainda que pessoas mais velhas, por estarem mais próximas da aposentadoria, tendem a investir menos em renda variável por causa da maior volatilidade. Atitude que, segundo ele, é recomendável, pois em caso de eventuais perdas há menos tempo para recuperá-las.


A Icatu oferece há quase dez anos o plano composto 49, com até 49% do patrimônio em ações, mas Snel reconhece que o fundo nunca foi a maior preferência dos aplicadores da instituição. No entanto, diz ele, nos últimos meses, os aplicadores ficaram mais acostumados com a oscilação da bolsa e começam a buscar produtos mais agressivos. "Aqui, em 80% das migrações entre diferentes planos neste ano os clientes partiram em direção a um produto com mais ações."


Segundo as cartilhas de finanças, bolsa de valores e previdência privada têm tudo a ver, porque ações são indicadas principalmente para quem busca retorno no longo prazo - caso típico da aplicação em previdência. No entanto, há um conservadorismo natural dos clientes em não arriscar demais inicialmente. Sem falar que aqueles que investem para obter um retorno num futuro tão distante, em geral, são os mais conservadores e precavidos.


Além dos participantes, também os gestores de recursos podem ter um excesso de zelo ao aplicar os recursos. Segundo alguns profissionais de mercado, as seguradoras normalmente tendem a ser mais comedidas que um gestor de recursos, por exemplo. "Há uma distância entre as seguradoras e os gestores de fundos no quesito risco", diz Marcelo Teixeira, principal executivo da HSBC Seguros. O gestor pode ser mais conservador do que o cliente, diz ele. Em planos que podem investir até 30% em ações, por exemplo, muitos trazem freqüentemente em carteira um percentual inferior ao limite.


Mas esse cenário já tem indícios de mudanças. Também os gestores de recursos, que prestam serviços para as seguradoras administrando PGBL ou VGBL, começam a ser pressionados a apresentar rentabilidades melhores, diz Teixeira. Segundo ele, no HSBC, recentemente notou-se que a parcela de participantes da previdência que freqüenta o site em busca do saldo dos planos foi a mesma dos aplicadores de fundos de investimento. Esta seria uma pista de que esses investidores passaram a ser tão preocupados com rentabilidade quanto os cotistas dos fundos comuns.


Sinal dessa busca maior por rentabilidade é também o próprio fluxo de investimentos para os fundos mistos. Se há alguns anos a aplicação em planos com ações era irrisória, neste ano, a captação dos fundos de previdência mistos disputa cabeça a cabeça o posto de mais procurados com a renda fixa. Em setembro, após a crise e a forte oscilação do mercado em agosto, a procura pelos planos com ações arrefeceu e eles perderam a liderança. Mas, no ano, o fluxo ainda é elevado. Segundo dados do Fortuna, dos R$ 7,8 bilhões aplicados em PGBLs e VGBLs no ano, um terço teve destino nos planos mistos, ou R$ R$ 2,3 bilhões.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

O fim dos flippers?

Valor Econômico
Por Adriana Cotias
15/10/2007



Será na oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) da própria Bovespa Holding que a bolsa brasileira vai inaugurar o seu filtro contra especuladores de primeira hora, os chamados "flippers", que reservam ações de novatas para vender logo na largada, de olho no lucro rápido. A iniciativa, que vai ser testada agora, mas não vai virar regra, pretende dar aos emissores e coordenadores das operações a opção de privilegiar na colocação os investidores com perfil de longo prazo. O fato de a Bovespa adotar o mecanismo abre espaço para que outras companhias trilhem o mesmo caminho.


No lançamento da Bovespa Holding, os investidores de varejo terão de, no ato da reserva, classificar-se, como "com" ou "sem prioridade de alocação". O primeiro grupo será assim enquadrado se tiver mantido no primeiro dia de liquidação após a estréia no pregão pelo menos 80% das ações adquiridas em duas das quatro últimas ofertas públicas. Se o aplicador nunca participou de IPOs, ele será automaticamente classificado como prioritário. Já aqueles que não escolherem a classificação ou tiverem menos de 80% dos ativos adquiridos nas ofertas anteriores cairão na "malha fina" da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), recebendo o rótulo de "sem prioridade".


