sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Entidades do consumidor pedem cautela sobre TV digital

Folha de São Paulo - 30/11/2007

DA REDAÇÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


A TV digital aberta estréia neste domingo, mas os consumidores ainda têm dúvidas sobre a nova tecnologia. Por isso, o Idec (instituto de defesa do consumidor) e a Pro Teste (associação de defesa do consumidor) aconselham a esperar para comprar TVs ou conversores digitais. Para o Procon-SP, o consumidor deve decidir, mas tem de estar bem informado.
A falta de informação sobre restrições que a TV digital terá no lançamento, como a de interatividade, é o maior problema, para a Pro Teste.
Segundo Carlos Coscarelli, do Procon, o órgão vai monitorar as vendas dos equipamento e verificará os dados que constam no manual de instruções e e as informações dadas pelos vendedores.
Outra preocupação do consumidor deve ser com as chamadas "áreas de sombra": onde o sinal analógico pega mal, o digital deve ter o mesmo problema. Para Coscarelli, o consumidor deve testar o produto em casa e, se houver problema, pode devolvê-lo. "É como adquirir internet onde não há acesso", diz a coordenadora da Pro Teste, Maria Inês Dolci.
Luiz Moncau, do Idec, diz que "há grande chance" de o consumidor levar produto inferior a sua expectativa.
"Tem de ter propaganda, informação clara, para o consumidor não ser enganado", diz Dolci. Ela criticou o ministro Hélio Costa (Comunicações). "Por que ele deixou para falar na última hora que não haverá interatividade?"
A Pro Teste pretende acompanhar os comerciais dos produtos e verificar se as restrições da TV digital estão sendo repassadas adequadamente ou se as fabricantes estão fazendo propaganda enganosa.
(TATIANA RESENDE e SIMONE CUNHA)

ICMS devolvido será pequeno para população

Valor Econômico
Marta Watanabe
30/11/2007



Anna Carolina Negri / Valor

Pedro Cesar da Silva, da ASPR Auditoria: retorno maior em restaurantes
A Nota Fiscal Paulista, programa do governo de São Paulo que pretende promover o pedido de nota fiscal por meio de vantagens oferecidas aos consumidores, pode decepcionar quem já está fazendo as contas levando em consideração a devolução de parte dos 18% pagos nas compras, na regra geral, a título de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).


O governo divulga que restituirá 30% do imposto recolhido pelo estabelecimento varejista. Nem todo mundo sabe, porém, que o imposto recolhido pelo varejista está muito aquém do total de ICMS que o contribuinte paga sobre as mercadorias compradas. Em uma compra de supermercado de R$ 350,00, por exemplo, o consumidor arca com um ICMS de R$ 47,70. O cálculo leva em consideração uma alíquota média de 12%, já que o carrinho do supermercado pode incluir também produtos incentivados que possuem alíquotas bem menores do que os 18% da regra geral do imposto.


Pelos cálculos da ASPR Auditoria e Consultoria, o crédito do contribuinte está bem aquém dos R$ 14,31 que correspondem aos 30% do ICMS de R$ 47,70. O crédito deverá ficar em torno de R$ 2,59. O estudo é uma estimativa e levou em consideração o faturamento e recolhimento de ICMS real de uma rede de supermercados.


A simulação da ASPR mostra que quem faz uma refeição de R$ 20 poderá ter um crédito de R$ 0,19. "Nesse caso, o programa poderá ser mais vantajoso vendo o consumo total de um mês", diz Pedro César da Silva, sócio da consultoria. Se ele fizer 22 refeições em um mês de R$ 20 cada, terá um volume de créditos de R$ 4,15 nos 30 dias. Em um ano, serão R$ 49,80.


O consultor lembra que compras grandes não garantem um crédito proporcionalmente maior da nota paulista. Quem acha que comprar um veículo pode garantir volume maior de créditos, por exemplo, está enganado. Um veículo de R$ 40 mil concede devolução de R$ 0,40. Bem longe dos R$ 5,45 mil de ICMS de 12% que os veículos pagam em São Paulo.


A discrepância entre o valor da mercadoria, do imposto pago e do crédito que será devolvido pode ser explicada pela forma como é calculado o ICMS. O contribuinte desse imposto é, sem dúvida, o consumidor final. Mas grande parte dele não é recolhido na operação de venda ao consumidor final, mas sim em etapas anteriores, distribuído em toda a cadeia não só de comercialização como também da fabricação de produtos. Por esse motivo, a devolução de 30% do ICMS recolhido pelo varejista fica bem aquém dos 30% pagos de imposto pelo consumidor final.


Os supermercados, que vendem e revendem as mercadorias sem agregar valores, por exemplo, recolhem, na prática, ICMS sobre valores próximos às suas margens e não sobre o valor total do produto.


