quarta-feira, 16 de junho de 2010

Apetite imobiliário

Estoque de LCI, LH e CRI quase dobra, para R$ 35 bilhões, mas ainda não atende demanda dos investidores.


Valor Econômico

Por Alessandra Bellotto, de São Paulo
16/06/2010

Mesmo com o crescimento forte do mercado de títulos de renda fixa com base imobiliária nos últimos anos, a oferta ainda está longe de saciar o apetite do investidor. Entre as principais restrições está a falta de ativos. No último ano, na Cetip - principal ambiente de negociação desses papéis -, o saldo de Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), Letras Hipotecárias (LHs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) praticamente dobrou, chegando a R$ 33 bilhões em maio. Na bolsa, que tem parcela pequena dos ativos registrados, havia mais R$ 1,7 bilhão em CRIs no mês passado.

Somados esses valores, o estoque total dos ativos já beira os R$ 35 bilhões. Mas poderia ser bem maior considerando a demanda dos clientes de alta renda, afirma a diretora de investimento do HSBC Private Bank, Andrea Moufarrege. Entre as principais vantagens dos títulos estão a isenção de imposto de renda para a pessoa física e taxas mais atrativas que as da renda fixa tradicional.

A procura por esses papéis vem se acelerando desde o ano passado, diz o vice-presidente do Grupo BFRE, Fábio Nogueira. Segundo ele, o grande impulso veio da redução dos juros, que diminui a remuneração dos títulos públicos e levou o investidor a buscar alternativas. Contudo, falta lastro para as emissões de LCI e, no caso dos CRIs, as ofertas estão mais restritas, diz Andrea, do HSBC.

A LCI é emitida por bancos, à semelhança de um Certificado de Depósito Bancário (CDB), só que com a garantia de créditos imobiliários. Segundo a executiva, os bancos tendem a liberar LCI somente se há folga na carteira. Como a legislação obriga as instituições a aplicar 65% do que é captado via poupança em financiamento habitacional, é preciso que a carteira de crédito imobiliário seja maior que o volume necessário para cumprir essa exigibilidade.

"As operações de financiamento imobiliário não crescem na mesma velocidade que a demanda do cliente private", ressalta. Não por baixa procura por empréstimos, mas porque o banco tende a ser mais criterioso na concessão do crédito. Além disso, toda vez que a captação da poupança aumenta, ela puxa o volume a ser direcionado ao crédito habitacional.

O HSBC renovou neste ano todas as LCIs emitidas e colocou dois lotes novos, de cerca de R$ 100 milhões. "Vendemos tudo em 20 dias", diz Andrea. Os papéis vão apenas para o cliente private, com aplicação mínima de R$ 300 mil.

Por conta do benefício fiscal, Andrea diz que é possível encontrar LCIs de um ano com retornos na faixa de 89% a 90% do CDI, já líquidos para o investidor. Isso equivale a um CDB que paga 105,8% do CDI, imaginando uma alíquota de IR de 15% após dois anos. Para o banco, a emissão da LCI acaba sendo mais barata pois, com a isenção, pode oferecer uma taxa bruta mais baixa do que num CDB, por exemplo. É como se o investidor dividisse o ganho com o banco. "Mas a demanda forte deveria reduzir essas taxas", diz Andrea.

Já as LHs são títulos semelhantes às LCIs, mas os créditos imobiliários usados como lastro são garantidos só por hipotecas. A LCI é emitida a partir de uma carteira garantida essencialmente por alienação fiduciária do imóvel, além daquela dada pelo próprio banco emissor. A Caixa Econômica Federal é a principal emissora de LH. Mas o estoque desse ativo hoje é marginal, de R$ 1,8 bilhão. E tende a desaparecer, já que não há nenhuma vantagem em relação à LCI, afirma o diretor comercial e de produtos da Cetip, Jorge Sant'Anna.

O grosso desses títulos está nas mãos de pessoas físicas, clientes dos cinco maiores bancos de varejo, responsáveis por 94% das ofertas. A Brazilian Mortgages, companhia hipotecária do Grupo BFRE, tem estoque superior a R$ 355 milhões em LCIs, dos quais 83% são pessoas físicas, informa Nogueira.