Quem quiser participar da oferta tem de hoje até o dia 23 para reservar as ações (ver reportagem abaixo). Comprar ações de uma bolsa de valores, no entanto, não é um investimento trivial. Não se trata de apostar numa empresa que fabrica um determinado produto e atende a um certo perfil de consumidor. O negócio bolsa abrange toda a cadeia de negociação, compensação, liquidação e gerenciamento de riscos dos ativos negociados naquele pregão. Debaixo da Bovespa Holding estão a Bolsa de Valores de São Paulo (BVSP, após a desmutualização) e a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC).


As classificações serão úteis para os bancos coordenadores escolherem como distribuir as ações no varejo em caso de excesso de demanda. Segundo o prospecto da oferta, a intenção é vender até R$ 20 mil para cada investidor preferencial e até R$ 5 mil para o não-preferencial. O rateio, para reservas acima desses valores, também privilegiará os aplicadores com perfil de longo prazo. Os parâmetros definidos na operação da Bovespa não são extensivos a todas as ofertas públicas. Caberá a cada companhia emissora decidir pelo uso do filtro e que critérios adotar.


Como nos IPOs a parcela para o varejo normalmente não passa de 10%, falta papel para a pessoa física. Essa é a brecha para a ação do "flipper", que compra no preço do lançamento para aproveitar a alta ocasionada pela demanda reprimida, atuando como uma espécie de cambista. Com isso, depois do rateio, até o investidor com perfil de longo prazo e que aposta no crescimento daquele negócio não se sente estimulado a ficar com os papéis porque a ele coube um lote inexpressivo, diz o diretor-superintendente da Associação Nacional das Corretoras (Ancor), Gilberto de Souza Biojone Filho. "O mecanismo de seleção vai permitir que o investidor individual de maior peso participe das ofertas de forma mais representativa."


A estratégia de privilegiar quem compra lotes maiores e fica mais tempo com os papéis pode, entretanto, ter um efeito adverso sobre a liquidez, pondera Biojone. "É só lembrar o que aconteceu nas décadas de 80 e 90, quando a pessoa física saiu completamente da bolsa, as ações estavam nas mãos dos investidores institucionais e o mercado ficou engessado."


A figura do formador de mercado, do banco ou corretora contratados para manter ofertas de compra e venda para os papéis, seria a forma de neutralizar uma eventual perda de liquidez, diz o gerente comercial da Ágora, Hélio Pio. Para ele, o filtro da bolsa é uma boa alternativa. "A medida visa criar proteção e pode estimular a participação de mais pessoas físicas nas aberturas de capital e até, quem sabe, encorajar as emissoras a aumentarem a parcela de ações destinada ao público de varejo."


Os "flippers" não serão banidos do mercado, mas a adoção dos filtros tira o poder de fogo desse investidor melhor informado, diz o professor William Eid Junior, do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP). "O jogo vai ficar mais igualitário." O especialista acrescenta que há uma percepção de que a presença do especulador nas aberturas de capital distorce o preço das ações das debutantes. Os índices de IPO, criados pela entidade, espelham bem isso. O IPO-1, que reúne empresas novatas desde o primeiro dia de negociação na bolsa, tinha valorização acumulada de 475,3% de maio de 2004 até o início de setembro último. Já o IPO-2, que expurga o primeiro mês de transações e, por conseqüência a presença dos "flippers", apontava ganhos de 320,2%. "Com tantos IPOs bem-sucedidos, os 'flippers' têm nadado de braçadas", diz Eid.