No caso do veículo a discrepância é maior, porque o ICMS sobre carros está submetido à chamada substituição tributária. Isso significa que o veículo tem seu ICMS antecipado pela montadora. É ela que recolhe o imposto com base em um preço estimado de venda no varejo. A concessionária de veículos somente recolherá o imposto caso o preço de venda ao consumidor final esteja acima do que serviu como base pelo fabricante.


Silva explica que em função disso uma concessionária de veículos pode, num ano, faturar R$ 60 milhões e recolher apenas R$ 2 mil em ICMS à Fazenda Estadual. "Acontecerá uma distorção muito grande entre o crédito da nota fiscal paulista e o valor pago em impostos na aquisição do veículo, o que pode parecer injusto para o comprador." Silva lembra que os combustíveis, outro gasto que costuma ser freqüente para muitos consumidores, também têm o ICMS recolhido por substituição tributária, o que deverá garantir um crédito também pequeno.


A Fazenda de São Paulo confirma que produtos sujeitos à substituição tributária, como veículos e combustíveis, não geram recolhimento de ICMS pelo varejo, pois o imposto já foi pago por outros elos da cadeia produtiva. A secretária, diz, porém, que mesmo assim o consumidor terá créditos, porque peças e acessórios vendidos por uma concessionária, ou as mercadorias de loja de conveniência de um posto de gasolina, por exemplo, geram imposto (ICMS) a recolher. "O crédito tende a ser muito pequeno, já que a venda da loja de conveniência representa pouco das operações totais de um posto de gasolina", analisa Silva. O crédito de ICMS, lembra, leva em consideração o imposto recolhido pelo varejista e a proporção da aquisição do consumidor final em relação ao total de vendas do varejista.


O consultor lembra que o consumidor ainda corre o risco de não receber nenhum crédito pela compra. Isso porque os varejistas pagam o ICMS por um sistema de débitos e créditos do imposto. Por esse cálculo, o varejista calcula o ICMS devido depois de se creditar do imposto pago na mercadoria que irá vender. "Às vezes, o varejista adquiriu muito estoque em determinado período, o que pode dar origem a um volume de crédito maior do que o total de débitos. Nesse caso, não terá imposto a recolher e o consumidor não receberá nenhum crédito." Outra hipótese do consumidor ficar sem crédito é no caso de inadimplência. "Se o varejista atrasar por mais de dois meses o recolhimento do ICMS, o consumidor perde o crédito."


O consumo em alguns segmentos, porém, dá mais certeza de crédito. É o caso do fornecimento dos restaurantes, que não usam o sistema de débito e crédito sobre as refeições fornecidas. O ICMS é calculado em 3,2% do faturamento. Portanto, é um segmento que deve manter um recolhimento de imposto mais regular do imposto.


O programa da nota fiscal paulista entrou em operação desde outubro. Por enquanto, apenas restaurantes, padarias, bares e lanchonetes fornecem a nota já relacionada ao CPF do consumidor final. A partir de dezembro, entram os segmentos de saúde, esporte e lazer, no qual se incluem os brinquedos. O cronograma, que inclui também os supermercados, segue até maio de 2008.


Para quem acha que o incentivo em termos de crédito é pequeno, a Fazenda lembra que a cada R$ 100 em compras o consumidor poderá concorrer a sorteios. Nesse caso, a disputa será com mais de 10 milhões de pessoas, como é estimada a população economicamente ativa somente na região metropolitana de São Paulo.

Bovespa HLD faz escola e BM&F deve ser a vedete de hoje

Valor Econômico
Daniele Camba
30/11/2007



As ações da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) começam a ser negociadas hoje com muita expectativa. Os analistas acreditam que a procura pelo papel na sua estréia deve ser gigantesca, até pelo rigoroso rateio que ocorreu para as pessoas físicas. Se a BM&F seguir os passos da oferta da Bovespa Holding, a possibilidade de um sucesso na estréia é ainda maior. Excluindo o primeiro dia de negociação, que foi um estouro com volume de R$ 5 bilhões, as ações ordinárias (ON, com voto) da Bovespa HLD estão negociando, em média, R$ 222,3 milhões ao dia. Elas perdem apenas para as duas vedetes do pregão: as preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras, que negociaram uma média de R$ 1,1 bilhão ao dia e as PNAs da Vale do Rio Doce, movimentando R$ 674, 5 milhões.



Se as ações da Bovespa HLD mantiverem esse nível de negociação pelos próximos 12 meses, elas podem entrar no Índice Bovespa que valerá entre setembro e dezembro de 2008 com uma participação de 2%, disse o diretor financeiro da Bovespa HLD, Francisco Carlos Gomes, na primeira apresentação da bolsa após ter aberto o capital. Esse percentual pode parecer pequeno, mas é maior do que várias empresas que estão no índice há mais tempo. Como por exemplo, AmBev PN, Banco do Brasil ON e Telemar ON. À medida que as ações da Bovespa HLD ingressarem no Ibovespa devem ganhar ainda mais liquidez, uma vez que muitos investidores replicam a carteira do indicador. Em apenas um mês, o interesse pelos papéis da bolsa foi tanto que já se negociou o valor equivalente aos 40,8% do seu capital que estão disponíveis no mercado. Os analistas acreditam que as ações da BM&F também devem negociar muito no início, podendo pleitear uma vaga no Ibovespa. Apesar disso, as ações das bolsas precisam comer muito arroz e feijão para um dia ameaçarem o lugar de gigantes como Vale e Petrobras dentro do índice, alerta um analista.


