sexta-feira, 10 de junho de 2011

Ofensiva dos CDBs

Valor Econômico
10/06/2011

Luciana Monteiro | De São Paulo




O investidor de varejo vem sendo bombardeado por propagandas de bancos, especialmente dos menores, oferecendo Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) com taxas para lá de atrativas. A ofensiva ocorre num momento em que as pequenas instituições disputam mercado com as grandes, aumentando o volume dessas operações. Em maio, os CDBs captaram líquidos R$ 15,033 bilhões - o segundo melhor mês do ano, perdendo apenas para os R$ 19,672 bilhões de março. Em 2011, até maio, os CDBs captam R$ 38,621 bilhões.

Para quem está disposto a manter o dinheiro por mais tempo, como três ou quatro anos, e um valor mais alto, é possível encontrar CDBs de bancos de primeira linha com taxas que podem chegar a 102% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, o juro interbancário que serve de referencial para as aplicações mais conservadoras). Pela atual taxa de juros, de 12,25% ao ano, isso equivale a um retorno de 12,49% anuais. Já nos menores, a remuneração atinge até 110% do CDI, ou 13,47% ao ano.

Os CDBs podem ser mais atrativos que os fundos, que cobram taxa de administração e reduzem o ganho em relação ao CDI. Podem ser mais interessantes, em alguns casos, que os títulos do Tesouro Direto, em que o investidor tem de pagar as taxas de corretagem e custódia para a bolsa. Mas é preciso ressaltar que o risco dos CDBs também é maior, já que representam uma dívida do banco.

A novidade é que essas taxas acima do CDI estão mais próximas do pequeno investidor graças ao esforço dos bancos de menor porte. O cuidado é apenas observar o risco de crédito, ou seja, a saúde financeira do banco, nos casos em que o valor supere o protegido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que é de R$ 70 mil por CPF. O investidor pode até formar uma carteira de vários CDBs de bancos menores dentro do limite de garantia.

Entre os que entraram na disputa pelos investidores pessoa física estão Sofisa e Ficsa, que lançaram programas de venda de CDBs pela internet. No caso do primeiro, por meio do Sofisa Direto, o investidor pode obter taxa de 110% do CDI nos CDBs de três anos, com liquidez apenas no vencimento. O retorno oferecido é o mesmo para qualquer valor investido, de R$ 1 a R$ 1 milhão.

Já no caso do Ficsa, a plataforma on-line batizada de CDB Direto recebe aplicações entre R$ 200,00 e R$ 70 mil. "Quando se fala do investidor de pequenas aplicações, as pessoas querem ter certeza de que seu patrimônio estará protegido e seguro", diz Sandro Tordin, executivo do Ficsa. Por isso, o banco limitou as aplicações a R$ 70 mil

O sistema financeiro tem se mostrado sólido e montar um portfólio com vários CDBs, mesmo de instituições menores, se mostra interessante, desde que os limites se restrinjam ao garantido pelo FGC, avalia Mauro Calil, professor do Centro de Educação e Formação de Patrimônio Calil & Calil. "Mas o melhor é que o investidor aplique até R$ 60 mil em cada um deles, para a garantia cobrir também os juros", diz. "Aplicar R$ 70 mil é correr um risco à toa já que, em caso de quebra do banco, o cliente terá de volta somente o principal investido."

A estratégia de marketing das instituições menores é oferecer a mesma taxa de retorno para os pequenos ou grandes investidores. Mas vale lembrar que os bancos menores estão num momento em que precisam captar recursos para emprestar, enquanto o Banco Central adota medidas para conter o nível de crédito a fim de conter a escalada da inflação. Portanto, para quem pensar em ir além da garantia, pode haver um risco imponderável que o investidor deve levar em conta em troca de uma rentabilidade levemente acima do CDI.

Há também a necessidade desses bancos, a partir do ano que vem, de reduzir os volumes de Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGE), que são cobertos até R$ 20 milhões. Criar uma base pulverizada de investidores usando o FGC pode ser uma alternativa para os pequenos.

Entre os grandes bancos, a principal estratégia está centrada nos CDBs com retornos progressivos, cuja remuneração aumenta conforme o prazo. Quando o investidor não sabe se vai precisar do dinheiro, o CDB tradicional é mais vantajoso, pois não se perde liquidez, diz Edson Franco, superintendente-executivo de Investimentos do Santander. Já para os que podem deixar o dinheiro investido por um tempo mais longo, os papéis com rendimento progressivo são mais indicados, avalia.

