domingo, 27 de fevereiro de 2011

Tesouro direto rende o triplo da Poupança


27/02/2011

Investir em títulos públicos é uma maneira segura de multiplicar o dinheiro

Gabriel Caprioli

Garantir uma boa renda no futuro não depende mais apenas de uma gorda aposentadoria ou da sorte em aplicações de risco — como a compra de ações de empresas privadas no mercado de capitais. Uma nova maneira de investimento, segura e rentável, vem ganhando adeptos dia a dia. É o Tesouro Direto, modalidade que já atraiu quase 220 mil brasileiros desde 2002. A aplicação permite a qualquer pessoa, por meio da compra de títulos do governo pela internet, tornar-se credora do Tesouro Nacional sem intermediários.
Especialistas garantem que a rentabilidade e a segurança dos ativos públicos ainda são imbatíveis, quando comparados às opções mais tradicionais do mercado. Alguns papéis com prazo de vencimento mais longo, nos últimos 12 meses, chegaram a render mais de 19% aos compradores — uma fábula, quando comparada aos 6,5% da poupança. E passar a ser dono de parte da dívida pública do país é mais fácil do que parece (veja passo a passo abaixo). Com valores a partir de R$ 100 na conta bancária e o número do CPF, é possível ingressar no programa pelo endereço eletrônico www.tesourodireto.gov.br.
O site oferece uma série de ferramentas para esclarecer até mesmo os menos familiarizados com a dinâmica dos títulos públicos, como um curso virtual desenvolvido em parceria com a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) — o mecanismo traz um simulador de compra e uma calculadora de rendimentos. “Quando lançamos o Tesouro Direto, recebemos várias sugestões que deixavam clara a necessidade de trabalhar essa questão da educação financeira. Então desenvolvemos esses instrumentos”, explica André Proite, gerente de relacionamento com os investidores do Tesouro.
Custo baixo
Há nove anos, quando o programa foi criado, a única forma de as pessoas físicas adquirirem títulos públicos era via fundos de investimentos, carteiras que normalmente detêm esse tipo de papel. “A diferença principal em optar pelo Tesouro Direto é que você não precisa pagar uma taxa de administração para o fundo e, apesar de ter que arcar com alguns custos, eles são muito mais baixos”, afirmou Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV). A única taxa cobrada pela aplicação é a de 0,1% sobre o valor da compra (em uma única vez) e 0,3% (ao ano) para a custódia dos títulos, que ficam sob a guarda da Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). Os 87 bancos e instituições que operam o sistema podem cobrar uma taxa fixada entre zero e 4%. No site do Tesouro, há um ranking de operadores e tarifas.
Proteção
O programa oferece uma série de papéis com características diferentes que podem ser adequados aos planos dos investidores. “O primeiro passo a ser feito é definir qual tipo de poupança se quer. Se é para comprar um carro daqui a dois anos, incrementar a aposentadoria ou ter um rendimento contínuo. Para cada opção, há um papel diferente”, diz o gerente de renda variável da corretora TOV, Pedro Alceu. Na avaliação de Castelar, os títulos mais indicados para quem não acompanha de perto o vaivém da economia são os atrelados a índices de preço (NTN-B e NTN-B principal).
Dessa forma, os investidores ficam protegidos contra a perda de valor da moeda e ainda ganham algo acima da inflação. “Para sair disso e escolher, por exemplo, um papel ligado à Selic (taxa básica de juros), é preciso fazer uma espécie de aposta em variações macroeconômicas — no caso, na alta dos juros”, pondera. Atualmente, R$ 4,7 bilhões em dívidas da União estão em poder de pequenos investidores particulares graças ao Tesouro Direto. A maior parte (51,3%) está em aplicações menores do que R$ 5 mil. Somente em janeiro, foram emitidos R$ 360,26 milhões, sendo a maior procura por papéis prefixados (54,81%), seguida pelos indexados à inflação (35,16%) e pelos atrelados à Selic (10,04%).
O estoque do programa ainda representa muito pouco, apenas 0,1%, de toda a dívida pública federal (atualmente, de R$ 1,6 trilhão). Mas, para Proite, a parcela diminuta em relação ao total negociado não diminui a importância do programa. “Criamos o Tesouro Direto para aumentar a participação do investidor pessoa física como credor do governo. A intenção é democratizar o acesso.” O Tesouro trabalha com uma meta, guardada sob segredo, de ampliação da participação dos investidores pessoas físicas no total da dívida pública. “Queremos elevar essa fatia expressivamente em dois anos”, diz Proite.
Papéis confiáveis
Forma eficaz de financiamento dos gastos da máquina federal, os títulos públicos são emitidos pelo governo e comercializados no mercado financeiro. A administração da dívida da União tem por objetivo rolar esses compromissos, substituindo os que vencem por outros novos. Quanto mais confiável é a economia de um país, mais seguros são os papéis que compõem sua dívida.

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