Apesar de a valorização do primeiro dia não ser mais regra, na média, quem participou de todas as ofertas iniciais neste ano e vendeu no primeiro dia teve ganhos médios de 3,67% por operação. Na amostra de 50 companhias que deram as caras no mercado de janeiro para cá há, entretanto, exemplos muito mais vultosos, como GVT ON, que subiu 27,22% na estréia, ou Redecard ON, que avançou 24,67%. Anhangüera Educacional Unit (+21,4%) e São Martinho ON (+18,30%) não ficaram muito atrás. JBS Friboi, que caiu 12,5% logo na saída, é que puxa a estatística para baixo, seguida por Banco ABC Brasil (-5,66%), EZ TEC (-4,55%) e Multiplan (-4%).


Das 50 ofertas deste ano, 13 tiveram desempenho negativo no primeiro pregão. Em outras 10, os papéis empataram, fechando o dia no mesmo valor do lançamento e em 4 a alta não chegou a 1%.


Foi por conta dos resultados pífios e negativos, em meio a crises e excesso de ofertas, que os "flippers" já vinham se mostrando menos vorazes, diz o sócio da Value Consultoria, Rodrigo Pasin. "O próprio mercado começou a fazer uma depuração e as ofertas que estão chegando agora já vêm com preços e múltiplos muito mais razoáveis", diz. Se houver qualquer prejuízo à liquidez por conta dos filtros, o tiro pode sair pela culatra, avalia.


Como o uso do filtro não será uma regra, há o risco de a empresa que não adotá-lo ser tachada como emissora de ações para especulação, diz Alexandre Espírito Santo, sócio da Plenus Gestão de Recursos e chefe do departamento de Finanças da ESPM-RJ. "Embora na direção certa, de trabalhar o mercado de capitais como forma de financiar os investimentos produtivos de médio e longo prazo, se a medida é discricionária, a companhia já está na largada sinalizando se investidor tem permissão para especular com os seus papéis".

Sem conhecer empresa, comprar ação é como ir ao cassino

Valor Econômico
Mara Luquet
15/10/2007



Na semana passada, enquanto caminhava pela corretora Geração Futuro, da qual é um dos sócios, Edmundo Valadão pôde ouvir a conversa de um dos consultores de investimento com um cliente. O consultor tentava conter a impaciência do cliente para explicar quais eram as empresas que constavam na carteira do fundo de ações que ele estava aplicando. "Empresas? As empresas são um detalhe, eu quero saber quando a bolsa vai cair", disse o cliente, um cidadão da classe média paulistano.


"Detalhe?", pensou Valadão. Ele então parou, pensou um pouco mais, fez meia volta e entrou na conversa. Disse apenas que sabia que a bolsa iria cair. Não saberia precisar a data, porém, tinha absoluta certeza de que a bolsa iria cair.


"Porque é assim", explicou Valadão, um experiente corretor de valores brasileiro que compra ações de empresas há muitas décadas e sobreviveu neste mercado, mesmo nos longos anos em que as ações estiveram longe até mesmo da imaginação do investidor brasileiro. "A bolsa sempre cai, mas também sobe, e o que faz dela um bom negócio é que historicamente ela sobe mais do que cai", explicou Valadão ao cliente sem paciência.


Mas como ele pode ter tanta certeza assim de que a bolsa vai subir mais do que cair? "Não fosse assim, você hoje não estaria sentado nessa confortável cadeira, mas num tronco de árvore e o assunto não seria investimento em ações", respondeu Valadão. A bolsa, ele disse, é o reflexo da riqueza econômica de um país.


Quando o mercado está numa trajetória de alta, nos limites da euforia, o maior risco é o investidor optar por ser um jogador. A conclusão é do psiquiatra Richard L. Peterson, sócio da Market Psycology Consulting e autor do livro "Inside the Investor's Brain". Segundo Peterson, quando o mercado está em alta, o investidor tende a achar que os ganhos ocorrem porque o talento dele para investir é fenomenal e não porque há uma tendência de alta. Ele só vai descobrir que não é tão talentoso assim quando vier o momento de baixa.


