quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Cenário ruim eleva taxas pagas por títulos do governo

Adriana Fernandes e Lucinda Pinto
O Estado de S. Paulo
24/1/2008


Aumento da aversão ao risco também fez com que o Tesouro reduzisse oferta de títulos prefixados

A crise externa já afetou o Tesouro Nacional. Os investidores passaram a exigir prêmios mais altos para comprar os títulos do governo, o que encareceu o custo de financiamento da dívida pública. As taxas pagas pelos papéis tiveram forte elevação com a piora do cenário internacional, que contagiou os preços dos ativos no Brasil, apesar do discurso otimista do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a crise ainda não chegou ao País.

Com o aumento da aversão dos investidores ao risco, o Tesouro também reduziu, ao longo do mês, a oferta de títulos prefixados. Com taxa definida no leilão, esse tipo de papel é considerado mais confortável para a administração da dívida, porém traz mais riscos aos investidores em caso de alta dos juros. Para se proteger do risco de uma oscilação da Selic, os investidores cobram um preço maior para comprar os títulos.

A taxa média da NTN-F, título prefixado com prazo de vencimento em janeiro de 2012 saltou de 12,96%, na semana passada, para 13,26% ao ano no leilão desta semana, realizado anteontem. No início do ano, o mesmo papel foi vendido a uma taxa média de 12,93% ao ano. O Tesouro não ofertou no leilão desta semana os títulos prefixados mais longos - as NTN-F com vencimento em 2017. No leilão da semana passada, esses papéis foram vendidos a uma taxa média de 13,03%. No primeiro leilão do ano, saíram a 12,97%.

As LTN - papéis mais curtos - com prazo de vencimento em janeiro de 2010 foram vendidas ontem a 12,98%, ante 12,78% no leilão anterior. No fim de 2007, saíram a 12,62%.

As turbulências no mercado, acentuadas, a partir de agosto, também têm impedido o retorno do Tesouro a captações externas. Desde junho de 2007, o Brasil não faz uma emissão no mercado externo.

Embora as taxas dos preços dos papéis do Tesouro estejam mais salgadas, fontes do governo ouvidas pelo Estado disseram acreditar que, passado o pior da crise externa, os investidores que estavam no mercado acionário redirecionem parte das aplicações para títulos de renda fixa.

Um dos papéis que pode ser beneficiado é a NTN-B. É que, com o repique da inflação, cresceu o interesse dos investidores nesses papéis, que, por terem o rendimento atrelado ao IPCA, oferecem proteção automática contra a desvalorização da moeda. A demanda por NTN-B continua elevada. Mas a avaliação é que é prematuro afirmar que os investidores estejam trocando as aplicações em ações para esses títulos.

As fontes consideram ainda que o interesse pelos papéis prefixados não acabou. O Brasil continua a ser visto com uma economia segura para os investidores e, por isso, o impacto nas taxas dos papéis é bem menor do que em crises anteriores por causa do reforço na blindagem externa do País.

O Tesouro vai divulgar hoje o Plano Anual de Financiamento (PAF) para o ano, que contém a estratégia de administração da dívida pública (interna e externa). Concluído internamente há cerca de 15 dias, o PAF já previa um cenário mais conservador com a piora dos mercados.

O brilho fugaz do dólar

Valor Econômico
Por Angelo Pavini, de São Paulo
24/01/2008



O dólar voltou a brilhar nesta semana em meio à forte turbulência que tomou conta dos mercados financeiros. Mas, diferentemente do passado, quando a moeda americana era vista como um porto seguro ou até fonte de ganhos nas crises, suas cotações avançaram pouco, para R$ 1,8250, acumulando alta próxima de 2,7% no ano. Praticamente nada, se comparada à oscilação do Ibovespa, que caiu 15,11% no ano até ontem. E os analistas alertam: não se deve esperar muitos ganhos com a moeda.


