quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Mercado sugere conservadorismo

AGÊNCIA ESTADO

31/12/2009

Fundos DI e títulos do Tesouro ficarão mais atraentes com uma possível alta da Selic, apostam analistas

Rita Tavares

Quando analisam opções de investimento para 2010, os especialistas têm duas certezas. A primeira que o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, não terá um novo ano dourado, como ocorreu em 2009, com a estupenda valorização de mais de 80%. A outra que a taxa básica de juros, a Selic, vai subir, aumentando a atratividade de investimentos conservadores, como fundos que aplicam em contratos de Depósitos Interfinanceiros (DI) e títulos públicos do Tesouro Direto.

Mas os desdobramentos práticos dessas duas certezas são variados. Por exemplo: qual será o ritmo e o tamanho da elevação dos juros? Não há consenso, com projeções para a Selic (atualmente em 8,75% ao ano), que oscilam entre 9,5% e 12% para o fim de 2010. Se os juros subirem lentamente, a atratividade de investimentos conservadores, com exceção da poupança, fica prejudicada.

As opiniões sobre o comportamento do mercado acionário brasileiro também divergem, o que faz com que a alternativa da Bolsa venha embrulhada numa mensagem de cautela. O sócio-diretor do Banco Geração Futuro de Investimento, Wagner Salaverry, prevê alta de 25% para o Ibovespa em 2010.

Para as cerca de 70 mil pessoas físicas que aplicam em fundos e clubes de investimento do banco, ele mantém a recomendação de papéis de empresas produtoras de commodities e do setor financeiro.

MERCADO INTERNO

Para ganhar na Bolsa, será necessário fazer bem a lição de casa, com análise caso a caso. Quais ações podem dar bons lucros em 2010? Não há campeões por antecipação, alertam os especialistas. Mas papéis de empresas voltadas para o mercado interno são sempre lembrados como boas alternativas. Alguns analistas apostam que as compras e fusões de grandes companhias, como as que foram anunciadas durante o ano 2009, devem continuar, turbinando o valor dos papéis das empresas envolvidas. Na mira desses profissionais, estão os setores de comércio, bancos e construção civil.

Por trás das incertezas sobre os rumos da economia que influenciarão as decisões de investimento em 2010, há consenso de que o Brasil crescerá de forma vigorosa. Alguns economistas projetam alta de até 6% para o PIB brasileiro.

O crescimento acelerado pode trazer de volta a ameaça de alta da inflação. A inflação pode se aproximar ou superar 5%, mas ainda dentro do intervalo de dois pontos porcentuais acima ou abaixo da meta fixada pelo governo, segundo previsões de analistas.

JUROS

Essa dobradinha crescimento-inflação, associada ao aumento de gastos públicos, determinará a velocidade e a intensidade de alta dos juros. "O comportamento da inflação preocupa", diz o economista da LLA Investimentos, Sérgio Manoel Correia, explicando que os negócios com contratos de juros futuros revelavam, em dezembro, expectativa de alta forte e até rápida.

Muitos economistas apostam na elevação da taxa no primeiro trimestre, mas outros apenas no segundo semestre. De todo modo, os economistas lembram que, olhando para o histórico de aumento das taxas, o próximo ciclo de alta deve ser suave. "Não vamos ter mais a remuneração da renda fixa do passado", alerta Salaverry.

POUPANÇA

Os gestores de investimentos estão certos de que o governo Lula não desengavetará, em 2010, o projeto, apresentado em maio passado, que previa a cobrança de Imposto de Renda para aplicações na caderneta de poupança com saldo a partir de R$ 50 mil. "A medida é impopular e seria usada pela oposição contra o governo Lula", afirma Correia.

A partir dessa perspectiva, a poupança continua como opção de investimento se a alta dos juros vier suavemente, para quem possui recursos limitados ou pretende usar o dinheiro no curto prazo. Mas, ao contrário, se a taxa subir veloz e intensamente, a atratividade dos fundos DI aumenta.

Os gestores acreditam que os fundos multimercados, campeões em captação em 2009, principalmente pelo movimento registrado nos últimos meses, continuarão atrativos. À medida que podem incluir na carteira de investimentos um leque amplo de ativos, os multimercados apresentam rentabilidade superior a dos fundos conservadores, como DI, renda fixa e curto prazo que patinaram em 2009.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Diferença de até 122% nos preços

Jornal da Tarde

30/12/2009

Marília Almeida, marilia.almeida@grupoestado.com.br

O aluguel de imóveis residenciais de padrão semelhante localizados em um mesmo bairro pode oscilar até 122% na cidade de São Paulo. É o que aponta levantamento realizado pela administradora imobiliária Lello.