O sentimento dos investidores pessoas físicas ontem com a oferta da BM&F era de decepção, já que levaram R$ 1.820, independente do quanto tenham reservado pelo papel, limitado a R$ 300 mil por CPF. Havia também um sentimento de revolta por parte de alguns por terem levado menos que os funcionários das corretoras, que conseguiram comprar até R$ 5 mil. O que se espera é que eles comprem hoje no pregão o que não conseguiram na oferta, provocando uma avalanche de negócios até maior daquela que se viu na estréia da Bovespa HLD. "Eu tenho autorização de vários clientes de comprar tudo que puder até R$ 24", diz o diretor de uma corretora. Isso representaria, de largada, uma alta de 20% ante a venda das ações a R$ 20 na oferta. As corretoras temem que a procura sobrecarregue seus sistemas de home broker (de negociação via internet), o que chegou a acontecer na estréia da Bovespa HLD. Na ocasião, algumas corretoras tiveram de atender as ordens de clientes por telefone e as cotações da Bovespa HLD chegavam com até um minuto de atraso.


Sob nova direção


O mercado recebeu bem a notícia de que Marco Antonio Bologna, até então presidente da TAM, será substituído pelo comandante David Barioni Neto. As ações PN da empresa subiram 0,95%. O analista da Fator Corretora, Eduardo Puzziello, disse em relatório que a mudança é positiva, uma vez que a imagem de Bologna estava bastante desgastada, especialmente após o acidente de julho. Além disso, Barioni é muito bem visto pelo mercado pela serenidade e experiência que acumulou à frente da área técnica da concorrente Gol, completa Puzziello. O Ibovespa subiu ontem 0,72% fechando em 62.156 pontos.


Daniele Camba é repórter de Investimentos


E-mail: daniele.camba@valor.com.br

Na carona das bolsas

Valor Econômico
Por Adriana Cotias, de São Paulo
30/11/2007


Com o interesse estrondoso da pessoa física nas ofertas iniciais (IPO, na sigla em inglês) da Bovespa Holding, e, particularmente, da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), a nova venda de papéis do Banco do Brasil (BB) não poderia vir em melhor hora. Com uma operação totalmente voltada para o varejo, com até 80% das ações endereçadas para esse público, a instituição financeira pega carona no crescente apetite do pequeno investidor pelo mercado acionário. O rateio no lançamento da BM&F escancarou tal disposição. Cada aplicador levou apenas 91 ações, o equivalente a R$ 1,82 mil, o que, segundo cálculos do Valor baseados nos critérios da distribuição, representa uma participação mínima de 284 mil CPFs, 91% da base ativa da bolsa. É um número que supera em larga escala a quantidade de participantes no IPO da Bovespa, que atraiu 63,9 mil investidores e já tinha sido um recorde de bilheteria.


É nesse clima de euforia que chega a oferta do BB, toda secundária, de papéis pertencentes a BNDESPar e Caixa de Previdência dos funcionários do Banco do Brasil (Previ). À venda, foram colocadas, inicialmente, 87,217 milhões ações ordinárias (ON, com voto), numa oferta que, com os lotes extras, pode alcançar os R$ 3,3 bilhões. As reservas começam hoje e se estendem até 11 de dezembro.


O candidato às ações poderá comprá-las por intermédio de uma corretora, em aquisições a partir de R$ 1 mil, ou por meio de fundos de ações, que aceitarão aplicações a partir de R$ 200,00. As carteiras serão especialmente estruturadas para a operação e distribuídas pela rede bancária, a exemplo das edições do fundo Papéis Índice Brasil Bovespa (PIBB) e das ofertas de Vale do Rio Doce e Petrobras, com recursos do FGTS. O próprio BB e o Santander já têm fundos específicos registrados na na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), enquanto Itaú e Bradesco vão pelo mesmo caminho.


Considerando-se uma taxa de administração de 1,5% ao ano e o imposto de renda, aplicar nos fundos compensa para investimentos de até R$ 3 mil. Acima disso, a aquisição direta seria mais vantajosa. Esses valores são apenas estimativas e a despesa final do investidor dependerá da política de tarifa de cada corretora ou administrador. Vale lembrar que para vendas de ações em volume inferior a R$ 20 mil ao mês não há, para a pessoa física, incidência do IR e nem cobrança da CPMF. Já nos fundos, o IR equivale e 15% do rendimento na data do resgate, sem CPMF apenas para quem transfere os recursos da conta investimento.


