sábado, 15 de setembro de 2007

Quem tem medo da inflação?

Fundos indexados podem ser bom calmante para quem se assustou com a alta dos preços em agosto

http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/521/artigo61443-1.htm

A vez dos portáteis

Laptops estão mais baratos e com configurações razoáveis. Chegou a hora de comprar o seu?

http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/1977/artigo61462-1.htm

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Economia brasileira acalma os ânimos

Valor Econômico
Daniele Camba
13/09/2007


Os números do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro divulgados ontem não mostram um crescimento retumbante da economia como o governo gostaria. Se isso é negativo porque significa que o Brasil está longe de mostrar uma velocidade de cruzeiro, para alguns analistas, é positivo porque, se a economia não está superaquecida, é possível esperar que o Banco Central continue a queda dos juros. Uma Selic menor contribui para um desenvolvimento ainda maior da economia no futuro, que é o terreno ideal para a bolsa florescer e dar frutos. Essa foi exatamente a interpretação dos investidores e que levou o Índice Bovespa a subir durante quase todo o pregão ontem. Faltando menos de uma hora para o fim dos negócios, a alta começou a fraquejar e o Ibovespa acabou fechando em levíssima queda de 0,07%, aos 53.882 pontos.



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Empresas do mercado interno lideram altas
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Outra sinalização importante na divulgação do PIB foi o grande crescimento de 13,8% da formação bruta de capital fixo que nada mais é do que o investimento das empresas na própria produção. Uma oferta maior de produtos significa uma pressão inflacionária menor, mais um motivo para novas quedas de juros. Olhando pelo lado do mercado de capitais, quando as companhias produzem mais, lucram mais e remuneram muito melhor seus acionistas sob a forma de dividendos e com a valorização das ações. O crescimento em investimento torna-se ainda mais importante, já que andava devagar.






"É preciso puxar a orelha das empresas brasileiras que não estavam investindo em produção e, sim, deixando o dinheiro em caixa aplicado em CDI", diz o chefe de análise da Corretora Concórdia, Eduardo Kondo. "As empresas não são bancos, a função delas é ganhar dinheiro com o próprio negócio." Ele lembra que ainda se conta nos dedos o número de companhias que estão usando o caixa ou se endividando para aumentar a produção. Entre elas, estão empresas dos setores petroquímico, elétrico e de papel e celulose, lembra Kondo.


Os louros da estabilidade econômica


Entre as maiores altas do Ibovespa ontem estão principalmente ações de companhias voltadas ao mercado interno, como as do setor imobiliário. As ordinárias (ON, com direito a voto) da Cyrela Brazil Realty subiram 4%, seguidas pelas ONs da Gafisa, com alta de 3,59%. "Mais do que grandes crescimentos do PIB, o setor imobiliário precisa de estabilidade econômica para deslanchar e os números comprovam que há estabilidade", afirma o chefe de análise da Concórdia. Os papéis dos segmentos imobiliário e de bancos se recuperam a cada novo dia de relativa tranqüilidade no mercado externo. Com a crise hipotecária americana e os reflexos em alguns bancos, o investidor estrangeiro não pensou duas vezes e vendeu as ações desses dois setores no mundo inteiro, indistintamente. Os papéis do segmento de papel e celulose também se beneficiaram com os números da economia. As preferenciais (PN, sem voto) da Klabin se valorizaram 2,68% e as PNs da Votorantim Celulose e Papel (VCP), 2,12%. As PNs da AmBev subiram 2,25%, refletindo a notícia de que as marcas da companhia ficaram com quase 70% do consumo de cerveja em agosto.

Sangue-frio na previdência

Valor Econômico
Por Luciana Monteiro
13/09/2007


Mesmo diante da forte turbulência que se abateu sobre os mercados no mês passado, os planos de previdência um pouco mais arriscados mantiveram sua tendência de captação. Segundo relatório mensal elaborado pelo site financeiro Fortuna para o Valor, os fundos classificados como balanceados ou multimercados tiveram captação de R$ 1,129 bilhão em agosto. Já as carteiras mais conservadoras, DI e Renda Fixa, registraram resgates de R$ 331 milhões, seguindo um movimento iniciado em julho.


O sangue-frio que o investidor demonstrou durante a crise revela que as pessoas estão mais amadurecidas em relação aos seus investimentos, principalmente na previdência, diz Antonio Cássio dos Santos, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) e da Mapfre Seguros. Embora os especialistas em previdência não se cansem em repetir que o investimento em previdência deve sempre ter um horizonte de longo prazo, esse foi o primeiro teste do setor durante o processo recente de diversificação. Para o executivo, outro fator que contribui para esse comportamento mais tranqüilo é a tabela regressiva do imposto de renda, que varia de 35% a 10% conforme o tempo em que o aplicador permanece no fundo. "A tributação caracteriza a previdência como um investimento de longo prazo e mostra para o investidor que não dá para especular com ela", diz.


Até abril deste ano, as captações maiores aconteciam sempre na renda fixa. Mas, com a taxa de juros num dos níveis mais baixos da história do país, muitos aplicadores resolveram diversificar com fundos que investem em ações. Em maio, pela primeira vez desde que os fundos de previdência existem, o ingresso de recursos em planos mais arriscados superou o da renda fixa. Vale lembrar, no entanto, que, por lei, as carteiras de previdência podem aplicar no máximo 49% dos recursos em ações.


A queda da bolsa abriu várias oportunidades, mas o investidor não deve pensar em diversificação só neste momento, e, sim, ter visão de longo prazo, alerta Luciano Snel, diretor de produtos da Icatu Hartford. Ele diz que a demanda de clientes preocupados com o impacto da turbulência foi muito menor do que a instituição esperava. Outra grata surpresa foi a forte procura das equipes de venda interessadas em entender o que estava acontecendo e orientar possíveis questionamentos dos clientes. No primeiro semestre, do total captado pela instituição, só 17% foram para renda fixa. Entre os clientes da Icatu que migraram para multimercados, o percentual passou de 10% em junho de 2006 para 43% em junho deste ano.