A maior oscilação foi verificada na Vila Nova Conceição, na zona sul da cidade, onde o aluguel de imóveis de dois dormitórios custa de R$ 18/m² a R$ 40/m². Em Moema, o preço do aluguel também pode dobrar, variando de R$ 15/m² a R$ 30/m². Diferença semelhante também pode ser observada no Campo Belo, onde o valor mínimo de aluguel é de R$ 12/m² e o máximo, de R$ 25/m².

Já as menores oscilações no valor do aluguel de imóveis de padrão semelhante foram encontradas em Santana, com mínimo de R$ 13/m² e máximo de R$ 15/m², Tucuruvi (R$ 11/m² a R$ 12,50/m²) e Jardim Paulista (R$ 26/m² a R$ 28/m²).

“Em uma mesma rua podem ser encontrados três preços diferentes por metro quadrado. O que impulsiona essas variações são, principalmente, a localização e a segurança”, explica a gerente de locação da Lello, Roseli Hernandes. Tipo de construção, lazer e vaga de garagem também contribuem para a valorização ou desvalorização do metro quadrado, aponta a gerente.

Segundo José Augusto Viana, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), as diferenças tendem a se acentuar devido à falta de espaço na cidade para novas construções.

“Os preços tendem a supervalorizar em zonas nas quais já não é possível construir e há poucas opções do tipo de imóvel. A escassez do mercado permite que os preços flutuem mais”, afirma ele.

Ao procurar um apartamento de três dormitórios para alugar, o relações públicas Bruno Sugui, 27 anos, percebeu a variação dos preços. “Pesquisei imóveis na Vila Madalena e o aluguel chega a dobrar se comparamos imóveis com perfil semelhante próximos de Pinheiros com aqueles perto da Lapa”.

O estudo abrangeu 18 bairros da capital, com base em informações das 11 filiais da administradora. Como parâmetro foram avaliados apartamentos de dois dormitórios e 65 metros quadrados, exceto em Higienópolis, Itaim Bibi, Pompeia e Perdizes, onde os imóveis disponíveis possuem metragens superiores.

Deflação severa pode retardar alta da Selic

Valor Econômico

30/12/2009

Luiz Sérgio Guimarães


Depois de encontrar o fundo do poço em junho, a 4,90%, o juro real vinha ensaiando retornar aos 6% do início do ano. Mas, pelo critério mais utilizado pelos economistas do mercado - o que desconta o IPCA projetado para 12 meses pelo Focus da taxa do swap de 360 dias -, caiu ontem a 5,74%. Deveria ter caído muito mais. O recuo sofrido pela taxa do contrato de swap pré/DI, de 10,44% para 10,42%, foi desproporcionalmente pequeno em relação ao tamanho da justificativa: a pesada e inesperada deflação registrada este mês pelo IGP-M. O índice caiu 0,26%, quando a mediana das expectativas era de -0,15%. As implicações para o futuro da severa deflação acumulada pelo indicador em 2009 - de 1,72%, a maior da história de 20 anos do IGP-M - tornariam obrigatória uma queda mais firme e acentuada do swap de 360 dias. Mas os players do mercado futuro de juros da BM&F se recusam a retirar prêmio da estrutura a termo por causa de fatores cuja conexão com o IPCA é indireta e remota. São eles as mudanças em curso na diretoria do Banco Central, as eleições presidenciais e as estratégias de saída da crise empreendidas atualmente nos EUA. O mercado não sabe se teme mais o "novo desenvolvimentismo" supostamente professado pela candidata Dilma Rousseff ou a defesa do juro baixo e do real fraco encampada com notável coerência ao longo da atual década pelo governador José Serra.

Os grandes investidores relutam em emprestar dinheiro a taxas prefixadas - exigindo para tanto prêmios visivelmente inchados - por causa do crescente esvaziamento, na diretoria do BC, das ideias neoliberais. Já que o presidente Henrique Meirelles, embora oriundo do mercado, só representa a si mesmo depois que abraçou a carreira política, o único representante do mercado que ainda resta no Copom - o diretor de Política Econômica, Mário Mesquita -, deve sair do BC no começo de 2010 - antes da desincompatibilização de Meirelles, em março. Já no início do segundo trimestre do ano, o Copom terá uma cara diferente da atual, se não heterodoxa, menos conservadora. Se a inflação não constitui hoje uma ameaça real ao patrimônio desses investidores, poderá vir a tornar-se no futuro caso a nova diretoria do BC não mova pronto ataque às pressões de demanda.

