quinta-feira, 23 de julho de 2009

Caderneta abre vantagem

Poupança capta R$ 5,5 bi no mês até dia 16 e deve se tornar mais atrativa com a queda dos juros


Valor Econômico

Por Luciana Monteiro e Adriana Cotias, de São Paulo
23/07/2009

O juro em níveis historicamente baixos, 8,75% ao ano a partir de hoje, já está provocando mudanças no portfólio dos investidores, com a caderneta de poupança ganhando espaço. A aplicação mais tradicional do país apresenta captação líquida de R$ 5,507 bilhões até dia 16, segundo o Banco Central. Este valor supera, e muito, o ingresso registrado no mesmo período do mês passado, de R$ 336,381 milhões. Apesar de normalmente a caderneta apresentar forte captação no início de cada mês - muitas empresas depositam os salários dos empregados em contas poupança -, o ritmo constante de entrada de recursos dá sinais de que este será um mês bastante positivo. Em junho, a poupança já teve a maior captação mensal do ano, com R$ 2,089 bilhões.

No Santander, julho já se configura como o melhor período do ano para as captações de poupança. Segundo o gerente-executivo de Produtos da instituição, Marcos Matos, até meados do mês, os ingressos de recursos superavam em 50% tudo o que tinha entrado entre janeiro e junho. "Julho é o melhor mês da indústria em 2009 e o banco tem replicado isso", diz. Segundo o executivo, o que se nota não é uma migração de recursos entre as aplicações de renda fixa, mas sim, sobras de caixa que vêm sendo direcionadas para a caderneta de poupança. "É, aparentemente, um fluxo de curto prazo."

Com a nova redução da taxa de juros de ontem, o retorno de 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR) isento de imposto da caderneta se torna ainda mais competitivo em relação aos fundos DI ou de renda fixa. Levantamento do Valor mostra que, para o atual nível de juro, de 8,75% ao ano, somente os fundos que cobram taxa de administração de 0,75% ao ano rendem mais que a caderneta para todas as alíquotas de imposto de renda - que vão de 22,5% a 15%, conforme o prazo de aplicação. Carteiras com taxa de 1% só são vantajosas para períodos acima de um ano.

E não são apenas os fundos que perdem competitividade ante a poupança. Mesmo para os CDBs fica mais difícil superar o retorno da caderneta. Considerando-se a Selic a 8,75%, só é vantagem aplicar num CDB que pague uma taxa equivalente a 90% do CDI, e isso apenas para aplicações acima de seis meses (alíquota de imposto de renda de 20%).

Diante desse cenário, o investidor parece que começou a fazer as contas e aumentar a parcela investida em caderneta. Mas chama a atenção neste mês que, apesar do ritmo de ingresso de recursos se manter forte na poupança, os fundos de investimentos não registraram perdas expressivas. Os fundos das categorias curto prazo (carteiras que aplicam em papéis com vencimento em até 365 dias) e DI têm, juntos, ingresso de R$ 2,433 bilhões em julho até o dia 17. Os CDBs também apresentam captação no mês, de R$ 908,5 milhões até o dia 16.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

O investidor na era do juro menor

Aplicador terá de poupar mais e fazer um bom planejamento financeiro neste novo ambiente.


Valor Econômico

Por Angelo Pavini e Luciana Monteiro, de São Paulo
22/07/2009

 

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) hoje, provavelmente reduzindo os juros básicos da economia para 8,75% ao ano, consolida uma nova era para os investidores: a dos ganhos mais baixos na renda fixa. O aplicador terá se ser mais ativo e atento não só ao rendimento das aplicações como vinha fazendo até agora como também aos custos de administração cobrados pelos gestores, assim como ao impacto da tributação no curto e médio prazos.

Olhando para o que o investidor leva para casa em uma aplicação de 9% ao ano - conforme projeta o mercado futuro de juros para os próximos 12 meses -, descontando inflação (4%), 2% de impostos (20% na média) e 1,5% de taxas de administração, sobraria 1,5% de retorno real líquido, percentual bem abaixo dos gordos retornos dos anos passados, calcula Pedro Martins, chefe de análise para Brasil da Merrill Lynch. "A percepção de que deixar o dinheiro parado no banco era suficiente acabou", diz.