Os especialistas lembram, no entanto, que não dá para dizer que o pior momento já passou e que não haverá mais forte volatilidade no mercado. E, se novas turbulências tomarem conta do mercado, o conselho é o mesmo: muita calma. Quando o cenário não está muito bem definido, os gestores tendem a adotar uma postura mais conservadora, reduzindo a parcela em bolsa.


O aplicador se deu conta que o sucesso com previdência privada não é fruto de uma decisão de momento. Portanto, não é um momento de turbulência que trará grandes diferenças no resultado final de longo prazo, avalia Marcelo Teixeira, diretor-executivo da HSBC Seguros. "O investidor percebeu que a renda variável é um componente importante para a aposentadoria", diz. Segundo ele, normalmente, 80% das aplicações em previdência do banco já são feitas com pelo menos uma parcela em renda variável, seja em fundos moderados ou mais agressivos. Há dois anos, esse número não chegava a 60%.


Em termos de rentabilidade, os fundos cambiais tiveram seu momento de glória em agosto, com 3,08%, ante 4,50% do dólar. Essas carteiras, no entanto, são muito pequenas, com patrimônio de R$ 10 milhões. O ganho não foi suficiente, entretanto, para compensar as perdas no ano da categoria, que cai 4,09%, para uma desvalorização de 8,23% do dólar. Os fundos renda fixa - que podem aplicar em papéis prefixados - e os DIs tiveram retorno de 0,81% e 0,80%, respectivamente, para 0,99% do CDI no mês. No ano, os renda fixa rendem 7,83% e os DIs, 6,67%. Já os multimercados, que podem aplicar em renda fixa, bolsa, juros ou câmbio, fecharam agosto com perda de 0,34%, mas lideram no ano, com ganhos de 12,83%. Os balanceados tiveram retorno de 0,04% e, no ano, rendem 11,98%.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Comida fica mais cara. Saiba onde economizar

Jornal da Tarde 12/09/2007

Clima mexeu no preço de arroz, feijão e hortifrutis. Veja pesquisa em sacolões e mercados

CHARLISE MORAIS, charlise.morais@grupoestado.com.br

Os alimentos são os principais itens a pesar no bolso das famílias. Foi o que mostrou o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-S), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que subiu 0,47% na primeira semana de setembro ante alta de 0,42% na semana anterior. O grupo alimentação, que passou de 0,99% para 1,09% entre a última semana de agosto e a primeira de setembro, foi justamente o que mais contribuiu para a elevação do índice. E os maiores responsáveis pelas altas foram as frutas, o arroz e o feijão.

O preço das frutas, porém, apresentou queda, ainda que em ritmo fraco. Na semana encerrada em 31 de agosto, o índice foi de 7,86% negativos. Na primeira semana de setembro, a baixa desacelerou para 4,31%. A explicação da FGV é que os preços das frutas dependem do clima e da época do ano, por isso as variações são mais freqüentes. Já o tomate, outro vilão dos reajustes, subiu 21,74% na última semana.

O arroz e o feijão tiveram comportamento diferente. 'Houve alta mais intensa de preços de arroz e feijão de 2,47% para 3,29%', informou o economista da FGV, André Braz. 'Esse aumento foi ocasionado pelo repasse da recente alta de preços dos grãos no atacado para o varejo.'

No caixa

Mesmo com os aumentos dos alimentos, é possível economizar. O Jornal da Tarde visitou quatro supermercados e quatro sacolões para descobrir onde estão as frutas e verduras mais baratas (ver quadro). Para os oito itens pesquisados, quem ganhou a competição pelo melhor preço foi o supermercado Extra. O consumidor que fizer a 'feira' no Extra vai gastar R$ 12,17 - 41,7% a menos que o valor cobrado no Sacolão Pomar & Cia (R$ 17,24), que obteve o preço mais alto na pesquisa. Quem preferir, pode também optar pelos dias de ofertas nos supermercados, com preços bem mais atrativos. O calendário da economia (veja nesta página) mostra quais dias são melhores para comprar frutas e verduras nesses estabelecimentos.

Nas prateleiras dos supermercados, o valor de arroz e feijão apresenta diferenças. O arroz Tio João, tipo 1, pacote de 5 quilos, custa R$ 8,29 em dois supermercados pesquisados: Pão de Açúcar e Extra. No Carrefour o preço é R$ 8,49 - o mais alto. Já o valor mais em conta está no Wal-Mart: R$ 7,26. Também fica com o Wal-Mart, o melhor preço para o feijão tipo 1, Broto Legal. O pacote de um quilo sai por R$ 3,28. Nos outros supermercados pesquisados o valor é o mesmo: R$ 3,49.

De olho no pré

Valor Econômico
Por Adriana Cotias
12/09/2007


A crise internacional e as perspectivas menos favoráveis em relação à inflação no curto prazo jogaram os holofotes nas aplicações em títulos prefixados longos, grande vilões das perdas recentes em fundos de renda fixa e multimercados. As taxas subiram no mercado secundário e os preços dos papéis, que andam na direção inversa, caíram. Para o investidor que se fia num cenário local ainda benigno, com continuidade de cortes da Selic e índices de custo de vida sob controle, o momento de comprar pode ser, justamente, na hora em que a temperatura aumenta e os ativos perdem referência ante os fundamentos. Trata-se, porém, de uma opção que pode ter tanto risco quanto a renda variável.


Na ponta do lápis, dá para identificar ganhos substanciais, dependendo de quando o aplicador decide comprar um papel pelo Tesouro Direto, o sistema de negociação de títulos públicos federais pela internet.


