sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Máquinas do lucro

Valor Econômico
Por Angelo Pavini, de São Paulo
04/01/2008



A maioria dos fundos quantitativos, que usam sistemas automáticos de decisão de investimentos com base em modelos estatísticos e matemáticos, se saiu bem no ano passado. De uma amostra de 12 fundos acompanhados pelo Valor com base em dados do site Fortuna, oito conseguiram superar o CDI de 11,82% em 2007. Apesar disso, a estratégia parece não ter ainda caído nas graças dos investidores, com um resgate líquido de R$ 95 milhões, fechando dezembro com um patrimônio de R$ 630 milhões. Esse valor está concentrado em cinco carteiras - Santander Dinâmico, SLW Volatilidade, ABN Amro Quant e os dois fundos que o Itaú herdou do BankBoston, Quant IB e Expert IB. Muitas carteiras têm menos de R$ 10 milhões.


Um dos destaques do ano é a novata Vector Investimentos, cujo fundo Vector Quantitativo acumulou 16,70% no ano, o melhor desempenho da amostra. A gestora foi criada em 2006 por um grupo de ex-executivos do Garantia/Credit Suisse e do Unibanco que resolveu criar uma carteira quantitativa dentro do projeto de uma encubadora de fundos do Banque Safdié. "A idéia era receber aplicações dessa encubadora, mas o Safdié desistiu do projeto", explica Moacir Kang, sócio da Vector. Assim, o fundo acabou sendo criado com recursos dos sócios e conhecidos, acumulando R$ 3,5 milhões.


Kang - que foi responsável pela área de derivativos da Unibanco Asset Management e da tesouraria do banco - e seu sócio Marcelo Chilov tiveram sua primeira experiência com gestão quantitativa na AAA Asset Management, em 1999. O fundo quantitativo voltado para estrangeiros acabou fechando com a crise da Nasdaq. "Mas essa experiência nos ajudou a montar um dos melhores bancos de dados de cotações do mercado brasileiro, ferramenta fundamental para os modelos quantitativos", diz.


Segundo Kang, o Vector Quantitativo usa o sistema de caixa preta, onde o modelo decide o que fazer, sem interferência humana. "O gestor só entra se há algum evento corporativo, algum anúncio de uma empresa", diz. Nesse caso, normalmente a ação é retirada da carteira, que é, então, recalculada pelo modelo.


O desempenho do Santander Dinâmico, o maior da categoria, foi bastante errático ao longo de 2007, explica Alexandre Silverio, superintendente de gestão de fundos da Santander Asset Management. O fundo, que completou quatro anos em 2007 com retorno médio anual de 114% do CDI, foi razoável no primeiro semestre e ganhou bastante no segundo, chegando a acumular 125% do referencial até outubro. Em novembro e dezembro, porém, a carteira teve perdas no mercado de dólar e fechou o ano com 104,5% do CDI. "Gosto de indicar esse fundo para diversificação, pois ele não se vincula às decisões da equipe de gestão", diz Silverio. O Dinâmico fechou com uma volatilidade razoável, de 7,6% ao ano, para 12% dos multimercados mais agressivos ou 30% de um fundo de ações.


Os modelos dos fundos quantitativos tiveram de ser ajustados à nova realidade do mercado criada pela crise das hipotecas de alto risco ("subprime"), diz Aristides Jannini, diretor-executivo de Asset Management do banco WestLB. Uma das mudanças foi fazer com que os modelos trabalhassem com menor risco e volatilidade, que assustavam os investidores. "Fizemos isso evitando que os fundos 'dormissem' com posições em aberto, mesmo abrindo mão de alguns ganhos", diz. "Isso corrigia a grande falha dos fundos quantitativos, que é não detectar o fato novo, que não está no modelo", diz. O resultado foi bom para o WestLB Absolut, que terminou o ano com retorno de 15,68%. "Foi um retorno muito bom se levarmos em conta que muitos fundos multimercados tiveram perdas", diz. "Nosso trabalho neste ano, que também deve ter forte volatilidade, será reduzir ainda mais a oscilação dos modelos e mostrar para o cliente que essas aplicações devem ser vistas no longo prazo."