O investidor precisará daqui para a frente ter mais sangue frio para correr um pouco de risco se quiser ganhar mais do que os juros. Mas o mais importante de tudo é que o investidor terá de planejar melhor sua vida financeira. Para isso, terá de se preparar melhor, estudando os funcionamentos dos diferentes mercados ou buscando orientação de profissionais especializados.

As pessoas vão ter de ser mais empreendedoras e arriscar mais, diz Martins. "Vamos ter uma onda de pessoas abrindo negócios diretamente ou financiando projetos via bolsa de valores ou compra de títulos de empresas, mas todos terão de colocar o dinheiro para trabalhar", afirma. Projetos que antes eram desprezados porque o retorno era pequeno em relação aos juros agora passarão a ser vistos com outros olhos.

Outro resultado dessa queda dos juros será o que Martins chama de "rotação de carteiras". Hoje, do total aplicado em fundos de investimento, cerca de US$ 660 bilhões, apenas 15%, estão em ações. Comparando a parcela de renda variável com outros países, Martins estima que, anualmente, cerca de US$ 22 bilhões podem trocar os fundos de renda fixa por ações e ativos de crédito nos próximos anos.

Para se entender o efeito da queda dos juros, basta tomar como exemplo uma pessoa com R$ 1 milhão aplicados em títulos públicos, afirma Rogério Bastos, sócio da consultoria financeira FinPlan. Pela taxa média dos juros dos últimos cinco anos, de 14,95%, essa pessoa teria R$ 10,8 milhões após 20 anos. Descontando uma inflação pelo IPCA de 5,36% ao ano, o ganho real seria de R$ 3,8 milhões, ou quase quatro vezes o valor aplicado. Essa mesma aplicação, com juros de 9% ao ano, como o atual, resultaria em R$ 4,3 milhões nominais. E, levando-se em conta a inflação, estimada em 4% ao ano, o ganho real cairia para R$ 2 milhões, ou 52% do valor obtido na época do juro alto.

Bastos observa que muita gente fez seu planejamento usando projeções de juros acima da realidade. Como os juros reais vinham numa média de 9% ao ano nos últimos cinco anos, muitos planos de previdência e gestores de patrimônio usaram cenários em que as taxas acima da inflação ficavam entre 7% e 10% ao ano. E o juro real de 2008 já foi de 6% e, em 2009, deve ficar em torno de 5% ao ano. E, se for descontado um imposto de renda de 15% e a taxa de administração, esse juro real cai para menos de 2% ao ano. "Isso vai pegar muita gente de surpresa quando estiver perto da aposentadoria", alerta.

Bastos fez algumas simulações para quem pensa em preparar uma boa aposentadoria usando fundos de investimento DI, com come-cotas e imposto de renda de 15% ao ano. A situação seria de uma pessoa com 40 anos que quer se aposentar aos 60 anos com uma renda de R$ 10 mil por mês e uma aplicação inicial de R$ 200 mil. No cenário antigo, a aplicação mensal seria de R$ 3.833,00 por mês. Já com juros de 9% ao ano, a contribuição teria de subir para R$ 6.940,00. E, se os juros forem para 8,75%, seria preciso guardar R$ 7.170,00 por mês. Mas isso não considera as taxas de administração dos fundos. Se a carteira cobrar 1% ao ano, reduzindo o retorno a 7,75% ao ano, a necessidade de guardar sobe para R$ 8,170.

Uma forma de reduzir esse valor seria aplicar parte do patrimônio em renda variável, diz Bastos. Segundo ele, seria possível aumentar em cerca de dois pontos percentuais a rentabilidade anual da carteira - no caso de 9%, o ganho subiria para 11% . Segundo Bastos, cada cliente tem de consultar seu planejador financeiro ou, por conta própria, ver quais alternativas há para diversificar em bolsa ou crédito privado ou "private equity", para maturar daqui 10 anos. "Bolsa é o caminho natural, mas não é o único."

Mas, antes de sair desesperadamente atrás de mais risco, o investidor precisa revisar sua carteira e as classes onde já está investindo, afirma William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV-SP. "É preciso ver se não dá para melhorar a rentabilidade dos fundos DI, por exemplo, procurando carteiras com taxas de administração mais baixas, ou optando por carteiras mais ativas, com um pouco mais de risco, como os fundos de renda fixa com crédito e papéis prefixados", diz. Na renda variável, pode ser o caso de trocar fundos indexados por carteiras ativas.