Com a oferta, o BB vai elevar o seu capital em circulação de 14,8% para até 19,6%, ficando ainda abaixo das exigências de "free float" do Novo Mercado, de 25%. Em tese, isso quer dizer que o banco dependerá de uma nova oferta para atingir o percentual até maio de 2008, quando completará dois anos no segmento especial de governança.


Entre os papéis do setor bancário listados no Ibovespa, o BB é o que sobe mais no ano, 38,6%, embora ainda perca para o índice, 39,8%. Pela base de dados da Thomson One Analytics, das 12 corretoras que cobrem as ações, 11 indicam compra. Na média, o preço alvo é de R$ 36,65, ante os R$ 28,80 atuais. O crescimento dos resultados, a melhora dos índices de eficiência e expansão do crédito sem grande deterioração da carteira justificam a avaliação, diz o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues. "Os custos administrativos ainda são mais elevados do que nos bancos privados, mas já houve uma melhora significativa", diz. Nos primeiros nove meses do ano, o banco obteve um retorno sobre o patrimônio de 31,7%, acima de Bradesco (20,5%), Itaú (18,6%) e Unibanco (16,3%).


Como os papéis já são listados no pregão, comprá-los na oferta só compensará se houver desconto da ordem de 5%, contrapõe o economista da Lopes Filho, João Augusto Sales. Esse desconto, se existir, só será conhecido após a definição do preço, conforme a demanda dos institucionais pela fatia de 20% que lhes cabe na oferta. "Como 30% da carteira de crédito do banco advém do setor rural, com margens mais baixas do que em outras linhas, dificilmente o BB sustentará lucro próximo dos privados", diz. O fato de ser um banco público, sujeito a ingerências políticas, representa um risco adicional. O BB ainda batalha para entrar no financiamento imobiliário, atual coqueluche do setor, mas encontra barreiras perante a líder absoluta Caixa Econômica Federal.


Ter uma rede de distribuição espalhada por todo o país e uma marca nacionalmente conhecida são pontos a favor, diz o professor Ricardo Della Torres, da Brazilian Business School (BBS). Além disso, os papéis caíram após a divulgação da oferta, deixando a ação com um preço mais convidativo.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Demanda faz rateio de oferta da BM&F ser limitado a R$1.820

http://oglobo.globo.com/economia/mat/2007/11/29/327367706.asp

Ministro pede que consumidor não compre já conversor de TV digital

Folha de São Paulo - 29/11/2007

Cobrar R$ 1.090 é "disparate" e preços devem cair em até seis meses, diz ministro

LORENNA RODRIGUES
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA


O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse ontem que o preço do conversor da TV digital deverá cair em até seis meses. Hoje, o modelo mais barato é de R$ 499, mas existem aparelhos acima de R$ 1.000.
O ministro orientou os consumidores a não comprar já os conversores e disse que o preço de R$ 1.090 é um "disparate". "Eu não aconselho comprar [o mais caro] porque deve falar com seres extraterrestres, deve ter alguns parafusos de ouro, alguma coisa de platina."
Costa disse que pediu ao presidente Lula incentivos para a indústria de conversores -como o Computador Popular, que vendeu microcomputadores de R$ 699 para as classes mais pobres. Para ele, isso poderia derrubar o preço para R$ 200. "Diria para as pessoas esperar um pouco porque o preço vai cair."
O ministro disse esperar que o presidente Lula anuncie no domingo, quando começam as transmissões digitais, incentivos para a indústria de conversores. Disse também que poderão ser abertas linhas de financiamentos em bancos como a Caixa Econômica, o Banco do Brasil e o Banco Popular para os consumidores, que poderiam pagar prestações entre R$ 7 e R$ 10 por mês.
O ministro criticou operadoras de celular e emissoras de televisão, que, para ele, poderiam se esforçar para oferecer celulares com receptores para a TV digital. "Evidentemente que não é um bom negócio para as empresas de telefonia colocar no celular um dispositivo que dá o direito de sentar no ônibus e, em vez de telefonar, vai ficar vendo televisão de graça."

O futuro ao alcance de todos

Valor Econômico
Por Adriana Cotias, de São Paulo
29/11/2007


Não podia ser diferente. Depois de ter a sua banda de preços elevada em mais de 20%, as ações da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) saíram no novo teto, a R$ 20,00. Após a colocação dos lotes excedentes, a operação movimentará R$ 5,984 bilhões. Será a segunda maior captação em ofertas iniciais (IPO) do mercado brasileiro, só perdendo para o lançamento da Bovespa Holding, que movimentou R$ 6,625 bilhões e atraiu quase 64 mil investidores pessoas físicas. A demanda teria repetido o sucesso da bolsa pioneira e superado em dez vezes a oferta.