Mesmo sendo difícil, diante da deflação do IGP-M, imaginar o retorno triunfal do dragão inflacionário, os players preferem não arriscar. Isso trava o DI. Apesar do declínio do swap de 360 dias, o contrato mais negociado, com vencimento no final do governo Lula, permaneceu estável em 10,44%. E, na véspera do último pregão do ano, não há liquidez suficiente para que a ala dos "vendidos" em taxa faça prevalecer os sinais emitidos pelo IGP-M. Para Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, a importância maior dessa deflação está nos benefícios futuros que ela pode trazer para os IPCs em 2010. O economista raciocina que, além do peso que o IGP-M tem nos preços administrados, não se deve esquecer que dois itens que fazem parte dos serviços - aluguéis e condomínios - também são influenciados por esse indicador. "Podemos também acrescentar como impacto benigno desse resultado, o fato do IPA industrial ter fechado 2009 com uma deflação de 4,74%, tornando muito mais difícil vermos uma rápida pressão dos preços industriais sobre a inflação no varejo, o que seria a característica do início de uma inflação de demanda", diz Leal. Os preços no atacado indicam pouca pressão na cadeia produtiva e a própria inércia reduzida da inflação passada ajuda na formação das expectativas da inflação futura. O economista-chefe da Gradual Investimentos, Pedro Paulo da Silveira, diz que os dados da FGV retiram parte das preocupações no início de 2010. Para ele, a onda deflacionista, fruto da ociosidade existente na indústria e do câmbio valorizado, deve persistir mais um pouco no país.

O mercado de câmbio recebeu escassa influência dos indicadores americanos do dia. Tanto o índice de preços de casas calculado pelo S&P Case Shiller (queda de 0,05% em outubro), quanto o índice de confiança do consumidor medido pelo Conference Board (que subiu de 50,6 em novembro para 52,9 em dezembro) ficaram dentro das expectativas. E o dólar interrompeu sequência de quatro quedas, subindo 0,11%, para R$ 1,7430, porque o mercado entendeu, sem confirmação oficial, que o governo tinha autorizado o Tesouro a comprar dólares para o Fundo Soberano do Brasil.

Luiz Sérgio Guimarães é repórter de finanças

E-mail: luiz.guimaraes@valor.com.br

Ensina-me a gastar

Valor Econômico

30/12/2009

Por Janes Rocha, do Rio

Desde que deu início, em 2008, a um programa de educação financeira e previdenciária junto aos 40 mil funcionários da patrocinadora Vale do Rio Doce, a Valia, fundo de pensão dos empregados da mineradora, viu aumentar em quase 60% o número de consultas ao canal direto de comunicação dos participantes, o "Fale Conosco".

Porém, mais importante que o número é a "qualidade" das consultas, na opinião Eustáquio Coelho Lott, presidente da Valia. "Eles (os funcionários) acompanham as notícias da bolsa, querem saber por que o nosso fundo rendeu tanto e a bolsa tanto, por que aplicamos em tais ações", relata Lott.

Há alguns anos, iniciativas como a da Valia estão se espalhando pelo país. Só no setor bancário e de mercado de capitais são 17 instituições que já oferecem algum tipo de programa de educação financeira, seja presencial, seja "on line", seja pela TV, calcula o superintendente de Proteção e Orientação a Investidores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), José Alexandre Vasco.

Entre elas estão as associações de bancos, de corretoras e a bolsa. A BM&FBovespa, por exemplo, está expandindo seu programa televisivo para a rede nacional de TV educativa, diz Paulo Oliveira, diretor executivo de Desenvolvimento e Fomento de Negócios da bolsa.

"Temos conhecimento que existem muitas iniciativas de educação financeira no Brasil, mas são pontuais", diz Alzira Reis e Silva, assistente da Diretoria de Educação Integral do Ministério da Educação (MEC). Agora, o Ministério espera integrar as ações em um grande programa nacional de educação financeira nas escolas, que será lançado neste início de 2010 por decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O resultado de programas como o da Vale aparece no nível das perguntas dos funcionários, que subiu muito, diz Elisabete Silveira Teixeira, diretora de Seguridade da Valia. "Antes, no máximo, queriam saber quanto tinham para receber". O salto nas consultas, de 4.265 para 5.584, se deu já entre 2007 e 2008, o que, para Elisabete, reflete os efeitos das "aulas" de orçamento e planejamento financeiro pessoal organizadas pela Valia e a área de Recursos Humanos da Vale por meio de um jornalzinho interno e da intranet.

Embora não disponha de números exatos, Elisabete acredita que a preparação para o equilíbrio financeiro potencializou o interesse dos funcionários por um projeto lançado recentemente, em setembro, chamado "perfil de investimentos". Por esta ação, os participantes do fundo (mais de 90% dos funcionários da Vale) são convidados a escolher o perfil individual de aplicações da carteira entre conservador, moderado e agressivo - ou seja, com mais ou menos peso dos ativos de renda variável. Neste fim de ano, o número de consultas ao Fale Conosco da fundação atingiu 6.698.

O programa do governo, a cargo do MEC e do Coremec, comitê que envolve os principais órgãos supervisores do mercado bancário e financeiro, ganhou apoio do Banco Mundial. A instituição vai emprestar US$ 800 mil para financiar a avaliação dos resultados e o estudo de impacto nos alunos e suas famílias. A avaliação será aplicada desde o primeiro dia de aula nos Estados do Distrito Federal e Tocantins, afirmou Vasco, da CVM. A CVM é um dos integrantes do Coremec junto com Banco Central (BC), Superintendência de Seguros Privados (Susep) e Secretaria de Previdência Complementar (SPC).