No Santander, aplicações entre R$ 1 mil e R$ 30 mil podem conseguir até 100% do CDI se permanecerem pelo menos três anos no CDB Recompensa Fácil. Entre R$ 30 mil e R$ 250 mil, a taxa chega a 101% do CDI e, acima de R$ 250 mil, 102% do referencial, ambos para prazos superiores a dois anos. Vale lembrar que esses retornos podem variar, conforme o volume já aplicado pelo cliente no banco. De acordo com Franco, entre janeiro e maio deste ano, o Santander já captou R$ 889 milhões em CDBs, valor bem acima dos R$ 139 milhões registrados no mesmo período do ano passado.

O aumento da massa salarial e ascensão das classes D e E estão trazendo novos investidores ao mercado, diz Osvaldo do Nascimento, diretor-executivo de produtos de investimento e previdência do Itaú. No CDB progressivo do banco, batizado de Plus, as taxas podem chegar a até 103,5% do CDI para os volumes maiores e para prazos acima de três anos. Para quantias menores, de R$ 1 mil, o máximo é 99% do CDI. Outra opção é a operação compromissada, semelhante ao CDB, que paga um pouco mais, mas não tem garantia do FGC.

Com o aumento da taxa básica de juros (Selic), os CDBs vêm atraindo os investidores com perfil mais conservador, conta Marcos Daré, diretor do departamento de investimentos do Bradesco. No CDB Fidelidade, com R$ 1 mil, é possível obter taxas de 100% do CDI após dois anos. Com mais de R$ 50 mil, a taxa vai para 101% do CDI e, acima de R$ 500 mil, 102% do CDI. "É uma aplicação que privilegia quem permanece por mais tempo."

Cresce apelo de títulos prefixados

Valor Econômico
10/06/2011



Renda fixa: Investidor aposta em aperto e reduz demanda por papéis indexados à inflação

Lucinda Pinto | De São Paulo

A preocupação com a inflação, que vinha pautando os negócios de renda fixa este ano, perdeu força nas últimas semanas e mudou o tipo do apetite do investidor por títulos públicos. Em vez das NTN-Bs, papéis atrelados ao IPCA, considerados uma forma de proteção em tempos de preços em alta, o foco do mercado agora são os papéis prefixados, como LTNs e NTN-Fs, que ganham atratividade quando o mercado acredita que a inflação controlada abrirá espaço para a queda da taxa Selic no futuro.Como consequência, a inflação que os títulos públicos projetam começou a cair com força. Na terça-feira passada, a NTN-B com vencimento em 2012, por exemplo, tinha uma taxa de inflação implícita (diferença entre a rentabilidade do papel indexado ao IPCA e a taxa prefixada de prazo equivalente) de 5,09%. Um mês atrás, essa taxa era de 5,86% e, em 6 de abril, no auge da preocupação com a disposição do BC em subir os juros para fazer frente à piora da inflação corrente e esperada, chegou a 6,25%.

O que está por trás desse movimento, segundo especialistas, é uma mudança no cenário traçado pelo mercado para o rumo da inflação, provocada por um conjunto de fatores: a percepção de que o BC será mais firme no processo de aperto monetário; o alívio, em meados de maio, dos preços das commodities; e os sinais de desaceleração da economia local e de fraqueza persistente da atividade no exterior. "A indicação deixada pelo Copom, de que haverá pelo menos mais um aumento da taxa Selic na próxima reunião, reforça a leitura de que a hora é de apostar na desaceleração da inflação", afirma o sócio tesoureiro do Banco Modal, Luiz Eduardo Portella.

De fato, o leilão de títulos prefixados, realizado ontem pelo Tesouro Nacional, mostrou uma grande demanda pelos papéis. Foi vendido um total de 8,250 milhões de LTNs, distribuídos entre três vencimentos. O grande apetite se traduziu em taxas mais baixas pagas pelo Tesouro. O papel com vencimento em 2013, o maior lote da oferta de ontem, saiu com taxa média de 12,62%, ante 12,55% no leilão da semana anterior. A expectativa dos especialistas é que, nos próximos leilões, o Tesouro continue "agressivo" na colocação desses títulos, aproveitando o bom momento do mercado para antecipar a rolagem do vencimento de cerca de R$ 100 bilhões, do dia 1º de julho (R$ 84 bilhões em LTNs e cerca de R$ 15 bilhões em cupom de NTN-Fs).

