sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Investidores pacientes tem melhor resultado nos IPOs

Valor Econômico

07/01/2011

O mercado de ações premiou os pacientes e puniu os apressados. Foi o que ocorreu com os investidores que compraram ações nas ofertas iniciais (IPOs). Quem adquiriu os papeis na expectativa de vendê-los no primeiro dia de negociação se deu mal e quem esperou até o fim do ano teve lucro elevado. Dos 11 IPOs de 2010, cinco caíram na estreia, três ficaram estáveis, um subiu pouco mais de 1 % e só dois tiveram altas imediatas. Num prazo maior, até 31 de dezembro, só um decepcionou, a OSX, que caiu 39,63% em relação ao lançamento. Os demais tiveram altas entre 6% e 113%.
Um bom "exemplo de premiação aos pacientes foi a ofert a da Multiplus, que administra o programa de fidelidade da TAM. O início, em 4 de fevereiro, foi desanimador. O preço da ação baixou até 12% durante o pregão e encerrou o primeiro dia em queda de 0,96%. Apesar do tropeço inicial, o papel encerrou o ano em alta de 113,41%, o melhor desempenho entre todos os IPOs do ano passado.

 
 

Paciência premiada
Por Antonio Perez, de São Paulo

Os IPOs voltaram a dar alegrias aos investidores no ano passado, com ganhos de até 113%. Mas não logo no primeiro dia, como na euforia que marcou o mercado nos anos de 2006 e 2007. Quem aderiu às ofertas na expectativa de vender as ações com lucro no primeiro dia de negócios - os chamados "flippers" - se deu mal. Já o investidor que comprou as ações com um horizonte de investimento mais longo, como recomendam os analistas, não tem do que reclamar.

Dos 11 IPOs de 2010, cinco caíram na estreia, três ficaram estáveis e um subiu pouco mais que 1%. As exceções foram as duas últimas ofertas do ano: a rede de seguradoras BR Insurance, em novembro, com alta de 27,4% no primeiro dia, e a Droga Raia, em 20 de dezembro, que subiu 8,75%. O pior desempenho foi da OSX, vendida pelo bilionário proprietário do grupo EBX, Eike Batista, como a "Embraer dos mares". O papel tombou 12,5% no primeiro pregão e fechou 2010 com queda de 39,63%.

Um bom exemplo de que os IPOs premiaram os investidores que apostaram no longo prazo foi a oferta da Multiplus, empresa que administra o programa de fidelidade da companhia área TAM. O início, contudo, foi desanimador, com a ação encerrando o primeiro dia de negociação na bolsa em queda de 0,96%, após ter recuado mais de 12% durante o pregão.

Os problemas com o papel da Multiplus começaram antes mesmo da estreia. Para pôr a oferta na rua, a empresa teve que reduzir o preço do intervalo inicialmente sugerido, de R$ 18 a R$ 24, para R$ 16. Ou seja, a procura pelo papel foi menor que a esperada, obrigando a companhia a diminuir o preço de venda. E todo mundo que quis comprar o papel na oferta conseguiu. Resultado: na estreia no pregão, não havia número suficiente de compradores para fazer o papel subir.

Apesar do tropeção inicial, a ação fechou o ano com valorização de 113,41%, o melhor desempenho entre todos os IPOs do ano passado. No mesmo período, o Índice Bovespa subiu apenas 8,40%. "A Multiplus era uma coisa totalmente nova, com um modelo de negócio pouco conhecido, e era natural que os investidores pedissem desconto para entrar na oferta", afirma Ivan Guetta, gestor de renda variável da GAP Asset Management.

Embora tivesse um impressão positiva sobre a Multiplus, Guetta, até pelo ineditismo do negócio, preferiu não comprar a ação durante a oferta. Depois da divulgação dos primeiros resultados da companhia, contudo, o gestor se sentiu confortável para investir nos papéis. "Pagamos um pouco mais caro do que na oferta, mas com base em uma análise mais detalhada do negócio", afirma Guetta. "Carregamos os papéis por um bom tempo e depois vendemos a maioria, deixando apenas uma pequena posição na carteira".

Entre os papéis lançados em 2010, Guetta comprou também as ações da Mills, companhia que fornece serviços para obras de construção civil. Diferentemente do caso da Multiplus, a opção foi adquirir as ações logo na oferta, realizada em abril do ano passado.

O que atraiu a GAP foi o preço da ação, considerado atrativo pelo potencial de ganhos da empresa, cujo negócio é beneficiado diretamente pelo boom de investimentos em infraestrutura. Para conseguir realizar sua oferta, porém, a Mills teve que vender as ações a R$ 11,50, piso mínimo da faixa estimada no prospecto, que tinha como teto R$ 15,50. "Quando a oferta foi anunciada, pensamos que a demanda dos estrangeiros seria muito grande, já que estava ligada à infraestrutura", conta Guetta. "Mas o momento do mercado não era bom, e o papel acabou saindo num preço atraente", acrescenta.

A perspectiva era permanecer com a ação em carteira por pelo menos um ano, mas a rápida valorização da ação fez com que Guetta optasse por realizar os lucros. "Vendemos quando a ação bateu em R$ 17 (em outubro, registrando alta de 47,8% em relação ao preço da oferta), pois já tínhamos atingido nosso objetivo", afirma.

A ação da Mills, que subiu apenas 1,21% no pregão de estreia, fechou o ano com valorização de 81%, na casa dos R$ 20, o segundo melhor desempenho entre todos os IPOs de 2010, batendo de longe o Ibovespa no mesmo período (queda de 1,73%). Mais uma vez, quem sucumbiu à tentação do ganho rápido perdeu uma excelente oportunidade.