No começo do ano, o Principia Hedge também não foi muito bem. O período foi de "spreads" (diferenças de cotações) altos e as distorções de preços demoraram mais para se ajustar, reduzindo os ganhos dos modelos, explica Marcelo Paixão, sócio da Principia Capital Management. Mas, quando o mercado começou a cair em agosto, com liquidez, os modelos começaram a ir bem. "Nos pares de long/short (arbitragem de ações) e no mercado de volatilidade tinha muita distorção e, com a liquidez maior e 'spreads' menores, o custo de transação caiu e tivemos mais resultados", diz. Paixão lembra que, para o modelo quantitativo, não importa muito se o mercado cai ou sobe, mas que oscile bastante e tenha muita liquidez para os "spreads" não se alargarem. Para este ano, Paixão espera que mercado continue com liquidez abundante e muita volatilidade, o que deve beneficiar os modelos quantitativos. "Pode ser um quadro semelhante ao do segundo semestre do ano passado", diz.

Casa própria fica mais fácil

Jornal da Tarde
04/01/2008


2008 já começa com financiamentos mais baratos e grande oferta de crédito imobiliário

FABIO LEITE, f.leite@grupoestado.com.br


O ano de 2008 deve ser mesmo o da casa própria mais fácil. Linha de financiamento ampliada e com juros mais baixos que favorecem a classe média e o aumento de recursos para o crédito habitacional destinado à baixa renda vão fazer do primeiro imóvel um sonho mais palpável para as famílias brasileiras nos próximos 12 meses.

Os primeiros reflexos deste cenário promissor já podem ser sentidos pela classe média e média alta. Desde o primeiro dia útil do ano, o trabalhador cotista do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) há pelo menos três anos não precisa mais comprovar renda para obter um financiamento imobiliário com recursos do FGTS. Antes esses empréstimos eram concedidos apenas a famílias com renda inferior à R$ 4,9 mil por mês.

Desta forma, famílias de classe média e média alta podem financiar seus imóveis a juros mais baixos, de 8,66% ao ano mais Taxa Referencial (TR), enquanto que a média do mercado oscila entre 9% e 12% ao ano. Também passa a ser possível tomar empréstimo de até R$ 245 mil para financiar casas e apartamentos de até R$ 350 mil com os recursos do Fundo. Anteriormente, o valor do imóvel não podia exceder R$ 130 mil.

“Isso certamente aumentará a procura por financiamento imobiliário porque mais pessoas terão acesso a uma modalidade que tem os menores juros do mercado”, afirma Luiz Carlos Previlato, gerente regional de negócios da Caixa Econômica Federal, que opera a nova linha. “Hoje, 90% dos financiamentos imobiliários são feitos pela Caixa, o que representa 75% em volume. Com essas mudanças, com certeza haverá um aumento nessas duas fatias.”

Para a nova faixa de empréstimo, que compreende um programa especial criado pelo Conselho Curador do FGTS chamado Pró-cotista, o orçamento deste ano prevê recursos adicionais da ordem de R$ 1 bilhão. Segundo o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), João Crestana, o repasse vem para suprir uma injustiça que existia. “São pessoas que não tinham direito de usar os recursos mais baratos do fundo e por isso ficavam excluídas. É uma correção de uma injustiça”, analisa.

De acordo com especialistas, a modificação permitirá que a classe média tenha maior acesso a imóveis maiores, com até três dormitórios e área útil superior a 100 m² nos grandes centros urbanos.

Outra boa notícia anunciada ainda no final de 2007 e que terá impacto extremamente positivo neste ano foi o aumento em 55,5% do montante de recursos para financiamento da casa própria pelo FGTS para imóveis populares, de até R$ 130 mil. A verba saltou de R$ 5,4 bilhões para R$ 8,4 bilhões. Além de mais verba, o trabalhador interessado em comprar um imóvel nessa faixa também já pode contar com o benefício da redução de 0,5 ponto porcentual na taxa de juros dos empréstimos concedidos com recursos do FGTS, ou seja, 7,66% mais TR. Já quem não tem conta vinculada ao fundo pagará 8,16% ao ano mais TR.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Lojas em guerra. De liquidações

Jornal da Tarde
03/01/2008

Grandes redes de varejo iniciam temporada de ofertas. Descontos nos preços chegam a 70%


Logo após o melhor Natal da década para o comércio, grandes redes varejistas começaram o ano com uma verdadeira guerra de liquidações. Além dos descontos que chegam a 70% sobre o preço de etiqueta de móveis, eletrodomésticos, eletrônicos e artigos de vestuário, são oferecidas facilidades de pagamento, como a entrada só depois do carnaval.