O programa também tem apoio do Instituto Unibanco que contratou as consultoras independentes em pedagogia Heloisa Padilha e Laura Coutinho. Elas trabalham no projeto pedagógico voltado para o ensino médio e que será conteúdo de um livro que o MEC vai distribuir às escolas a partir de março.

Segundo Laura e Heloisa, o primeiro documento já foi elaborado, consiste em sete objetivos e 140 ações em 73 situações pedagógicas. Em linhas gerais, dizem as consultoras, o projeto trata a educação financeira não como mais uma matéria do currículo escolar, mas como parte em várias matérias. O conhecimento será dividido em duas dimensões, a individual e a social.

"Os alunos vão aprender a anotar suas despesas, os cuidados na hora de ir ao supermercado, olhar os anúncios publicitários com espírito crítico", explica Laura. Além disso, completa Heloisa, parte das ações terá como objetivo inserir os alunos no contexto macroeconômico do país, com noções que vão desde trabalho e empreendedorismo até bens e serviços públicos. Nessa etapa, o aluno refletirá sobre como o dinheiro dos impostos retorna (ou deveria) em forma de bens e serviços que ele encontra no seu dia a dia, do poste de luz à coleta de lixo.

O programa de educação financeira do governo federal é um dos dez "microcampos" de investimentos dentro do orçamento geral do programa Mais Educação, que tem perto de R$ 1 bilhão, explica Alzira Reis e Silva, do MEC. Segundo ela, até 1.650 escolas de ensino médio do país poderão adotar, em 2010, a disciplina de educação financeira, além de outros 1.200 colégios públicos e privados, em um universo de cinco mil instituições de ensino que estão aptas a participar do programa.

O programa, que conta com o apoio da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), está em estudo desde 2007. No decreto do presidente que o tornará política nacional, devem ser criados dois comitês que coordenarão o sistema de educação financeira, um voltado para a estrutura organizacional e outro voltado para o apoio pedagógico.

Para o economista Haroldo Torres, da consultoria Plano CDE, não há dúvida sobre a necessidade de aumentar a cultura financeira no Brasil, principalmente quando se pensa em inclusão bancária e popularização do mercado de ações, dois argumentos que vêm embalando as iniciativas no âmbito privado.

Especializado em pesquisas sobre a base da pirâmide social, Torres alerta, porém, para a importância de identificar "o que funciona e o que não", visando a mudar a atitude das pessoas frente ao dinheiro. Ele diz que "não está convencido de que ações educacionais funcionem isoladamente" e sugere que talvez seja o caso de analisar a adoção a combinação de educação, comunicação e repressão aos abusos de bancos e lojas, a exemplo de políticas de saúde bem-sucedidas de combate ao cigarro ou de uso de preservativo.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Renda fixa mais sedutora

Valor Econômico

29/12/2009


Por Adriana Cotias, de São Paulo

O mercado de renda fixa entra em 2010 com duas convicções: 1) os juros tendem a subir; 2) será uma fase de volatilidade, longe dos ganhos certeiros com papéis prefixados como se observou em 2009. Mais do que nunca, antecipar a que tempo o Comitê de Política Monetária (Copom) pode iniciar o ciclo de elevação da Selic será tão importante quanto calcular o tamanho do ajuste. Nesse ambiente de correção da taxa básica brasileira - e de uma possível rodada de elevações mundo afora -, os portfólios compostos por títulos de dívida pública e crédito privado ganham, porém, atratividade na disputa pelo bolso do investidor e devem registrar entrada de dinheiro novo. Em 2009, a captação líquida da categoria resumia-se a R$ 6,6 bilhões até o dia 22, segundo a Associação das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Com a China puxando a economia global, os países desenvolvidos ensejando uma recuperação e o Brasil crescendo a taxas expressivas, a curva de juros - dada pela formação de uma tendência entre os vencimentos dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) - vai se mover conforme a dinâmica esperada para os índices de custo de vida e para o fim dos estímulos monetários e fiscais. "No mundo inteiro, os bancos centrais estarão reagindo contra possíveis pressões inflacionárias, tirando o excesso de liquidez e, eventualmente, subindo os juros", resume o superintendente de Renda Fixa do Itaú Unibanco, Ronaldo Patah. "Será um ano mais volátil do que 2009, os gestores vão ter de se posicionar de acordo com o cenário e alternar a carteira com papéis pré e pós com mais frequência."