Quando não há um ambiente de euforia dos mercados, como o que se viu em 2007, só consegue bons resultados com IPOs quem tem capacidade de análise da empresa e visão estratégica, diz Elsen Carvalho, sócio da gestora independenteInvestidor Profissional(IP). "Em um cenário normal, a visão de curto prazo em IPO é quase sempre perdedora", afirma ele.

Carvalho participou do primeiro IPO de 2010, realizado em janeiro pela Aliansce, empresa que administra shopping centers. "Avaliamos que era uma empresa com um bom modelo de negócios e que se beneficiaria da expansão do mercado interno", afirma ele. "Além disso, como o mercado não estava em clima de euforia, o preço foi atraente".

Como no caso da Multiplus, o investidor ditou o preço da oferta. A ação saiu a R$ 9, abaixo do piso do intervalo de preço inicialmente sugerido, entre R$ 10 e R$ 13. Mesmo assim, o papel caiu 2,55% no pregão de estreia. No fim de 2010, contudo, a ação da Aliansce subia 53,02%. "Continuamos gostando do papel", diz Carvalho. "O IPO tem que ser visto como o primeiro passo do investimento em uma empresa, e não como uma aposta de curto prazo".

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

CDB e Tesouro Direto lideram as recomendações de investimento para 2011

O Estado de São Paulo

03/01/2011

CDB deverá demonstrar rentabilidades atrativas a partir do segundo trimestre; Tesouro pagará melhor do que a tradicional poupança

Roberta Scrivano e Luiz Guilherme Gerbelli

Começar a investir no novo ano é uma boa alternativa para quem quer incrementar os valores poupados. Com a entrada da nova equipe econômica no governo federal, ocorrerão algumas mudanças no cenário macroeconômico nacional. Os ânimos mais amenos no mercado internacional também trarão movimentos importantes que podem impactar nas aplicações.


Especialistas pontuam como muito relevante a quase certa alta na taxa básica de juros (Selic) no novo ano. "A expectativa é que o governo dê um tranco na economia", comenta Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper (ex-Ibmec). O objetivo principal da alta no juro é o controle da inflação.

Por outro lado, o aumento do déficit em conta corrente nacional poderá desvalorizar o real diante do dólar (leia mais na página B6), o que torna os investimentos em câmbio mais atrativos.

Além disso, há todo o pacote pré-sal, Copa do Mundo e Olimpíada, que devem movimentar com mais força o mercado durante 2011.

Abaixo está a avaliação de especialistas para o desempenho dos principais investimentos para 2011.

CDB. Rodrigo Caparica, diretor do Banco Prosper, aposta que o CDB será o melhor investimento em 2011. Ele explica que os bancos precisarão captar mais dinheiro por meio do CDB neste ano por causa do menor nível dos compulsórios.

"Então, os bancos terão de pagar mais rentabilidade para atrair novos investidores aos CDBs", comenta. Esse movimento, no entanto, deve ser notado a partir do segundo trimestre do ano.

Ele sugere que o investidor procure CDBs pós-fixados, já que há tendência de aumento nos juros.

Mauro Calil, consultor e educador financeiro, considera essa modalidade muito vantajosa já no início do ano para volumes superiores a R$ 50 mil. "Mas o prazo mínimo deve ser de 12 meses", recomenda o educador.

Poupança e fundos RF e DI. Se a inflação continuar subindo e se as medidas de aperto monetário não surtirem efeito, a caderneta não é o investimento mais recomendado para o novo ano. "Sempre acho a poupança um bom negócio para quem está iniciando o processo de guardar dinheiro", pondera Rocha do Insper.

Calil salienta que se a inflação subir acima dos 4,5%, fundos de renda fixa tornam-se mais atrativos que a poupança.

Se a opção for o fundo, o especialista salienta que é preciso atenção às taxas de administração cobradas sobre o investimento. Ou a rentabilidade será menor que a esperada. "A taxa de administração acima de 1% corrói a rentabilidade. Tem de tomar cuidado. Para um valor acima de R$ 50 mil, pode ser melhor um CDB bem negociado", recomenda.

Buscar fundos pós-fixados são a recomendação de Edson Franco, superintendente executivo de investimentos do Banco Santander. "Tanto em fundos de renda fixa, quanto nos DIs e CDBs essa é a recomendação. Isso porque há tendência de aumento do juro", detalha.

Tesouro Direto. Os títulos do Tesouro Direto têm sido cada vez mais recomendados por especialistas em investimentos. "São uma boa alternativa em substituição à poupança, por exemplo", sugere Fábio Colombo, administrador de investimentos. Ele salienta, no entanto, que é preciso ter atenção aos prazos dos títulos.

Fábio Gallo, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), lembra também que liquidez não é problema nessa modalidade.

"O ideal é deixar até o vencimento. Mas, se for necessário fazer o resgate antes, normalmente há liquidez", comenta. "Sempre que sobrar um dinheiro, o cidadão deveria pensar no Tesouro Direto. As taxas são muito boas", emenda Calil.

Multimercado. Quando o assunto é fundo multimercado, os especialistas em investimento sempre fazem diversas ressalvas. Para Rocha, do Insper, por exemplo, há muitas incertezas nessa modalidade. "Acaba sendo interessante só para quem quer ir à bolsa, mas não tem tempo de selecionar as melhores ações", detalha.

A recomendação antes de escolher em qual fundo aplicar é olhar o patrimônio líquido total, analisar a classificação de risco (se é moderado, agressivo ou conservador), verificar quem é o gestor e quais os resultados obtidos no passado.

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