Mas é impressionante como o ganho das ações e a queda das taxas têm empurrado o brasileiro cada vez mais para o mercado de risco sem a menor cerimônia, como se tivesse crescido neste ambiente. Na semana passada, um ouvinte enviou ao âncora do programa "CBN Brasil", Carlos Alberto Sardenberg, um e-mail com a seguinte questão: "Tenho uma renda de R$ 6 mil, um automóvel financiado e um apartamento de R$ 80 mil, é recomendável vender meu apartamento para aplicar em ações?". É incrível, mas a euforia que está tomando conta dos investidores no país levou esse ouvinte a pensar em vender sua própria casa para aplicar num mercado que ele não conhece e que está batendo recordes de alta. Ou seja, ele vai comprometer boa parte da riqueza que conseguiu construir para comprar ações na alta.


Esse ouvinte e muitos outros brasileiros que estão entrando na Bolsa de Valores no embalo do ganho fácil e com "dicas" de amigos, parentes e vizinhos que juram que estão fazendo fortunas com ações são sérios candidatos a ter perdas com ações. Muito cuidado. No site de Peterson há um teste para você saber se é um jogador ou um investidor (www.marketpsych.com).


Como diz Peterson em seu livro, jogar no mercado financeiro é ainda mais arriscado do que jogar em cassinos. O problema do jogador, de acordo com Peterson, é que ele toma riscos que fazem com que os ganhos sejam insustentáveis.


Quando se vai para a Bolsa de Valores, a empresa não é um detalhe, é a essência do investimento. Comprar ações de uma empresa que você não conhece tem um efeito muito semelhante a de jogar roleta num cassino. Você pode até ganhar, mas será tudo uma questão de sorte.


Agora, se ainda assim você insistir em procurar dicas para ser bem-sucedido, aí estão quatro:


1) Você não vai ficar milionário pulando de uma aplicação para outra.


2) Gestores profissionais contam com equipes de analistas, softwares e pesquisas para operar mercados e ainda assim não é sempre que acertam.


3) Ninguém que ligue para sua casa oferecendo uma forma infalível de ganhar muito dinheiro pode ser levado a sério.


4) Todo investimento tem risco e retornos mirabolantes refletem riscos igualmente altos.


Mara Luquet é editora da revista ValorInveste e autora do livro "O Assunto é Dinheiro", escrito em parceria com o jornalista Carlos Alberto Sardenberg


E-mail: mara.luquet@valor.com.br

domingo, 14 de outubro de 2007

Financiamento de 30 anos custa até 70% mais que o de 10 anos

Folha de São Paulo 14/10/2007

EDSON VALENTE
Editor-assistente de Imóveis e Contrução da Folha de S.Paulo

Planos de financiamento imobiliário viraram "trintões". Mas esse amadurecimento dos prazos de crédito -disponível na Caixa Econômica Federal e no Santander- encarece em cerca de 1% a 4% o total pago pelo imóvel em relação ao tempo máximo anterior (25 anos).

A discrepância maior para o bolso do mutuário, porém, aparece na comparação da despesa total de um financiamento em dez anos com a do financiamento em três décadas.

Cálculos do economista Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), mostram que optar pelo prazo triplicado faz crescer o desembolso em até 72,9%.

A vantagem de estender o tempo é reduzir o valor das parcelas, pois o total é diluído em um número maior de meses.

Essa queda na mensalidade tem ainda outro efeito: permite que famílias com orçamento mais apertado tenham acesso ao crédito, já que os bancos geralmente limitam o comprometimento de renda com o financiamento a 25%.

A Caixa Econômica Federal foi o primeiro banco a oferecer um plano de crédito imobiliário "balzaquiano", no final de agosto. Antes, seu prazo máximo era de 20 anos.

Os juros anuais, para contratações com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), são de 8,16%.