Embora os títulos de dívida corporativa ainda sustentem parcela importante nos resultados das carteiras, a remuneração, acrescenta Patah, já não é mais uma barganha, obrigando os gestores a serem mais criteriosos na escolha dos riscos. "No começo de 2009, o mercado estava bom para o comprador, agora está melhor para o vendedor (emissor)." Entre os papéis federais, são as Notas do Tesouro Nacional (NTN-B, atreladas ao IPCA) que ele considera a melhor opção para os portfólios. Isso por que o Itaú Unibanco tem um cenário mais conservador do que a média do mercado para as variáveis inflação e Selic. A instituição calcula que, com a atividade mais forte, crescendo a um ritmo de 6%, o IPCA fechará 2010 em 5%, acima da meta de 4,5%. Nesse contexto, a taxa primária brasileira subiria a 11,50% ao ano.

Na ponta mais otimista está a Bradesco Asset Management (BRAM), que projeta a Selic em 10,25% ao ano em dezembro, com as correções, se necessárias, empreendidas no fim do primeiro semestre, segundo o superintendente de Renda Fixa, Luís Roberto Zaratin Soares. O especialista considera que, além dos papéis corporativos ocuparem espaço relevante nos portfólios, serão os títulos indexados à inflação que garantirão um juro real para investidor nenhum "botar defeito".

"Há papéis com prazo de dez anos pagando 6,5%, 6,7% ao ano, o que é um retorno fenomenal." Dependendo do cenário traçado, os prefixados também são alternativa, com um prêmio (remuneração acima da Selic projetada) implícito de 1% a 1,5% no prazo de um ano, acrescenta. Ontem, as Letras do Tesouro Nacional (LTN) com vencimento em janeiro de 2011 tinham, por exemplo, ofertas a 10,45% no secundário. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o contrato de DI de mesmo vencimento embutia uma taxa efetiva de 10,44%. "Quando a tendência do juros é para cima, isso sugere mais "trading" do que posicionamento", explica Soares.

Pela última pesquisa do Banco Central (BC) junto ao mercado (Focus), publicada ontem, a Selic deve encerrar 2010 em 10,75% ao ano. O relatório de inflação, divulgado na semana passada com projeções consideradas benignas para os indicadores de atividade e de custo de vida, não chegou a alterar tal estimativa, apenas impondo recuo das taxas longas e alta dos vencimentos mais curtos na BM&F.

Se, para os gestores, a vida tende a ser mais difícil, para o investidor individual que quiser fazer posições estruturais, de longo prazo, os papéis prefixados ainda são uma boa pedida, diz o vice-presidente da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello. "O mercado vai titubear em relação a que momento o BC vai começar esse movimento (de elevação da Selic), se no fim do primeiro trimestre ou se no início do segundo semestre, vai ser um mercado volátil e essa situação favorece as posições prefixadas", afirma. Para o aplicador que vê espaço para a inflação subir, os papéis corrigidos pelo IPCA são uma boa forma de proteger a carteira.

A simples perspectiva de que, em algum momento do ano, os juros vão subir já torna os investimentos em renda fixa mais atraentes do que em 2009, diz o diretor de Renda Fixa da HSBC Global Asset Management, Renato Ramos. "Será pelo motivo bom que as taxas nominais e reais vão subir, para conter um crescimento da economia que está muito forte", afirma. "É um cenário que favorece tanto a renda fixa quanto os investimentos de maior risco, como a bolsa ou os fundos multimercados."

A capacidade da gestão de aumentar e diminuir posições nas horas mais apropriadas é que vai trazer rentabilidade adicional aos fundos nesse período mais volátil, acrescenta Ramos. O vaivém de preços, em certa medida também ocasionado pelo clima pré-eleitoral, com possível mudança no comando do BC, estará, porém, muito distante do que foi no conturbado 2008 - após a quebra do Lehman Brothers, alguns papéis chegaram a exibir prejuízos comparáveis à renda variável. As projeções da casa apontam para um ajuste de 2,50 pontos percentuais na Selic, com os ajustes a partir do segundo trimestre. "Mas o mercado não está muito homogêneo, há desde casas que acreditam que o primeiro aumento vem em março como as que acham que não virá nada o ano inteiro." Nesse contexto, o especialista sugere que o investidor divida o seu capital entre fundos DI e carteiras de renda fixa com gestão ativa.

Com a melhora do nível de atividade, é natural que o mercado de renda fixa passe a pedir mais prêmio nos ativos de renda fixa, o ano será bom, mas não com os mesmos retornos observados em 2009, diz o economista-chefe da Gradual Investimentos, Pedro Paulo da Silveira. "É de se esperar que o BC retire os estímulos e um deles é a taxa de juros, mais efetivo do que mexer em compulsórios, que são instrumentos de exceção". Ele não compartilha da tese de que o processo eleitoral possa impor algum risco à condução da política monetária. Mas reconhece que isso servirá de munição para mais volatilidade.