Quem, por exemplo, adquiriu Letras do Tesouro Nacional (LTN, prefixadas) com vencimento em 1º de outubro de 2009 em 13 de julho, dia em que ficaram disponíveis no Tesouro Direto, pactuou um retorno de 10,67% ao ano. Se escolheu 17 de agosto, no auge do aperto de liquidez decorrente da crise das hipotecas americanas de alto risco ("subprime"), conseguiu uma taxa de 12,69% ao ano e para um prazo um pouco menor - o que quer dizer que o dinheiro poderia, nesse intervalo, estar rendendo em outra aplicação, como num fundo DI. Para um investimento de R$ 100 mil, a diferença entre uma data e outra de compra da LTN seria de quase R$ 3,1 mil no resgate, já descontados imposto de renda e custos da CBLC e da corretora escolhida como agente de custódia (cobrando 0,25% ao ano pelo serviço).


"Mesmo que o Banco Central (BC) não fizesse mais nada neste e no próximo ano, deixando a Selic estacionada em 11,25%, a LTN de 2009, hoje na casa dos 12%, está com uma taxa excelente para um período não tão longo e que já pega a menor alíquota de imposto de renda (de 15%)", diz o experiente analista de investimentos da Coinvalores Antenor Ramos Leão. "O cenário mais pessimista indica que a taxa não cairia mais em 2007, com alguma estabilidade em 2008, para depois haver uma retomada dos cortes, mas essa não é a hipótese dominante no mercado."


Os papéis federais - os prefixados e os corrigidos pelo IPCA, como as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) - reagem não só à crise externa como também às pressões observadas recentemente nos preços dos alimentos. Mas é, sobretudo, o destempero externo que faz as taxas descolarem do cenário para juros e inflação.


"O governo incentivou, com vantagens tributárias, a demanda dos estrangeiros por títulos públicos, e esse é um aplicador que sai a qualquer preço na hora que o calo aperta", diz o economista-chefe da Infinity Asset, André NG. "Se o investidor comprou um papel indexado ao IPCA (a NTN-B Principal com vencimento em 2015) a 6,5% em abril e acredita que está tudo certo, este pode ser o segundo momento de usar o mercado e aumentar o investimento, por que não adquirir mais títulos com a taxa de 7%, 7,2%?". Em 17 de agosto, o papel chegou a esbarrar nos 8% ao ano.


Segundo o último boletim Focus divulgado pelo BC na segunda-feira, as instituições financeiras esperam mais um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica da economia em 2007, para 11% ao ano, com o IPCA em 3,99%, abaixo, portanto, da meta de 4,5%. Para 2008, as estimativas indicam inflação em 4%, expectativa mantida há dez semanas, com o juro primário em 10%.


Mais volátil, o mercado de títulos públicos tem vivido um ajuste de preços, mas muito provavelmente isso será temporário, assinala o estrategista de Renda Fixa da Quest Investimentos, Humberto Vignatti. Com diferenças visíveis entre previsões macroeconômicas e cotações, há uma boa oportunidade para o investidor com perfil mais agressivo nos prefixados. Ele considera que, embora o cenário externo esteja mais incerto, não está em discussão, por enquanto, um quadro tão adverso a ponto de jogar a economia americana numa recessão. E, no Brasil, ainda está preservado um ambiente de atividade robusta, mesmo com alguma deterioração da inflação no curto prazo. "Não há nada que indique um risco iminente de alta de juros em 2008, apesar de a parte longa da curva (dos contratos futuros com vencimento mais longo) trazer implícita uma elevação."


O contrato de depósito interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2009 indicava ontem taxa anual de 11,60% na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Como a percepção geral de risco aumentou, o mercado passou a incorporar prêmios adicionais aos derivativos e aos títulos públicos. Para quem está um pouco mais avesso aos sobe-e-desces, Vignatti recomenda papéis corrigidos pela inflação. Se tudo desandar e o BC elevar a Selic como resposta à alta do IPCA, o investidor tem a compensação inflacionária. Os títulos com vencimento em 2015 e 2024, sem pagamento de juros semestrais (NTN-B Principal), são os mais indicados para a pessoa física.


Já para aquele aplicador sem peito para enfrentar intempéries de qualquer natureza, NG, da Infinity, sustenta que as Letras Financeiras do Tesouro (LFT, pós-fixadas) são o porto-seguro à prova de volatilidade. "Mesmo que a Selic caia a 10% ao ano e a inflação fique em 4%, 4,5%, o investidor ainda tem um juro real atrativo, na casa dos 6,5%." No Tesouro Direto há opções com vencimento em 2010 e 2013, prazos que também proporcionam o benefício da menor alíquota de IR. Já as NTN-B com vencimentos mais longos, como 2013, 2015 ou 2017, são mais indicadas para se fazer uma reserva para aposentadoria. NG sugere ainda que qualquer que seja o horizonte de investimento, o aplicador evite fazer giro entre diferentes títulos de renda fixa, pois as chances de se acertar a hora da mudança são raras. "E, os custos são maiores do que nas aplicações em ações."


Vignatti, da Quest, adverte que os títulos prefixados ou aqueles atrelados à inflação têm de ser encarados como estratégias de risco, em comparação a opções mais conservadoras como a poupança, os fundos DI ou mesmo os fundos de renda fixa, que costumam ser mais diversificados. Como o cenário requer cautela, ele recomenda os papéis do Tesouro especialmente para as sobras de caixa. Para quem estiver com a carteira calibrada à conjuntura atual, não é o melhor momento de fazer alterações. "Tem incertezas no ar, não dá para se fazer nenhuma avaliação com muita convicção ou dizer que não tem erro nessas alternativas."

Recuse-se a pagar a taxa de anuidade do cartão de crédito

Valor Econômico
Mara Luquet
12/09/2007



Quantas vezes você investiu um tempo para fazer as contas do que gasta com tarifas? Pense um pouco. É tarifa de cartão de crédito, de conta corrente, de cheque especial e tantas outras que povoam a imaginação de seu banqueiro ou prestador de serviço e pesam no seu orçamento.


Faça uma lista de todos os gastos com tarifas e comece a eliminar uma a uma. Vai exigir tempo, paciência e muita organização. Mas vale a pena. Essas tarifas consomem uma fatia do seu orçamento que poderia ser direcionada ao aumento do patrimônio familiar. Duvida? Pode apostar.