Os fatores a favor do real e contra a moeda americana são muitos. A começar pela própria saúde debilitada da economia americana. Segundo a Merrill Lynch, a expectativa é de que o dólar perca valor no mercado internacional pela fraqueza da economia e pelo corte dos juros - a corretora espera que as taxas americanas, hoje de 3,5% ao ano, cheguem a 1% ao ano até o primeiro trimestre de 2009. Esse juro baixo torna mais atrativo aplicar em outras moedas onde as economias estão um pouco melhores e os juros mais altos, como a brasileira, que paga mais de 10% ao ano aos investidores. O que representa um ganho de oito pontos percentuais em relação aos juros americanos. "Isso vai atrair muito dinheiro para cá", diz David Cohen, operador de renda fixa e câmbio do Banco CR2. A própria Merrill Lynch recomenda aplicar em reais em relatório enviado aos clientes.


Nem mesmo no pior cenário, o dólar poderia voltar a ser atrativo no médio prazo, afirma Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset Management. "Torturamos os números da pior maneira possível e nem assim", diz. Um dos fatores que poderiam puxar a moeda seria uma queda nos preços das commodities e que derrubasse as exportações brasileiras. "Mas já temos o minério de ferro subindo pelo menos 30%", diz. Imaginando, porém, que o superávit da balança comercial caia pela metade do que foi no ano passado, para US$ 20 bilhões este ano, com as importações subindo por conta do crescimento do país, isso resultaria em um déficit de transações correntes de US$ 15 bilhões, considerando a balança de capitais. A esse débito, Póvoa acrescentaria mais US$ 30 bilhões em dívidas no exterior vencendo este ano, o que representaria uma necessidade de financiamento de US$ 45 bilhões em 2008. "Mas, do lado das entradas, temos uns US$ 20 bilhões de investimento direto e, se rolarmos uns 70% do débito externo, outros R$ 21 bilhões, o que dá US$ 41 bilhões, faltando apenas US$ 4 bilhões para essa necessidade de financiamento", diz.


Por isso, Póvoa acha que um eventual estresse do dólar ocorreria por um problema financeiro apenas, uma forte saída de investidores da bolsa - a Bovespa registra déficit de estrangeiros de R$ 4,5 bilhões no ano até dia 21 - ou de títulos brasileiros. Mas teria duração curta. "Não vejo o dólar acima de R$ 2,00 e, como gestor, fico tranqüilo para fazer aplicações em reais, apesar de movimentos de alta no curto prazo". Ele considera o dólar a R$ 1,90 um ponto de venda, mas recomenda cautela. "Assim como a bolsa pode cair para 50 mil pontos, é bom manter posições pequenas no curto prazo".


Há também mudanças estruturais que o investidor precisa observar, diz Póvoa. A primeira é que o dólar não é mais aquela reserva de valor de 10 anos atrás, uma vez que a economia americana também perdeu espaço para os asiáticos. "Veja que antes, as commodities despencavam quando os EUA iam mal, e hoje elas resistem".


Para o gestor, o euro pode perder um pouco de valor por conta dos efeitos do desaquecimento dos EUA na economia européia, e que devem levar a uma queda dos juros lá ainda neste semestre. "É preciso ficar atento porque o dólar subiria em relação ao euro".


Essa é uma crise café-com-leite comparada com as de 20 anos atrás, diz o experiente Nathan Blanche, da Tendências Consultoria. "O quadro mudou totalmente depois de 2000, com os emergentes passando de devedores a credores internacionais e muitos até financiando os países desenvolvidos", diz. Com isso, a volatilidade do dólar no Brasil mudou, é muito menor e de curto prazo. Ele espera algum movimento por conta dos bancos europeus, a "bola da vez". Mas, fora isso, a moeda segue bastante tranqüila, podendo fechar o ano a R$ 1,80. "Basta ver que, com toda essa crise, o Banco Central continuou comprando dólares - não sei para quê - esta semana, e as reservas cresceram para US$ 186 bilhões". Segundo Nathan, se somadas as operações de "swap" (troca), os ativos cambiais do governo chegam a US$ 205 bilhões, para uma dívida externa de US$ 65 bilhões.