O segundo passo é tornar-se mais disciplinado e guardar mais dinheiro. "Sem disciplina, ninguém fica rico", diz. E, se depois de tudo isso, o investidor achar que está ganhando pouco, deve então analisar outras opções, não só ações, como crédito de empresas de primeira linha ou ativos imobiliários. "Mas o investidor vai ter de estudar mais, se informar, discutir com o gerente do banco antes de arriscar", afirma Eid. Além disso, aprenderá a aproveitar as oportunidades, especialmente nas crises. "Sempre há crises, o importante é saber como tirar proveito delas."

Isso, porém, vale para quem consegue guardar mais de R$ 2 mil por mês. "Menos que isso, o melhor é ficar mesmo em poupança e CDB, o ganho de diversificar 10%, 20% da carteira é muito pequeno", diz. Para essa faixa de renda menor, vale mais a questão da disciplina, diz Eid.

Apesar de a Selic já ter caído bastante desde janeiro, quando estava em 13,75%, o juro continua proporcionando uma rentabilidade ainda boa, avalia Edivar Vilela de Queiroz Filho, sócio da Luz Engenharia Financeira empresa que atua na gestão de riscos. "Mas quem quiser retornos maiores terá de amadurecer à força, fazer sua lição de casa", diz. O investidor brasileiro vai ter, por exemplo, de chegar em frente do consultor e saber qual é o perfil de risco dele, quanto quer ganhar, se está disposto a arriscar mais ou menos, explica ele.

"Bem-vindo ao mundo dos investimento". É assim que Adriano Gomes, professor do Departamento de Finanças da ESPM e consultor da Méthode, avalia essa nova era de juros baixos. "Antes, não havia muita diversão; era só aproveitar a Selic alta, tanto que o CDI bateu até a bolsa num período de dez anos", lembra. "Agora, o investidor deverá olhar não apenas a taxa que a aplicação oferece, mas a tributação sobre o investimento."

Mas assim como os investidores, as instituições financeiras também terão de se mexer para ter profissionais mais qualificados para dar orientação financeira. "O investidor pode não entender de tributação ou mesmo do nível de risco de uma aplicação, mas, ao final de um período, ele vai comprar com outras aplicações e o banco poderá perder esse cliente", afirma Gomes. Para o professor, o mercado brasileiro de investimentos tenderá a se sofisticar e mais aplicadores devem aumentar a parcela de renda variável em suas carteiras.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Consumidores usam o Twitter para ganhar com promoções

Empresas preparam condições exclusivas para seus seguidores que descobrem, antes dos outros clientes , onde estão os descontos e os lançamentos. Ferramenta serve de filtro para usuário pesquisar tudo em um só lugar

Marília Almeida e Carolina Dall'olio

Muitos consumidores já estão usando o Twitter para se informar sobre promoções e aproveitar as ofertas das empresas. O Twitter é uma espécie de "microblog", em que são publicados textos com limite de 140 caracteres. Essas mensagens são recebidas por todos os usuários que optaram por "seguir" aquele perfil.

A ferramenta, que surgiu em 2006 e despontou como uma febre entre usuários que apenas queriam relatar o que acontecia no seu dia a dia, começa a ser incorporada por empresas que pretendem divulgar seus produtos na internet. Elas usam o espaço como um canal de marketing e atraem seguidores ao anunciar promoções e lançamentos em primeira mão.

A velocidade da informação é a marca do Twitter. Os mais de 3 mil seguidores da CVC, por exemplo, ficam sabendo das ofertas da operadora de turismo antes de todo mundo. "Quando decidimos lançar uma promoção, precisamos primeiro criar um material de divulgação e só depois publicamos essas ofertas nos jornais, revistas e sites. Isso leva tempo", conta Rogério Mendes, gerente de e-commerce da CVC. "Mas enquanto o material não fica pronto, nós divulgamos a oferta no Twitter, porque isso pode ser feito na hora."

Há empresas que oferecem condições especiais apenas para seus seguidores no Twitter. É o caso do Extra.com.br. "Já demos dois mil vouchers de locação da Net Movies, descontos exclusivos em produtos, realizamos um concurso cultural que tinha como prêmios geladeira, TV, Playstation 3 e Netbook. Ali também postamos ofertas do dia e outras informações relevantes do nosso site, como a divulgação de serviços", informa a coordenadora de marketing da rede Luciana Cesana Comenalli.