Do bolo todo, para o varejo deve sobrar pouco mais de R$ 500 milhões. Com a procura insana das pessoas físicas após a escalada de Bovespa HLD na estréia em 26 de outubro - alta de 52% -, o rateio foi apertado. As condições serão divulgadas hoje, mas no mercado falava-se numa divisão entre R$ 3 mil e R$ 8 mil por CPF. A exemplo do que ocorreu com a Bovespa, os investidores classificados como não-prioritários vão sair de mãos abanando. Quem participou dos IPOs da própria Bovespa, Helbor, Amil e Laep e ficou com saldo de menos de 80% de ações em duas ou mais operações no dia seguinte da estréia é que caiu na malha fina.


Desde o início do prazo de reservas, no dia 19, o ritmo de abertura de contas pelas corretoras foi intenso. Mesmo as pequenas chegaram a cadastrar mais de 300 CPFs por dia. Para não ficar com um lote pequeno, foi prática entre os investidores encomendar lotes de ações em até dez CPFs diferentes. Houve também quem recorresse a empréstimos das corretoras para abocanhar uma fatia maior e tentar vendê-las com lucro logo no primeiro dia, o chamado "flipping".


Sobrou, entretanto, frustração para quem reservou os papéis por meio do Banco do Brasil. Sem corretora própria, a instituição não permitirá que os investidores de varejo negociem os papéis na data da estréia, na sexta-feira, e somente quando as ações estiverem na custódia, após a liquidação no dia 4. Apenas os clientes dos segmentos Estilo (alta renda) e private poderão se desfazer dos papéis no dia. As corretoras, em geral, pedem depósitos de garantias e liberam a negociação sob a forma de crédito para seus clientes.


Na operação da BM&F foram colocadas à venda, inicialmente, 260,160 milhões de ações ordinárias (ON, com direito a voto), avaliadas num intervalo de R$ 14,50 a R$ 16,50, elevado na segunda-feira para uma faixa entre R$ 18,00 e R$ 20,00. Ao sair no teto, a quarta maior bolsa de futuros do mundo vai chegar ao pregão com um valor de mercado de R$ 18,037 bilhões. Sem considerar nenhuma projeção de crescimento a longo prazo, é um preço equivalente a 60 vezes o lucro previsto para este ano, na casa dos R$ 300 milhões e superior à relação atual da Bovespa HLD, em 43,8 vezes, ou da própria Chicago Mercantile Exchange, negociada com um Preço/Lucro de 41,7 vezes.


Após o ajuste no valor da ações, sobrou pouco potencial de valorização para os investidores com perfil de longo prazo, assinala o chefe da área de Renda Variável da Fundação Cesp, Paulo de Sá Pereira. Pelos cálculos do especialista, na média, as bolsas de ações mundiais com clearing, mesmo modelo da Bovespa HLD, têm um P/L projetado para 2008 de 30 vezes, enquanto as de mercadorias uma relação em 32 vezes. Para a BM&F, na cotação antiga e considerando o múltiplo da própria Bovespa como referência, ele chegou a 35 vezes, nível que possibilitaria um ganho de até 25% para os papéis no futuro. Como a cotação foi elevada em 21%, o espaço para altas adicionais ficou limitado.


"Isso não quer dizer que, no curto prazo, as ações não oscilem acima do preço justo, o fluxo tende a fazer isso", diz Pereira. Como negócio, ele considera que a BM&F tem um risco menor do que a própria Bovespa HLD, por ter uma geração de caixa previsível e mais diversificada do que a bolsa de ações e por contar com grandes volumes em contratos de câmbio e juros.


Enquanto a Bovespa ficou mais suscetível à concorrência após o IPO, as barreiras de entrada para novos competidores da BM&F são maiores, avalia Willian Eid Jr, do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP). "Derivativos são um negócio mais complexo para se replicar e a BM&F é uma das bolsas de futuros mais inovadoras do mundo."

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Demanda por ações da BM&F beira os R$ 50 bi

Rosangela Dolis
O Estado de S. Paulo
28/11/2007


Período para reserva dos papéis na oferta pública inicial acabou ontem; pessoa física pode desistir do negócio até o fim do dia de hoje

Com a demanda superando em cerca de dez vezes a oferta e chegando perto de R$ 50 bilhões, o período de reserva de ações na oferta pública inicial (IPO, pelas iniciais em inglês) da Bolsa de Mercadorias & Futuros encerrou-se ontem. A procura por investidores foi tão intensa quanto a das ações ofertadas no IPO da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em outubro, quando também a procura foi dez vez maior do que a oferta. O preço da ação da BM&F será definido hoje. As ações estréiam no pregão da Bovespa na sexta-feira.