Já o CRI - título emitido com lastro em recebíveis imobiliários, numa operação conhecida como securitização - tende a ficar parado nas carteiras dos bancos, como alternativa para cumprir a exigibilidade da poupança. Do estoque total de CRIs, diz Sant'Anna, 63% estão nos bancos. Outro entrave para o aumento das emissões é que essa regra acaba limitando a cessão das carteiras de crédito pelos bancos, diminuindo o lastro potencial para a securitização.

Das emissões, Andrea, do HSBC, diz que a maior parte tem sido feita pelo regime de esforços restritos de distribuição, o que limita o rol de potenciais investidores. "Muitas vezes as operações são boas, mas, como só podem ser vendidas para até 20 clientes, saem com lotes mínimos altos", explica. São ofertas que só fazem sentido para investidores de porte grande, que não correrão o risco da concentração.

Quando as ofertas chegam no private, há demanda. Segundo Sant'Anna, da Cetip, apesar do prazo longo, que chega a dez anos, as taxas são atrativas. "Além da isenção fiscal para a pessoa física, o CRI é indexado à inflação e remunerado a uma taxa de juros, o que o torna imbatível na comparação com outros produtos de renda fixa", diz o diretor-executivo da RB Capital, Marcelo Michaluá.

Ele conta que tem muito investidor private querendo papel com vencimento até maior do que dez anos, em busca de uma renda programada para financiar despesas fixas. Alguns CRIs têm amortização mensal, lembra Michaluá, assim como baixo risco de crédito, como os das empresas Petrobras, Ambev, entre outras.

Outra vantagem do título, segundo o diretor da RB, é a garantia, em imóveis com alienação fiduciária ou lastro em recebíveis de aluguel pago por inquilinos corporativos, de primeira linha. Esse é o caso da oferta da RB Capital encerrada em meados de maio, com lastro em contratos de aluguel cedidos pela General Shopping e garantida por empreendimentos do grupo.

Com remuneração de 9,03% ao ano, mais correção pelo IPCA, os CRIs atraíram 107 pessoas físicas de um total de 115 subscritores. A operação inovou ao ser a primeira a sair com aplicação mínima abaixo dos R$ 300 mil. O tíquete foi de R$ 100 mil. No ano passado, a RB Capital vendeu diretamente a pessoas físicas cerca de 52% do total de R$ 1,1 bilhão em CRIs emitidos, informa Michaluá. Neste ano, o percentual está nessa mesma casa e o volume contratado já está em R$ 1,2 bilhão.

Levantamento da Uqbar com cerca de 60% das operações realizadas no ano passado mostra que cresceu a participação da pessoa física nas emissões de CRIs, chegando a 25%. Nos últimos dois anos, a fatia da pessoa física vinha abaixo de 10%. No estudo publicado recentemente, a empresa destacou que essa tendência deve se intensificar, mas de forma indireta, por meio de fundos imobiliários.

Sant'Anna, da Cetip, diz que os fundos de CRIs ampliam o rol de potenciais investidores, mas não resolvem o problema da falta de liquidez do papel. "Todo título de longo prazo precisa ter mercado secundário." Ele conta o caso de um conhecido que comprou um CRI de risco Petrobras, remunerado a 9,6% mais IGP-M. Neste ano, o retorno será superior a 15%, líquidos. Mas a grande preocupação desse investidor é que ele tem 80 anos e pode querer resgatá-lo antes do vencimento.

Cobrança de serviços de cartões varia até 600% num mesmo banco

O Globo

16/06/2010

Pesquisa do Idec com 6 maiores instituições do país revela taxas obscuras


Patrícia Duarte

BRASÍLIA. Além de aplicar tarifas com nomenclaturas pouco claras e até inusitadas, as operadoras de cartão de crédito cobram do usuário preços considerados exorbitantes pelos órgãos de defesa do consumidor. A diferença em um mesmo banco emissor chega a 600%, dependendo do tipo de cartão. Levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) com as seis maiores instituições financeiras do país mostra que, em alguns casos, as taxas dos cartões são maiores do que as tarifas bancárias.