Cartão de crédito deve encabeçar a lista. Hoje só paga anuidade de cartão de crédito quem quer. Se você ligar para sua administradora de cartão, disser que não quer pagar essa tarifa e que vai trocar de fornecedor, eles cancelam a anuidade e devolvem o que você já pagou de anuidade este ano. Se a administradora não for razoável, troque de administradora. Veja bem, elas já cobram uma nota dos lojistas por esse serviço. De certa forma, você já está pagando, pois os preços acabam sendo maiores quando você usa o cartão de crédito. Muitas lojas chegam a dar 5% de desconto quando o pagamento é à vista em cheque ou dinheiro.


Se é assim, então, qual a razão para se pagar a anuidade? As administradoras sabem disso e, por isso, quando o cliente reclama, elas costumam ser bem razoáveis. Um leitor que fez a experiência conta que gastava cerca de R$ 750 por ano com as anuidades dos seus cinco cartões de crédito. Conseguiu cancelar as anuidades e ainda recebeu o que havia pago este ano de volta.


Isoladas e parceladas, como costumam vir no seu extrato do cartão de crédito, essas anuidades não parecem tão relevantes. Mas some todas as tarifas pagas e veja como elas pesam. Um exercício feito pelo ValorData mostra que R$ 500 aplicados num investimento com uma taxa média de retorno anual de 8% pode se transformar em R$ 22,880 mil no prazo de 20 anos. Um reforço e tanto para seu caixa.


Quem tomou esse cuidado nos últimos anos, não tem do que reclamar. Se tivesse aplicado os mesmos R$ 500 em taxa de juro nos últimos 12 anos teria em mãos hoje cerca de R$ 22,937 mil. Na bolsa de valores, esse aplicação teria chegado a R$ 31,144 mil.


Mesmo que seja apenas uma anuidade e o valor não chegue aos R$ 500, ainda assim, você deve se dar ao trabalho de cancelar, pelo simples fato de que não precisa pagar. Outro exemplo bastante comum são tarifas de extrato de conta bancária. Alguns bancos costumam cobrar o extrato que envia todo mês para sua casa. Se você faz consulta pela internet, não precisa receber esse extrato e, portanto, pode cortar esse gasto.


Relacionamento com bancos costumam custar caro para clientes pouco atentos. Por isso, vale a pena olhar mais de perto quanto seu parceiro está cobrando pelos serviços. Desde a década passada, com o fim das taxas elevadíssimas de inflação, as tarifas bancárias passaram a ter um peso importante na receita dos bancos. Muitos colocam suas tarifas em níveis extremamente elevados.


O governo anunciou que vai aumentar a fiscalização e serviços prestados pelos bancos aos clientes, mas conta com a participação efetiva da clientela nesta empreitada. Fiscais do Banco Central vão averiguar de perto os casos de abusos, mas, para acionar a fiscalização, vai usar como parâmetro as reclamações que chegam aos Procons de todo o país. Ou seja, quanto mais você reclamar, mais chances terá de melhorar e baratear o serviço.


Enfim, mais uma razão para que você avalie o quanto está pagando pelos serviços prestados por seu banco. Uma fonte que sempre poder ser de grande valia é o site do próprio Banco Central (www.bacen.gov.br). Na página do BC na internet, você vai encontrar muitas informações úteis sobre o sistema financeiro e a relação de tarifas e taxas cobradas pelas instituições.


Há mais outro bom motivo para fazer a relação de todas as taxas e anuidades que mordem seu orçamento: você consegue ordenar alguns gastos fixos e ainda ponderar o custo benefício de cada um deles.


Mara Luquet é editora da revista ValorInveste e autora do livro O Assunto é Dinheiro, escrito em parceria com o jornalista Carlos Alberto Sardenberg


E-mail: mara.luquet@valor.com.br

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Pedir Nota fiscal renderá para consumidor

Lei prevê devolução de 30% do ICMS recolhido pelo fornecedor. Os créditos começarão com restaurantes

http://poupaclique.ig.com.br/externo.html?url=http://www.proteste.org.br/map/src/452021.htm

Carteira de índices míngua apesar da alta da inflação

Valor Econômico
Por Luciana Monteiro
11/09/2007


A recente alta dos índices de preços no país fez com que analistas elevassem suas projeções para a inflação em 2007. Pesquisa semanal divulgada ontem pelo Banco Central revela que a projeção para a inflação neste ano medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi elevada de 3,92% para 3,99%. Em maio, essa projeção chegou a 3,50%, quase meio ponto percentual abaixo da expectativa atual. Para 2008, entretanto, a aposta continua sendo de que a inflação ficará em 4%.


Mesmo diante desse cenário, os especialistas em investimentos são muito reticentes em recomendar fundos atrelado a índice de preços ao investidor que quer proteger seu potencial de compra. Dados do site Fortuna mostram que as duas maiores carteiras atreladas a índices de preços - o BB RF LP Índice de Preço, do Banco do Brasil, e o Caixa FIC Capital RF Longo Prazo, da Caixa Econômica Federal -, somam pouco mais de R$ 542 milhões e contam com cerca de 12 mil cotistas. Em termos de retorno, essas carteiras registram ganho médio de 7% no ano, até dia 5, ante 8,23% do CDI.


Segundo relatório do Fortuna, a pressão recente dos preços dos alimentos sobre o IPCA e o IGP-M mostra que existe a possibilidade de a inflação aumentar. Mas um descontrole parece ser improvável, mesmo com os sinais negativos dados pelo governo ao não reduzir a meta de inflação para o próximo ano. "Esse cenário (de inflação em alta), que seria o melhor do ponto de vista da rentabilidade dos fundos de Inflação, é improvável", avalia o relatório, levando em conta a atuação firme do BC.