Banco público tem juro menor

Jornal da Tarde

29/12/2009

Taxas cobradas de clientes novos são mais baixas do que nas instituições privadas

Marcos Burghi, marcos.burghi@grupoestado.com.br

Caixa Econômica Federal tem os menores juros no cheque especial e no crédito pessoal, de acordo com a pesquisa





Os bancos públicos oferecem as taxas de juros mais baixas também a clientes novos e aqueles que têm poucos ou nenhum investimento nas instituições. A conclusão está na comparação entre as pesquisas mensais de juros da Fundação Procon de São Paulo (Procon-SP) referentes a janeiro e dezembro deste ano. Segundo o levantamento de dezembro, divulgado ontem, a Caixa Econômica Federal é a instituição que tem a taxa mais baixa para clientes deste perfil em 2009 nas modalidades analisadas: crédito pessoal e cheque especial.

No crédito pessoal, a Caixa chegou a dezembro com taxa de 4,39% ao mês ante 4,44% apurados em janeiro, queda de 0,05 ponto porcentual. De acordo com a aferição, o Banco do Brasil (BB) cobra de clientes não preferenciais, cujas taxas balizam a pesquisa, 4,48% ao mês, cerca de meio ponto porcentual menos que o praticado em janeiro (4,99%). A terceira instituição do ranking na modalidade é a Nossa Caixa, que reduziu de 4,9% para 4,48% o juro médio cobrado deste nicho da clientela (veja quadro ao lado).

No caso do cheque especial, a outra modalidade de crédito cujas taxas são pesquisadas mensalmente pelo Procon-SP, a Caixa também teve, em dezembro, o menor juro, 6,72% ao mês, após iniciar o ano na casa dos 7,99% para este segmento de clientes. No cheque especial, BB e Nossa Caixa, que atualmente são uma única instituição, chegaram empatados, com média de 7,65% ao mês, segundo o Procon-SP.

Diógenes Donizete, assistente de direção do Procon-SP, classifica como “mistério” o fato de as taxas não apresentarem redução maior. “Ainda há muita gordura para ser queimada”, acredita.

Ele afirma que os bancos costumam jogar a culpa no spread bancário, diferença entre as taxas que as instituições oferecem para captar recursos no mercado e os porcentuais que cobram para emprestá-los aos clientes.

O diretor do Procon-SP avalia que as instituições deveriam melhorar a forma de concessão de crédito com o objetivo de evitar que os consumidores se endividassem. Na opinião de Donizete, a melhora das condições econômicas ao longo do ano permitiria uma baixa mais expressiva dos juros. “Apesar disso, se o consumo aumentar a tendência é de que as taxas subam”, diz.

Luiz Jurandir Simões, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), afirma que o cheque especial é um dinheiro de alto risco, seja para quem usa como para quem concede, o que dificulta a redução das taxas de juros. “Embora a competição entre os bancos tenha ajudado nas baixas, o grau de risco do crédito impede reduções mais significativas”, afirma. Na avaliação do professor, o cheque especial é uma linha de financiamento que só deve ser utilizada em emergência. “As pessoas usam muito mal o cheque especial”, afirma.

Marcos Crivelaro, professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), acredita que ao longo de 2010 as taxas devem se estabilizar nos patamares atuais ou mesmo subir. Ele lembra, ainda, que os juros menores praticados pelos bancos públicos são uma orientação política, como parte dos incentivos para a retomada da economia.

Além disso, observa Crivelaro, o tipo de cliente para os quais são oferecidas as taxas pesquisadas pelo Procon-SP não pressupõe que ainda haja uma fidelidade com a instituição, o que influi nos juros.



Inadimplência e custos compõem as taxas

O Jornal da Tarde abriu espaço para manifestação de todos os bancos que fazem parte da pesquisa e que foram citados na reportagem. Em nota, a Nossa Caixa afirma que as taxas de juros de empréstimo pessoal e de cheque especial para pessoa física estão entre as mais baixas no universo pesquisado.

O HSBC informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que são considerados alguns fatores para a composição da taxa de juros: o custo do dinheiro, a perspectiva de inadimplência, o relacionamento do cliente com a instituição e a expectativa do mercado, entre outros. “Diante da alteração de qualquer um desses critérios, a taxa de juros pode variar tanto para cima quanto para baixo”, acrescentou a assessoria em nota. Os demais bancos não enviaram resposta até o fechamento da edição.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Arigatô, Brasil

Revista Exame

26/12/2009


Acostumados com aplicações de baixíssimo retorno, investidores japoneses começam a descobrir as oportunidades do mercado brasileiro -- e isso é uma ótima notícia para as empresas e o governo.