Diante dos resultados do varejo obtidos em dezembro e dos estoques enxutos nas lojas, as liquidações podem parecer um contra-senso neste momento. Mas, na prática, são um chamariz para o comércio impulsionar as vendas em janeiro, um mês que até pouco tempo era o pior do ano para as lojas. Em algumas redes, janeiro já ocupa hoje a terceira posição no ranking de vendas do ano, atrás de dezembro e maio, por causa do Dia das Mães.

A disputa para ampliar as vendas este mês está acirrada. O Magazine Luiza, a terceira maior rede varejista de eletrodomésticos e móveis, abre amanhã as portas de 392 lojas às 6 horas da manhã na expectativa de vender R$ 60 milhões num único dia. O recorde da empresa foi alcançado na liquidação do ano passado, quando o faturamento atingiu R$ 50 milhões. “O mercado está aquecido e temos novas lojas. Por isso, acreditamos que vamos manter neste mês o ritmo de crescimento de vendas do último trimestre, que foi de 25% sobre o ano anterior”, afirma o diretor de vendas e marketing, Frederico Trajano.

Ele conta que metade do volume de mercadorias que estarão à venda na “15ª edição da Liquidação Fantástica” foi negociada diretamente com a indústria em condições especiais. A outra parte se refere à renovação de mostruário ou sobras do Natal. Trajano observa que, de dois ano para cá, as vendas de janeiro na rede já se equiparam com as de maio, mês tradicionalmente forte para o comércio.

O Ponto Frio, vice-líder do varejo de eletrodomésticos, também quer fisgar o consumidor no começo do ano. A rede fará amanhã uma liquidação de um dia só nas suas 389 lojas, que serão abertas três horas antes do habitual. “Nos últimos três anos, as vendas em janeiro têm sido crescentes”, diz o diretor regional da rede, Marcelo Bazzali. Ele ilustra com números o potencial de negócios do período após o Natal. Em 2006, as vendas entre os dias 26 e 31 de dezembro responderam de 8% a 9% das vendas do mês. Em 2007, a fatia das vendas após o Natal, quase dobraram ante o ano anterior e corresponderam de 18% a 20% do faturamento de dezembro.

Bazzali diz que, além do desconto de 70% no preço, a empresa oferece aos consumidores facilidade de pagamento, como a primeira parcela depois do carnaval.

Outra rede que inicia amanhã uma megaliquidação é a Lojas Cem. As 164 lojas da rede começam a funcionar duas horas mais cedo amanhã e depois na expectativa de vender cerca de 1.300 itens.

A Casas Bahia, líder no mercado de móveis e eletrodomésticos, já começou ontem a liquidar os estoques. São descontos de até 70% e primeiro pagamento para depois do carnaval.

O Extra, do Grupo Pão de Açúcar, iniciou ontem a liquidação de confecções que vai até a metade do mês. “Estamos antecipando a liquidação de verão numa época em que há predisposição para compras por causa das férias”, diz a gerente da área têxtil, Wanderléa Capelini. Com descontos de até 50%, a expectativa é vender 30% mais.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Bem-vindo ao ano do rato

Valor Econômico
Por Angelo Pavini e Luciana Monteiro, de São Paulo
02/01/2008


Astuto e oportunista, o rato é o animal que irá reger 2008, de acordo com o horóscopo chinês, mas é o dragão que concentrará as atenções neste ano. O fantasma da inflação voltou a rondar as economias do mundo todo, o que fez com que a crença de cortes da taxa básica de juro no segundo semestre de 2008 perdesse adeptos. Já para as bolsas, as previsões astrológicas do livro "Seu Horóscopo Chinês para 2008", de Neil Somerville, dizem que os mercados de ações em todo o mundo estarão muito flutuantes. Mas, apesar das tendências econômicas favoráveis, o ano não será para extravagâncias. Verdade ou não, astrólogos e economistas concordam num ponto: assim como os roedores, os investidores terão de trabalhar muito e estar atentos para aproveitar as oportunidades, hoje muito mais raras, para obter ganhos diferenciados.