As simulações feitas a pedido da Folha apontam que o acréscimo de uma década no plano da Caixa chega a aumentar o preço final do imóvel financiado em 20,8%, no caso de crédito de R$ 200 mil.

Lançamento

A partir de amanhã, um banco privado, o Santander, também passa a disponibilizar em suas agências o crédito em 30 anos. Para imóveis com valor de até R$ 120 mil, a taxa de juros é de 9% ao ano por todo o período, no caso de parcelas variáveis -a correção é pela TR.

Para bens que custam de R$ 120 mil a R$ 350 mil, os juros são de 10,95% anuais durante os primeiros dez anos e de 8,95% nos seguintes. No plano de parcelas fixas, a taxa é de 13,25% anuais, independentemente do montante financiado.

Saiba fazer o planejamento financeiro da gravidez

http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL148192-9356,00-SAIBA+FAZER+O+PLANEJAMENTO+FINANCEIRO+DA+GRAVIDEZ.html

Graduação em bom salário

Jornal da Tarde 14/10/2007

Quanto maior o nível de escolaridade, maior a chance de ganhar mais do que outro profissional na mesma função

MARCOS BURGHI,
marcos.burghi@grupoestado.com.br

Quem mandou não estudar? A pergunta, feita normalmente em tom de brincadeira a alguém que reclame da falta de dinheiro ou do excesso de trabalho, pode ter fundamento, ao menos no aspecto financeiro. Pesquisa realizada pela Catho Empregos mostra que quanto maior o grau de estudo de um profissional, maiores são as chances de ele ser valorizado financeiramente em comparação com outro na mesma função.

O levantamento, feito com 89 mil profissionais entre junho e julho de 2007, mostra, por exemplo, que o salário de um diretor com curso superior pode ser 10,9% maior em relação a um colega de função que não tenha freqüentado os bancos universitários. De acordo com a pesquisa, o valor médio do salário do primeiro chega a R$ 14.480,15, enquanto o outro recebe R$ 13.311,41.

No caso de supervisores de área, a diferença fica perto dos 19%. O salário médio dos que passaram pela universidade é R$ 3.314,23, enquanto aqueles que ficaram no ensino médio ganham R$ 2.783,41, em média. Já um supervisor de área com MBA, chega a ganhar 30,7% mais que um profissional que tenha parado na universidade. A média do primeiro bate em R$ 4.332,94, enquanto o outro recebe R$ 3.314,23, na média.

O estudo mostra ainda que um funcionário especializado - aquele que tem curso Superior, segundo definição da pesquisa - que chegou até a pós-graduação ou a especialização pode conseguir vencimentos perto dos R$ 3.034,59, enquanto o colega que não foi além da universidade não receberá média maior que R$ 2.582,22. A diferença é de 17,5% (veja outros valores nesta página).

De acordo com Mário Fagundes, coordenador de Pesquisas Salariais da Catho, quem avança na formação costuma receber, entre outros benefícios, um incremento salarial. Fagundes ressalta, no entanto, que a compensação não é automática. Só ocorre nos casos em que o funcionário melhora seus resultados e agrega novos conhecimentos ao processo produtivo da empresa em que trabalha. “Não basta fazer o curso”, observa o consultor.

Fagundes lembra que a pesquisa detectou, ainda, exceções em que, mesmo com formação de maior nível um funcionário pode ganhar menos que outro trabalhador com grau de estudo inferior na mesma função. O exemplo vale para funcionários operacionais com doutorados em relação a colegas que fizeram mestrado, cuja média do ganho é 41,32% menor, conforme a pesquisa. “São pessoas que tem o título, mas não exercem funções na área em que se doutoraram”, diz.

Resultados

Na opinião de Janete Dias, coordenadora educacional da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), à medida em que alguém evolui na formação, atrai o olhar de mais empresas. Mas ela lembra que, a cada etapa, é preciso definir os rumos a seguir. “Uma formação muito ampla pode prejudicar o foco”, diz. Ela concorda que versatilidade é fundamental, mas acredita que o aprofundamento deve ter objetivos específicos.