Outra vantagem de se informar pelo Twitter é poder filtrar as informações. "Para atrair e manter nossos seguidores, colocamos apenas conteúdo que o nosso público acha relevante", diz Andrea Dietrich, gerente de e-marketing do Grupo Pão de Açúcar.

A publicitária Renata Munhoz, 24 anos, 'segue' a LG Top Mount, Fast Shop e Extra no Twitter, por indicações de amigos e interesses profissionais. "A vantagem é não ter que pesquisar em cada site e ter tudo em uma página só. Gosto da interatividade das empresas, que oferecem brindes."

Cuidado

"Para não perder tempo recebendo informações inúteis, antes de se tornar um seguidor de uma empresa no Twitter é recomendável verificar se as informações publicadas ali são realmente de seu interesse", sugere o consultor Ethevaldo Siqueira, especialista em tecnologia. Outra dica é aproveitar o mais rápido possível as ofertas que lhe atraem. Muitas vezes, as promoções divulgadas têm validade de apenas 24 horas.

É bom lembrar que tanto no Twitter como no Orkut existem perfis falsos de empresas, alerta Valéria Cunha, assistente técnica do Procon - SP. "Convém ao consumidor buscar o site verdadeiro da empresa e entrar em contato para verificar se a oferta é válida. O número de seguidores pode indicar credibilidade."

E guarde os anúncios. "O consumidor tem o direito de reclamar sobre o descumprimento de qualquer oferta publicitária. Para isso, imprima a página com a promoção ou solicitação para utilizar como prova", completa.

PARTICIPE

Entre em www.twitter.com e clique em Get Started. Coloque seu nome completo, nome de usuário, senha e e-mail para criar seu microblog

Depois, basta clicar em Find People e digitar o nome
da empresa ou loja de sua preferência para receber as oportunidades

Ao encontrá-la, clique em Follow. Pronto, você passará a receber todas as promoções que a empresa posta no site. Ao acessá-lo, terá um histórico delas no seu perfil

Se já achou o que queria e desejar parar de receber promoções, clique em Following. Na barra de ferramentas ao lado da foto da empresa referida, clique em Unfollow para parar de seguí-la

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Bancos se mexem para evitar fuga de fundo


Folha de São Paulo - 20/7/2009



Instituições têm reduzido valor mínimo de aplicação inicial para que seus clientes tenham mais opções de investimento

Estratégia é adotada para evitar que o investidor deixe os fundos e vá para a poupança, que, diante do juro menor, já rende mais

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A aceleração do processo de redução da taxa básica de juros e o consequente fortalecimento da concorrência representada pela poupança tem feito os bancos se mexerem na tentativa de evitar uma debandada dos fundos de investimento. Por enquanto, os bancos não têm reduzido a famigerada taxa de administração. Mas têm procurado aumentar as chances de seus clientes encontrarem fundos que ofereçam condições melhores e rentabilidades mais interessantes.
O que as maiores instituições financeiras têm feito é reduzir o valor mínimo de aplicação inicial de seus fundos de investimento. Cria-se a oportunidade de o investidor entrar em uma aplicação com taxa de administração menor. Isso ocorre porque os fundos que exigem aportes menores costumam cobrar as taxas mais elevadas.
Para analistas consultados, as medidas tomadas foram mais interessantes para os bancos do que se eles simplesmente tivessem baixado as taxas cobradas em todos os fundos.
A simples redução das taxas de administração dos fundos significaria perda imediata e global para as instituições. Já as possíveis perdas com os ganhos das taxas decorrentes das alterações tomadas vão ocorrer apenas se os clientes decidirem mudar de aplicação.
Um exemplo de mudança: no Bradesco, o cliente que tivesse R$ 5.000 iniciais para aplicar em um fundo atrelado às oscilações dos juros encontraria apenas o FIC Curto Prazo, com taxa de administração de 3% ao ano. Agora, com esse montante, pode entrar nos fundos Renda Fixa Mercúrio e DI Brilhante, que cobram taxa de 2,5%.
Ou seja, se as taxas não têm sido cortadas, algumas oportunidades têm surgido para o cliente encontrar melhores condições para investir.
"Os bancos têm buscado um caminho indireto para reduzir as taxas. O cliente atento, que mudar de aplicação, aproveitando as medidas que os bancos têm tomado, conseguirá pagar uma taxa de administração menor para o mesmo montante que tem para aplicar. É normal no mercado que os fundos que exigem maiores aportes dos clientes cobrem taxas menores", avalia Mauro Calil, professor e educador financeiro.
No Itaú Unibanco, fundos de varejo como o Itaú Max DI e o Itaú Max Renda Fixa diminuíram a exigência de aplicação mínima inicial de R$ 30 mil para R$ 20 mil. Esses fundos cobram taxa de administração de 1,8% ao ano. No segmento Personnalité, destinado a clientes de maior renda, é possível encontrar fundos com taxa de 1% para quem tem ao menos R$ 50 mil para aplicar. Os fundos Itaú Personnalité Maxime DI e Maxime Renda Fixa baixaram os aportes iniciais exigidos de R$ 80 mil para R$ 50 mil.
No Santander Real houve a alteração de aplicação mínima em 18 fundos de varejo.
"Temos reduzido o patamar mínimo de ingresso para que o cliente tenha mais opções para entrar em um fundo, buscar a menor taxa e o melhor retorno", afirma Osvaldo Nascimento, diretor de produtos de investimentos do Itaú Unibanco. "Os juros mais baixos levam os investidores a olhar o portfólio para diversificar."