Depois de o Índice Bovespa encerrar o ano com ganho de 43,65% após cinco anos de altas consecutivas, será necessário peneirar mais para achar os tesouros da bolsa. Na renda fixa, o coro dos economistas que acreditam que a trajetória da taxa de juros é de baixa neste ano perde cada vez mais força ante uma inflação medida pelo IGP-M de 7,75%. "Lá fora, o crescimento está diminuindo, o que aumenta a possibilidade de estagflação", lembra André Schibuola, sócio da Precision Asset Management. "Já por aqui, o crescimento da economia continua, o que traz preocupação com uma inflação ainda maior." Mas, se o Banco Central (BC) decidir elevar um pouco o juro, aumentará o fluxo de recursos estrangeiros para o país, o dólar cairá e reduzirá o IGP-M, índice que têm forte concentração em produtos cotados na moeda americana, lembra.


A grande dúvida do mercado não é mais quando o BC vai reduzir os juros, mas sim se ele vai puxar as taxas por conta da inflação, avalia Reinaldo Le Grazie, da Banif-Nitor. "E isso não vai acabar em março, como alguns acham, as taxas devem ficar pressionadas por mais tempo", diz. Segundo ele, várias consultorias que projetavam três cortes nos juros em 2008 agora trabalham com estabilidade, um primeiro sinal de que o juro pode subir. Vão influenciar essas expectativas, no entanto, os preços das commodities e a pressão dos alimentos tanto aqui quanto no exterior.


Na opinião do economista, o cenário econômico é de espiral inflacionária e, a menos que a economia mundial tenha um tombo, os preços podem não cair. "A inflação não vai ter descanso, o mercado aqui está aquecido, o lado fiscal frouxo, temos crédito abundante e economia crescendo", diz Grazie, acrescentando, porém, que o país está ganhando produtividade com a queda do dólar e os investimentos das empresas. "Esses fatores justificam o BC esperar antes de subir as taxas", diz.


Diante de tantas dúvidas, a recomendação de Grazie para o investidor é de se proteger em papéis indexados aos juros, ou seja, LFTs e fundos DI. Em 2007, os DIs tiveram ganho médio de 11,63% até o dia 24 - retorno levemente inferior aos 12,07% dos fundos de renda fixa que podem aplicar em papéis prefixados no período. O CDI encerrou o ano em 11,81%. O especialista não recomenda papéis em inflação, apesar do cenário de alta dos preços. "Se o BC subir os juros, não adianta, os papéis em inflação vão sofrer pois seus juros além do IPCA são prefixados", lembra. Para ele, o investidor deve resistir à tentação de comprar papéis pré até o fim do primeiro semestre. "É melhor esperar", aconselha.


Mas há muitos otimistas, mesmo que moderadamente. Ronaldo Patah, da Unibanco Asset Management, vê um cenário ainda com dois cortes de juros no segundo semestre deste ano, mas ressalva que, se o IPCA dos três primeiros meses de 2008 vier mais forte, poderá haver reação do BC e uma alta dos juros no segundo trimestre, diz. Mas isso vai depender de outros fatores, como atividade econômica e do comportamento do dólar. "Se houver turbulência lá fora e o dólar subir, para R$ 2,00 por exemplo, a reação do BC poderá ser ainda mais rápida", diz. Patah acha também que o problema com a perda causada pelo fim da CPMF pode adiar o grau de investimento de baixo risco para o fim do ano. "É difícil os números fiscais piorarem, mas o cenário interno volta ao radar dos investidores."