- Cada banco tem modalidades muito diferentes de cartões e tarifas - criticou a economista do Idec Ione Amorim.

Ela destaca, entre outras, a cobrança da taxa de inatividade, quando o consumidor não usa o seu cartão, considerada inadequada pelo Idec. Segundo a entidade, no Banco do Brasil (BB) os preços dessa taxa variam de R$10 a R$70 por trimestre, dependendo do tipo de cartão de crédito. A diferença de preços, neste caso, é de 600%. No Bradesco, são cobrados R$75 nos cartões American Express.

Governo dos EUA também limita cobranças do setor

Procurado, o BB não comentou o assunto. Já o Bradesco informou que a cobrança é informada de forma transparente em todos os canais de comunicação com o cliente, mesmo antes de se tornar associado. Os bancos também ressaltaram que estão trabalhando, com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), na regulação do setor.

As regras para a atividade de cartões de crédito e débito estão sendo preparadas pelo Banco Central (BC) com os ministérios da Fazenda e da Justiça. A meta é padronizar e reduzir o número de tarifas de cartões de crédito e débito. O GLOBO revelou no último domingo que, hoje, há mais de 50 taxas, bem acima das 31 usadas no setor bancário. A Abecs disse que as negociações podem levar o total das cobranças a algo entre 20 e 30.

Nos EUA, o governo também vai limitar a maior parte das multas de cartão de crédito a US$25, e as tarifas para consumidores que não usam seus cartões vão acabar, segundo as novas regras divulgadas ontem. Aprovadas pelo Congresso em maio, elas entram em vigor em 22 de agosto. A expectativa é que, com isso, haja uma redução nos juros cobrados dos consumidores.

A pesquisa do Idec mostra ainda a existência de tarifas no mínimo pouco usuais. Entre elas, a de segunda via para senha. Bradesco e Itaú Unibanco pedem R$3. Para Ione, do Idec, a taxa é abusiva, pois caracteriza dupla cobrança, já que o cliente paga a taxa anual de manutenção.

O Itaú Unibanco não comentou o assunto. A Caixa Econômica respondeu que tem as melhores tarifas e juros para cartões, segundo pesquisa da Cardmonitor, mas não apresentou os números.

Outras tarifas cobradas pelos cartões são a de saque nacional e internacional. Segundo o Idec, os bancos chegam a cobrar R$8 pelo serviço em território nacional, que é o caso do HSBC. Pelo saque internacional, os preços mais salgados ficaram com o Santander (3% do valor da transação, sendo no mínimo R$15) e Unibanco, com US$20.

Ione compara essas taxas com os saques em conta corrente no país, cujas taxas são de até R$2,40. O HSBC disse que suas tarifas estão em linha com as praticadas pelo mercado. O Santander não quis comentar.

Outra taxa polêmica é a de excesso de limite, acionada quando o cliente ultrapassa o seu limite de crédito no cartão. Os bancos cobram até R$15, apesar dos juros elevados.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Eu, robô

Negociação automática com sistemas de algoritmos começa a ser oferecida por corretoras aos investidores pessoa física.

Valor Econômico

Por Antonio Perez, de São Paulo
14/06/2010

Dos replicantes de Blade Runner ao mundo virtual Matrix, o cinema sempre explorou a ideia de que a máquina um dia substituiria o homem nas atividades mais complexas. Aos poucos, o que era pura imaginação começa a ganhar contornos cada vez mais nítidos, pelo menos no mercado acionário. Depois de conquistar os fundos de investimento e os grandes investidores institucionais brasileiros, o uso de programas de computação baseados em algoritmos para negociação de ações começam a chegar às pessoas físicas.

Em geral, esses programas auxiliam os investidores a executar transações mais sofisticadas, que envolvem compra e venda simultânea de papéis e opções de ações (direito a comprar ou vender uma ação a um determinado preço em uma data futura). Para montar tais estratégias, o investidor tem que realizar rapidamente duas, três ou até quatro operações ao mesmo tempo, com a combinação exata de preços e quantidades.