Entenda a operação da BM&F

O valor de referência por ação sugerido no prospecto vai de R$ 18 a R$ 20. Considerando que o preço definido para distribuição das 260.160.736 ações ofertadas seja o máximo, como ocorreu no IPO da Bovespa, a abertura de capital da BM&F vai arrecadar R$ 5,203 bilhões. Além desse volume, pode ser distribuído o lote suplementar de 39.024.120 ações, o que somaria mais R$ 780 milhões, elevando o valor da operação para R$ 5,983 bilhões. Com isso, o valor se aproxima ao obtido pelo IPO da Bovespa, de R$ 6,625 bilhões.

No mercado, ontem, a maior parte dos operadores comentava que a ação deve sair pelo preço máximo de R$ 20. Alguns analistas, no entanto, não descartavam a hipótese de o preço fixado para a distribuição ser reajustado e chegar a R$ 21. Nessa hipótese, o valor do negócio poderia ir a R$ 6,282 bilhões.

O preço por ação será fixado de acordo com o processo de bookbuilding, ou seja, pela média dos valores apresentados por investidores institucionais em suas propostas. Esse preço é o aplicado a todos os investidores, inclusive pessoas físicas.

Com a alta demanda, é possível que, tal como ocorreu no IPO da Bovespa, os investidores não prioritários não recebam ações. Esses investidores são aqueles que participaram dos quatro IPOs considerados nesta operação para a classificação de perfil. São eles: o da própria Bovespa, Amil, Helbor e Laep Investments. Investidores que participaram de dois ou mais desses IPOs e venderam no primeiro pregão mais de 20% dos papéis recebidos foram classificados como não prioritários. Eles só receberão ações depois que os demais investidores, os prioritários, receberem seus pedidos até o limite de R$ 20 mil.

Na Bovespa, o número de ações disponíveis não foi suficiente nem mesmo para atender a esse mínimo previsto para os prioritários e houve corte no investimento para R$ 12.098. A expectativa é de que na BM&F a situação se repita, com atendimento dos pedidos de prioritários até o limite máximo de cerca de R$ 10 mil.

Investidores pessoas físicas que fizeram reserva até segunda-feira têm prazo até hoje às 18 horas para alterar sua proposta de compra ou desistir da operação. O prazo foi dado porque o preço original da oferta, de R$ 14,50 a R$ 16,50, foi elevado na segunda-feira à noite.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Alta demanda eleva preço de ação da BM&F

TONI SCIARRETTA
Folha de S. Paulo
27/11/2007


Com a forte procura dos investidores, os coordenadores da oferta pública de ações da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) decidiram ontem elevar em até 21,2% o preço dos papéis, apesar das condições adversas dos mercados.
As ações devem sair entre R$ 18 e R$ 20 -inicialmente, o preço poderia variar de R$ 14,50 e R$ 16,50. A mudança já havia acontecido na oferta pública da Bovespa Holding, quando de um preço mínimo de R$ 15,50 a ação saiu pelo teto de R$ 23. O investidor que não aceitar o novo preço poderá desistir até amanhã às 18h.
O valor deverá ser fixado amanhã pelos coordenadores da operação, quando então será conhecido o montante de recursos que a BM&F S.A. levantará no mercado.
O prazo para o pedido de reserva dos papéis termina hoje. O pequeno investidor poderá pedir entre R$ 5.000 e R$ 300 mil em papéis. Corretoras e bancos orientam seus clientes a não fazer o pedido no final do expediente, quando os sites poderão ficar sobrecarregados.
As ações começam a ser negociadas na sexta-feira no Novo Mercado da Bovespa, segmento que zela por níveis diferenciados de transparência.
Como no caso do IPO (oferta inicial de ações) da Bovespa, a expectativa é de rateio das ações ofertadas no varejo. Terão prioridade os investidores que não venderam papéis obtidos em IPO logo após a estréia. Serão contadas as ofertas da Bovespa, Amil, Helbor e Laep.
O matemático Marcos Crivelaro, da Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista), ressalta que o mercado mudou desde o IPO da Bovespa, em outubro. Mesmo assim, Crivelaro prevê forte procura pelos papéis, que depois poderão ter menor chance de valorização se as turbulências internacionais persistirem.
Para Otto Nagami, professor do Ibmec-SP, o sucesso da Bovespa estimulou os pequenos investidores do varejo a aderirem à oferta da BM&F. "Grande parte está na aventura, entrando pelos ganhos da Bovespa. Na abertura, podemos ter valorização, mas depois os preços tendem a se estabilizar."

PIBB atrai R$ 113 milhões em novembro, até o dia 22

Valor Econômico
De São Paulo
27/11/2007

Os fundos Papéis Brasil Índice Bovespa (PIBB), que replicam o IBRx-50, o índice com as ações mais líquidas, ponderadas por valor de mercado, da Bovespa, tiveram, em novembro, o primeiro mês de captação líquida desde a oferta pública de cotas em 2004 e 2005. Instituições como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Real e Santander capitanearam os ingressos, que, no total, chegaram a R$ 113 milhões, segundo estatísticas do site financeiro Fortuna.