Um possível adiamento do tão aguardado grau de investimento - "investment grade", nota de risco que permite aos grandes fundos de pensão estrangeiros aplicarem diretamente aqui - também aparece no radar de Celso Boin, da Link Investimentos. "O cenário interno pode ficar ruim pelo lado fiscal e um problema com a perda de receita da CPMF pode adiar o grau de investimento, criando preocupações para o investidor estrangeiro", diz. "Pelo contato que temos com as empresas, porém, o clima é de muito otimismo, com projetos e investimentos para os próximos anos", diz Boin.


Apesar de mais um ano de alta do Ibovespa, boa parte dos economistas ainda enxerga potencial de valorização. Mesmo com a boa performance, as ações ainda estão baratas e o investidor não deve se apegar ao preço nominal dos ativos, avalia Marco Antônio Franklin, sócio da Paraty Investimentos. "O Brasil está com taxas de juros historicamente baixas e, apesar da alta de preços de 2007, não vejo a inflação saindo dos trilhos em 2008", diz o executivo. "Além disso, há um fluxo intenso de recursos para ações de investidores que antes estavam em renda fixa por conta do juro alto."


A maior parte dos analistas trabalha com um Índice Bovespa entre 72 mil e 85 mil pontos no fim do ano. A previsão para o Ibovespa de Daniel Gorayeb, da Corretora Spinelli, é de 85 mil pontos e ele tem como premissa um crescimento de 25% no lucro das empresas brasileiras, que já jogaria o valor do Ibovespa para 81 mil pontos. Mas há ainda o grau de investimento que "não vai mudar o país, assim como ninguém muda após o aniversário", mas ajudará o processo de atração de capital externo. A economia também deve continuar crescendo, apesar de novas quedas dos juros estarem comprometidas, pelo menos no primeiro semestre.


A parte negativa continua sendo a economia americana. Boin, da Link, por exemplo, estima uma possibilidade de 20% da crise descambar para a economia e jogar o mundo em recessão. E o primeiro trimestre deve ser cheio de divulgações de problemas com bancos que ainda vão afetar o mercado de crédito mundial, até que se saiba o alcance das perdas com o "subprime" - títulos hipotecários americanos de alto risco.


Não por acaso, Boin tem sua maior aposta no mercado doméstico, incluindo aí consumo, bancos e infra-estrutura. Quanto à Petrobras, Boin diz que só a recomenda para quem quer uma carteira para bater o Ibovespa, onde a estatal tem forte peso, e pelo efeito de novas descobertas de reservas. "A administração atual não entrega o aumento de produção prometido há três anos, o governo usa a estatal para fazer política internacional, se mete onde não sabe e deixa reserva sem exploração", diz.


Os fundos compostos por ações da estatal do petróleo rendiam 88,06% até o dia 24, mas as cotas ainda não haviam incorporado os ganhos de 4,36% das ações ordinárias (ON, com voto) entre os dias 26 e 28. Já para os papéis da Vale, Boin é mais otimista, pela dinâmica de Ásia e, principalmente, China, com países acelerando a industrialização e urbanização da sociedade, o que vai demandar muito investimento. As carteiras compostas só por ações da Vale encerraram 2007 como as aplicações mais rentáveis do ano, com retorno médio de 86,48% em 2007, mas ainda sem considerar a queda de 0,84% dos papéis entre as festas.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Calculadora Aluguel x Financiamento

Caros leitores, achei uma ferramenta na página do Yahoo que calcula o valor presente do aluguel e do financiamento levando em consideração a valorização do imóvel. O atalho está no fim do artigo.

http://finance.yahoo.com/calculator/real-estate/hom-06

Há uma outra com mais recursos no New York Times:

http://www.nytimes.com/2007/04/10/business/2007_BUYRENT_GRAPHIC.html?_r=1&ref=yourmoney

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

FGTS facilitado para a casa própria

Jornal da Tarde
31/12/2007


A partir do dia 2, financiar imóvel com dinheiro do fundo passa a ter novas regras que beneficiam o candidato ao crédito


Em janeiro, passa a vigorar uma série de novidades no uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para crédito habitacional e também nas linhas de financiamento com recursos desse fundo, em que os juros são menores que no Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Duas das novidades contemplam o trabalhador que possui conta do FGTS.