É nesse ponto que os sistemas baseados em algoritmos entram em cena. Basicamente, o investidor define os parâmetros e alimenta o programa com informações como preços e quantidades desejadas. Em seguida, a ferramenta varre o mercado e, ao identificar as condições necessárias, pode avisar o investidor ou até disparar automaticamente as ordens para executar a operação. "Sem o sistema, o investidor dificilmente consegue fazer a transação na quantidade desejada e com o preço ideal", afirma Francisco Valente, gerente da mesa de negociação eletrônica da corretora Ágora, do Bradesco.

Ele explica que, com a adoção dos sistemas eletrônicos pelos investidores institucionais nos últimos anos, os preços de opções de ações passaram a oscilar com mais intensidade. "Hoje é tudo muito mais rápido, as oportunidade surgem e desaparecem em segundos", ressalta Valente.

Faz cerca de três meses, a Ágora começou a oferecer às pessoas físicas os sistemas de algoritmos já disponíveis aos seus clientes institucionais. Por ora, as operações são realizadas com o auxílio dos operadores da corretora. O cliente liga para a mesa de operações que insere os parâmetros da estratégia (preço e quantidade) no sistema.

O programa então verifica o mercado e, quando identifica uma oportunidade, executa as ordens. "A pessoa física já usa muito o algoritmo pela nossa mesa", conta Valente. "O cliente está cada vez mais percebendo o valor das ferramentas".

A Ágora acabou de lançar uma safra de algoritmos, com a possibilidade de acesso ao sistema pela internet. Além das estratégias usuais de arbitragem de ações e opções, haverá a ferramenta chamada Volume Weighted Average Price, que busca executar ordens a um preço médio próximo ao valor em que a ação foi negociada no período da estratégia.

Na corretora Coinvalores, as pessoas físicas passaram a ter acesso ao sistema de algoritmos da mesa de operações da corretora - desenvolvido pela empresa de tecnologia CMA - há cerca de dois meses. Além de oferecer a ferramenta, a corretora assessora os clientes na escolha de estratégias. "Nós ajudamos a identificar oportunidades e montar as operações", afirma Francisco Nogueira, operador da Coinvalores, que vem notando um interesse crescente pelo sistema de algoritmos. "Os investidores buscam mais essas operações quando o mercado vive momentos de instabilidade", ressalta.

Nas operações de arbitragem com ações e opções, os ganhos não dependem diretamente da valorização da bolsa. Segundo Nogueira, os adeptos são investidores já com experiência no mercado e valores elevados para aplicar. O valor médio das operações de arbitragem de ações, por exemplo, gira em torno de R$ 40 mil.

Há também ferramentas mais simples para a pessoa física, como o "Best Offer" desenvolvido pela CMA. O algoritmo programa o sistema para sempre manter a ordem de compra e venda do investidor em primeiro lugar no livro de ofertas. Se o investidor quiser, por exemplo, vender rapidamente um lote de ações da Petrobras, o programa reduzirá automaticamente o preço caso outro investidor incluia uma oferta de venda menor.

Algumas corretoras também já oferecem plataformas para que os clientes operem diretamente com sistemas de algoritmos. É o caso da LinkTrade, home broker da Link Investimentos. Por R$ 2 mil por mês, o cliente tem acesso à plataforma. "São pessoas físicas com mais recursos e vivência no mercado", conta Mônica Saccarelli, diretora do Link Trade. "Mesmo assim, realizamos cursos, já que não dá para oferecer um sistema desses sem educar o investidor", ressalta.

Mônica acredita que, em pouco tempo, haverá opções de estratégias com algoritmos diretamente na tela do home broker. A própria Linktrade já estuda alguns sistemas com estratégias mais simples e preços menores, acessíveis ao investidor. "O mercado de home broker ainda é pequeno no Brasil e os custos devem cair à medida que o número de investidores crescer", diz.