Os fundos de inflação aplicam em papéis que pagam a variação de um índice de preços mais uma taxa de juros. Para a pessoa física, essas carteiras ganharam destaque em 2002, quando houve o aumento de percepção de risco com a proximidade da eleição presidencial que mostrava Lula como favorito. Além disso, os gestores foram obrigados a marcar a mercado as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) - papéis pós-fixados-, o que trouxe perdas para fundos conservadores, como os DIs, e muitos foram para essas carteiras. Números do Fortuna mostram que, em 2002, havia pelo menos 39 fundos atrelados ao IGP-M. De lá para cá, com a inflação sob controle e o menor interesse dos investidores por essas aplicações, muitas carteiras foram encerradas ou incorporadas e outros fundos.


Para o investidor que quer proteger os recursos da inflação, os investimentos via Tesouro Direto podem ser mais interessantes, avalia Rogerio Betti, sócio do escritório de aconselhamento financeiro Beta Advisors. Ele lembra que o pagamento de imposto de renda ocorre somente no momento venda, enquanto nos fundos o IR é semestral pelo chamado come-cotas. "Nos próximos meses, vamos provar um período novo após diversos cortes nos juros e o Banco Central terá de monitorar esse momento com atenção para avaliar se o aumento da inflação é apenas momentânea ou se começaremos a viver uma certa inflação de demanda, além de monitorar a crise imobiliária americana", diz o executivo. "Após isso, teremos uma noção maior de qual o nível de juro real que a economia como um todo agüenta de forma sustentável."


Para o executivo, o país dificilmente terá uma situação como a de dois anos atrás, quando a inflação já estava dentro da meta e a Selic nas alturas, na faixa de 19,75%. "Chegamos ao momento de ajustes finos na economia, mesmo havendo ainda um bom espaço para o corte nos juros." Dados do Tesouro Direto de ontem mostravam as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) com vencimento em maio de 2009 eram vendidas com taxa de 6,96%, além da inflação. Esses títulos têm rentabilidade vinculada à variação do IPCA acrescida de juros definidos no momento da compra.


Números do site Fortuna mostram que, à semelhança dos fundos de renda fixa prefixados, os fundos de índices de preços também tiveram perdas de rentabilidade durante a crise. No dia 27 de junho, por exemplo, os dois maiores fundos atrelados à inflação tinham R$ 960 milhões, com 15 mil cotistas, e captação de R$ 678 milhões. A rentabilidade média dessas carteiras no ano até aquela data era de 7,35% ante 5,91% do CDI no período. De lá para cá, no entanto, os fundos do Banco do Brasil e da Caixa tiveram juntos resgates de cerca de R$ 414 milhões, com retorno médio de 0,28%, ante 2,14% do CDI no período.


O mês de setembro começou com resgates no setor de fundos, com saques de R$ 5,130 bilhões até o dia 5. A maior parte dessas saídas aconteceu, entretanto, entre os fundos classificados como poder público (de governos e municípios), com saques de R$ 2,918 bilhões. Os fundos de renda fixa que podem aplicar em papéis prefixados apresentam resgates de R$ 1,254 bilhão até o dia 5, enquanto os DI perdem R$ 909 milhões. Já os fundos de ações seguem captando, com ingresso de R$ 196 milhões no mês. Os multimercados registram resgates de R$ 318 milhões até dia 5.


Em termos de retorno, as carteiras de renda fixa pré e os DIs têm rentabilidade média de 0,12% até o dia 5, ante 0,13% do CDI. Já os multimercados rendem 0,06%. A boa notícia fica por conta dos fundos de ações, com ganho médio de 0,20% no mês para uma queda de 0,42% do Índice Bovespa no período. Não está aqui, porém, a queda do Ibovespa de ontem, de 3,51%.


No ano, até dia 5, a liderança de captação se mantêm com os multimercados, com R$ 27,576 bilhões. Os fundos de ações aparecem em seguida, com R$ 16,475 bilhões, registrando ainda as maiores rentabilidades médias no ano, de 24,74%, enquanto o Ibovespa sobe 22,34%. Os renda fixa, que podem aplicar em títulos pré, têm ingresso de R$ 4,659 bilhões, enquanto os DI perdem R$ 10,582 bilhões.

A novela pode afetar a credibilidade dos fundos de pensão?

Valor Econômico
Paulo César Chagas
11/09/2007

As brigas e tramóias de Olavo (Wagner Moura) e Taís (Alessandra Negrini) versus Daniel (Fábio Assunção) e Paula (Alessandra Negrini) - Taís e Paula são gêmeas -, além de afetar o Grupo Cavalcante, tem respingado nos fundos de pensão brasileiros. A novela Paraíso Tropical exibida pela TV Globo tem como um de seus núcleos a trama entre Olavo e Daniel, onde o primeiro tenta de todas as formas galgar o primeiro escalão do grupo, ocupado pelo segundo.


Na busca incessante pelo poder, Olavo arquitetou e concretizou a transferência de parte dos recursos financeiros do fundo de pensão criado pelo Grupo Cavalcante para uma conta no exterior, cujo titular é o Daniel. A transferência de recursos de empresa para pessoa física no exterior não é nenhuma novidade, seja em nossos telejornais, seja em nossas telenovelas.


Na vida real, no entanto, Olavo teria sucesso nesta tramóia? Conseguiria transferir recursos financeiros de um fundo de pensão brasileiro para uma pessoa física no exterior? A resposta é não.


O entendimento desta afirmativa passa por algumas explicações relativas à estruturação da informação contábil dos fundos de pensão. Também é necessário abordar a importância da qualidade e veracidade das informações disponibilizadas aos participantes dessas entidades.


A qualidade da informação contábil nasce no desenho organizacional do Ministério da Previdência Social (MPS), onde o Conselho de Gestão de Previdência Complementar (CGPC), órgão legislador do segmento de fundos de pensão, tem em seu colegiado, presidido pelo ministro da Previdência, integrantes da esfera pública e privada, onde se destacaria o assento destinado a Associação Brasileira das Entidades de Previdência Privada (Abrapp). Ainda olhando a estrutura organizacional do MPS, percebe-se a existência da Secretaria de Previdência Complementar (SPC), órgão fiscalizador do segmento.


O desenho organizacional dos fundos também exige obediência a conceitos de governança corporativa, risco operacional, conselho fiscal, "compliance", risco de crédito, risco de mercado, planejamento de investimento, planejamento atuarial, entre outros fatores.