O desenho do cenário para a inflação começou a mudar em maio, quando os preços das commodities tiveram uma queda abrupta. Até então, havia uma grande preocupação com a possibilidade de a alta das matérias-primas no exterior contagiar outros preços e alimentar um processo inflacionário de longo prazo. Ao mesmo tempo, o álcool combustível, fonte de pressão sobre os preços nos primeiros meses do ano, recuou, garantindo queda também no preço da gasolina. Esse ajuste deu força ao alívio da inflação, já esperado para o segundo trimestre. E foi um dos principais motivos para o recuo da inflação medida pelo IPCA para 0,47% em maio, ante 0,77% em abril.

Os sinais de fraqueza da atividade econômica, aqui e no exterior, ajudam a compor o cenário favorável. Foi emblemático o resultado da produção industrial de abril, divulgado pelo IBGE no dia 31 de maio. Houve queda de 2,1% em abril ante março, enquanto as expectativas eram de uma taxa próxima à estabilidade. Embora seja um dado defasado, a surpresa que ele causou levou muitos economistas a rever suas projeções para o desempenho da atividade no ano. E, com isso, o mercado passou a considerar que a demanda pode se retrair com mais força, reduzindo a pressão sobre os preços.

Por fim, um elemento fundamental para a correção de rota das projeções de inflação, principalmente para o longo prazo, foi a mudança, em abril, do discurso do BC em relação à política monetária. A estratégia adotada até então, de dar um peso maior às chamadas medidas macroprudenciais no combate à inflação, havia sido lida pelo mercado como uma postura mais "frouxa" por parte do BC. E contribuiu para a piora das expectativas de inflação. Mas, quando o BC afirmou, em abril, que o ajuste monetário no país se daria por um "período suficientemente prolongado", o mercado entendeu que o aperto monetário poderia durar mais tempo do que o previsto, ainda que com doses menores, de 0,25 ponto percentual - mensagem confirmada na reunião dessa semana. A aposta é que, se o BC for rigoroso no combate à inflação agora, colherá índices mais baixos lá na frente, o que abrirá espaço para queda futura da taxa Selic.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Rentabilidade de CDBs e fundos DIs vai melhorar

O Globo

9/6/2011

Efeito em empréstimo bancário e crediário será pequeno

RIO e SÃO PAULO. O quarto aumento consecutivo da Taxa Selic este ano vai melhorar a rentabilidade de aplicações como Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e fundos DI (pós-fixados), que se tornam cada vez mais atraentes frente à caderneta de poupança. Levantamento do site www.comdinheiro.com.br mostra que o ganho de um fundo DI sobe dos atuais 9,80% para 10,05% ao ano, considerando a antiga e a nova Selic (12% e 12,25% ao ano, respectivamente). Os percentuais já descontam uma taxa de administração de 2% anuais, mas são anteriores à dedução do Imposto de Renda (IR), que varia de 22,5% a 15%, conforme o tempo da aplicação.

Nos CDBs - que pagam um percentual do CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro), que acompanha a Selic - uma aplicação de mil reais em um banco de primeira linha (que pague 85% do CDI) geraria ganho de R$81,70 ao fim de um ano com a Selic a 12%. A 12,25% ao ano, esse ganho atinge R$85,15. Na poupança, o mesmo valor teria um ganho de R$74,48. O professor Rafael Paschoarelli Veiga, professor da FEA/USP e responsável pelo site, diz que a poupança fica cada vez "mais feia" em relação a outras aplicações.

Já sobre os juros dos empréstimos bancários e do crediário, o efeito da alta da Selic será muito pequeno. Segundo a Anefac, os financiamentos oferecidos pelo varejo subirão de 5,73% mensais (95,15% ao ano) para 5,75% (95,6%), alta de 0,35%. No cheque especial, a taxa média deve avançar apenas 0,25%, de 8,12% ao mês (155,2% anuais) para 8,14% (155,76%). A alta será maior no CDC dos bancos: 0,83%. A taxa média passará de 2,42% mensais (33,23% ao ano) para 2,44% (33,55%). A taxa dos empréstimos pessoais subirá de 4,75% mensais (74,52% ao ano) para 4,77% (74,92%), elevação de 0,42%. Já nos cartões de crédito haverá um incremento de 0,19%, de 10,69% ao mês (238,3% anuais) para 10,71% (239,03%). (Bruno Villas Bôas e Ronaldo D"Ercole)
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