Guilherme Fogaça

Masahiro Morita, o japonês de 31 anos que aparece na foto acima, está feliz da vida por ter descoberto as oportunidades de investimentos disponíveis no Brasil. Funcionário da área de marketing da gestora de recursos Mitsubishi UFJ, em Tóquio, Morita foi um dos primeiros a aplicar no fundo de renda fixa que o Bradesco lançou no Japão, há cerca de um ano. Hoje ele é um dos 9 000 cotistas impressionados com a rentabilidade alcançada. Em 2009, o Bradesco Brazil Saiken Fund deu um retorno de 45% em iene. Se aplicasse num fundo de renda fixa japonês, Morita teria de esperar mais de 370 anos -- é isso mesmo, 370 anos -- para acumular um retorno dessa magnitude. Em razão da perspectiva de crescimento econômico, a opção Brasil é cada vez mais atraente aos olhos dos japoneses. O fato de o país ter a nota "grau de investimento" das principais agências de risco acalmou parte dos investidores. Com taxas de retorno de dois dígitos, o Brasil parece um eldorado para aplicadores como Morita.

É verdade que a Selic caiu no decorrer de 2009, mas o juro brasileiro -- em 8,75% -- é gigantesco para os padrões japoneses. A taxa básica de juro da economia japonesa, que se arrasta há quase duas décadas, é de 0,1% ao ano. Na bolsa de Tóquio, a situação também não tem sido muito alentadora. O Nikkei 225, principal índice do mercado de capital japonês, está no mesmo patamar de 1984. Para completar a lista de vantagens atribuídas ao Brasil, há a questão do câmbio. O real, quem diria, é uma das moedas que mais se valorizaram no mundo neste ano. Em relação ao iene, a alta foi superior a 30% desde janeiro -- o que ajuda a explicar o rendimento de 45% do fundo do Bradesco. "Tenho dinheiro em fundos que investem em outros países emergentes, mas são aplicações em dólar. O único país em que invisto na moeda local é o Brasil", diz Morita

O aumento do interesse dos japoneses pelo Brasil fica evidente quando se acompanha a cobertura dos grandes jornais de Tóquio. "A demanda por informações realmente cresceu e, durante a crise, fui muito questionado sobre a situação do país", diz Makoto Danjo, correspondente para América Latina e Caribe do Nihon Keizai Shimbun, um dos principais jornais japoneses, com tiragem diária de 3 milhões de exemplares. "A economia brasileira não se destaca mais apenas pela produção de commodities", diz Danjo, que fica baseado em São Paulo e recentemente produziu um especial de cinco páginas sobre o Brasil. O desembarque dos fundos no Japão a partir de 2007 chamou a atenção pela maneira como aconteceu. De forma geral, não foram os bancos brasileiros que perceberam uma oportunidade do outro lado do mundo. Foram os investidores japoneses que começaram a se interessar pelo mercado, entraram em contato com suas corretoras locais, que, por sua vez, procuraram bancos com operações no Brasil, como Credit Suisse e HSBC. É como se os fundos tivessem sido comprados pelos japoneses -- e não vendidos pelos brasileiros.

Mesmo com a predisposição favorável ao Brasil, os gestores sabem que precisam respeitar certos ritos para garantir que a intenção se transforme em investimento efetivo. O diretor responsável pelos clientes globais do Itaú Unibanco, Roberto Nishikawa, sempre reserva um dia para jogar golfe com os representantes das corretoras locais quando vai ao Japão. Na maioria das vezes, não trocam uma palavra sobre investimentos. "Não é a hora. Os japoneses querem avaliar minha personalidade nos pequenos atos, como a minha reação ao dar uma tacada errada. Eles consideram fundamental fazer esses encontros pessoais para construir uma relação de confiança", diz Nishikawa. O Itaú Unibanco lançou em novembro o fundo de ações Rio Wind e captou 1,2 bilhão de dólares em apenas 20 dias -- um recorde entre os fundos brasileiros na Ásia.

De acordo com os executivos que viajam periodicamente ao Japão, parte dos investidores que buscam mais informações sobre o Brasil fica surpresa com o que descobre. Um dos fenômenos que mais chamam a atenção é o crescimento do consumo interno. Outro fator que causa boa impressão é a existência de empresas de alta tecnologia -- nesse quesito, o destaque é a Embraer. "O Brasil deu um salto", diz Kenji Yamamoto, executivo responsável pela comercialização e pelo marketing dos fundos brasileiros do HSBC no Japão. Yamamoto morou no Brasil na década de 80 e ficou maravilhado quando visitou São Paulo em 2008. "Quando pisei na avenida Faria Lima parecia que estava em outro país. Vários carros são mais novos do que os que rodam no Japão e há restaurantes com preços de Nova York que estão sempre lotados", diz Yamamoto.