A partir do dia 2, tem início o Programa Especial de Crédito Habitacional ao Cotista do FGTS (Pró-Cotista), que permite que, independentemente da renda, titulares de contas do FGTS há mais de três anos obtenham financiamento para compra de imóveis de até R$ 350 mil. Antes, apenas trabalhadores com renda familiar até R$ 4,9 mil tinham acesso à linha com recursos do FGTS.

A nova linha concorre com o SFH, que usa os recursos da poupança. A grande vantagem da linha do FGTS são os juros menores, de 8,66% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR), enquanto no SFH a taxa anual varia de 9% a 12% mais TR. A desvantagem é que há restrições no acesso.

A primeira exigência para se obter esse crédito é que o candidato tenha no mínimo três anos de trabalho sob o regime do FGTS. Na checagem do cumprimento dessa condição, segundo a Caixa Econômica Federal, são somadas todas as contas de FGTS do trabalhador. Caso ele tenha os três anos de conta, mas nenhuma delas esteja ativa, terá de comprovar saldo equivalente a 10% do valor do imóvel. O pretendente ao crédito também não poderá ter outro imóvel no mesmo município onde fará a aquisição nem financiamento pelo SFH.

A taxa de juros para quem contribui para o FGTS há mais de três anos será reduzida em 0,5 ponto porcentual a partir do dia 1º, mas só nos novos contratos. Assim, um empréstimo desse tipo concedido a quem não tiver conta vinculada ao FGTS custará 8,16% ao ano mais TR. O participante do FGTS pagará 7,66% mais TR. A medida se aplica a trabalhadores com renda mensal até R$ 4,9 mil.

O acesso aos financiamentos com recursos do FGTS também vai ficar mais fácil, porque além da Caixa, os bancos Itaú e Real vão oferecer empréstimos dessa linha. Bradesco e Santander também estudam oferecer a opção ao cliente. Além disso, haverá mais dinheiro do FGTS para habitação: o orçamento de R$ 5,4 bilhões foi reforçado com mais R$ 3 bilhões, somando R$ 8,4 bilhões em 2008.

Imóvel 166% mais caro

Jornal da Tarde
31/12/2007

'Boom’ imobiliário faz metro quadrado de lançamentos subir 38% além da inflação em dez anos

RODRIGO GALLO,
rodrigo.gallo@grupoestado.com.br

O valor do metro quadrado de imóveis residenciais novos na região metropolitana de São Paulo aumentou 166,03% em dez anos, ante uma alta de 92,74% da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - aumento real de cerca de 38%. Para quem já comprou uma casa ou apartamento, a valorização representa um aspecto positivo. Porém, para quem ainda sonha com a casa própria, isso significa pagar mais caro pelo imóvel.

Segundo dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), o metro quadrado residencial custava R$ 1.197 em 1997, em média. Em 2002, ultrapassou o patamar dos R$ 2 mil, mais precisamente R$ 2.139, o metro quadrado. No ano passado, o valor já havia subido para R$ 3.187 - sobretudo por conta do ‘boom’ que o mercado imobiliário vem passando nos últimos três anos.

De acordo com o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) de São Paulo, José Augusto Viana Neto, a expansão do setor fez com que o preço do metro quadrado em alguns bairros, como a Freguesia do Ó (Zona Norte), subisse até 40% nos últimos três anos - superando o aumento real médio de 38% captado pelo levantamento da Embraesp desde 1997.

Ainda assim, Viana considera que bairros de todas as regiões da Cidade e da Grande São Paulo tiveram boa valorização nos últimos anos. Para comprovar isso, basta verificar que há lançamentos residenciais em quase todo o Estado - sejam casas ou apartamentos.

Mais crédito

Além das novas unidades, há também a influência do aumento da oferta de crédito imobiliário por parte dos bancos, que têm colocado mais dinheiro à disposição dos clientes, com juros mais baixos e prestações mais acessíveis.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), João Cláudio Robusti, a valorização real do mercado habitacional não é tão grande quanto parece. “Os 38% de crescimento no preço do metro quadrado dá menos de 4% ao mês*. Qualquer atividade empresarial ou financeira tem lucros acima disso”, afirmou.