Na ficção escrita por Gilberto Braga, Daniel, após examinar os relatórios financeiros de seu fundo de pensão, confirma o desfalque e é informado pelo advogado do Grupo Cavalcante da possibilidade de ser punido pela fraude. Esta cena nos permite alegar por hipótese que Daniel é o responsável máximo pelo fundo de pensão e o que acontece é função direta de sua gestão, de sua vontade.


Na vida real dessas entidades, no entanto, esta cena teria dificuldade de ser filmada. Primeiro pela concepção do conceito de patrimônio dos fundos de pensão, isto é, o "dinheiro" pertencente ao fundo de pensão não guarda qualquer vinculo com o patrimônio da empresa patrocinadora - no caso, o Grupo Cavalcante - e sim com os empregados desta empresa empregadora.


Entretanto, cabe examinar outro fator que também vem demonstrar as diferenças entre a vida real daquela proposta pelo autor da novela. Na vida real, os fundos de pensão têm, por força de lei, uma estrutura organizacional que permite a participação tanto do patrocinador como do participante na gestão estratégica da entidade, inviabilizando, portanto, que a informação da fraude chegasse em primeira mão ao presidente do Grupo Cavalcante e não ao Conselho Deliberativo do fundo.


À luz da legislação vigente, o Conselho Deliberativo é o órgão máximo de um fundo de pensão, e caberá a este órgão definir, registrar e enviar ao órgão fiscalizador e a seus participantes a estratégia e aderência ao planejado, com os recursos financeiros para um período máximo de 12 meses. Ou seja, mesmo considerando que o Daniel fosse o diretor-presidente do fundo de pensão, seus atos estariam limitados à estratégia proposta pelo Conselho Deliberativo.


Como na vida real, os recursos financeiros de uma entidade fechada de previdência complementar são aplicados no mercado financeiro, renda fixa, variável, etc. Por força legal, esses recursos estariam custodiados em um agente credenciado pelo mercado. O ato de transformar ativos financeiros em espécie, por si só, afetaria o planejamento, acendendo, portanto, para todo o primeiro escalão do fundo uma luz, no mínimo amarela, de que não existe aderência entre o planejado e o realizado.


A qualidade da estrutura de informação contábil do segmento fechado de previdência complementar brasileiro não se esgota com estes exemplos. Na verdade, a preocupação foi de demonstrar que, como brasileiros, somos proprietários de um dos sistemas de previdência complementar mais seguro e transparente do mundo.


Paulo César Chagas é professor de Contabilidade de Previdência Complementar da Universidade Católica de Brasília


E-mail: pchagas@unb.br


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Será que os "hedge funds" valem as taxas que cobram?

Valor Econômico
Mara Luquet
10/09/2007


Agosto colocou mais lenha na fogueira dos "hedge funds". No mercado internacional há um intenso debate sobre o custo dessas carteiras vis-à-vis o retorno que entregam. O "alpha" (que corresponde ao ganho que o gestor é capaz de produzir além da média do mercado) é a promessa feita por todo gestor de "hedge fund" e, por isso, ele cobra de seu cotista 2% ao ano de taxa de administração mais 20% de taxa de performance sobre o que exceder o ganho do mercado (estabelecido a partir de determinado ponto de referência, no Brasil, em geral é o CDI).


O problema é que este custo vem sendo questionado por estudiosos e observadores desse mercado. Na avaliação desse grupo, o "alpha" não está sendo entregue. As perdas espetaculares ocorridas nas carteiras de muitos "hedge funds" com o aumento da volatilidade (oscilação dos preços) dos mercados no mês passado tiraram um pouco mais do encanto do "alpha".


Esperava-se que os gestores de "hedge funds" fossem capazes de manter seus clientes a salvo da queda geral dos mercados impulsionada pela crise nas hipotecas americanas. No entanto, foram muitos os gestores que tiveram que pedir desculpas a seus clientes. Dados da consultoria americana Hedge Fund Research, com base em Chicago, mostram que as perdas nas carteiras dos "hedge funds" ocorreram em praticamente todas as categorias desses fundos.


Qualquer que fosse a estratégia, ela falhou na hora de manter os cotistas fora da onda de destruição de riqueza que se observou no mês passado. Em agosto, a média das perdas ficou em 3,2%, o pior mês desde novembro de 2000, quando os "hedge funds" perderam 3,5%.


Com isso, reverbera o coro daqueles analistas que vêm mostrando que esta é uma aplicação boa para os gestores. Já para seus cotistas, nem tanto. A principal crítica é o custo, as taxas cobradas que representam receita para o gestor e saem do bolso dos cotistas.


"Nós também achamos que o investidor está pagando muito caro pelo 'alpha'", diz Roger Wright, sócio do escritório de aconselhamento financeiro Arsenal Investimentos, ex-sócio de Jorge Paulo Lemann no lendário banco de investimentos Garantia (vendido para o Credit Suisse nos anos 90) e um talento reconhecido no mercado financeiro. "O segmento que estava produzindo mais 'alpha' foi o mais afetado", acrescenta. Os "hedge funds" em geral, diz Wright, buscavam cada vez mais arbitrar ativos mais exóticos.


O último ano em que os gestores de "hedge funds" conseguiram entregar o "alpha" foi em 2002, na avaliação de especialistas. Wright concorda. Estudos recentes mostram que os ganhos das carteiras de "hedge funds" internacionais foram proporcionados pelo "beta", a segunda letra do alfabeto grego que empresta o nome ao mercado financeiro para designar os ganhos "direcionais", ou seja, que seguem uma tendência do mercado. E os mercados nos últimos anos estiveram em franca ascensão, por isso não foi necessário muito esforço para embolsar os ganhos.


Portanto, os observadores desse mercado dizem que os cotistas de "hedge funds" pagaram caro pelo retorno que teriam mesmo se estivessem em fundos mais baratos. É claro que sempre há aqueles que conseguem entregar o "alpha", mas eles são poucos e encontrá-los não é uma tarefa simples. "Está muito difícil buscar 'alpha' lá fora e o que ocorre é que um gestor arbitra o outro", diz Wright.