No Brasil, as transações com algoritmos respondem por cerca de 6% do volume negociado no segmento Bovespa, com predominância dos investidores institucionais. Nos Estados Unidos, as negociações automáticas já superam 70% do volume negociado. Mônica lembra que, dos 500 mil investidores cadastrados na bolsa, apenas metade opera frequentemente. "Quando esse número saltar para 2 milhões, por exemplo, os algoritmos serão usados com frequência", acredita ela.

A corretora Icap Brasil, filial da britânica Icap, promete lançar em três semanas o primeiro sistema de algoritmos para seus clientes. Será uma espécie de radar que identificará oportunidades de execução de estratégias com opções, seja em um mercado de alta ou de baixa. Caberá, contudo, ao investidor realizar a operação, disparando as ordens de execução no sistema.

Daqui a quatro meses, o cliente da Icap Brasil terá um sistema que identificará as oportunidades e, após a autorização dos clientes, executará as ordens. "O cliente pessoa física ainda não se sente à vontade em deixar tudo com a máquina", diz Paulo Levy, diretor da Icap Brasil e responsável pelo home broker da corretora, o MyCap.

O próximo passo, diz Levy, será deixar que a máquina execute automaticamente as ordens. O investidor vai apenas definir a estratégia, com preços e quantidades. A partir daí, o sistema identifica e executa as transações. "Quando a máquina fizer, não vai mais existir o estresse de ficar acompanhando", afirma Levy.

Com crédito, consumidor pode construir e destruir patrimônio

Folha de São Paulo

14/06/2010

FINANÇAS PESSOAIS

MARCIA DESSEN

 
 

PRECISAMOS DE dinheiro para comprar e para fazer as coisas que queremos.
Temos três possibilidades: 1) o dinheiro já está disponível, pois foi poupado ou ganho e o sonho pode ser realizado já; 2) o dinheiro será poupado antes para realizar o sonho depois; 3) o sonho será realizado agora e o pagamento será feito no futuro.
Com qual das três alternativas você se identifica? Você é do tipo que quer tudo na hora e depois dá um jeitinho para pagar?
Optar pela alternativa 3 significa que o dinheiro utilizado não lhe pertence. Você toma emprestado de um banco, de uma financeira, de uma loja, e vai pagar juros pelo uso desse dinheiro.
Crédito bom constrói patrimônio: comprar a casa própria financiada elimina a despesa de aluguel; comprar um equipamento que vai gerar renda no consultório médico; comprar um carro e oferecer transporte escolar para os alunos.
Entendo que essa estratégia constrói patrimônio. Mas planeje antes de assumir o compromisso. Tomar crédito representa uma nova despesa no seu orçamento.
Crédito ruim destrói riqueza: usado para consumo e despesas supérfluas; financiar uma viagem, uma festa de aniversário, uma compra emocional na liquidação da loja que você adora; um prazer de curta duração e uma dívida a perder de vista.
A taxa de juros determina o preço do dinheiro e será tanto maior quanto maior for o risco da operação.
Acompanhe o conceito das modalidades mais comuns de operações de crédito oferecidas no mercado e entenda por que os juros são tão altos em algumas delas.
Os créditos rotativos -cartão de crédito e cheque especial- são limites concedidos sem nenhuma garantia. Você pode sacar quando quiser, quanto quiser e pagar como puder.
Concorda que o risco da operação é alto para o doador do dinheiro? Por essa razão, é a modalidade de crédito mais cara do mercado. Use pelo menor espaço de tempo possível e somente em situações emergenciais.
Os créditos parcelados são empréstimos planejados para o tomador e o doador do dinheiro. Você sabe quanto e quando vai sacar e o pagamento será feito em parcelas de valor e vencimento predefinidos.
Uma garantia será oferecida. O risco dessa modalidade de crédito é menor e permite que os juros sejam menores também.
O crédito mais barato dessa modalidade é o crédito consignado -é o mais "barato" porque, sem dúvida, representa o menor risco para o doador: as prestações são descontadas diretamente na folha de pagamento, pela empresa empregadora.
Os financiamentos, também parcelados, exigem a garantia do bem financiado.
É o caso do CDC (crédito direto ao consumidor), tradicionalmente usado no financiamento de veículo -este fica em nome do proprietário mas alienado a favor da financeira, fato que impede a venda do bem que garante o contrato.
O leasing, outro financiamento parcelado, é na verdade um contrato de arrendamento mercantil. O bem fica em nome da empresa e você paga "aluguel" pelo seu uso, tendo o direito de comprá-lo ao término do contrato. O risco diminuiu mais ainda, não é verdade? Os juros também.
Agora que você sabe como funciona a cabeça dos bancos e das financeiras e entendeu que tudo é uma relação de risco versus retorno, planeje, pense e repense antes de assumir um compromisso. E use com moderação.