Competição
Com a taxa básica Selic no atual nível -está em 9,25% ao ano e pode ser reduzida mais um pouco nesta semana-, muitos fundos que pagam juros passaram a render menos que a poupança. Isso ocorre porque a poupança não cobra taxa de administração nem paga IR.
Nesse contexto, intensificou-se nos últimos meses a discussão em torno do custo das taxas de administração e da concorrência que a poupança passou a representar para os fundos.
"O movimento de redução de aplicação inicial tornou os fundos de investimento mais atraentes. "Baixar a taxa de administração na ponta seria uma última solução a ser adotada", afirma Aquiles Mosca, estrategista do Santander Asset.

CDB perde espaço para poupança

Autor(es): Yolanda Fordelone

O Estado de S. Paulo - 20/07/2009

  

A queda da Selic, que deve prosseguir na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira, acirrou a competição da poupança com os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs). Apesar de o CDB ser uma importante opção em renda fixa e ter se tornado coqueluche no auge da crise, a situação mudou. Hoje, avaliar a remuneração é cada vez mais relevante, principalmente para os títulos pós-fixados. A remuneração do CDB reflete um porcentual do CDI e, atualmente, esse porcentual precisa superar 100% para o rendimento líquido do CDB superar o retorno da poupança.

O coordenador do Centro de Estudos de Finanças Pessoais e Empreendedorismo (Cefipe), Marcos Silvestre, estima que o investidor precise dispor de R$ 50 mil para obter taxas atrativas. ''A competição não está fácil para o CDB.''

Opinião semelhante tem o professor e educador financeiro Mauro Calil, baseado no desempenho dos próprios investimentos. ''Meu CDB, com taxa de 97,5% do CDI, perdeu para a poupança em junho'', compara. ''A verdade é que o aplicador precisa ter muito dinheiro para conseguir algo próximo a 100%.'' Há dois meses, o empresário Amir Hamad chegou a pesquisar o investimento em CDB. ''Era uma taxa muito pequena, resolvi ficar na poupança'', diz o investidor.

Segundo projeções de Silvestre, o rendimento da poupança deve ficar entre 0,55% e 0,60% ao mês em 2009. Se a caderneta atingir o teto da estimativa, o retorno do CDB só baterá o da poupança se equivaler a 103% do CDI, com a alíquota máxima de Imposto de Renda (22,5%), referente a prazo de até seis meses. Para um período superior a dois anos, quando a tributação de IR cai para a alíquota mínima, de 15%, a rentabilidade pode ser menor: se for de 94% do CDI, empatará com a caderneta.

As taxas dos CDBs são definidas levando em conta também o relacionamento com o cliente. ''Em geral, para aplicação de R$ 5 mil, a taxa começa em 80% do CDI'', diz o diretor de negócios e tesouraria do Itaú, Luiz Marcelo Moraes.


ENTENDA

Rendimento líquido - Ganho após a dedução de todas as despesas, referentes a impostos e taxas. No caso do CDB, deve ser descontado o Imposto de Renda.

Títulos pós-fixados - Papéis de renda fixa que remuneram a carteira do investidor conforme a variação da taxa de juros básica brasileira, a Selic.

Locations of visitors to this page