O mais impressionante é que o fluxo de dólares para o país continuou positivo mesmo com toda a crise externa, afirma Paulo Pereira Miguel, economista da Quest Investimentos. "E o dólar ainda está abaixo da cotação de outubro, é surpreendente", diz. Para Miguel, a chave para o comportamento do dólar não serão os fluxos, mas os termos de troca do Brasil com outros países. "Basta notar que a Turquia, com um déficit externo de 8% do PIB, teve a maior valorização da moeda entre os emergentes". Para ele, a valorização do real reflete a valorização das commodities por conta do crescimento da China e da Ásia como um todo, o que tornou nossos preços de exportação mais competitivos que os de nossas importações. "Uma desvalorização séria do real só viria se esse pilar fosse afetado, ou seja, que a Ásia entrasse em crise e os preços das commodities despencassem; mesmo assim seria um processo lento, como foi a valorização da moeda", diz ele, lembrando que o país hoje tem baixo endividamento externo e altas reservas para amortecer esse ajuste.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Preços variam até 260%

Jornal da Tarde
23/01/2005


Procon-SP pesquisou os valores de 128 produtos em dez lojas nas cinco regiões da Capital


Levantamento realizado pela Fundação Procon de São Paulo (Procon-SP) mostra que a diferença de preços de material escolar pode chegar a 260%. A instituição percorreu dez estabelecimentos das cinco regiões da Capital entre os dias 8 e 10 de janeiro e colheu os valores de 128 produtos.

A maior diferença foi encontrada no preço do caderno universitário capa dura espiral, para uma matéria, com 96 folhas, linha Quatro Elementos, marca Foroni. Enquanto na papelaria Japuíba, na Zona Norte, a unidade custava R$ 2,75, na Pontocom, na Zona Oeste, foi cotada a R$ 9,90, diferença de 260%.

A segunda maior diferença foi registrada no valor da caneta esferográfica Cristal modelo Power Ball 063 Fine, da Faber Castell. O maior valor foi encontrado na loja Momotaro, na Zona Sul, que vende o item a R$ 3,15, R$ 2,15 mais caro que a concorrente Pontocom, da Zona Oeste, onde a caneta foi encontrado por R$ 1(veja a lista completa de preços nesta página).

A enorme variação de preço dos produtos assustou a jornaleira Maria do Céu, que ontem procurava um fichário para a filha, estudante do ensino médio, numa loja no Centro de São Paulo.

Segundo ela, o material custa R$ 70 no Colégio São Luiz, na Zona Sul, onde a garota estuda. Já na loja onde ela pesquisava preços, o item é vendido por R$29,90, valor 133% menor. “Está bem mais barato”, disse Maria, que estima gastar em torno de R$ 80 apenas com o material escolar básico neste mês.

Diógenes Donizeti, diretor assistente do Procon-SP, afirma que reunir várias pessoas para compra em grande quantidade é uma excelente maneira de conseguir preços menores. Ele observa, porém, que o consumidor não deve levar em conta apenas o preço, mas também a qualidade do produto. Portanto, pesquisar é sempre fundamental.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Quase 30 mil investidores cadastrados em 2007

Luciana Monteiro
Valor Econômico
21/1/2008

O número de novos investidores cadastrados no Tesouro Direto - sistema de negociação de títulos públicos via internet - registrou crescimento de 40,7% em 2007 em relação ao ano anterior. Segundo relatório do Tesouro, 29.795 novos investidores se cadastraram no ano passado, o que mostra que cada vez mais aplicadores estão usando o sistema na hora de poupar recursos.

Mesmo sem um amplo programa de publicidade, o Tesouro Direto tem, em média, 2 mil novos cadastros a cada mês, diz Jeferson Bittencourt, gerente de Relações Institucionais da Dívida Pública. "As pessoas seguem se interessando pelo programa e muitos o utilizam como forma de poupança para a aposentadoria", diz ele, lembrando que a renda fixa no ano passado teve muito menos apelo ante a bolsa e, ainda assim, o Tesouro Direto registrou crescimento.