 

MARCIA DESSEN, CFP, é sócia e diretora executiva da BMI, professora da FDC e cofundadora do IBCPF.

DICAS QUE VALEM DINHEIRO

1
Não use crédito para consumo; use crédito para comprar ativos que geram renda ou reduzem despesas.

2
Pense muito antes de tomar crédito e decida que renúncia será feita no orçamento para acomodar essa nova despesa.

3
Crédito bom é aquele que te deixa dormir tranquilo. Se o crédito tirar o seu sono, procure o credor para uma conversa franca e renegocie a sua dívida.

4
Não use cheque pré-datado. É muito fácil perder o controle de quanto e quando vai cair na sua conta. Se usar, coloque na planilha do orçamento.

5
Dinheiro é mercadoria como outra qualquer. Ao tomar crédito, pesquise as melhores taxas. Seu orçamento agradece.

Educação financeira chega às escolas da rede pública

O Estado de São Paulo

14/06/2010

Programa da CVM em parceria com o MEC começará em agosto em 900 escolas[br]de seis Estados
Roberta Scrivano

A partir de agosto, 900 escolas públicas estaduais de cinco Estados - São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Ceará e Tocantins - começarão a aplicar o tema "educação financeira" para as classes do ensino médio. A novidade é uma iniciativa dos órgãos reguladores do setor financeiro nacional, coordenada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e o apoio do Instituto Unibanco.

Livros e cadernos de exercícios foram preparados especificamente para os alunos. Aos professores, também serão doados livros que terão uma espécie de "roteiro" a ser seguido durante as aulas. "O tema vem como um complemento e não como uma matéria", explica José Alexandre Vasco, superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da CVM.

Jaqueline Moll, da secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, explica que a ideia é inserir a educação financeira em diferentes disciplinas, como português, história, sociologia, geografia e matemática. "O currículo escolar precisa responder ao conhecimento clássico e à vida contemporânea, e esse tema está sendo introduzido com esse intuito."

Vasco diz que essa primeira etapa é um projeto-piloto para que, até o fim do ano, o desempenho do programa seja analisado e, a partir dos resultados, ser ampliado para as outras escolas e outras séries. "Em 2011, começaremos o projeto-piloto nas séries do ensino fundamental."

O material didático foi elaborado pelo Instituto Unibanco, com o aval dos agentes do setor financeiro e aprovado pelo MEC.

Wanda Engel, superintendente executiva do Instituto, esclarece que o conteúdo trata assuntos como consumo consciente, planejamento financeiro, além de explicar as funções dos incontáveis produtos financeiros que estão disponíveis no mercado hoje.

Os envolvidos no projeto também dizem que o objetivo não é estimular o crescimento do mercado, tampouco promover estímulos à utilização de produtos financeiros. "Por isso, a abordagem será técnica e imparcial", garante Vasco, da CVM.

Para conseguir aplicar o que chamam de "abordagem técnica", os professores da rede pública foram capacitados pelo Instituto Unibanco. "Nós capacitamos multiplicadores", diz Wanda.

Isso quer dizer que, para cada 10 professores, foi capacitado um que será encarregado de passar (ou multiplicar) o que ensinou aos outros colegas. No decorrer do semestre, o Instituto também manterá um orientador do assunto em cada uma das escolas selecionadas pelo projeto.

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