As diferenças

Levantamento da Catho Empregos, entre junho e julho de 2007, mostra que a diferença média salarial de um diretor com curso superior pode ser 10,9% maior em relação a um colega de função que não tenha freqüentado os bancos universitários
No caso de supervisores de área, a diferença fica perto dos 19%.

No caso de um supervisor de área com MBA, a diferença a mais para um profissional que tenha parado na universidade chega a 30,7%

Atenção a cobranças indevidas no financiamento

O Estado de São Paulo 14/10/2007

José Augusto Viana Neto

O mercado imobiliário vive um momento único em toda a história. A cada dia, acompanhamos as notícias dando conta que o número de novos contratos bateu mais um recorde, que os recursos destinados aos financiamentos crescem como nunca se viu e que os brasileiros estão cada vez mais próximos de realizar o sonho da casa própria.

No segmento de imóveis usados, a pesquisa Creci-SP realizada com mais de 1.500 imobiliárias em todo o Estado indica um crescimento nas vendas pelo quinto mês consecutivo, revelando estabilidade e boas perspectivas daqui para o final do ano.

Entretanto, em meio a tantas boas notícias, ainda encontramos fatos que nos surpreendem por fornecerem um sinalizador do modo como o cidadão comum ainda é visto por determinadas instituições financeiras.

Recentemente, uma mutuária conseguiu anular na Justiça a comissão de concessão de crédito cobrada por um banco de grande porte em contrato de financiamento imobiliário contraído entre as partes. A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça concluiu que tal comissão só incidiria uma vez, sendo ilícita sua incorporação à taxa de juros remuneratórios para que fosse cobrada mensalmente, como a instituição financeira vinha fazendo.

Com esse procedimento, a elevação nos juros nominais e efetivos pactuados no contrato passava de 10,47% para quase 18% ao ano, onerando demasiadamente a mutuária. A Corte entendeu, neste caso, que a prática feria o artigo 51 do Código de Defesa do Consumidor, relacionado às cláusulas abusivas.

A disputa saudável por clientes tem feito com que os bancos se desdobrem no fornecimento de serviços, cortando tarifas, reduzindo taxas e criando facilidades que garantam a fidelização. No entanto, quando nos deparamos com situações como esta, em que uma instituição insiste em embutir uma comissão que deveria incidir apenas uma vez - no momento em que o crédito efetivamente fosse concedido - e aplicá-la mensalmente como se fosse uma taxa de juros, percebemos que ainda há um longo caminho a ser percorrido entre o que é o cliente e o que ele representa para o prestador de serviço.

Neste caso específico, a mutuária evitou a fraude, acreditando no poder da Justiça para garantir seus direitos e arregaçando as mangas para defendê-lo. Fica o pesar por tantos outros que nem se deram conta da cobrança indevida e que seguem acreditando que os juros cobrados ao ano giram mesmo em torno de 10,47%.

É preciso que o consumidor volte a garantir seus direitos, a exemplo desta mutuária, e confie na aplicação da lei. Infelizmente, alguns brasileiros ainda fazem parte da turma do “deixa para lá”, e optam por não confiar na Justiça, abrindo mão de benefícios que a própria legislação assegura. Em contrapartida, cresce o número de pessoas que recorrem a entidades como o Procon e o Tribunal de Justiça, exercendo sua cidadania de forma plena e lutando para que situações injustas sejam cada vez menos freqüentes em nossa sociedade.

É impossível que ainda haja pessoas agindo de má-fé, especialmente quando se trata de questões tão importantes como a conquista da casa própria, sonho de milhões de brasileiros.

Em tempos modernos, fica a saudade dos contratos feitos com o fio de bigode como garantia.

*José Augusto Viana Neto - Presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo
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