No sexto ano do programa, as vendas de títulos públicos chegaram a R$ 771,27 milhões, ante R$ 765,63 milhões do anterior. Em novembro, o Tesouro Direto ultrapassou a marca dos 100 mil investidores cadastrados e encerrou o ano com 102.993 aplicadores. "Embora o número de cadastros tenha aumentado, o total de vendas ficou relativamente estável, o que mostra que houve uma popularização entre investidores com tíquete médio menor, na faixa de R$ 1 mil", comenta Bittencourt.

Em 2007, o aplicador preferiu dirigir mais investimentos para os títulos prefixados. As Letras do Tesouro Nacional (LTNs) - papéis com rentabilidade definida no momento da compra - foram os títulos mais vendidos e representaram 38,8% dos títulos vendidos pelo governo, ou um volume de R$ 283,83 milhões. Já as Notas do Tesouro Nacional série F (NTN-F) - papéis prefixados com pagamento de juros semestrais ao aplicador - somaram 14,82% das vendas, com R$ 114,28 milhões. Dessa maneira, os títulos prefixados tiveram participação total de 51,6% nas vendas do Tesouro Direto.

A LTN normalmente é a preferida do investidor, pois é um título mais simples, mais fácil de entender, avalia Bittencourt. Na avaliação dele, dada a maior simplicidade, esses papéis devem continuar sendo os campeões na preferência dos aplicadores, mesmo com o cenário no mercado financeiro indefinido.

Os títulos indexados ao IPCA representaram 33,8% das vendas. As Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) somaram 18,50%, um total de R$ 142,69 milhões. Já a NTN-B Principal - que paga juros semestrais - foi responsável por 15,3% das vendas e movimentou em 2007, no Tesouro Direto, R$ 118,08 milhões. As Letras Financeiras do Tesouro (LFT) - títulos com juros pós-fixados - tiveram participação de 14,57%, com R$ 112,39 milhões.

O volume de títulos emitidos pelo Tesouro Direto atingiu R$ 1,430 bilhão ao final de 2007, o que representa um acréscimo de 28,5% sobre o estoque apresentado no fim do ano anterior, de R$ 1,113 bilhão. Além de terem sido as campeãs nas escolha do investidor, as LTNs somam também o maior volume no estoque, com participação de 28,5%.

Quase a metade dos investidores têm optado por papéis com vencimento no médio prazo. Do estoque total de papéis emitidos, 47,82% das aplicações foram feitas em papéis com vencimento entre um e cinco anos. Os títulos com prazo superior a cinco anos representam 27,11% do estoque e os papéis de até um ano, 25,06%.

Quanto à venda de títulos por faixa de aplicação em 2007, as operações com valores até R$ 1 mil foram as mais expressivas, atingindo a participação de 26,2%. Destaca-se o elevado volume de vendas por faixa de aplicação até R$ 5 mil, cuja participação concentrou 63,6% do volume aplicado no ano.

O destaque em termos de rentabilidade no ano passado ficou por conta da NTN-B Principal com vencimento em 2024, com retorno de 26,9% no ano. Em seguida, aparece a NTN-C com vencimento em 2031, que apresentou ganho bruto de 22,7% no período. O título de menor ganho no ano foi a NTN-F que vence em 2014, com rendimento de 10,0%. Já os títulos prefixados apresentaram retornos entre 10,0% e 12,8% e os títulos indexados à taxa Selic tiveram retornos variando entre 11,7% e 11,9%. Os títulos atrelados a índices de preços apresentaram retornos que variam de 13,3% a 26,9%, conforme a data de vencimento do papel.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Custo do Carro pela sua Vida Inteira

Muito se publica sobre o custo de criar um filho. E qual o custo de manter e trocar de carro popular a cada 2 anos por todo sua vida profissional, aproximadamente 30 anos? Aproveitando o artigo "Carro: você sabe quanto ele realmente custa para você?" e dados de depreciação da tabela da FIPE , fiz o cálculo considerando uma taxa de juros reais de 0,6% a.m. O resultado é de aproximadamente 951 mil reais para um automóvel de 25 mil reais. Claro que não levei em conta o custo do transporte público, afinal o indíviduo tem que ir de alguma maneira para o trabalho, fazer compras, viajar, etc.
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