Algumas gestoras já estão sofisticando as opções de investimento. Na categoria dos fundos de renda variável, a quase totalidade deles é composta pelos de ações que seguem um índice, como o Ibovespa, e os que podem aplicar em qualquer papel listado na bolsa brasileira. Como a demanda é forte, o BNY Mellon Arx, gestora de recursos do grupo americano BNY Mellon no Brasil, pretende abrir o leque. Está previsto para janeiro o lançamento de um fundo de ações setorial voltado para as áreas de infraestrutura e consumo. "Existe a expectativa de que esses setores sejam dois importantes vetores de crescimento da economia brasileira nos próximos anos", diz Alexander Gorra, diretor da plataforma internacional do BNY Mellon Arx. Há dois anos, a participação dos japoneses no patrimônio da gestora era zero. Agora, estima-se que ela chegue a 30% até o final de 2012.

Um território ainda a desbravar no mercado japonês são os fundos de pensão e outros grandes investidores. Embora reconheçam o bom momento vivido pelo país, parte deles exige um histórico positivo dos investimentos de, no mínimo, cinco anos antes de qualquer aporte. Já os investidores comuns são menos criteriosos e, no total, contam com uma poupança de cerca de 16 trilhões de dólares. É claro que apenas uma pequena parcela desse montante realmente aterrissará em solo brasileiro -- mas o que vier será muito bem-vindo. Embora os aplicadores estrangeiros pressionem o câmbio, o dinheiro que trazem ajuda a capitalizar as empresas, inclusive as do estratégico setor de infraestrutura. Além disso, o capital internacional poderá ter um efeito positivo na gestão da dívida pública. "À medida que a demanda dos estrangeiros aumentar, o governo poderá pensar em lançar papéis com prazos maiores", diz Cristiano Souza, economista do Santander, outro banco presente no Japão. Se depender de investidores como Morita, a demanda não vai cair. "Por mais que procure, sei que é quase impossível encontrar outro lugar para investir que tenha essas taxas de retorno. Vou continuar com esse dinheiro aplicado por mais 40 anos", diz ele. O Brasil está igualmente satisfeito.

Ainda dá para reduzir o IR 2010

Jornal da Tarde
18/12/2009


Despesas como previdência privada e doações, feitas até dia 31, poderão ser incluídas

Paulo Justus, paulo.justus@grupoestado.com.br

Ainda dá tempo para reduzir o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) que será pago no ano que vem. Ou então aumentar o imposto a restituir. Para isso, é preciso realizar despesas dedutíveis do tributo até 31 de dezembro. São gastos como aplicações em previdência privada e doações, que podem ser abatidas do tributo a ser recolhido.

No caso dos planos de previdência complementar, a dedução é permitida para o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) até o limite de 12% do rendimento pessoal bruto no ano. Para que a dedução seja válida, também é preciso que a pessoa contribua com a previdência estatal. O investimento pode ser feito ao longo do ano ou sob a forma de um aporte único. Esse dinheiro deixa de ir para o Fisco e acaba voltando futuramente para o contribuinte, sob a forma de previdência complementar.

Mas é preciso ter em mente que o investimento vai ser para um resgate futuro. “É importante fazer a aplicação dentro de um planejamento pessoal, não apenas para pagar menos tributo”, explica o diretor tributário da consultoria contábil Confirp, Welinton Mota.

Já no caso de doações, a dedução de impostos é menor, limitada a 6% do imposto a ser cobrado no ano. Para que o abatimento de imposto seja válido, é preciso que a entidade beneficiada esteja cadastrada no Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fumcad).

Nesse caso, o contribuinte destina parte do pagamento do imposto diretamente a uma instituição de caridade. Trata-se de uma maneira de fazer o dinheiro chegar mais rápido a quem precisa, sem ter de passar antes pelo governo.

Em São Paulo, é possível fazer doações às entidades cadastradas no Fumcad pelo site http://fumcad.prefeitura.sp.gov.br. Lá o contribuinte seleciona a entidade que vai receber a doação e emite um boleto bancário para o pagamento. Ele também pode simular as doações de modo que sejam totalmente abatidas do Imposto de renda. Para um rendimento tributável de R$ 30 mil ao ano, por exemplo, a dedução máxima para doações é de R$ 190,39. Valores acima dos dedutíveis não são abatidos do imposto e se transformam em doação direta à entidade selecionada.

Tanto no caso da previdência privada quanto na doação, o contribuinte deve prestar atenção para os recibos. Isso porque a Receita aumentou as exigências de comprovação de deduções para o Imposto de Renda. O contribuinte que não comprovar o gasto dedutível está sujeito a multa equivalente a 75% do tributo devido.

O consultor tributário do Centro de Orientação Fiscal (Cenofisco), Lázaro Rosa da Silva, explica que o recibo tem de ter pelo menos o CNPJ da instituição com o endereço e todos os dados, além do valor da despesa e a assinatura do responsável pela instituição. Essa regra vale também para outros gastos, como educação e despesas com saúde, que podem ser abatidos do imposto de renda.

O contribuinte deve realmente tomar cuidado pois a Receita também passa a exigir dos profissionais de saúde o preenchimento de um documento (Dmed), para aumentar mais a fiscalização.
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