A indústria de "hedge funds" teve um crescimento explosivo nos últimos anos. O patrimônio sob gestão nessas carteiras, que chegava a US$ 15 bilhões no início dos anos 90, está em mais de US$ 1 trilhão. São cerca de 8 mil fundos espalhados pelo mundo e estudos mostram que apenas 20% deles são capazes de produzir ganhos que justifiquem os custos cobrados.


Por isso, se você não se acha capaz de encontrar esse seleto grupo de gestores que são capazes de lhe entregar o "alpha" prometido, o melhor é buscar ajuda com consultores especializados ou manter-se nos veículos tradicionais de investimento. Para fazer uma alocação eficiente, ou seja, aquela que lhe permite o maior ganho ao menor risco, é necessário pesquisa e trabalho duro. Mesmo quem está acostumado aos sinuosos caminhos do mercado financeiro não dispensa a pesquisa. "Aqui nós só trabalhamos com processos", diz Wright. O ponto de partida dos trabalhos da Arsenal, segundo ele, é uma extensa série histórica que permite seu time mapear os mercados.


Mara Luquet é editora da revista ValorInveste e autora do livro O Assunto é Dinheiro, escrito em parceria com o jornalista Carlos Alberto Sardenberg


E-mail mara.luquet@valor.com.br

Dividir para multiplicar

Valor Econômico
Por Daniele Camba
10/09/2007


À primeira vista, a compra do grupo Ipiranga pela Ultrapar, Petrobras e Braskem e a da Suzano Petroquímica pela Petrobras são apenas duas grandes aquisições sem grandes diferenças. Mas por que as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Ipiranga não reagiram ao negócio, enquanto que as PNs da Suzano subiram mais de 70% nas 48 horas após o anúncio da operação? A resposta é simples: o fato de a Suzano dar aos donos de PNs o direito de receber 80% do valor pago aos controladores em caso de venda da companhia, o "tag along", ao passo que a Ipiranga não oferecia o benefício.


Esse é um exemplo prático de como o tag along pode fazer diferença no mercado de capitais. Os investidores já perceberam isso e preferem comprar ações de empresas que adotam esse tipo de prática. É o que mostra a dissertação de mestrado defendida por Júlia Elias Nicolau no Instituto Coppead, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo revela que as ações de empresas com um "tag along" maior que o obrigatório por lei são mais valorizadas.


Pela Lei das Sociedades Anônimas (S.A.), as companhias precisam oferecer "tag along" mínimo de 80% para as ações ordinárias (ON, com direito a voto). Já para as PNs, a lei não obriga nenhum percentual. Júlia analisou, entre 2002 e 2005, 75 empresas que concedem algum tipo de "tag along" adicional, mais de 80% para as ON e qualquer percentual para as PNs, por menor que ele seja. A conclusão é que as ações dessas companhias se valorizaram mais do que os papéis de outras empresas no mesmo período. "O investidor já sabe que esse benefício extra significa que ele também terá ganhos junto com o controlador na hora da empresa ser vendida, portanto, prefere as ações com esses direitos, fazendo com que elas subam mais do que outras", diz Júlia.


Pelos cálculos do orientador de Júlia na pesquisa e professor do Coppead, André Carvalhal, nesses quatro anos analisados, as ações ordinárias de companhias que concedem "tag along" maior tiveram uma valorização adicional média de 60%, enquanto que, nas preferenciais, o ganho extra foi ainda maior, de 78%.


"Para cada R$ 1 que a ação ON de uma empresa sobe, a ON de uma companhia com 'tag along' adicional sobe R$ 1,60 e, no caso das PNs, R$ 1,78, é um ganho surpreendente no bolso do investidor", diz Carvalhal. A valorização é maior nas preferenciais porque pela lei elas não têm direito a "tag along". Portanto, quando recebem qualquer pedacinho desse benefício, o efeito em seus preços é muito maior. "Geralmente as preferenciais são negociadas com um desconto porque os investidores sabem que numa eventual venda da companhia eles não levam nada", diz Júlia. Esse desconto passou a existir a partir de 2001, quando a nova Lei das S.A. trouxe de volta o "tag along" de 80% para as ordinárias. Até então, as PNs freqüentemente valiam mais do que as ONs por possuírem uma liquidez bem maior.


O "tag along" adicional agrega, inclusive, liquidez para as ações, mas não para todas. O trabalho de Júlia revela que o benefício extra aumenta a liquidez das ordinárias. Mas não mexe nas preferenciais. Os cálculos do professor Carvalhal vão nessa linha e mostram que o nível de liquidez das ON praticamente triplica, aumentando, em média, em 181%. "Como boa parte das ONs está nas mãos dos controladores, elas historicamente são pouco negociadas e qualquer vantagem a mais é suficiente para aumentar muito essa liquidez", afirma Carvalhal. Assim como o "tag along", a enxurrada de aberturas de capital no Novo Mercado, ambiente da Bovespa no qual as empresas só podem ter ONs, também contribuiu para o acréscimo de liquidez desses papéis, uma vez que os investidores passaram a preferir essas companhias com melhor governança corporativa.


Já nas ações preferenciais, a concessão do "tag along" não aumenta a liquidez, revela a pesquisa, exatamente por já serem altamente líquidas, argumenta Júlia.


Além da valorização e liquidez, o trabalho detectou também se o "tag along" adicional contribui para reduzir a volatilidade dos papéis. O que se constatou é que o benefício não mexe uma vírgula no nível de oscilação, tanto de ordinárias quanto de preferenciais. "Isso me surpreendeu, esperava que, com esse direito, os investidores optassem por ficar muito mais tempo com as ações, diminuindo o sobe-e-desce delas", afirma Júlia.