Os fundos PIBB foram criados nas ofertas de cotas da carteira da BNDESPar, em duas tranches. A primeira movimentou R$ 600 milhões, enquanto a segunda alcançou R$ 2 bilhões. Após as ofertas públicas, os portfólios vinham sofrendo resgates periódicos. O aumento do interesse, agora, é atribuído à oportunidade de diversificação que essas carteiras oferecem. É uma opção melhor do que concentrar os recursos em fundos de Vale e Petrobras, atrelados, cada um deles, aos vaivéns de um único papel.


Na Caixa Econômica Federal não houve nenhuma ação específica envolvendo o PIBB, conta o gestor de Renda Variável e Multimercados, Michael Kusunoki. "O que houve foi uma migração generalizada de recursos da renda fixa para a variável e o PIBB oferece uma oportunidade de diversificação em vários setores", diz. Só neste mês, os fundos de ações da Caixa receberam R$ 150 milhões.


O fato de o PIBB ter uma taxa de administração relativamente baixa, de 1,56% ao ano, também faz com que essas carteiras entrem no radar dos investidores na hora de diversificar em renda variável, diz o superintendente de investimentos do Banco Real, Eduardo Jurcevic. O fato de o investidor poder aplicar a partir de R$ 300 também tem apelo junto ao público de varejo, que começa a topar um pouco mais de risco. "Cresceu bastante o apetite do investidor pela renda variável, é um processo que começou há dois anos e que não se justifica apenas pela queda dos juros."


Pelos cálculos do Fortuna, a volatilidade dos PIBB é também sensivelmente menor. Enquanto o Value at Risk (VaR) - que mede a perda máxima esperada para um determinado horizonte de investimento - do PIBB é de 12,69%, os fundos de Vale têm um indicador de 17,22% e os de Petrobras de 20,63%.


Entre os fundos de ações populares, as carteiras de Vale do Rio Doce continuam a atrair recursos. Só em novembro houve ingresso de R$ 1 bilhão, com destaque para o BB, com R$ 189 milhões, e, o Itaú, com R$ 119 milhões. (AC)

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Conheça seis sites gratuitos de ensino de idiomas na Web

http://tecnologia.uol.com.br/ultnot/2007/11/26/ult4213u204.jhtm

Pequenos investidores usam 'laranjas' para driblar limite de compra na oferta de ações da BM&F

http://oglobo.globo.com/economia/mat/2007/11/24/327307823.asp

Os calouros da bolsa

Valor Econômico
26/11/2007

As reuniões da família Brito já não são mais as mesmas. Se antes boa parte das conversas era dedicada a palpites sobre a escalação e peripécias dos times rivais São Paulo e Palmeiras, agora são os vaivéns do Ibovespa e de alguns papéis que dominam os diálogos. Termos como "day trade", "flipping", "stop loss", análise técnica ou fundamentalista pontuam os colóquios, às vezes bastante inflamados. Só que são os mais jovens, Maurício e Leandro, ambos com 32 anos, que mostram aos tios Nilson e Nilton, de 43 e 45 anos, maior destreza no trato com os riscos da renda variável. Em comum, eles têm o fato de querer administrar por conta própria a parcela da poupança investida em ações.

É esse perfil que tem inflado as estatísticas de pessoas físicas na Bovespa. Já são mais de 310 mil investidores ativos. Os jovens, com até 40 anos, representavam, em julho, 25% da base. Trata-se de um público que tem plena afinidade com a tecnologia e não encontra barreiras para comprar e vender ações pelo home broker, o sistema de negociação pela internet, diz o diretor de marketing da Bovespa, Luis Abdal. Ele estima que 35% dos 500 mil participantes do programa Bovespa vai até você sejam de jovens. "Eles vêm com a ansiedade de duplicar ou triplicar o patrimônio em pouco tempo e desmistificamos isso, deixando claro que o investimento em ações é para o longo prazo, em empresas que são suscetíveis a fatores da economia e setoriais", diz.

O engenheiro Maurício é, dos Brito, quem está há mais tempo na bolsa e já sentiu o gostinho de ganhar e o dissabor de perder. Há dois anos ele começou a "brincar" com as ações por influência de um amigo e hoje 80% dos recursos estão na renda variável. "Tenho um perfil arrojado, mas lido bem com o risco", diz. "Não me incomodei em perder um pouco no começo para no médio e longo prazos ganhar mais, fiquei confortável para aumentar o investimento."

Se, no princípio a estratégia era comprar e vender ações mais voláteis, como Cosan, e até participar de ofertas públicas iniciais (IPO, em inglês) com o intuito de obter ganhos imediatos, agora o dinheiro de Maurício está distribuído em nomes mais robustos, como Vale do Rio Doce, Petrobras, Itaú e Tractebel. "Prefiro setores que podem puxar o crescimento da economia, como os fornecedores para a indústria ou empresas que estão fazendo investimentos, olho mais para fundamentos e, se um papel poderá subir em um ou dois anos, acho que vale a pena."