Mesmo assim, Robusti disse que parte da alta nos preços se dá por conta da expansão do setor. Ele justifica que, por alguns anos, houve uma desvalorização nos imóveis e agora o mercado tem conseguido se recuperar.

A tendência é de que o custo do metro quadrado continue mesmo aumentando em São Paulo, pois o setor deve manter o nível de expansão em 2008.

Por outro lado, acredita-se que os bancos terão condições de baixar as taxas de juros dos financiamentos e lançar novos produtos voltados para os consumidores de menor renda.


*Comentário: O autor do texto não percebeu mais o presidente da Siduscon cometeu um equívoco. O correto seria 4% ao ano, não ao mês. Mas a conclusão dele está correta e de acordo com uma publicação deste blog. Ou seja, a valorização do imóvel nos últimos anos perdeu para vários investimentos, tanto bolsa de valores quanto títulos públicos.

domingo, 30 de dezembro de 2007

Preços de planos variam até 164%

Jornal da Tarde
30/12/2007

Pessoas com mais de 40 anos têm de ficar atentas aos preços dos convênios, além de observar também se a cobertura oferecida atende às suas necessidades

RODRIGO GALLO,
rodrigo.gallo@grupoestado.com.br

Manter um plano de saúde é algo que se torna muito caro principalmente para quem tem mais de 40 anos, quando os reajustes de mensalidade por faixa etária ficam mais pesados. O Jornal da Tarde consultou sete operadoras e constatou que, a partir dos 44 anos, a diferença nos preços pode chegar a 164% entre uma empresa e outra. Dessa maneira, para evitar um gasto elevado, as pessoas devem buscar opções de convênio que unam atendimento satisfatório com valores mais em conta.

É preciso avaliar, por exemplo, se as opções disponíveis no mercado realmente atendem às necessidades médicas da pessoa. Vale, assim, verificar a rede de hospitais, laboratórios e clínicas credenciadas, para com isso evitar problemas de atendimento no futuro. De acordo com o Procon, os consumidores devem inclusive visitar esses estabelecimentos em caso de dúvida.

Além disso, segundo informações da coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), Maria Inês Dolci, as pessoas interessadas em contratar um plano de saúde precisam analisar se as parcelas realmente são acessíveis. Um usuário com idade entre 54 e 58 anos encontra mensalidades de R$ 163 (Samcil) a R$ 430,36 (Blue Life), o que dá uma diferença de 164,02% (veja detalhes no quadro acima).

De qualquer forma, quem quiser pagar pouco tem no mercado o plano Ideal Enfermaria, da Samcil, cujas mensalidades custam a partir de R$ 117, para clientes com idades entre 44 e 48 anos. Se a pessoa tiver acima de 59, o valor já sobe para R$ 282 - uma diferença de 141%.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) também faz um alerta importante: é essencial avaliar se o reajuste por faixa etária não ultrapassa o limite estabelecido pela legislação. De acordo com as regras vigentes, a diferença de preço da primeira para a última faixa não pode ultrapassar 500%.

Além do preço, outro motivo de preocupação para os idosos é a troca de convênio, que pode prejudicá-los. É o caso de Neisa Cavalcante, 79 anos, que foi cliente de uma empresa por 20 anos e, após a venda da companhia, passou a ter problemas. Logo que a nova administração assumiu, ela recebeu uma carta informando que não haveria o corte de nenhum benefício adquirido antes da mudança de controle da empresa.

No entanto, ela afirma que muitos médicos, clínicas e laboratórios foram descredenciados. “Moro na Zona Norte e agora só tem um lugar para ser atendida na região”, disse. “Só consigo mais atendimento na Vila Mariana (Zona Sul).” Há alguns dias, Neisa enfrentou outro problema. Ela precisava fazer um exame e descobriu que o convênio não cobriria e, com isso, seria obrigada a pagar R$ 300.

Contudo, ela recorreu à carta que havia recebido da administradora do plano de saúde e viu que o tratamento constava no rol de cobertura anteriormente garantido. “Liguei para a assistente social do plano de saúde e expliquei a situação e, assim, consegui não pagar pelo exame”, afirmou. “Mas fiquei chateada porque com o convênio antigo nunca tive nenhum problema”, completou a segurada.
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