Para o professor Carvalhal, o fato de a volatilidade dos mercados de países emergentes, especialmente o do Brasil, ter caído ao longo dos anos impede que outros elementos tenham um efeito significativo sobre as oscilações. Fernando Tendolini, da Fator Administração de Recursos e gestor dos fundos Sinergia voltados à governança corporativa, acredita que a volatilidade tem muito mais a ver com fatores como o setor da companhia e a situação da economia local e internacional do que com a adoção de boas práticas.


Comprar ações de empresas que concedem "tag along" adicional não é garantia de ganhos maiores. A valorização depende muito do quão provável é ocorrer uma troca de controle na companhia. "O 'tag along' é muito mais valioso numa Telemar ou na Brasil Telecom do que na Petrobras", exemplifica Tendolini. Companhias familiares, aquelas com brigas entre os sócios e as de setores em franca consolidação são as que teriam maior valorização de suas ações em virtude do "tag along". "Esse direito cai como uma luva em setores como telefonia, imobiliário, software e alimentos, todos que nitidamente passarão por uma fase de fusões e aquisições", diz o gestor.


Muitas vezes, o fato de a companhia não ir um passo além do "tag along" exigido por lei se reflete na enorme valorização de suas ONs em detrimento das PNs. Um caso clássico, na visão de um analista, é o do Unibanco, o único dos três maiores bancos privados do país que não oferece "tag along" extra. As ONs valem cerca de 150% mais do que as PNs.


O fato de o investidor atribuir tanto valor ao "tag along" não é necessariamente uma boa notícia. Para o professor da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em governança Alexandre Di Miceli, isso mostra que ele ainda teme ser prejudicado, por isso valoriza a proteção. "Quanto maior o valor que se dá a esse benefício, maiores as chances de o controlador levar vantagem sobre os minoritários", diz. Prova disso é que o "tag along" é bem menos relevante em países escandinavos, onde a governança é maior, do que em países como Brasil, Itália, Coréia do Sul e Rússia, onde as boas práticas ainda estão avançando. "Não faltam controladores que acham que a sua função é expropriar os minoritários", afirma o professor. Não é à toa que na Rússia, por exemplo, as ações dos controladores valem cerca de 1.000% mais que a dos minoritários, diz.

Metade dos planos investe em cotas de multimercado

Valor Econômico
Fernando Travaglini
10/09/2007


Os fundos de pensão devem repetir neste ano o bom desempenho que apresentaram em termos de rentabilidade no ano passado. Estudo da consultoria RiskOffice mostra que praticamente todas as entidades já atingiram a meta anual até julho, com rentabilidade média acumulada de 10,08%.


O levantamento, que levou em conta 145 planos, mostra ainda que boa parte desse resultado se deve à ampliação dos investimentos em renda variável. O caminho preferencial tem sido os fundos multimercado. Mais da metade deles (51%) já investe em fundos multimercado, com alocação média dos recursos garantidores em 22%.


"Os fundos de pensão estão reduzindo a parcela atrelada ao CDI e tomando mais riscos", avalia o sócio-diretor da consultoria, Fernando Lovisotto.


Nem mesmo a recente turbulência internacional, provocada por uma alta na inadimplência no mercado de crédito imobiliário de segunda linha nos Estados Unidos, reduziu essa tendência, diz Lovisotto. "Em agosto, enquanto o rendimento da Bovespa foi nulo, muitos fundos tiveram ganhos de até 10%".


A queda nas taxas de juros contribui para essa migração. Há dois anos o Banco Central mantém a distensão da política monetária. Nesse período, a taxa básica de juros caiu de 19,75%, em setembro de 2005, para os atuais 11,25%. Com isso, o rendimento real dos títulos públicos começa a ficar próximo das metas dos fundos de pensão (na faixa de 6% mais a variação de algum índice inflacionário).


Lovisotto estima que até o fim do próximo ano os fundos devem elevar a parcela de ações de 16% para 30%. Ele lembra ainda que muitos títulos que estão nas carteiras das fundações (que somam quase R$ 30 bilhões) vencem entre 2008 e 2009. "Isso depende da velocidade da queda dos juros", pondera.


Os bons resultados não são fruto apenas dos investimentos em ações. Em recente entrevista ao Valor, o presidente da Fundação Real Grandeza, fundo de pensão dos funcionários de Furnas, Sérgio Wilson Fontes, avaliou que o primeiro semestre foi o melhor da história da entidade, com 15,73% de ganhos. Apesar de a bolsa ter tido bom desempenho, o ganho foi puxado pela renda fixa, disse o diretor.


Os títulos de longo prazo atrelados aos índices de inflação, principalmente NTN-B, ajudaram a carteira de renda fixa a ter variação positiva de 14,99%.


Com o resultado total obtido, a fundação alcançou um superávit acumulado de R$ 1,2 bilhão e tem agora um ativo líquido de R$ 6,5 bilhões. Segundo Fontes, a fundação conseguiu bater com folga a meta atuarial, fixada em INPC mais 6%, que foi de 5,2% no semestre, e também o CDI, que variou 6% no período.


Outros fundos também tiveram boa rentabilidade em renda fixa, como a Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal, cujo ganho foi de 11,06% com títulos, e a Fundação Eletrobrás de Seguridade Social (Eletros), com 11,34% de rentabilidade na renda fixa no primeiro semestre.


Além disso, os investimentos em fundos enfrentam algumas resistências. Em maio, o Conselho Monetário Nacional (Resolução 3456) autorizou a alocação de até 3% dos ativos dos fundos de pensão em fundos multimercado que realizem day-trade (operação de compra e venda no mesmo dia) e que fiquem alavancados. Problemas na cobrança desses fundos multimercado, no entanto, como a taxa de performance vinculada ao CDI, têm limitado a alocação neste tipo de investimento.


Outra possibilidade de investimento são as debêntures. Lovisotto acredita que as dificuldades de captação por parte das empresas no mercado externo devido à crise de liquidez pode estimular o mercado de emissão de dívida no mercado interno e que os fundos de pensão estão de olho nesse mercado. Ele ressalta, no entanto, que para os fundos o ideal é que a correção dos papéis seja pelo IPCA, devido à trajetória de queda da Selic.
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