A fixação de Maurício pelo mercado acabou levando o primo Leandro ao mesmo caminho. Ele entrou na bolsa em maio, dois meses antes de estourar a crise das hipotecas americanas de alto risco. Em pouco tempo conseguiu um retorno de 12% para a carteira composta por Itaú, Bradesco, Vale, Petrobras e Gerdau. Só que a chacoalhada do "subprime" acabou transformando aquele lucro num prejuízo de 13%. Foi ali que o administrador de empresas se confrontou pela primeira vez com o risco bolsa. "Na conta total perdi mais de 20% porque deixei de realizar os lucros anteriores e não tinha nenhum "stop loss" (ordem de venda, com a fixação de um preço inferior ao corrente) que protegesse parte dos ganhos", diz. "Se tivesse estudado antes de começar, teria evitado muita besteira."

Leandro aprendeu com os próprios erros. Passou a dedicar as poucas horas livres, adentrando as madrugadas, ao estudo da análise técnica, baseada na interpretação de gráficos de preços e volumes para identificar tendências. Ganhou, assim, segurança para operar com papéis de segunda linha, sempre atualizando os limites de desvalorização de cada ação. Para a carteira global, que inclui aquilo que tem em renda fixa, a oscilação máxima que aceita para os ativos é de 6% para baixo. Na hora de comprar, olha para os gráficos, mas não descuida de questões que remetem a fundamentos. "Mesmo que o gráfico mostre compra, se a empresa paga mal seus fornecedores ou tem protestos, não compro."

Já o tio, o engenheiro Nilson, não olha para nada disso e entrou de cabeça no "day trade" (compra e venda no mesmo pregão) em papéis mais voláteis como Klabin, Embratel e Embraer. Descontente com os ganhos que vinha obtendo em fundos de renda fixa e multimercados, ele julgou-se, mesmo leigo, com capacidade para conseguir melhor retorno do que um gestor profissional. A estratégia é bem intuitiva: ele acompanha as cotações históricas para identificar se as ações estão caras ou baratas e, pelo noticiário, tenta enxergar algo que possa mover os papéis. "A minha meta é conseguir 1% ao mês", diz.

Ele acertou no timing. Entrou no mercado em agosto, em plena crise do "subprime" e, desde então, conseguiu retorno de 8% no primeiro mês, 6% no seguinte e 4% em outubro. Em novembro, a carteira ainda está no vermelho. Só 25% da sua poupança está em ações, mas essa parcela tem sido ampliada porque o investidor opera alavancado, com empréstimos da corretora. Quando não consegue vender a ação ao preço predefinido, automaticamente aumenta sua exposição em bolsa e a um custo de 2,99% ao mês.

O irmão Nilton, analista de sistemas, é o calouro da turma. Tirou todo o dinheiro que tinha de um fundo de renda fixa e colocou, há cerca de duas semanas, em apenas dois papéis, Petrobras e Vale, com a intenção de ganhar no curto prazo. Deu uma sorte danada. Vendeu Petrobras com um lucro de 14% no dia da divulgação da descoberta do Campo de Tupi. "Eu nem sabia o que estava acontecendo, mas vi o papel subir e vendi logo."

Disparadas como a da Petrobras e o sucesso de muitos IPOs desde 2004 têm atraido boa parte desses novos investidores. O dentista Marcelo Antunes de Paiva, de 36 anos, mantinha todas as suas aplicações em fundos de renda fixa. Começou a se entusiasmar com a bolsa ao ver alguns amigos se gabando dos ganhos instantâneos. "Resolvi pagar para ver o que era tão bom nesse tal de IPO."

Nos primeiros, Antunes teve ganhos, mas nada comparável com o que lucrou com a oferta da Bovespa Holding. Ele comprou R$ 12 mil e, alguns dias depois, vendeu o lote todo de ações, que já valia R$ 16 mil. "Tento não vender logo no dia seguinte para não cair na malha fina dos "flippers" nas próximas ofertas, mas foi irresistível não sair do papel."

Diferentemente de seus amigos, que se jogaram de cabeça em bolsa, Antunes segue à risca a regra que impôs a si mesmo, de ter entre 30% e 40% do patrimônio em ações. "Tenho disciplina, toda vez que as ações se valorizam e ganham um peso maior do que esse percentual eu vendo e coloco esse dinheiro na renda fixa", garante o dentista. Ele reconhece que alguns se deslumbram com o ganho, muitas vezes significativo e do dia para a noite, perdendo a medida do razoável. "Um amigo meu, que foi mandado embora, pegou todo o dinheiro do FGTS e aplicou em ações. Agora ele passa 24 horas por dia comprando e vendendo os papéis via internet."
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